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Revisão
Fabiana Guimarães
Supervisão Editorial
Iana Coimbra
Capa e Diagramação
QuartelDesign.com
Contatos
Ministério Restaurando Vidas
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Endereço: Rua Britanite, 10 - Sabará - Minas Gerais - Brasil
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Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita
dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
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Dedicatória
Dedico este livro Àquele que me amou primeiro, que me tocou,
transformou a minha vida e me curou. O meu fiel Companheiro,
Amigo, Pastor e Pai: o Senhor Jesus Cristo. E a todos aqueles que Ele
usou durante esta bela caminhada.
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ÍNDICE
Agradecimentos 09
Prefácio 15
Introdução 17
PARTE I
01. No princípio 21
02. Eu não sabia que ela falava inglês 31
03. Um choro incontrolável 37
04. Jovens Com Uma Missão 43
05. Os anos de fogo 51
06. Palavras de vida 59
PARTE II
07. Eu estou viva 67
08. Os anos de restituição 71
09. O batismo no Espírito Santo 77
10. Arrebatada 87
PARTE III
11. O treinamento 99
12. O pequeno grande milagre 111
13. Lourdes 129
PARTE IV
14. Eu nunca mais quero um homem na minha vida 149
15. Um “pão queimado” – um presente inesperado! 157
16. Um milagre com nome e sobrenome 169
PARTE V
17- Hora de fazer as malas 193
18. Renata, Ana Paula e André 203
19. Uma nova filha 213
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PARTE VI
20. Fazendo as malas mais uma vez 221
21. Um pedaço do paraíso 229
22. Águas purificadoras 235
23. Estância Paraíso 243
PARTE VII
24. Levante intercessores pelo Brasil 249
25. Eu preciso de um sinal 261
26. Preciso de Ti 267
27. Recebendo a família 273
28. Uma fé guardada em caixas 279
29. Filhos do coração 283
PARTE VIII
30. Perseguição 295
31. Preciosa é a morte dos santos 313
32. Eu sou um milagre 329
Epílogo 331
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Agradecimentos
Quero começar agradecendo àqueles que me geraram. Sem o meu pai
Jacinto e a minha mãe Eugênia eu não estaria aqui. Eles sempre cuidaram
de mim, lutando sem cessar para que eu vivesse. Pais queridos, tementes a
Deus, que criaram filhos abençoados. Se hoje posso louvar ao Senhor por
ter escrito a minha história, é porque eles foram firmes e corajosos. Eles me
guiaram com os ensinamentos da Palavra, me orientaram a decorar ver-
sículos e sempre intercederam por mim e por meus irmãos. Sou grata ao
meu pai, que já está com o Senhor, e à minha mãe, mulher forte, pioneira,
que até hoje me sustenta com orações.
A você, mãe, o meu carinho, meu amor e, acima de tudo, a minha
gratidão. Sei que eu tenho vida porque, quando me pegou no colo pela
primeira vez, você me devolveu ao Senhor. Eu posso mergulhar fundo
e me lançar no chamado de Deus porque minha base é sólida, minhas
raízes, profundas, e eu estou firmada na Rocha. Que o meu testemu-
nho reflita em sua vida, pois sou fruto de tudo o que vocês me ensi-
naram. Mesmo que o meu pai já esteja com o Senhor, o exemplo que
ele deixou permanece vivo em meu coração. Mãe, saiba que apesar de
termos passado tanto tempo longe, nunca tive sensação de abandono
ou rejeição. Pelo contrário. Eu os admiro por tudo o que fizeram por
mim, inclusive por abrirem mão de me terem ao lado de vocês em
obediência. Obrigada por não me segurarem, por compreenderem
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que sou propriedade do Senhor Jesus. Sei que por causa dessa atitude
eu tenho fluído e prosseguido na minha vida com Deus – e assim vou
continuar, em nome de Jesus. Eu amo vocês!
Também agradeço aos meus lindos irmãos biológicos. É muito duro
lembrar-me de nossa separação. Meu coração ficava apertado ao saber
que a Julimar me esperava, sentadinha na porta de casa, e que todos
vocês aguardavam pelo meu retorno ao longo de tantos anos. Mas o Se-
nhor cuidou de cada um de nós. Vocês eram tão pequenos, e em alguns
momentos devem ter pensado que eu preferi outra família – mas com o
tempo Deus mostrou que tudo fazia parte do plano dEle. Sou grata por
vocês terem me aceitado de volta, em seus corações, após tantos anos
sem nos vermos. Hoje estamos próximos, podemos curtir as mesmas
coisas e passar lindos momentos juntos. Minha irmã Débora, amo mui-
to você por sempre estar comigo em todas as minhas mudanças. Paulo,
amo você com seu jeitão durão! Amo você, Julimar, com o seu jeiti-
nho amável. Amo você, Eujácia, por nunca se esquecer de mim, mesmo
quando achou que eu a tinha abandonado. Amo você, Eujácio, por ser
meu irmão. Amo você, Jonatas, por simplesmente me amar. Queridos
cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, que bom que vocês fazem
parte desta família. Amo e curto todos vocês!
Como eu sou grata também ao meu grande amor. Refiro-me ao Mar-
cos assim não apenas porque ele é o meu marido, ou por essa ser a forma
como eu o chamo – mas sim por tudo o que faz. Por tudo o que vejo na
prática, em atitudes e ações. Ele sempre esteve ao meu lado me passando
segurança e firmeza. Eu já tinha desistido de me casar com qualquer pes-
soa, mas ele foi me conquistando com o jeito de falar e de me olhar.
Amor, suas atitudes mudaram todo o meu coração. Depois que o
conheci, as flores e os chocolates – principalmente o Suflair, meu favo-
rito – foram chegando à minha vida. Você foi presente nos momentos
difíceis e me assistiu enquanto eu cuidava de cada vida que Deus nos
enviou. Você sempre esteve pronto para servir, não importando a situ-
ação. Ao longo dos anos, você me provou que suas palavras e promes-
sas não foram só para me conquistar. Todas elas são reais, e até hoje
você me surpreende. Você sempre tem uma palavra sábia e certeira,
e eu não consigo imaginar a vida sem a sua presença. Você me envia,
me incentiva, me apoia, me guarda. Você é um paizão para os meus
filhos, e eles também o amam demais. Quando Deus me falou que es-
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Prefácio
Eu creio que a vontade de Deus é que todos vivam uma vida de
milagres. Porém, existem pessoas que não escolheram esse caminho,
mas foram guiadas pelo Senhor nessa direção. A Ezenete representa
um desses casos. Ela não escolheu viver um milagre, mas Deus tomou
essa decisão por ela, e a transformou em um testemunho vivo, condu-
zindo-a até os dias de hoje.
O milagre é o inusitado, aquilo que nos admira como homens –
mas é o normal de Deus. Tudo o que Ele faz já é sobrenatural para
nós, mas absolutamente natural para Ele. O ser humano dá o nome
de milagre àquilo que é comum para Jesus Cristo, mas incrível para a
humanidade. A Bíblia está repleta de histórias verídicas que relatam
os feitos incríveis do Filho de Deus quando Ele viveu entre nós. Mas
todas essas maravilhas narradas – como as curas, as ressurreições, as
transformações poderosas, as libertações, as multiplicações inimagi-
náveis, as ações sobrenaturais – estão ao nosso alcance. E a tudo isso
que era tão natural para Jesus, mas tão inusitado para o mundo, nós
chamamos de milagres.
A Ezenete viveu uma vida inteira dessa forma. Desde a infância,
passando pelos dias atuais, ela testemunha a ação sobrenatural do Es-
pírito Santo. Desde que a conheci, na década de 1990, eu tenho visto
o Senhor operar através da vida dela. Ela é usada na minha casa, na
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igreja, e creio que, no poder que há no nome de Jesus, ela vai continu-
ar vivendo e contando, a cada dia, novos milagres do Senhor.
Este é um livro inspirador. Mas sei que ele não vai apenas emocio-
nar as pessoas com esses relatos gloriosos. Creio que ele vai despertar,
em cada leitor, o desejo por algo novo em Deus –um relacionamento
mais profundo, uma busca mais intensa e experiências transformado-
ras. Ao ler as memórias da Ezenete, você verá que é possível viver uma
vida de milagres ao se entregar verdadeiramente a Deus. Mesmo que
você ainda não tenha feito essa escolha, creia, você também pode ser
uma testemunha viva do poder milagroso de Jesus.
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Introdução
Você, que vai me acompanhar por meio da leitura deste livro,
precisa saber de uma coisa: tenho orado para que o Espírito Santo se
mova em seu coração. Tenho intercedido para que Ele fale com você
em cada capítulo, em cada página, em cada frase. Meu clamor é para
que o Senhor traga à sua vida esperança, fé, amor e alegria, enquanto
você me acompanha pela minha história. Mas, acima de tudo, minha
oração é para que você decida viver para Deus.
Ao ler meu testemunho, você vai perceber que desfrutar do mundo
sobrenatural está ao nosso alcance – e vai além das tentativas de nos
apoiarmos naquilo que vemos. É fechar os olhos e abrir o coração
fazendo uma entrega total para caminhar, dia a dia, com o Senhor,
enxergando pela ótica da fé. Creia que Ele tem sonhos para a sua vida.
Creia que Ele escreve a sua história com uma caneta de fogo e poder
banhada pelo sangue que Jesus derramou na cruz. Creia que Ele pode
e quer conduzir você.
Esta história, verdadeira e poderosa, foi escrita por meio de muitas
lágrimas no meu dia a dia. Ao longo dos anos, enquanto enfrentei os
desafios que conto, eu não percebia o que estava acontecendo e não
tinha ideia de onde chegaria. Mas em todo o tempo eu estava deter-
minada – e esperançosa – de que Aquele que começou a boa obra em
mim era fiel para terminá-la.
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Vamos juntos!
Ezenete Rodrigues
Inverno de 2014
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P A R T E I
“AN TE S QUE E U T E
F O RMASSE N O V E NT R E ,
T E CO NHE CI, E A NT E S
QU E SAÍ SSE DA M A DR E , T E
S A NTI FI QUE I ; À S NA ÇÕE S
TE DE I PO R P ROF E TA ” .
J E R E M I A S 1 . 5
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PA RT E I
1. NO PRINCÍPIO
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PA RT E I
Só que a tia Lidinha não queria me deixar. Ela era como minha segun-
da mãe, e por isso procurou a irmã para fazer um pedido inesperado:
“Dena, eu não quero ficar longe da Nete. Nesse tempo cuidando
dela eu fiquei muito apegada e não sei se consigo morar tão distante.
Eu quero levá-la comigo para São Paulo. Você deixa? Eu quero criar a
Nete para você.”
É claro que a minha mãe não permitiu. Eu era a primeira filha e o
xodó da família, e meus pais nunca abririam mão de me ter ao lado
deles. Sendo assim, tia Lidinha foi obrigada a se mudar e a romper
aquele laço quase maternal. Ela chorou muito e, de fato, ficamos mui-
tos anos sem nos ver. Sem a família por perto, meus pais seguiram a
vida e o ministério, mas tiveram que se desdobrar para cuidar da igreja,
de mim e dos meus irmãos, que vieram depois. Não foi fácil, mas eles
deram conta e construíram uma família alicerçada na Palavra de Deus.
Os dois tinham toda uma preocupação em seguir o que acredi-
tavam ser o correto, em servir a Deus com alegria e criar a família
nos caminhos do Senhor. Em nosso lar sempre tínhamos os cultos
domésticos como uma prática diária. Cresci vendo meus pais lendo
a Bíblia e orando por cada um dos filhos antes mesmo do sol nascer.
Todos os dias eles se levantavam da cama bem cedo, às cinco horas
da manhã, com esse propósito. Sei que sou fruto dessa postura e do
compromisso que eles assumiram diante de Deus, mas quero deixar
bem claro que não tinha nada de extraordinário na nossa casa ou fa-
mília. Éramos pessoas comuns, que frequentavam uma igreja comum
e viviam uma vida igualmente comum. Apesar da diligência deles e do
amor por Jesus, não tínhamos nenhuma experiência com o poder de
Deus ou com os dons espirituais. Nem sabíamos o que era isso! Não
posso dizer que não acreditávamos na ação do Espírito Santo, mas não
conhecíamos e nem vivíamos essa realidade. Ainda.
E nesse ambiente eu fui criada. Quer saber qual era meu maior
sonho de criança? Ser missionária. Eu sempre fui muito crente, mui-
to temente ao Senhor e super ativa na igreja. Era esse exemplo que
eu tinha dentro de casa. Sonhava em crescer, seguir a minha vida e
construir a minha história servindo ao Deus dos meus pais. Na esco-
la, quando eu fazia redações sobre o que queria ser quando crescer,
sempre escrevia que iria viajar pelo mundo inteiro para levar a Palavra
de Deus. Também queria ser maestrina, para levantar corais por onde
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Oração de entrega
Aos treze anos de idade, vivi uma situação que me fez entender a
necessidade de confessar que Jesus era o meu Senhor e Salvador, que
os meus dias pertenciam a Ele. Não que eu não acreditasse nisso, ou
não tivesse essa convicção no meu íntimo, mas faltava aquela hora
exata da decisão, quando declaramos com os nossos lábios aquilo que
já sentimos no coração. Particularmente acredito que esse é um mo-
mento muito importante na caminhada cristã.
Era uma sexta-feira de oração na igreja dos meus pais, mas eu não
queria ir. Não estava com a menor vontade de participar do culto,
pois tinha outros planos. Mas como eu faltaria à reunião? Não podia
simplesmente me ausentar. Eu não queria ir, mas era filha do pastor e
precisava acompanhá-lo. Eu e meus irmãos tínhamos que dar o exem-
plo. Então, inventei uma desculpa que convenceria meus pais: chamei
minha mãe em um canto e disse que estava com uma dor de cabeça
terrível, que nem conseguia ficar de olhos abertos. Eu não gostava de
mentir, mas foi a única maneira que encontrei de ficar em casa e não
ser obrigada a ir para a igreja. Meus pais sabiam que eu sempre falava
a verdade, que era uma filha exemplar, então facilmente acreditaram
em mim. Eles se despediram e foram, me deixando sozinha.
Assim que fecharam a porta e eu percebi que ninguém voltaria até
o final do culto, parti para meu plano. Rapidamente fui para o quarto,
orgulhosa do feito, e retirei de debaixo do colchão uma revista para
adolescentes.
“Ezenete, esse tipo de revista não edifica em nada. Você não pre-
cisa ler essas coisas. Essa leitura não faz bem para você!” – era o que
minha mãe dizia tentando me convencer de que, de fato, eu não deve-
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ria ter interesse por aquele conteúdo para garotas. Ela era uma mulher
muito zelosa, por isso precisei fazer toda aquela operação secreta para
conseguir pelo menos passar os olhos nas páginas daquela revista. Eu
não concordava com ela; não via nada de mal em ler algo que todas as
adolescentes gostavam. Então eu não comprava nas bancas, mas pedia
emprestado para alguma amiga da escola. Foi exatamente o que fiz na-
quele dia, antes de voltar para casa, e comecei a pensar em como dar
um jeito para ler a revista do início ao fim – em paz. Mas assim que
meu plano deu certo, todos saíram de casa e eu fiquei sozinha para
fazer o que quisesse, algo muito estranho aconteceu.
Nós morávamos numa cidadezinha chamada Capitão Enéas, em
uma casa espaçosa, agradável e com muitos cômodos – espaço ideal
para minha grande família. Minha mãe tinha até uma loja em frente,
assim ela podia trabalhar e ficar de olho nos sete filhos. Mas de repen-
te, enquanto eu estava super concentrada na revista, toda feliz porque
meu plano tinha funcionado, algo me incomodou. Senti a janela do
quarto bater, chacoalhar, fazendo um barulho muito forte.
“Quem tá aí?” – gritei curiosa. Mas ninguém respondeu; parecia
ser apenas o vento.
Respirei fundo, me tranquilizei e segui na leitura secreta, esque-
cendo do resto do mundo. Depois de um tempo, ouvi o som nova-
mente. Ignorei, foquei nas páginas coloridas e continuei a ler, com
todo interesse, os textos sobre comportamento, garotos, moda e ami-
zades. Porém, no meio de uma das reportagens a situação se repetiu
de novo, e de novo, e de novo. Eu não consegui ler mais nada. Já não
dava para ignorar a janela chacoalhando, como se alguém a empur-
rasse sem parar. Reuni toda coragem que havia em mim e perguntei,
já em pânico:
“Tem alguém aí?”
A única resposta foi o silêncio. Então uma sensação terrível tomou
conta de mim. Abandonei a revista e aos poucos fui me encolhendo
na cama, sentindo um medo enorme percorrer meu corpo franzino.
Assustada, pensei que talvez me sentiria mais protegida se me escon-
desse no quarto dos meus pais. Afinal, eles eram pastores e pais, isso
deveria valer alguma coisa nos momentos assustadores – e me trazer
alguma sensação de segurança. Não é para o quarto dos pais que todo
filho corre quando está com medo? Foi o que pensei enquanto a janela
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continuava batendo sem parar. Mas cadê a coragem? Ela não vinha! Ao
perceber em mim o menor sinal de bravura, levantei da cama, segurei
a respiração e, na ponta dos pés, tentei ir em direção ao outro cômodo.
Mas o frio na barriga percorreu o meu corpo inteiro, gelando até a espi-
nha. De repente ouvi o barulho novamente e não consegui mais seguir
adiante! Levei um susto, fechei a porta e voltei correndo para a minha
cama! Era melhor me esconder ali mesmo, onde eu já estava! Não ar-
riscaria andar mais nem um milímetro sozinha naquela casa enorme!
Completamente aterrorizada, me joguei no chão de joelhos, fechei
os olhos e não consegui pensar em mais nada – a não ser em orar. E
orei o mais rápido que pude, com toda a sinceridade do meu coração.
“Senhor, me perdoe por ter mentido para os meus pais, eu sei que
os enganei. Eu também me enganei com a minha atitude. Me perdoe,
Deus! E se tiver alguém aqui em casa, se for algum homem tentando
entrar pela janela ou pela porta para nos roubar, não permita ele entrar,
por favor! Me guarda, Deus! Eu entrego a minha vida para o Senhor, eu
entrego a minha vida para o Senhor! Não me deixe morrer! Eu tenho
tantos sonhos. Escreva o meu nome no Livro da Vida! Escreva o meu
nome no Livro da Vida! Escreva o meu nome no Livro da Vida!”
Repeti essa última frase várias vezes, completamente desesperada.
Diante da minha reação, do medo, da minha percepção de que estava
fazendo algo muito errado, entendi que se a minha vida fosse do Se-
nhor, como eu sempre acreditei, eu não estaria mentindo para os meus
pais, nem usando a revista como desculpa. Eu não teria uma atitude feia
como aquela. O problema não era não querer ir ao culto, mas inventar
uma história falsa para enganar minha família. Continuei a oração re-
conhecendo que eu tinha pecado ao executar o meu plano secreto:
“Deus, me lave com o Seu sangue, me cubra com o Seu sangue que foi
derramado na cruz por mim. Eu quero me lavar no Seu sangue agora!”
Mesmo orando com todo o meu coração, o barulho opressor ficava
cada vez mais forte. Nada do que eu falava fazia com que aquele som pa-
rasse ou mudasse a minha sensação de pânico. Eu tinha a forte impressão
de que alguém estava tentando invadir a casa. Em total desespero, tremen-
do por completo, continuei a clamar por Deus com todo o meu fôlego:
“Escreva o meu nome no Livro da Vida! A partir de hoje eu sou a
sua serva, sou lavada e remida no sangue de Jesus!”
De repente, da mesma forma que aquele barulho ensurdecedor
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do, compartilhei com ele o que senti. E quando contei o que ouvi do
Espírito Santo, aquele homem, que estava assentado na minha frente,
falando sobre os problemas que enfrentava na vida e na igreja, caiu
de joelhos, chorando desesperadamente. Ele simplesmente desabou
pedindo perdão a Deus por nunca ter reconhecido Jesus como Senhor
e Salvador da sua vida. Já havia conduzido muitas pessoas a Cristo,
mas ele mesmo não tinha dito aquelas palavras tão poderosas. Juntos
fizemos uma linda oração assumindo que, apesar de ensinar há tantos
anos sobre a Palavra, ele não tinha ainda dado esse passo tão funda-
mental em sua caminhada com o Pai.
Confessar a Jesus – entregar a Ele a nossa vida, o nosso coração, e
pedir que Ele perdoe os nossos pecados – é um passo indispensável
na jornada pessoal com Deus. É essa oração, segundo a Bíblia, que nos
leva a receber a graça da salvação. Quando reconhecemos que preci-
samos dEle para ser salvos e ter a vida eterna, entendemos que não
entraremos no Reino de Deus apenas porque trabalhamos para Ele,
ou porque somos pessoas boas, caridosas. Precisamos confessar com
a nossa boca e com o coração que Ele é o Todo-Poderoso Salvador.
Por isso, quero te perguntar agora: Quando você aceitou a Jesus em
seu coração? Você se lembra disso ter acontecido? Você já confessou,
com os seus lábios, que Cristo é o Senhor e Salvador da sua vida?
Se você não se lembra, ou se realmente nunca declarou com a sua
boca essas palavras, que tal fazermos isso agora mesmo? Eu te ajudo.
No livro de Romanos está escrito que todo aquele que confessar o
nome de Jesus será salvo. Então, convido você a abrir o seu coração e
a repetir comigo as seguintes palavras:
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“Pai, quero ser batizada no Espírito Santo. Eu quero ser cheia dEle!”
Meu pai olhou para mim bem desconfiado e explicou, à maneira dele:
“Filha, você já aceitou Jesus?”
“Sim, pai, você sabe que já O recebi em meu coração. Por quê?”
“Bem, quando isso acontece, já somos cheios do Espírito Santo.”
Não era o que eu queria ouvir. Longe de estar satisfeita com essa
resposta, insisti:
“Não, pai. A Eneida, minha amiga da escola, disse que é diferente!
Que tem que passar por esse novo batismo. É um batismo de poder!”
Eu o encostei na parede com todas as perguntas que me inquieta-
vam, relatando tudo o que tinha acabado de descobrir, mas ele sim-
plesmente colocou um ponto final na conversa com a explicação que
ele tinha. Fim de papo. Entretanto, eu estava longe de chegar ao fim
dos meus questionamentos.
Eu também enchia de perguntas os líderes do ministério Mensa-
geiras do Rei, do qual fazia parte. Mas ninguém tinha respostas que
me satisfaziam. Ninguém explicava de um jeito que fazia sentido para
mim. Afinal, a Eneida me falava que o batismo no Espírito Santo era
diferente, algo especial – como se fosse um novo passo na caminha-
da cristã. Então, eu continuava cheia de dúvidas e querendo entender
melhor o que a minha amiga dizia.
Dias depois, lá veio ela de novo. Mas dessa vez, com um convite
muito curioso:
“Vou com a minha avó e com algumas amigas orar em um parque
da cidade. Você quer ir com a gente?”
Meu coração acelerou, e respondi com toda animação possível:
“Claro que quero!”
Meu pai autorizou, e assim fomos. Quando chegamos, fiquei
ouvindo os corinhos que elas cantavam. Eu não conhecia ne-
nhum. Elas batiam palmas durante as músicas com muita alegria
e empolgação. Então, a avó da Eneida abriu a Bíblia, visivelmente
gasta de tanto uso, e leu um trecho da Palavra sobre o período em
que Silas e Paulo ficaram na prisão. Com muita sabedoria, nos
explicou aquela passagem de Atos 16. Ela contou que eles can-
tavam a Deus mesmo depois de terem sido açoitados por pregar
o Evangelho; disse também que foi pelo poder do louvor que as
correntes se partiram e os portões das celas se abriram. Depois de
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3. UM CHORO
INCONTROLÁVEL
Tudo entregarei
Sim, por Ti, Jesus bendito
Tudo deixarei
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Eu já conhecia aquela música, ela não era nova, mas neste dia a
expressão “tudo entregarei” queimou meu coração. Não parecia ser a
mesma canção que ouvi tantas vezes. Algo estava diferente. Eu estava
diferente. Cada estrofe que eu entoava parecia que não apenas saía dos
meus lábios. A sensação era outra. Enquanto eu cantava, era como se as
palavras entrassem de volta, para dentro de mim, em ondas poderosas.
Declarando aquela composição tão antiga e sentindo meu peito
queimar, reforcei os votos que fiz ao Senhor no dia em que fui tomada
pelo pânico, com medo do barulho da janela do meu quarto. Mas ali,
durante aquele culto, eu não sentia o menor medo... e me lembrava
daquela cena sem parar, e da sensação de temor indo embora quando
o relâmpago poderoso entrou na minha casa. Foi muito forte viver
aquilo. Porém, na igreja, ouvindo aquele hino que eu já conhecia, algo
diferente estava acontecendo. Eu fui envolvida em uma atmosfera po-
derosa, majestosa, e senti profundamente o amor do meu Deus.
Era tudo tão novo. Eu me lembro do que disse para o Senhor en-
quanto lágrimas jorravam sem parar. Não foi uma oração de conver-
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“Ezenete, você quer se abrir com a gente? Pode falar; nós vamos
te ajudar!”
“Não, meninas, eu não preciso desabafar. Está tudo bem, eu apenas
sinto que quero estar mais perto de Jesus.”
Parecia que ninguém entendia o que estava acontecendo. Era
como se as pessoas não me ouvissem, ou não quisessem acreditar que
toda a minha comoção era apenas o meu desejo latente por continuar
mergulhada naquela presença maravilhosa, de onde tinham me reti-
rado para me interrogar! E por mais que eu tentasse explicar, parecia
que eu estava falando em outro idioma, porque ninguém era capaz de
compreender.
No dia seguinte, logo cedo, minha família me levou a uma psicó-
loga cristã. Ela era de outra igreja e não havia presenciado o episódio
na noite de ceia. Meu pai estava preocupado, pois já tinha me ouvido
chorar, trancada no quarto, diversas vezes. Na realidade, ele me escu-
tava clamar pela presença de Deus. Sem saber como agir, pensando
que eu poderia estar passando por algum tipo de dificuldade, ele acre-
ditava que a consulta me ajudaria. No entendimento dele, eu estava
com problemas emocionais, deprimida, e precisava de orientação pro-
fissional. Mas não era nada disso!
“Eu não tenho nenhum problema” – comecei logo a dizer para a
psicóloga. “Estou muito bem, só quero conhecer mais a Deus e ter
outras experiências com Ele. Eu sei que existe um outro nível de re-
lacionamento com o Senhor, mas parece que ninguém entende o que
que eu digo” – completei.
Ela me olhou surpresa. E como já havia conversado com o meu
pai, ela me respondeu, com muito jeito:
“Olha, é preciso ter um certo cuidado com essas coisas espirituais,
com tudo isso que você está sentindo e buscando. Esse tipo de situa-
ção pode causar desequilíbrio na sua vida e na sua família. E não é só
isso: muitas igrejas passam a ter problemas justamente por causa da
falta de equilíbrio e ponderação.”
Eu entendi o que ela disse, mas no fundo eu a vi apenas como mais
uma pessoa que não percebia o que eu estava querendo explicar. Saí
desse primeiro encontro frustrada, porque percebi que ela também
não poderia me ajudar. Sinceramente eu esperava não ser obrigada a
voltar a falar com a psicóloga. Ela era boazinha, simpática, mas não
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preguei foi para uma senhora, e ela aceitou a Jesus! Foi uma alegria
indescritível. Também compartilhei com um jovem a mensagem de
salvação, e ele disse sim ao Senhor e se converteu. Eu fiquei imensa-
mente feliz, pois ele continuou frequentando a igreja que nos rece-
beu com tanto carinho.
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sustada com aquela cena terrível e com a forma como ela se contorcia.
Os líderes do grupo pegaram um elástico e prenderam a perna dela,
como um torniquete, para evitar que o veneno se espalhasse pelo cor-
po. Todos erguemos as mãos e começamos a orar em alta voz. Clama-
mos a Deus pela cura, para que Ele parasse a ação das trevas. Geral-
mente a picada do escorpião só é fatal para crianças e idosos, mas em
alguns casos pode causar vômito, problemas cardíacos e convulsões.
As vítimas desse animal peçonhento precisam receber o antídoto o
quanto antes, para evitar o pior. Enquanto os líderes aplicavam os
primeiros-socorros e pensavam para onde iriam levá-la, nós só po-
díamos orar. O hospital que possuía o melhor atendimento para esses
casos ficava em Belo Horizonte, cerca de 200 quilômetros dali.
Clamamos, sem cessar, até que Deus manifestasse a cura. E isso eu
vi acontecer diante dos meus olhos: a dor que a jovem sentia passou, o
inchaço foi embora, a pele voltou à cor normal. Apenas com as nossas
orações. Depois ela foi levada para o atendimento médico e logo vol-
tou para continuar a missão com o grupo. O escorpião que a picou era
muito venenoso, mas nada de mal aconteceu a ela. Para mim, aquela
experiência foi muito forte e ficou marcada em minha memória. Ao
ver que a moça estava bem, fiquei maravilhada pelo poder de Deus.
“Uau, Deus realmente cura!” – pensei, empolgada.
Dias depois, por causa da forte umidade, comecei a ter problemas
respiratórios. Várias pessoas do grupo também adoeceram, e muitas
foram obrigadas a interromper a missão e voltar para casa. Mas eu não
queria ir embora, mesmo estando bem gripada. Minha líder me reco-
mendou fazer as malas, mas eu insisti em ficar. E fiquei até o fim! Das
quinze pessoas que saíram da base em Contagem, com o meu grupo,
em direção a Ouro Preto, apenas seis concluíram a parte prática. Eu
estava entre elas.
Estar no campo missionário não era fácil. Não tinha conforto, a
programação era puxada, dormíamos praticamente no chão e nem
sempre a comida era boa. Mas essa era a proposta do treinamento.
Não estávamos em uma viagem de férias, e a ideia não era desfrutar
de luxo e uma cama quentinha. Não se tratava de turismo; o nosso
propósito era levar a Palavra de Deus para as pessoas perdidas, e eu
estava determinada a fazer isso até o último dia.
Quando a viagem chegou ao fim, e voltamos à base, meu coração
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5. OS ANOS DE FOGO
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garota e todos tinham me alertado quanto a isso. Bem, pelo menos foi
o que ouvi dos meus líderes. Ao saber que estava morrendo, aquelas
palavras das pessoas que eu amava e respeitava começaram a fazer
sentido. Todos deviam ter razão. Eu provavelmente estava errada...
Entrei em parafuso. O que eu mais queria na vida era viver para
Deus, nada além disso. Mas por causa dessa decisão eu estava doente,
por estar procurando coisas que não eram verdade, segundo as pes-
soas. Comecei a refletir: “Quer dizer que aquelas orações poderosas
que ouvi a avó da Eneida fazer não eram de Deus? Falar na língua dos
anjos não é um dom do Espírito Santo? Jesus não gosta dessas coisas?
O que vivi nos últimos meses, aquelas experiências que enchiam meu
coração e criavam em mim mais vontade de estar perto do Senhor
foram uma farsa? O relâmpago que iluminou meu quarto e tirou o
meu medo não foi a mão de Deus? Aquela sensação maravilhosa de
estar tão pertinho do Senhor na noite de ceia não foi real?”. Eu não
sabia mais o que pensar.
Isso me entristeceu muito, e diante do meu quadro clínico aceitei
a sentença de morte, aquela condenação. Cada palavra dita pelo mé-
dico se repetia em minha mente, e um pensamento martelava na mi-
nha cabeça sem parar: “Vou morrer”. Eu sentia como se Deus tivesse
se esquecido de mim. “Vou morrer”.
Mesmo perdida em meus pensamentos e questionamentos, con-
tinuei a prestar atenção à conversa no corredor. Depois de falar com
meus pais sobre a possibilidade da cirurgia, o médico fez uma suges-
tão que mudaria tudo – para todos da família.
“Seu Jacinto, você teria como levar a Ezenete para São Paulo? Lá
tem mais recurso, mais tecnologia. De repente lá existe algum tra-
tamento mais avançado, que vai ajudar a estabilizar a sua filha, para
fazermos a cirurgia.”
No silêncio do meu quarto, ouvi a ideia de ir para outro estado.
Mas eu não conseguia pensar em mais nada, em nenhuma outra coi-
sa, apenas na minha condenação: “Eu vou morrer”.
É hora de mudar
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tas internações, tantas que parecia não ter fim. Eu ficava quinze dias
em casa, mais quinze no hospital. Confesso que não gosto nem de
lembrar dessa época, de tão difícil, dolorida e solitária. Todas essas
intervenções hospitalares tinham apenas um objetivo: esperar que eu
melhorasse, me fortalecesse para fazer a tal cirurgia arriscada que ti-
nha apenas uma pequena chance de me curar.
Porém, apesar de todo cuidado, nada de bom acontecia. Eu sim-
plesmente não ficava melhor, meu corpo não respondia aos tratamen-
tos. Era como se ele ignorasse todos os remédios que eu tomava, não
importando quão forte eles fossem. Para complicar meu quadro, tive
muitas pneumonias seguidas. Eu estava tão debilitada que passei a ter
problemas respiratórios por pelo menos três vezes ao ano. Desconhe-
ço alguém que tenha tido tanta pneumonia na vida.
Por causa da intensa fragilidade, passei a desmaiar do nada. Nin-
guém sabia dizer porque isto acontecia: eu perdia os sentidos e o
controle do meu corpo, como se alguém me desligasse da tomada e
meu sistema sofresse um “apagão”. Não havia explicação para esses
episódios, que eram cada vez mais frequentes. Certa vez, minha tia
estava cozinhando e eu quis ficar ali, ao lado dela, observando ela
mexer os ingredientes, colocar água no arroz, cozinhar o feijão, tem-
perar a comida. De repente, desmaiei. Tudo sumiu ao meu redor, e
fui parar no chão. Tia Lidinha ficou desesperada. Parou o que estava
fazendo para me socorrer. Largou as panelas no fogo, do jeito que
estavam, para me levantar.
“Nete, você está bem? Acorda! Acorda, Nete!”
“O que aconteceu?” – eu perguntei quando recuperei os sentidos.
“Você desmaiou! Você caiu!” – ela respondeu enquanto checa-
va meus batimentos cardíacos, as pupilas, e avaliava se eu tinha me
machucado.
“Está tudo bem, tia. Passou. Eu estou melhor. Foi só uma fraqueza.”
Ela me levantou, me colocou no sofá, me deu água, e aos poucos
tudo voltou ao normal. Depois desse dia, para evitar que isso se repe-
tisse e que eu me machucasse, ela colocou um sofá na cozinha para que
eu ficasse assentada. E teve a ideia de me prender com um lençol, para
eu não cair. Assim podíamos ficar juntas, e ela de olho em mim, para
eu não passar mal sem ninguém por perto. Dá para imaginar? A tia
Lidinha não podia nem fazer comida sem se preocupar comigo. A par-
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tir de então eu estava sempre com o tal lençol; usava-o para me cobrir
no sofá, enquanto estava deitada, ou para me amarrar de forma a ficar
firme e não cair no chão novamente. Nesta época eu não me assentava
sozinha, nem tomava banho por conta própria, pois estava muito fraca.
Não deve ter sido fácil para os meus tios cuidarem de mim.
Lembro-me de que eu chorava muito e sempre perguntava a Deus:
“Por que o Senhor não gosta mais de mim? Tudo o que eu queria
era mais de Ti! Por que o Senhor me castigou deste jeito?”
Além disso, eu sentia muitas saudades dos meus pais, dos meus
irmãos, da minha família, da minha casa, do lugar ao qual eu per-
tencia. Não era só a dor física que parecia me cortar por dentro. Eu
chorava com aquela ausência que se transformava em um sentimento
apertado no peito, um nó que não desatava na garganta. Eu sempre
fui boa filha, companheira, obediente, ajudava em casa, estudava. Era
uma filhona mesmo, muito apegada à minha família. E agora me via
ali, aos meus olhos, abandonada – sem pai e mãe, sem meus irmãos
por perto.
“O Senhor precisava tirar os meus pais também?” – eu pergun-
tava a Deus.
Ali, doente, sem perspectivas de melhora, sem as pessoas mais im-
portantes da minha vida, eu só podia acreditar em uma coisa: Deus
me abandonou.
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6. PALAVRAS DE VIDA
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te! Era desperdício fazer um vestido para eu usar no Natal. Era mais
fácil que fosse para o meu funeral.
Mas ela insistiu tanto, que acabei indo. Com muito cuidado, a vi-
zinha me pôs de pé, me posicionou e começou a tirar as medidas. Eu
não falei nada com ela, fiquei muda. Eu estava magra, frágil e debi-
litada. Com a fita métrica, ela conferiu o tamanho do meu quadril
estreito, checou a altura da saia e decidiu como seria o modelo da
roupa. Mas enquanto ela fazia isso, eu pressentia aquela enxurrada de
lágrimas vindo com tudo. Meus olhos começaram a marejar, e eu não
consegui controlar o choro. Eu sentia todo aquele peso de que minha
morte estava próxima e que era melhor não fazer planos – quanto
mais uma roupa nova!
Então a vizinha parou o que estava fazendo, sentou comigo no
sofá, observou meus olhos encharcados e perguntou:
“Por que você é tão triste? Você só chora. Te ouço soluçar do terraço.”
Eu não costumava me abrir para ninguém, mas como ela me pe-
gou de surpresa, e estava sendo muito gentil, comecei a desabafar:
“É porque Deus não gosta de mim. Ele me abandonou. Eu pequei
contra Ele, e por isso Ele me castigou. Tirou meus pais, minha saúde e
agora estou aqui, me preparando para morrer.”
“Sério? De vez em quando eu pergunto sobre você para a sua tia, e
ela sempre diz que você está internada no hospital.”
Diante daquele interesse repentino pela minha vida e pelas minhas
dificuldades, eu contei o que estava acontecendo. Ela me ouviu atenta,
quase sem piscar. De repente, cheia de misericórdia e completamente
movida pelo Senhor, ela começou a orar por mim, a ministrar sobre
minha vida. Por meio daquela mulher que eu nunca tinha visto, Deus
falou comigo, disse o quanto me amava, que Ele estava presente em
todo tempo, que nunca tinha me deixado. Essas palavras são tão vi-
vas na minha memória, que eu não me esqueço nunca. Especialmente
quando ela disse:
“Hoje você pode não entender o que está acontecendo, mas um dia
você vai compreender. Deus vai fazer uma grande obra na sua vida.”
Na mesma hora pensei: “Como assim? Que obra? O Senhor é tão bom
que até meus pais tirou de mim. Não tem obra nenhuma para acontecer.”
Aquela mulher continuou a profetizar, como se estivesse lendo os
meus pensamentos:
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“O mistério contigo é tão grande, que hoje você não entende. Mas
um dia você vai compreender que essa separação é para que se mani-
feste a Minha glória sobre a sua vida. Dentro da história que Eu tenho
para você, Eu te darei pais; te darei pai e mãe.”
Pensei comigo de novo: “Credo! Eu tenho pai e mãe! Amo a minha
família e não tenho nenhum problema com eles. Para que eu vou pre-
cisar de outras pessoas ocupando esse lugar?”
Movida pelo Senhor, a vizinha falou palavras que me marcaram
para sempre:
“Você ainda vai passar pelo vale da sombra da morte, mas Eu pas-
sarei contigo. Te tocarei de uma forma que muitas pessoas ficarão ad-
miradas. Minha graça é contigo.”
Ela continuou profetizando e falou coisas que nem me lembro
mais, mas aquela experiência, diferente de tudo o que eu já tinha vivi-
do, mexeu muito comigo, assim como as conversas com a Eneida e a
oração com a avó dela. Eu não tinha nenhuma experiência com Deus
assim, falando por meio de alguém como um profeta. Na verdade, eu
tinha até medo dessas coisas. Ainda mais depois de me sentir castiga-
da por querer algo diferente com o Senhor. Ela ainda abriu a Bíblia e
leu para mim um versículo:
“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da
madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” (Jeremias 1.5)
Depois de um certo tempo a oração chegou ao fim. Voltei para a
casa dos meus tios, e a vizinha de fato fez o vestido. Ele era rodado, de
um tom de rosa, minha cor favorita, e me foi entregue como um pre-
sente e uma lembrança daquela tarde tão preciosa. Mas não cheguei a
usá-lo; ele ficou guardado por muito tempo. Pouco dias depois voltei
ao hospital, mais uma vez...
Em meu coração, guardei todas aquelas palavras de vida. Não con-
tei a ninguém; guardei-as dentro de mim como um tesouro precioso,
porque eu sabia que ia precisar de cada uma dessas promessas.
Palavras de morte
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parecia não ter data para acabar. E tudo isso era para ver se eu me-
lhorava, para então fazer a tal cirurgia que poderia me curar. Porém,
meu organismo não respondia aos remédios, e minha saúde não re-
agia. Foram muitos meses vivendo com tratamentos paliativos, que
não resultaram em absolutamente nada. E quando meus dois pulmões
foram tomados, eu sentia dores ainda mais fortes. Foi muito cruel. O
médico tinha certeza de que eu não viveria.
Eu me lembro de chorar muito. Meu sistema respiratório estava
todo comprometido. Fui definhando, me acabando, estava comple-
tamente debilitada e fragilizada pelos anos seguidos da enfermidade.
Então o médico que cuidava de mim chamou meus tios para uma
conversa muito séria: disse que tinha tentado de tudo, e não havia
como prosseguir. Ele pegou os exames para mostrar que meu corpo
foi tomado por uma infecção. A doença se espalhou para todos os
lados, meus órgãos estavam começando a parar de funcionar, e não
tinha mais o que fazer para me manter viva. Mais uma vez alguém
proferiu a minha sentença de morte.
“Podem se preparar para despedir da Ezenete. Talvez seja a hora de
começar a pensar no enterro.” – declarou o médico.
Era a segunda vez que minha família tinha que lidar com essas
palavras tão duras. Ao serem informados de que eu estava vivendo
meus últimos momentos, meus pais saíram de Montes Claros ime-
diatamente. Eles pegaram a estrada para me verem pela última vez e
comparecer ao meu funeral. A mensagem que eles receberam foi:
“Venham rápido! Podem viajar agora mesmo, porque temos que
preparar tudo. Os órgãos da Ezenete já pararam.”
Se era difícil para mim, para eles também não era nada fácil. Nin-
guém quer enterrar um filho, nem receber a notícia de que apesar de
todos os esforços, de todos os recursos investidos, de toda a dedica-
ção, de todas as orações, o tratamento não funcionou.
Eu sabia que não estava bem, porém não tinha conhecimento de
que minha família estava vindo para o meu velório. Eu apenas en-
tendia que estava muito doente e que não conseguiria mais viver por
muito tempo. Daquele ponto em diante, fiquei inconsciente, sem po-
der responder por mim. Era como se o meu corpo estivesse se des-
ligando sozinho, aos poucos, sem a minha autorização ou consenti-
mento. Eu estava em coma.
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Meus pais chegaram a São Paulo para me ver pela última vez e
para preparar meu funeral. Eles me visitaram com o coração apertado
pensando que seria a despedida final. Mas, ao contrário do que os mé-
dicos previam, eu não morria! Parecia que o meu corpo estava aten-
dendo aos meus últimos comandos para se manter vivo e se recusava
a “desligar”. Permaneci naquele coma por alguns dias: sem melhorar,
mas também sem piorar. Minha família não sabia o que fazer.
Então, cansados de tanta luta, em uma madrugada meus pais se
ajoelharam diante do Senhor e fizeram uma oração me entregando a
Ele. Ali eles agradeceram a Deus pelo tempo em que vivi com a famí-
lia, pela minha vida, louvaram a Ele pela filha que fui durante aqueles
anos e abriram mão de mim. Eles não queriam mais me ver sofrendo,
então me deixaram livre para partir para o Senhor. Eles sentiam que,
de alguma forma, estavam me impedindo de descansar, já que eu não
morria, mas também não voltava a viver. E assim eles fizeram uma
oração dolorida e corajosa:
“Deus, a Ezenete não nos pertence mais, ela é Sua. Se o Senhor
quiser dar vida a ela, curá-la, fazer dela o que quiser, levá-la para onde
decidir, nós vamos ficar satisfeitos só em ter notícias da nossa filha. Se
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o Senhor quiser nos dar essa alegria de colocá-la de pé, nós aceitamos.
Mas a Ezenete não nos pertence mais e nós não vamos ficar aqui em
São Paulo para esperar pelo o que vai acontecer. Nós vamos voltar
para casa para cuidar dos outros filhos que o Senhor nos confiou.”
No dia seguinte, meu pai e minha mãe fizeram as malas e foram
embora. Seguiram chorando por todo o longo caminho até Montes
Claros, mas sabiam que eu não pertencia mais a eles e à nossa família.
Eu era de Deus. Eles abriram mão de mim para que os planos do Se-
nhor se concretizassem.
Eu acredito que foi neste momento de entrega que Jesus entrou
com tudo no meio das nossas histórias para mudar o meu destino e
a vida de todos ao meu redor. Meu pai era um homem muito tradi-
cional e foi impulsionado por Deus a fazer essa oração tão audaciosa.
Em outras situações ele nunca tomaria essa atitude, mas vendo que
não havia mais nenhuma opção e percebendo que não podia fazer
mais nada por mim, ele foi movido pelo Senhor e obedeceu. Creio
que Deus só precisava disso para me reerguer do leito de morte. E foi
o que aconteceu.
No dia em que eles se despediram de mim (estando eu ainda in-
consciente no hospital) e voltaram para casa, fui visitada pelo Senhor.
Durante a madrugada, vi uma grande mão entrar no quarto e me to-
car debaixo das costas, entre o meu corpo e a cama. Aquela presença
tão forte, que eu nunca tinha sentido, falou comigo:
“Ezenete, Eu te dou vida. Eu te dou vida. Eu te dou a Minha vida.”
Era como se eu estivesse sonhando, dormindo. Meus olhos esta-
vam fechados, mas me lembro perfeitamente dessa visão. Em seguida,
aquela mesma mão tocou no meu peito e repetiu:
“Te dou vida. A Minha vida. Ponho a Minha vida em ti e te liberto.”
Depois, eu me lembro de apenas uma cena: em meio aquele quarto
frio, coberta pelo lençol com listras azuis, eu acordei me debatendo e
gritando:
“Eu quero água, eu preciso de água!!!”
Três dias depois, eu estava em casa. Curada.
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P A R T E I I
“E I S QUE FAR E I DE T I
UM TRI LHO N OVO, QUE
TE M DE NTE S AGUDOS;
OS MO N TE S T R I L HA R Á S
E O S MO E RÁ S, E OS
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CO MO A PR AGA NA .
TU O S APE DR E J A R Á S
E O RE D E MOI NHO OS
E SPALH ARÁ, E T U T E
ALE GRARÁS O SE NHOR E T E
G L O RI ARÁS N O SA NTO DE
I SRAE L” .
I S A Í A S 4 1 . 1 5 - 1 6
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7. EU ESTOU VIVA
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sala, o mal-estar me seguiu. Fui para casa gritando pelo caminho. Não
conseguia nem sentar, porque sentia aquele ar horrível, aquela pres-
são forte dentro de mim. Foi torturante. Segundo os médicos, ainda
levaria mais quinze dias para o gás injetado ser todo expelido do meu
corpo. Até lá eu mal saí da cama. Não tinha a menor condição.
Os exames continuaram por um bom tempo. Quando finalmente
acabaram, o hospital ligou para marcar uma reunião, para apresentar
os resultados. Nas últimas duas vezes que isso aconteceu, foi para co-
municar que eu iria morrer – e eu me lembrava muito bem. Nos diri-
gimos para lá cheios de expectativas de que agora seria diferente. No
meu coração, a certeza da cura lutava contra a dúvida de ser internada
de novo para operar. A tensão brigava com a fé. Mas pisamos naquele
lugar crendo que receberíamos boas notícias. Eles teriam palavras de
vida para mim.
Assim que chegamos ao hospital, e era sempre terrível voltar ali,
fomos conduzidos a uma sala. Lá eles começaram a mostrar todos os
laudos e resultados. Eu não entendia muito bem os termos técnicos,
os nomes que eles falavam, mas por fim, nos disseram:
“A Ezenete não tem mais nada. Fizemos todos os exames, checa-
mos todas as possibilidades. Repetimos quantas vezes consideráva-
mos necessárias para não ter risco de erro. Ela está curada. Não vai
precisar de nenhum tipo de cirurgia para separar os órgãos: eles vol-
taram naturalmente para onde deviam estar. O pulmão está limpo,
sem sinal das pneumonias. Ela ainda precisa melhorar em relação à
anemia, mas isso é fácil.”
Respirei fundo. Aliviada. Pela primeira vez em três anos me senti
livre, limpa, pronta para retomar a minha vida de onde ela havia pa-
rado. Poderia voltar à igreja, estudar, morar com os meus pais, fazer
novas amizades. Eu seria restabelecida e iria recuperar os anos que
perdi de internação em internação. Quem sabe eu ainda poderia ser
missionária?
Mas a reunião não tinha acabado, e os médicos ainda queriam ex-
plicar outras coisas. Pela expressão, não eram boas notícias. Eles nos
alertaram que eu poderia apresentar algumas sequelas ao longo dos
anos, especificamente a partir dos 35. Eu já tinha tido o problema da
perna, com a paralisia, então era quase certo que eu precisaria de uma
cadeira de rodas no futuro. Mas havia mais um problema.
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8. OS ANOS DE RESTITUIÇÃO
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um. Estar de volta foi uma alegria tão grande, que nem consigo des-
crever. Meu coração estava em festa; era como se todos os anos de
provação, de doença e internações tivessem sido enterrados e ficado
para trás. E se tudo isso eu deixei no passado, eu não voltaria mesmo
para São Paulo. Aquele não era mais o meu lugar. Eu estava curada e
iria retomar a minha vida exatamente onde ela tinha parado antes de
adoecer: ao lado do meu pai, da minha mãe, dos meus irmãos. Che-
guei, desfiz as malas e me ajeitei no quarto da minha irmã Débora.
Organizei as minhas coisas e fui tentando me adaptar à vida para a
qual tinha sonhado voltar.
Mas nada era igual. A casa era outra. O ritmo da família era ou-
tro. Tudo era diferente do que eu me lembrava. Meus irmãos tinham
crescido comigo fora dali, de certa forma eu era uma estranha para
eles, e eles para mim. Eu queria que as coisas voltassem a ser como
eram, mas não tinha jeito. Eu olhava ao meu redor e sentia que algo
estava fora do lugar, que nem tudo se encaixava como eu imaginava.
Estar em casa era uma sensação boa, mas também ruim, pois eu não
me sentia mais parte daquela família. Independente disso, ignorei a
minha percepção.
O mês passou muito rápido, e logo chegou a hora de partir. Bom,
pelo menos era o que todos imaginavam. Mas eu já tinha decidido
ficar, e não queria mesmo fazer o caminho de volta. Eu não tinha con-
tado para ninguém sobre minha escolha e fui ficando, ficando, ficando
– sem dar satisfações. Até que não teve mais como adiar, e conversei
com os meus pais:
“Não vou voltar para São Paulo. Eu não quero mais morar lá. Esta
é a minha casa, vocês são a minha família, e eu quero ficar com vocês.”
Com muita cautela, meu pai me respondeu:
“Ezenete, você ainda precisa fazer acompanhamento médico com
a equipe do hospital de lá.”
“Eu sei, mas não tem problema” – respondi. “Posso ir a São Paulo
quando for a época das consultas. Não preciso morar lá para isso.”
Ele me olhou com calma, pensou e respondeu com sabedoria:
“Então vamos fazer o seguinte: você fica aqui, esperamos um pou-
co, enquanto oramos sobre isso. Que tal?”
“Tudo bem, mas eu não vou voltar para São Paulo” – insisti.
Eu estava convicta da minha decisão, e ninguém poderia argu-
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coisa que fazia sentido depois de ter sobrevivido era voltar para Mon-
tes Claros, já que o motivo pelo qual eu me mudei não existia mais. Mas
esse não era o plano de Deus. Peguei a estrada arrasada, aos prantos
e sem entender mais nada. Minha família sofreu novamente com essa
despedida, mas meus pais sentiam que era a direção do Senhor.
Cheguei a São Paulo completamente confusa, perdida, doente e
sem saber o que fazer. Minhas tias Lidinha e Nó começaram um jejum
em favor da minha vida. Elas oraram sem parar durante sete dias, até
que eu ficasse curada, e foi o que aconteceu. Não precisei retornar ao
hospital. Enquanto elas intercediam, Deus foi falando ao meu cora-
ção. E contra a minha vontade, finalmente entendi que Montes Claros
não era mais o meu lugar. Aquela não era mais a minha casa, nem
meu lar. Eu não podia voltar a morar com meus pais, e havia uma ra-
zão para isso. Mesmo sem entender, sofrendo muito, aceitei a vontade
de Deus. Aos quatorze anos eu fiz uma oração me entregando para
viver a vida que Ele sonhou para mim. Aos dezoito, Ele me mostrou o
peso da minha decisão.
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novamente os sons que eu emitia não eram nada parecidos com o que
eu estava tentando dizer. Eu estava falando em línguas! De novo! Sem
querer! Sem pensar! Sem orar! “Meu Deus!” – eu pensava – “Como
vai ser isso agora? Como vou me controlar?”.
Eu não sabia como parar aquele mover que tinha tomado conta de
mim na madrugada e permanecia até aquela hora! Da mesma forma
que comecei a orar em línguas naturalmente, também parei e conse-
gui compartilhar a experiência.
Mas isso se repetiu outras vezes durante aquele dia. Quando liguei
para a tia Nó, para contar os detalhes do meu batismo, novamente o
Espírito Santo veio sobre mim, e eu desatei a falar em línguas! Do
lado de lá do telefone ela começou a cantar em línguas, e juntas er-
guemos louvores celestiais. Eu tinha esperado por tantos anos para
que isso acontecesse, e agora os meus lábios eram como uma cacho-
eira que derramava palavras vindas do céu. Aleluia!
Foi uma experiência tão linda, tão maravilhosa, que mal consigo
descrever. Era muito mais do que eu imaginava. Descobri que não
precisava que alguém colocasse as mãos sobre minha cabeça para que
eu recebesse o Espírito Santo. Diferente de como acontece nas águas,
em que uma pessoa nos mergulha, nesse novo batismo não é essen-
cial ter alguém para conduzir o momento. É claro que em muitas si-
tuações podemos receber ajuda de pessoas ungidas, mas no meu caso
não havia mais ninguém no meu quarto. Eu estava sozinha, oran-
do há dias, clamando pela presença de Deus, quando o Senhor veio
como uma resposta poderosa à minha busca individual. Não foi fácil,
nem rápido, mas foi simples. Eu O busquei de todo o meu coração, e
Ele veio ao meu encontro.
Confesso que naqueles primeiros momentos de descoberta nem
me lembrei do meu pai e de todo o pânico que ele demonstrou quan-
do, anos antes, o perguntei sobre os dons espirituais. Não pensei no
que ele poderia achar de tudo aquilo. Finalmente entendi que talvez
essa teria sido a razão pela qual eu não podia mais voltar para casa,
em Montes Claros. Enquanto eu estava debaixo da autoridade dele,
vivendo na casa dele, enquanto eu era uma ovelha dele, o batismo no
Espírito Santo era vetado. Ele não cria, não concordava, não aprova-
va, não abençoava. Se eu continuasse insistindo nessa busca pelo po-
der de Deus, estaria sendo rebelde contra o meu pai e contra o meu
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Um novo batismo
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10. ARREBATADA
Certa noite, minhas tias me convidaram para orar com elas ma-
drugada adentro. Estávamos no meio de uma campanha de jejum e
oração durante sete sextas-feiras, e naquele terceiro dia de propósito
elas iriam fazer uma vigília em casa mesmo.
“Ezenete, você fica com a gente quanto tempo quiser. Se você se
sentir muito cansada ou com sono, não tem problema. Pode ir para o
seu quarto descansar. Não se sinta pressionada em nos acompanhar.”
Assenti com a cabeça e logo me pus de joelhos para buscar o Se-
nhor ao lado dessas mulheres que eram verdadeiros referenciais de
vida com Deus. Tia Nó sempre começava os seus momentos de ora-
ção glorificando, exaltando, cantando. Ela erguia as mãos diante de
Deus e se entregava. Eu amava vê-la buscar o Senhor, e seu jeitinho
me inspirou muito.
Então, naquela noite cantamos, falamos em línguas, clamamos,
exaltamos e glorificamos durante muito tempo. Por volta da meia-
-noite, algo aconteceu. Eu me lembro como se fosse hoje. Foi tudo
tão real, que se eu fechar os olhos agora mesmo consigo rever, com
detalhes, o que se passou dali em diante.
Em meio às nossas orações, meus olhos espirituais se abriram, e
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eu, que estava apenas começando a lidar com a visão aberta, enxerguei
algo totalmente lindo. Um ser celestial apareceu na minha frente con-
duzido por uma carruagem dourada, brilhante, com ares de realeza.
Ao me deparar com essa imagem tão gloriosa, desmontei no chão.
Quando dei por mim, eu não estava mais na sala. Fui arrebatada.
Ao abrir os olhos, eu estava em outro lugar, em uma dimensão di-
ferente. Em vez da casa da minha tia, eu me vi em um espaço aberto.
Não era mais madrugada, era dia. Ao olhar para o horizonte, percebi
que eu estava no meio de muitas montanhas, tantas que nem pude
enxergar o fim. Elas eram verdes, em um tom muito intenso, e como
se fossem formadas por gramas aveludadas. Não era algo natural,
mas era completamente real! Observei tudo ao meu redor tentando
reconhecer que lugar era aquele e desfrutar cada segundo daquela
experiência sobrenatural. Mas tudo era muito diferente do que eu já
tinha visto na vida. Aquele era um lugar novo, e eu sentia que algo
especial estava me aguardando.
No meio do mar de montanhas aveludadas eu não vi o céu. Mas
sabia que ele estava ali. Ou ali seria o céu? Eu estaria no céu? Não
tive tempo de pensar. De repente senti uma presença poderosa, linda.
Mas não era o mesmo ser que tinha entrado na sala da casa da minha
tia. Eu não me lembro de ver o rosto, mas Ele transmitia muita paz,
como se sorrisse para mim. Ele falava comigo com uma voz doce.
Tão doce e tão suave...
Ele usava um manto enorme, com abas largas, e a orla da veste
quase tocava o chão. Era tudo tão lindo. A roupa era furta cor, e os
tons mudavam e se misturavam enquanto ele se movia. De um lado
era amarelo, de repente virava azul, aí apareciam nuances cor-de-rosa
que se tornavam verdes! Era como se Ele reunisse em Si mesmo todas
as tonalidades que eu já tinha visto. Mas não tive muito tempo para
olhar os detalhes, porque ao virar o rosto observei que a certa distân-
cia de onde estávamos havia três anjos enormes. Com muita suavida-
de, aquele ser indescritível tocou a minha mão e começou a me dizer:
“Esses anjos a seguirão daqui em diante.”
Fiquei maravilhada, tentando entender o que Ele estava dizendo.
Ele então continuou a falar como se quisesse explicar quem era:
“Eu a encontrei naquela tarde. Fui Eu quem falou contigo através
daquela mulher. Não tenha dúvida, Eu Sou o que Sou. Eu Sou o seu
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Deus. O propósito que tenho para você é muito grande. Quero que
você entenda que o que Eu mais amo são as pessoas; elas são muito
importantes para mim. E é isso que quero para a sua vida: que você
ame as pessoas como Eu amei você.”
Ao ouvir essas palavras, que soavam como melodia suave, eu en-
tendi que estava diante do meu Senhor, o mesmo que tinha falado
comigo por meio da vizinha. O mesmo que, com Sua mão poderosa,
me tirou do leito de morte para me dar uma nova vida. Jesus Cristo
estava ali, me conduzindo, me tocando e me mostrando coisas que
nunca imaginei existir. É maravilhoso demais para descrever.
Estendi meus braços para receber aquele amor que Ele disse ter
pelas pessoas. Então, Ele me tocou com muita suavidade, pegou as
minhas mãos e as levou até o próprio peito; em seguida colocou o
coração dEle, pulsando em mim. Seu toque era forte, doce, suave e
gentil. Tudo ao mesmo tempo.
“Eu estou curando você. Estou tirando todas as suas mazelas. Es-
tou levando o medo, a insegurança, a timidez.” – Ele declarou.
Ele realmente me conhecia. Eu era muito dependente das pesso-
as. Por causa da minha condição de saúde, eu precisava sempre de
alguém ao meu lado. Sentia medo de estar sozinha e de frequentar
certos lugares. Em alguns momentos, durante todo o meu processo
de cura, eu me perguntava onde tudo isso ia dar. Eu me sentia inse-
gura, inclusive quanto ao meu futuro. Deus sabia que precisava me
tirar desse lugar para o chamado que tinha para a minha vida. Era o
que Ele estava fazendo.
Ainda me segurando, com muita delicadeza, Ele perguntou:
“Posso contar com você?”
Eu estava tão impressionada, que nem consegui responder. Eu
queria dizer sim, mas as palavras não saíam da minha boca. Então
Ele tocou meu braço novamente, com muita leveza, e disse:
“Eu quero passear com você.”
Sem exitar, O segui pelas montanhas. Pelo caminho, percebi flo-
res coloridas, vivas, que davam uma beleza especial àquele lugar que
já era indescritivelmente belo. Fui levada para um local onde havia
muitas pessoas. Ele me mostrou aquela cena e disse:
“Eu vou te mostrar o que quero que você faça.”
A primeira coisa que vi foram duas pessoas conversando sentadas uma
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Além disso, Ele me mostrou várias pessoas ao seu redor, e todos eram
seus filhos. Você vai ser mãe de filhos de todos os jeitos – velhos e
novos. Você será mãe, Ezenete. Mãe!”
Pensei que Deus me daria muitos filhos adotivos, mas não era isso
o que Ele queria dizer. Com o passar dos anos eu entenderia, e essa
profecia também se tornaria realidade.
Recebendo novos pais
O amor pela minha nova mãe, Eurídes, veio de uma forma muito
rápida e natural. Já pelo tio Elson, agora pai, o amor aconteceu aos
poucos. Mas posso dizer, sem medo, que Deus proveu os nossos co-
rações com sentimentos muito sinceros. Os três primos, que a partir
daquele momento se tornaram meus irmãos, também me aceitaram
com muito carinho. Começamos, então, a orar pelos meus pais bioló-
gicos, porque queríamos contar para eles o que tinha acontecido. Até
porque, desde então, passei a chamar os meus tios de pai e mãe, e não
queríamos criar nenhum tipo de constrangimento.
Nesta mesma época, minha mãe biológica, Eugênia, sonhou que
estava me entregando para a tia Eurídes. No sonho, Deus falou que
assim como Maria ge-
rou Jesus e o entregou
para o mundo, assim
como Ana gerou Sa-
muel para a obra de
Deus, ela havia me ge-
rado para algo maior
do que podia ima-
ginar. Quando acor-
dou, ela pegou papel
e caneta e começou a
escrever tudo o que
tinha sonhado. Nes-
ta carta à tia Eurídes,
ela disse: “A partir de
agora a Ezenete também é sua filha. Eu a entrego para que você cuide
dela como uma verdadeira mãe”.
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P A R T E I I I
“VÓ S N ÃO ME ESCOL HE ST E S
A MI M, MAS E U VOU
E SCO LH I A V ÓS E VOS
D E S I G N E I , PA R A QU E VA D E S
E DE I S FRU TO S, E O VOSSO
FRU TO PE RMAN E ÇA , A F I M
DE QUE TU DO QUA NTO
PE D I RDE S AO PA I E M
ME U NO ME , EL E VO- L O
CO NCE DA ” .
J O Ã O 1 5 . 1 6
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11. O TREINAMENTO
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O primeiro atendimento
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o marido, que falava cada vez mais alto, e em seguida para a esposa,
que parecia querer matá-lo ali mesmo. O ciclo de ofensas não parava e
se tornava cada vez pior. Nem parecia um casal maduro, mas sim duas
crianças disputando quem conseguia agredir mais a outra. Foi uma
cena lamentável, e eu simplesmente não sabia o que dizer para melho-
rar aquela situação. Estava perdida e nunca tinha visto uma coisa tão
feia em toda a minha vida!
Mas de repente comecei a ouvir a voz de Deus falando dentro de
mim e me orientando a agir. Respirei fundo e segui a direção.
“Parem vocês dois, agora! Parem de discutir!” – eu disse interrom-
pendo aquela terrível guerra particular.
Eles me olharam assustados e, acredito, até com vergonha. Mas
eu estava ouvindo a voz de Deus e precisava colocar um fim àquele
vexame.
“Vocês não podem continuar brigando desse jeito. Isso não está cer-
to. Deus não uniu vocês para viverem dessa forma. Está tudo errado.”
Eles me olharam com olhos arregalados. Não sei o que esperavam
de mim, ou por que me procuraram, mas de uma coisa eu tinha certe-
za: Deus iria fazer algo naquelas vidas.
Depois dessas primeiras frases, comecei a repetir tudo o que o Es-
pírito Santo sussurrava ao meu coração. Eu sentia que Deus estava
colocando na minha boca as palavras que eles precisavam ouvir, e eu
apenas reproduzia o que Ele queria que fosse dito. Enquanto eu falava,
pensava: “Meu Deus, que incrível! Não sou eu que estou pensando
tudo isso!”. E não era mesmo. Eu tinha muita certeza de que o Senhor
estava cumprindo o que tinha me prometido durante o arrebatamen-
to. Ele me pediu para ouvir as pessoas com amor, pois colocaria as
palavras certas em mim. Estava acontecendo!
Quando me dei conta, aquele casal estava ajoelhado na minha frente.
Os dois se abraçavam, pediam perdão um ao outro, diziam que se ama-
vam e colocaram um fim a questões problemáticas tão antigas, encerran-
do os anos de brigas. Deus estava operando ali, na minha frente, através
de mim! Era lindo ver o que acontecia quando as pessoas abriam o co-
ração para Ele! Eu sabia que não tinha feito nada para aquilo. Não era
mérito meu. Eu não sabia o que estava dizendo e não tinha experiência
suficiente na vida para ser uma grande conselheira amorosa, mas obedeci
à voz do Senhor e repeti tudo o que Ele soprou em meus ouvidos.
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A cura do menino
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para casa agora, vou perder o ônibus e me atrasar. E por que eu colo-
caria um lenço na cabeça? Eu não uso lenço!”
“Volte para casa e coloque um lenço na cabeça.”
Pela terceira vez eu ouvi a mesma coisa. Não dava para ignorar;
com certeza o Senhor estava falando. Enquanto eu pensava passou
o coletivo, mas ele estava muito cheio, e o motorista nem parou no
ponto. Era o sinal que eu precisava para entender que Deus estava me
direcionando a fazer algo. E eu devia obedecer, mesmo que não fizesse
o menor sentido naquele momento.
Saí correndo em direção a minha casa. Fui o mais rápido que pude,
porque queria buscar um lenço, mas ao mesmo tempo não podia me
atrasar. Afinal, o menino e toda a família me aguardavam. Assim que
coloquei os pés na sala, falei com minha mãe:
“Mãe, eu preciso de um lenço para cobrir a cabeça.”
“Lenço? Para que você quer um lenço, Nete?”
“Mãe, eu estava no ponto de ônibus esperando a condução e ouvi
Deus falar que eu precisava colocar um lenço. Eu escutei a mesma
coisa três vezes, então acredito que Ele está me mandando fazer isso.”
Ela olhou para mim e respondeu sem exitar:
“Deus realmente falou com você. Vamos providenciar agora mesmo.”
Encontramos um lenço de croché que era dela, muito bonito. Eu
nunca tinha usado nada parecido, então tentamos ajeitar da melhor
maneira possível. Nessa época eu usava os cabelos bem curtinhos,
na altura da nuca. Durante os anos de internação, era mais prático
mantê-los assim. Eu ficava muito tempo deitada, não dava para ter
os cabelos longos, pois pentear dava trabalho, lavar com frequência
também, sem falar que o calor me irritava. Então o jeito mais fácil foi
encurtar o tamanho dos fios. Os anos passaram e acabei me acostu-
mando com o corte.
Escondi o meu cabelo curto debaixo do lenço de croché e sai de
casa morrendo de vergonha, achando aquilo a coisa mais esquisita do
mundo. Mas eu estava decidida a obedecer, mesmo que eu me sentisse
completamente desconfortável com aquele acessório na cabeça! Voltei
para o ponto de ônibus e segui o meu destino.
Assim que cheguei a casa do menino, percebi um ambiente formal,
quase solene. Na realidade, parecia mais um funeral. Na sala, alguns
homens de terno estavam reunidos; pareciam líderes de igrejas. Havia
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Ela olhou para mim com muita desconfiança, mas eu não me dei
por vencida. Deus me falou que era para fazer isso, e eu não desistiria
até o menino beber.
“Eu não estou doida. Eu realmente ouvi a voz de Deus e quero fa-
zer o que Ele está me dizendo. Alguém pode buscar água, por favor?”
Elas olharam entre si e pouco depois me entregaram um copo bem
cheio com uma colher. Peguei o talher, mergulhei no líquido, olhei
para o menino e levei até a boca dele.
“Beba, você precisa de um pouco de água.” – eu disse a ele.
O menino não esboçou a menor reação. Continuou com os olhos
fechados, imóvel, e a água que coloquei nos lábios dele escorreu por
todos os lados. Repeti a ação. Coloquei mais bebida na colher e a levei
até a boca.
“Você precisa beber essa água para melhorar, em nome de Jesus.
Vamos lá. Beba só um pouquinho.”
Nada aconteceu. Ele continuou na mesma posição, estático, e a
água escorria pelas bochechas e pelo queixo, sem entrar nenhuma
gota. Eu insisti.
“Eu vou colocar mais água na colher e vou levar até você de novo. Em
nome Jesus, você só precisa abrir a boca um pouquinho para o líquido
entrar. Vamos lá, você consegue!” – eu disse num tom quase maternal.
Novamente o menino permaneceu sem mover nenhum músculo.
Mas eu não estava preocupada. Eu sabia que Deus estava fazendo algo,
ainda que eu não pudesse ver naquele momento. A cada minuto que
eu passava ali, tinha mais convicção de que ele seria curado. Fui repe-
tindo a ação de colocar água na colher e dar na boca, clamando pelo
nome de Jesus e agradecendo pelo milagre que aconteceria. Enquanto
isso, a mãe não parava de murmurar e reclamar, me lembrando incon-
táveis vezes de que ele não podia beber nada.
“Não adianta. Ele não vai engolir. Eu disse... Pare de insistir, por favor!”
“Jesus, eu te agradeço porque esse menino já bebeu a água e está
sendo liberto de todo o mal. Em nome de Jesus, ele está curado. Eu te
agradeço.” – continuei, ignorando as reações negativas da mãe.
Foi uma oração de fé. Até que de repente o garoto abriu uma fresta
mínima nos lábios e permitiu que algumas gotas do líquido escorres-
sem para dentro do seu corpo. No início foram pequenas quantidades,
mas aos poucos ele foi bebendo e engolindo tudo o que eu lhe dava.
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que nunca saem dessa posição de cativeiro e vivem uma vida presa
às mentiras do Inimigo. Leninha não gostava de nada nela e precisou
se reconciliar consigo mesma e pedir perdão a Deus por toda falta de
aceitação. Fizemos tudo com base na Palavra, entendendo que quan-
do Deus a criou Ele fez algo bom.
De nada adiantaria expulsar demônios ou orar pela libertação da
Leninha se ela não entendesse a verdade de que foi feita pelas mãos
do Senhor para honra e glória do nome dEle. Se ela não pedisse per-
dão por ter acreditado nas mentiras de Satanás, que fez com que ela
achasse que não era digna, que não era boa o suficiente, que ninguém
a amava, tudo seria em vão, porque a raiz do problema não teria sido
resolvida. Sem essa consciência, o Inimigo voltaria a oprimi-la, e tudo
ficaria sete vezes pior, como diz a Bíblia.
Aquele foi um dia de vitória. De milagre. Quando saí dali para voltar
para a minha casa, o menino e a Leninha estavam bem e tinham se ali-
mentado. Todos estavam maravilhados com o que Deus fez durante aque-
las horas. Os homens de terno também se impressionaram com a ação do
Espírito Santo. Antes mesmo de me despedir, o garoto e Leninha foram
restabelecidos. O poder de Deus se manifestou pela misericórdia dEle. E
ninguém se importou com o tamanho do meu cabelo.
Continuei acompanhando Leninha por um bom tempo. Ela chegou
a ficar na minha casa durante alguns dias, enquanto fomos trabalhando
juntas a nova identidade dela em Cristo. Aliás, essa foi uma estratégia que
Deus me deu: eu deveria levar algumas pessoas para a minha própria casa,
para cuidar e amar. Leninha foi uma delas, e não foi nada fácil.
Demoramos uma semana para que ela parasse de ver os vermes an-
dando na comida. Orávamos, e eu dizia que ela podia comer tudo, porque
não havia nada além de alimentos no prato. Eu me assentava ao lado dela,
e nós tomávamos café da manhã, almoçávamos e jantávamos juntas. As-
sim ela foi vencendo e aprendendo a lidar com os próprios dilemas.
Leninha precisou fazer as pazes com a história, aceitar o próprio
corpo, o cabelo e a vida que recebeu de Deus. Ela compreendeu, por
fim, que era pecado rejeitar o que o Pai celestial tinha entregue a ela
com tanto amor. Ela reconheceu que estava jogando fora a vida que
o Senhor preparou. Leninha se arrependeu, foi curada dos problemas
emocionais e construiu um nova identidade em Cristo. Glória a Deus!
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Essa é uma daquelas histórias das quais não me esqueço. Nem tem
como. Lembro-me de absolutamente tudo o que aconteceu nos meses
em que convivi com Carina, Malu e Nazareth. Meu caminho cruzou
com o delas há muitos anos, quando eu ainda estava aprendendo a
ouvir a voz de Deus e a obedecer os comandos dEle sem questionar.
Quem me apresentou à Malu foi a Edith, uma irmã que frequenta-
va as reuniões de oração em minha casa. Ela era muito querida na fa-
mília, e não pensei duas vezes no dia em que ela me procurou pedindo
para que eu atendesse a uma amiga que estava vivendo um momento
muito delicado:
“Ezenete, eu queria muito que você orasse por uma pessoa. Ela se
chama Malu, acabou de dar à luz uma menina, e a bebê está internada
no hospital em estado grave, com meningite. A situação da criança é
muito delicada, e os médicos disseram que ela não vai sobreviver. A
Malu está desesperada, e creio que só Jesus pode mudar essa história.
Você pode nos ajudar? Você poderia receber a Malu e a mãe dela para
um período de oração?”
Senti paz no meu espírito. Assim, eu e a irmã Júlia, uma interces-
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veis, onde estava ligada a aparelhos que a mantinham viva, para levá-
-la para minha casa. Nós não tínhamos a menor estrutura para cuidar
da Carina, mas eu já estava conseguindo discernir bem quando era
Deus falando e quando era apenas um pensamento meu.
Conversei com minha mãe contando todos os detalhes, mas ela
achou que seria uma loucura enorme pedir a alta e assumir a respon-
sabilidade de cuidar de uma criança tão doente. Então, expliquei que
estava buscando a Deus por uma direção específica, para saber como
agir com a menina, e eu tinha convicção de que foi o Senhor quem
falou comigo. Eu não seria capaz de inventar uma maluquice daquela.
Tinha que ser algo do céu! Mas antes de fazer qualquer coisa, decidi-
mos ligar para a tia Nó. Quando ela atendeu o telefone e me ouviu,
respondeu:
“Faça como Deus orientou. O Senhor também falou comigo. Ele
me disse para você conduzir dessa forma.”
Senti o meu coração se encher de ousadia. Fui encorajada pela
minha tia, que sempre foi um referencial para mim, a seguir com os
meus planos. Deus estava nisso. Eu tinha certeza! E depois dessa con-
firmação, minha mãe também creu.
Você deve estar se perguntando como eu tenho convicção quando
é o Senhor que está falando comigo. Bem, preciso deixar claro que é
algo muito pessoal e que não existe um método exato, uma cartilha a
seguir. O que posso dizer é que eu não copiei nenhuma prática e nem
imitei o que alguém fazia. Eu buscava a presença de Deus intensamen-
te, tinha uma rotina de oração, jejuava com frequência e lia muito a
Bíblia. Essa minha vida com Deus, o meu relacionamento com Ele,
me levaram a ter discernimento espiritual. Quando tudo começou,
nesses primeiros meses após o arrebatamento, eu era muito jovem e
não tinha noção do que estava acontecendo comigo e ao meu redor.
Mas busquei de tal forma que aprendi a reconhecer aquela voz pode-
rosa falando ao meu espírito.
Eu sei que algumas pessoas fazem as coisas pela própria cabeça achan-
do que é só falar “em nome de Jesus” que tudo fica certo. Mas eu aprendi a
ter muito temor pelo Senhor e por tudo que envolve a Sua obra. E aprendi
também que quando é Deus falando diretamente com os Seus filhos, não
resta a menor dúvida no espírito de quem tem intimidade com Ele. Outra
coisa importante é que o Senhor jamais nos orienta a fazer algo que vai
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contra o que está escrito na Bíblia, porque Ele não contradiz a própria
Palavra. Então, se você quer aprender a ouvir a voz de Deus, a discernir
o que vem dEle, passe tempo em Sua presença, invista seus dias nisso,
busque-O com sinceridade e de todo coração. Não se esqueça de que só
reconhecemos a voz daqueles com quem temos intimidade.
Com toda essa convicção, eu tinha que falar com a Malu. Eu não
sabia qual seria a reação dela ao escutar que Deus me orientou a reti-
rar a Carina do hospital naquele quadro tão crítico. Mas o mais difícil
seria dizer que a menina viveria apenas por um ano e que havia um
propósito do Senhor nisso. Orei com a minha mãe e com a tia Nó
antes de ter essa conversa tão delicada.
Malu me ouviu e aceitou tudo o que Deus me disse. Ela concordou
em procedermos daquela forma, e por mais difícil que fosse saber que
a filha não teria uma vida longa, ela se lembrou da oração que fez
quando aceitou a Cristo – e teve paz. Com essa certeza, partimos para
o hospital. Malu pediria à equipe médica para liberar a Carina. E ain-
da tinha um detalhe: o Senhor me falou que ela deveria assinar a alta
da filha de joelhos.
Chegamos lá com a Nazareth gritando. Ela me chamava de louca,
de maluca e tudo o mais que você puder pensar. Ela não aceitava nada
do que estávamos fazendo; para começar, não concordava com a con-
versão da filha e com nenhuma atitude que ela tomou depois disso.
Estar perto da Nazareth era extremamente difícil, porque ela fazia de
tudo para tumultuar. Era sempre uma prova.
Quando encontramos o médico responsável pela Carina e expli-
camos o nosso plano, ele ficou revoltado. Usou todos os argumentos
possíveis para que a Malu mudasse de ideia, mas ela estava firme, con-
victa de que essa era a vontade de Deus.
“Vocês não podem estar falando sério!” – o médico falou para nós.
“Doutor, eu agradeço por tudo o que vocês fizeram pela Carina,
mas estou falando sério sim. Eu vou sair daqui hoje levando a minha
filha comigo.” – a Malu respondeu.
“A Carina não vai sobreviver fora da UTI. Vocês vão matá-la. Não
posso aprovar esse pedido nem apoiar essa decisão.”
“Doutor, eu entendo a sua preocupação, mas não vou mudar de
ideia. Deus nos disse para levar a minha filha embora daqui, e nada
vai me convencer do contrário.”
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com muito carinho, assim como meus pais. Na nossa casa todos eram
crescidos, então não tínhamos nada para cuidar de um bebê, mas con-
seguimos arrumar um berço e tudo o que seria necessário. Deus tam-
bém colocou em nosso caminho profissionais de saúde cristãos que
vinham com frequência acompanhar a pequena.
Nazareth estava sempre presente, criando todo aquele tumulto ha-
bitual. Quando ela aparecia para fazer visitas, gritava, berrava, me in-
sultava e ficava endemoninhada. Era terrível. Ela vinha para ver a neta
e tomar café conosco, mas tinha acessos de fúria sempre que aparecia.
Era um verdadeiro tormento.
Certo dia a Carina estava queimando de febre. Ela já tinha uns três
meses, e dentro do possível estava se desenvolvendo bem. Os queri-
dos médicos enviados por Deus estavam sempre por perto, e a Malu
permanecia firme no Senhor. Mas naquela tarde de sábado a febre
não cedia. Dei remédios e fiz tudo o que estava ao meu alcance para
ajudar, porém o corpinho da Carina continuava pelando. Foi nessa
situação que a Nazareth resolveu fazer uma de suas visitas. Quando
ela pegou a menina no colo e viu que a neta estava com 40 graus de
febre, começou a gritar:
“Eu disse que vocês iam matar a minha neta! Eu vou levar ela em-
bora daqui agora! Ela precisa de cuidados médicos, e vocês são duas
loucas irresponsáveis! Esse seu Deus não faz nada. Ele não curou a
Carina até hoje, e ela vai morrer por causa de vocês!”
Eu entendia a preocupação dela, como avó, mas não aguentava
mais ouvir os insultos, os berros, as ofensas e blasfêmias. Naquele mo-
mento orei em espírito e falei com o Senhor no meu coração: “Eu
preciso de um milagre agora”.
“Nazaré, eu não sirvo a um Deus falso. Meu Deus é poderoso, ver-
dadeiro, ama a vida da Carina. Ele ama você e vai fazer um milagre
hoje. Você verá! Me dê apenas dez minutos que a febre vai embora.”
Ela debochou da minha fé na minha cara, mas peguei a menina no
colo, entrei com ela no quarto, junto com a minha mãe e com a Malu,
e começamos a clamar:
“Deus, essa mulher fala absurdos! Ela está duvidando de Ti, de
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O tempo passou, e certo dia a Malu nos fez um pedido: “Vai ter a
vigília aqui na sexta-feira, e eu queria muito convidar a minha mãe.
Posso chamá-la?”
Estávamos orando pela conversão dela, então concordei: “Tudo
bem, Malu. Se ela for se comportar, pode convidar.”
“Muito obrigada!” – ela respondeu com um enorme sorriso, sem
esconder a alegria. “Vou chamá-la agora mesmo para tomar café co-
nosco. Ela adora o bolo da Eurídes, e será uma ótima desculpa para
ela participar da vigília!”
Respirei fundo, orei e me preparei para receber novamente aquela mu-
lher em nosso meio. Nazareth chegou na hora marcada dizendo que só
tinha ido por causa do bolo da minha mãe. Ela realmente gostava dele.
“Eu vou ficar só até o café. Depois vou embora.” – já informou an-
tes mesmo de nos cumprimentar.
A vigília começava por volta da meia-noite, e sempre fazíamos um
intervalo rápido para o lanche por volta das duas horas da manhã. Esse
foi o prazo que ela tinha estipulado para partir. Decidi que não iria me
preocupar com a Nazareth e iria aproveitar a vigília. Se Deus a tinha le-
vado, Ele tinha um propósito. Pelo menos ela não gritou com ninguém.
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era verdade. Eu não quis estar com elas, pois sabia que avó, filha e neta
precisavam viver intensamente o último período juntas, em família,
se curtindo, se amando, se despedindo e rendendo graças.
Ao final daquele dia, Carina respirou pela última vez e partiu para
o Senhor. Como uma flor no seu esplendor, em seu momento de
maior beleza, foi separada da sua raiz para compor um belo arranjo –
Carina foi colhida, com todo carinho, por Deus, o criador do jardim,
para a Sua glória.
Nunca me esquecerei de como aquela bebê foi usada por Ele
para trabalhar
a minha fé,
para mudar a
vida da mãe
e transformar
para sempre
a história da
avó. Todas as
promessas que
o Senhor tinha
para aquela pe-
quena guerrei-
ra se cumpri-
ram no tempo
determinado.
Um ano foi
suficiente para
ela usufruir da graça de Deus, manifestar a Sua glória e ser usada
por Ele de uma maneira tremenda.
Hoje, Malu e Nazareth são missionárias. Nazareth passou muitos
anos na missão Vale da Benção e depois foi enviada para pregar o
Evangelho na Bolívia. Malu fez seminário e foi servir na Alemanha.
Ela se casou com um homem de Deus, um pastor, e viveu muitos ou-
tros milagres. Hoje as duas contam esse testemunho incrível e conti-
nuam a exalar o bom perfume de Cristo. Elas também são flores do
jardim do Pai celestial e por onde passam deixam as marcas do amor
e o doce aroma de Jesus.
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Palavras da Malu
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13. LOURDES
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que fazia máquinas de fliperama; ele pouco sabia sobre a vida dela.
A Lourdes comandava uma equipe de mulheres que tinham a função
de unir os fios dos equipamentos e os conectar aos circuitos, para que
os jogos funcionassem. O Jorge era o chefe, e o relacionamento dos
dois era unicamente profissional. Mesmo assim ele era uma pessoa
calorosa, atenciosa e buscava conversar sempre com os funcionários.
Porém, vou interromper a história por aqui. Antes de contar como
a Lourdes foi parar na minha casa, levada pelo Jorge, preciso voltar no
tempo para explicar como era a vida desta mulher.
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e passou a ser ofendida pelo pai também por causa disso. A Lourdes
nunca tinha ouvido falar sobre Jesus e não tinha nenhum contato com
qualquer tipo de igreja. Sabia apenas que Ele foi um homem bom que
morreu em uma cruz. Nada além disso.
Certo dia ela estava em casa e sentiu vontade de ir até o local onde
a amante do pai morava. Mesmo sem entender por que estava fazen-
do aquilo, pegou o endereço e foi. Quando chegou, bateu na porta e
aguardou. Aquela mulher que ela odiava, que era a causa do sofri-
mento de sua mãe e seus irmãos, que trouxe tanta dor a toda a família,
apareceu com um sorriso:
“Eu estava te esperando. Que bom que você veio. Já está na hora de
nos tornarmos amigas.”
Com palavras sutis, ela atraiu a Lourdes que, sem entender como,
entrou naquele lugar. A Lourdes odiava aquela mulher e tudo o que
ela representava, mas de repente se viu envolvida, como se tivesse ca-
ído em uma teia. A visita foi longa, e sem explicação, as duas se tor-
naram amigas. A mulher dizia ser mãe de santo, e naquele mesmo dia
fez algumas orações que a Lourdes não compreendeu. Dali em diante
elas passaram a conviver bastante, se encontrando quase todos os dias.
Tornaram-se confidentes.
Se antes a Lourdes brigava com o pai, depois dessa estranha ami-
zade ela passou a se desentender com a mãe, nutrindo ódio e ressenti-
mento. O clima em casa conseguiu se deteteriorar ainda mais. E, para
piorar, ela começou a defender a mulher, que tinha acabado de conhe-
cer, como se fosse da própria família.
Um dia a amante do pai a chamou para uma conversa muito séria:
“Lourdes, você nunca vai se casar. Você será como eu: amante de
vários homens. Um casamento só vai fazer você perder tempo.”
“Você está louca?” – a Lourdes respondeu.
“Eu estou falando sério. Você precisa ir a uma reunião espiritual
comigo.”
“Não, eu não quero ir. Eu não quero saber de marido, nem de
amante, muito menos de religião.”. A mulher não discutiu. Elas conti-
nuaram a se relacionar e aprofundar aquela amizade estranha.
A Lourdes não sabe explicar como, mas durante esse período, ela
acabou se casando com o Oswaldo, um rapaz que morava no mesmo
bairro. Ela tinha dezenove anos, e ainda guardava dentro de si todo
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“Eu sei que você é casada, mas precisa se separar do seu marido.
Você precisa ficar aqui conosco e começar a se relacionar com os pais
de santo.”
“De jeito nenhum!” – ela respondeu cada vez mais irritada. “Nessa
espelunca eu não fico. E também não quero me deitar com esse pai de
santo horroroso!”
O homem continuou olhando para ela, assim como as pessoas
ao redor.
“Você tem passado por uma série de desmaios, não é verdade?”
– ele perguntou com o mesmo tom de voz, sem que ela tivesse men-
cionado esses episódios.
“Sim, eu tenho apagado do nada, e é por isso que estou aqui.”
“Então, você precisa entender que são os espíritos te solicitando.
Você não pode fugir. Você precisa parar de resistir a eles. Essa é a sua
oportunidade. Se você não atender a esse chamado, não sei o que pode
acontecer com a sua vida.”
A Lourdes ficou muito assustada. Ela se sentiu ameaçada. Com
muito medo daquele homem que falava possuído por um espírito, ela
pensou nas opções que tinha. Com as pernas tremendo e a barriga
gelada, ela se viu completamente sem saída. Se aquele era o único ca-
minho para todo o mal-estar ir embora, para os desmaios acabarem,
para ela voltar a ter controle sobre o próprio corpo, então aceitaria a
proposta assustadora. Mas com algumas condições:
“Eu faço o que vocês quiserem, mas eu não vou me separar do
meu marido. Também não quero ficar aqui e não vou dormir com
ninguém.”
“Tudo bem” – o homem respondeu com o mesmo tom de voz calmo,
olhando sempre para ela e esboçando um sorriso. “Não tem problema.
Podemos começar assim. Mas vamos te iniciar nos nossos rituais. Para
isso você precisa fazer a cabeça, que é como nós chamamos esse pacto.
Assim que você completar o ritual, os desmaios vão acabar.”
“Tá bom” – ela respondeu muito séria. “Eu faço a cabeça como
você quer e continuo com o meu marido.”
A amante do pai, que acompanhou todo o diálogo, sorria discretamente.
“Ok. Você faz a cabeça e permanece com o seu marido, já que é a
sua condição.”
Em seguida, o homem explicou o que seria feito e como o ritual
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-los na sua vida também, e você vai triunfar. Eu vou te dar ousadia e
coragem, e eles se sujeitarão a você.”
Logo fui encorajada pela lembrança daquela experiência incrível.
Eu não precisaria temer, porque Jesus me disse que eu iria triunfar.
Guiada pelo Espírito Santo, liberei uma palavra de comando para o
mundo espiritual:
“A vida da Lourdes pertence ao Senhor Jesus. Eu repreendo todo espí-
rito maligno agora! Eu amarro, em nome de Jesus, todos os demônios que
estão agindo na vida dela! E vocês não vão tocar em nada aqui! Sentem-se
agora, que eu quero falar com a Lourdes. Não vou falar com vocês!”
Na mesma hora ela voltou a si e me olhou assustada, perdida, desorientada.
“O que foi? O que aconteceu aqui?” – ela me perguntou.
Então eu me dirigi a ela com muito amor e compaixão:
“Eu quero que você faça algo.”
Com muito jeito, explicamos o que significava a possessão demo-
níaca. Ela precisava entender o que estava acontecendo, mas quero
deixar claro que o meu foco não foi falar do Inimigo. O meu objetivo
foi contar sobre o amor de Jesus e o plano de salvação para a vida dela
e do marido. Eles precisavam confessar a Cristo para que, de fato, fos-
sem libertos. Os dois ouviram, entenderam e receberam.
“Eu não sabia de nada disso. Como é ser crente?” – ela me pergun-
tou muito curiosa.
Eu sorri com a pergunta, tão simples, e com muito carinho falei do
amor de Jesus pelos dois. Até então a Lourdes nunca tinha ouvido o
Evangelho e não sabia que o filho de Deus morreu pelos pecados da
humanidade para por um fim às trevas e nos levar de volta para o pla-
no original. Para a alegria de todos, ao ouvir sobre o sacrifício de Je-
sus, Lourdes e o marido se arrependeram, confessaram a Cristo como
Senhor e Salvador e afirmaram estar dispostos a seguir esse caminho.
Eles nasceram de novo.
Assim que eles terminaram de orar, a Lourdes caiu possessa mais
uma vez. E foi muito pior do que antes. O Jorge ficou visivelmente
assustado, mas novamente amarramos aqueles demônios, expulsamos
os espíritos malignos, e ela pôde se recompor.
No dia seguinte era o meu aniversário de 22 anos, e tínhamos
planejado uma comemoração. A minha saúde estava ótima, eu an-
dava normalmente e estava me aprofundando a cada dia no relacio-
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O processo de libertação
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“Eu sei o que é ter um demônio no meu corpo, o que é ser assolada
pelo mal de dentro para fora. Agora eu sei o que é ter Jesus na minha
vida, pulsando dentro de mim. Nada vai me tirar isso.”
Apesar das muitas provações pelas quais passou, a Lourdes nunca
mais foi tocada por Satanás. Na autoridade do nome de Jesus, ela pas-
sou a dar muito trabalho para o inferno sendo usada por Deus para
resgatar milhares de vidas das trevas e pisando, sem cessar, na cabeça
do Inimigo. Glória a Deus por isso.
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Palavras da Lourdes
A Ezenete foi usada por Deus para me tirar do Egito. Assim como
Deus usou Moisés para libertar o povo da escravidão, a Zê foi ins-
trumento para me livrar da feitiçaria, da revolta, da sensação de
abandono. Eu estava caminhando a passos largos para o inferno
e nem tinha noção disso, mas Deus a colocou na minha história
para me falar de um Jesus maravilhoso. Depois ela cuidou de mim
como mãe, professora, amiga, pastora. Ele me ensinou limites, me
discipulou e também foi usada por Deus para tratar o meu ódio, a
incredulidade e revolta. Com ela aprendi que eu não me bastava,
mas que eu precisava das pessoas também. Eu não podia simples-
mente viver sozinha. Ela injetou amor do Pai em mim. Até hoje,
depois de tantos anos, ela tem sido essa pessoa de Deus para me
ensinar e me amar. Quando olho para a Ezenete, passa o filme
inteiro na minha cabeça do dia em que cheguei a casa dela, perdi-
da, endemoninhada, sem esperança. Ela se importa comigo e isso
para mim é incrível. Meus pais me colocaram no mundo, mas foi a
Ezenete que me gerou.
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P A R T E I V
“MAS, CO M O E ST Á
ES CRI TO : AS C OI SA S QUE
O LHO S N ÃO V I R A M , NE M
OUVI DO S O UVI R A M , NE M
PE N E TRARAM O COR A ÇÃ O
D O H O ME M, S Ã O A S QUE
DE US PRE PARO U PA R A OS
QUE O AMA M .”
1 C O R Í N T I O S 2 . 9
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“Solte o meu braço! Tire a mão de mim!” – eu pedi. Mas ele parecia
estar surdo.
“Você está ouvindo? Nunca mais, quando eu estiver em um acon-
selhamento, me interrompa!”
Saí muda, massageando o meu braço dolorido. Não gostei nem um
pouco daquela reação. Demos as mãos e fomos embora juntos. Eu,
que já estava confusa, fiquei ainda mais. Aquela atitude me incomo-
dou muito. Depois disso, o comportamento dele mudou de vez. Al-
guns dias ele era super carinhoso, em outros se mostrava indiferente.
Cada hora ele estava de um jeito. No meio de tudo isso, eu orava sem
parar pedindo a Deus para me mostrar o que eu precisava ver.
Aquele episódio me preocupou, então tomei coragem e compar-
tilhei com a tia Nó. Ela me ouviu, orou comigo e disse que realmente
meu noivo não era quem eu pensava. Tia Nó me falou que a minha
mãe estava correta em não incentivar o nosso relacionamento. E eu
amava demais as duas para simplesmente ignorá-las. Assim que che-
guei, contei tudo para a minha mãe. Ela me ouviu aliviada e disse que
aquilo era pouco diante do que eu sofreria se me casasse.
“Ezenete, eu avisei. Eu tenho orado por vocês, mas parece que você
não quer ver. Você precisa acordar dessa cegueira! Abra os seus olhos!”
E realmente, pouco a pouco, meus olhos foram se abrindo para a
realidade. Minha mente ainda estava confusa. Minha fé estava abala-
da. Afinal, aquele relacionamento era de Deus ou não? Eu ouvia tantas
vozes de pessoas diferentes: gente que dizia que éramos perfeitos um
para o outro, que nossos chamados estavam ligados, que tínhamos um
propósito! Mas, do outro lado, eu ouvia minha mãe e minha tia me
falando o contrário. Eu me sentia perdida, mas a vontade de honrar
e obedecer a minha família falava alto, aumentando ainda mais meu
conflito interior.
Até que um dia recebi uma notícia terrível. Meu noivo, me traiu
com minha melhor amiga, na igreja, enquanto eu ministrava no culto.
Foi difícil demais de acreditar. Ela não era qualquer jovem! Era uma
pessoa íntima, que dormia na minha casa e era a minha confidente.
Para ela eu contava todos os meus conflitos. Ela orava comigo pelo
meu noivado, me encorajando a enfrentar aquela situação.
Foi muito cruel descobrir essa dupla traição. Não podia ser ver-
dade. Além disso, se ele era um homem de Deus, como poderia fazer
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algo tão horrível? Nós estávamos planejando construir uma vida, tí-
nhamos sonhos juntos! Ele era um referencial para mim, e tantas pes-
soas nos diziam que o Senhor queria que formássemos uma família!
Sem falar que eu estava enfrentando os meus pais para estar com ele.
Parecia que tudo não passava de fofoca, de uma tentativa de alguém
para nos separar, mas infelizmente era real.
A traição me fez sofrer muito, mas foi o que eu precisava para ou-
vir minha família e decidir terminar o relacionamento. Naquela se-
mana, após uma reunião de oração, entramos no meu carro, eu tirei a
aliança do dedo e entreguei a ele.
“O nosso noivado acabou.”
“O quê?” – ele disse rindo, dando gargalhadas, sem acreditar no
que eu dizia.
“É isso mesmo que você ouviu. Eu sei que você me traiu com a
minha amiga enquanto eu estava pregando no altar! Como você teve
coragem? Eu não quero me casar com um homem que não é fiel, que
não me respeita. Acabou!”
“Você só pode estar brincando!” – ele respondeu em tom de zombaria.
“Não, eu não estou brincando. A minha mãe já tinha me alertado
sobre você. Ela me disse que o seu maior interesse era se aproveitar de
mim e do meu ministério. Eu não queria acreditar nela, mas agora eu
acredito.”
“Ezenete, você nunca vai amar alguém como você me ama. Você
nunca vai ser feliz com outra pessoa. Eu sou o homem de Deus para a
sua vida, e é comigo que você deve se casar. Pare com essa bobeira! Você
está dando ouvidos a pessoas que não querem a nossa felicidade!”
Ele não acreditou que eu estava falando sério. Ainda disse que eu
ficaria perdida sem ele, que eu não teria rumo na vida. Por fim, can-
sada, falei:
“Pode descer do carro.”
“Descer do carro? Mas você não vai nem me levar ao ponto de
ônibus?” – ele perguntou.
“Não. A partir deste momento eu não tenho mais nada a ver com você.”
Então ele entendeu que eu estava falando sério e disse:
“Você vai morrer sem mim!”
“Prefiro morrer a ficar com você. Desça agora, ou eu deixo o carro
aqui mesmo e vou a pé pra minha casa.”
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cega dois dias antes do casamento. Então, ela não pôde me ver vestida
de noiva, e esse era um grande sonho que ela tinha. Tia Nó, que tanto
me ajudou e foi essencial para o cumprimento dos planos de Deus em
minha vida, entrou na igreja sem enxergar nada. Ela, que foi nossa
conselheira e nos acompanhou durante todo o período do namoro
e noivado, não pôde contemplar o templo tão bonito. Mesmo assim
ela sorria em gratidão a Deus. Aliás, diante de todas as lutas a tia Nó
nunca murmurou. Ela sempre nos encorajou com seu testemunho até
o último dia de vida.
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toral de São Paulo, e foi um tempo maravilhoso. Eu, que havia renun-
ciado minha vida pessoal por amor à obra de Deus, vivi a restituição
dela. O Senhor me deu muito mais do que eu pedi. Infinitamente mais
do que eu podia sonhar.
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Palavras do Marcos
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uma Kombi com a nossa família! Bom, Deus deve ter me levado mui-
to a sério porque hoje a nossa turma não cabe nem em um ônibus.
Quero agradecer ao Senhor por me dar a oportunidade de cuidar de
uma joia tão preciosa, de dividi-la comigo e confiar a mim tão grande
responsabilidade.
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Sarah. Eu não sei se será ela quem vai nascer agora, mas eu creio que
Deus vai fazer algo. Eu sinto que em breve vou engravidar.”
O Marcos se lembrava muito bem disso, e ali, em oração, come-
çamos a gerar a nossa família. Só nós dois. Não contamos para mais
ninguém. Depois desse momento, já me sentia grávida! Discretamen-
te eu apoiava a mão na barriga, sonhando com o bebê que iria nascer.
Comprei várias roupinhas já pensando na criança que completaria a
nossa vida. Guardei todas elas – e vez ou outra as tirava da gaveta para
cheirar, acariciar e alimentar as nossas expectativas.
Voltamos de viagem muito felizes e esperançosos. Dias depois, es-
távamos andando pelas ruas de Santo André quando me deparei com
uma loja de móveis para bebês. O Marcos nem percebeu, mas meus
olhos brilharam quando olhei para a vitrine. Vi um berço maravilhoso!
Ele era branco, com detalhes verde água, e tinha formas arredondadas
entalhadas na madeira. Uma cômoda lindíssima fazia par, formando
um bonito conjunto. Segurando a minha mão, o Marcos continuou
nosso passeio. Seguimos pela rua, mas eu não conseguia parar de pen-
sar nos móveis. Queria muito levá-los para casa! Mas como eu falaria
para o meu marido que eu queria comprar um berço para o filho que
não tínhamos? Até tentei, mas não consegui me conter.
“Amor, eu tenho que te contar algo. Vamos voltar aquela loja?”
“Qual loja? Para quê?”
“Aquela ali. Eu quero te mostrar algo. Vem comigo.”
Ele me seguiu pelo caminho de volta. Quando nos aproximamos
da vitrine, e eu vi novamente aquele berço, meu coração acelerou, e os
meus olhos brilharam.
“Vamos comprar este berço?
“Berço? Mas para quê? Onde vamos guardá-lo?”
“Amor, eu creio que teremos um filho, e quando ele chegar não sei
onde vamos encontrar um berço tão lindo como este...”
A vendedora, percebendo a minha empolgação, completou:
“Só temos duas peças. Esta que está aqui no mostruário e outra
no estoque. Se vocês estão mesmo interessados, é melhor aproveitar a
oportunidade.”
Acabamos comprando. Eu estava feliz da vida, como se já estivesse
prestes a dar à luz! Quando a loja entregou as caixas com as peças
do berço desmontado, nós guardamos debaixo da cama, alimentando
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ainda mais o nosso sonho. Depois disso, a cada vez que eu ia ao super-
mercado, comprava pacotes de fraldas e estocava em cima do armário.
E sempre agradecia a Deus, em um ato de fé:
“Ah, meu Pai! Como será linda a chegada do meu bebê! Obrigada,
porque ele já está a caminho!”
Dois anos depois, a nossa benção chegou.
Preparando o caminho
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Finalmente grávida
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“Ai, Ezenete... Há poucos dias nós vimos que o resultado deu negativo.”
“Eu sei, mas fiz novamente. Doutor, por favor, confira o resultado
para mim.”
O Marcos me olhou, sem entender nada, e perguntou:
“Para que você fez isso?”
“Você vai ver. Espere. Depois te conto.” – eu respondi falando baixinho.
“Mas você está menstruada!”
“Eu sei! Mas vamos ver o resultado.”
O médico abriu o envelope enquanto ouvia o Marcos me questio-
nar. Mas assim que ele desdobrou o papel e leu o que estava escrito,
arregalou os olhos:
“Como assim? Ezenete, você está grávida! E pelo resultado você já
tem mais de um mês de gestação! Eu não entendo! Precisamos fazer
novos exames. Isso não é normal. Pode ser algum problema hormonal.”
Nem dei ouvidos ao que ele dizia. Só podia sorrir e dar glória a
Deus! Eu estava vivendo mais um milagre! Mistérios do Senhor! Por
orientação médica, fiz vários exames, e todos mostraram que eu es-
tava bem. Bem grávida! Já estava na sexta semana, e agora vinha um
longo caminho pela frente. Deus tinha um propósito! Fazendo as con-
tas, descobri que quando a tia Nó esteve na minha casa e sentiu o
cheirinho de bebê, o meu filho já estava no meu ventre. Aleluia!
Compartilhar a notícia da gravidez foi maravilhoso. Meus pais se
alegraram, meus irmãos celebraram, e eu e o Marcos ficamos como
quem sonha. Continuamos preparando tudo. Eu já tinha mais de cem
pacotes de fraldas! No meu guarda-roupa elas nem cabiam mais, en-
tão continuei o estoque na casa da minha mãe.
Apesar de todas as expectativas e do pré-natal, não foi possível sa-
ber o sexo do bebê. Em nenhum dos exames de ultrassom que fiz foi
possível identificar se seríamos pais de um menino ou de uma me-
nina. Independente disso, nosso coração transbordava. Porém, nem
tudo foi fácil. O período da gestação foi complicado, mas nós acredi-
távamos que o Senhor estaria conosco até o fim. O médico disse que
eu precisaria fazer muito repouso, pois minha bacia era estreita, e eu
poderia ter dificuldades para sustentar o bebê. Segui todas as reco-
mendações.
No quinto mês, algo curioso aconteceu. Eu percebi que o meu filho
mexia pouco, geralmente só de um lado. Eu não sabia bem o que isso
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significava, afinal era minha primeira gravidez, mas sentia que algo
estava errado. Certo dia, estávamos orando com a família da Lourdes,
e o filho mais velho dela, o Samuel, falou para todos ouvirem:
“O neném da Nete só tem um lado normal. O outro não mexe. Mas
Jesus vai operar o bebê agora. Jesus está falando para eu orar por ele.”
Todos ficamos impressionados. O Samuel tinha apenas seis anos
de idade e descreveu exatamente o que eu sentia. Por isso, demos
ouvidos ao que ele falou. Fechamos nossos olhos, ele impôs as mãos
sobre mim e oramos em concordância. Aproximadamente três horas
depois o bebê começou a se movimentar no meu ventre. Ele se mexia
tanto, que era inacreditável! Deus ouviu a oração do pequeno Samuel
e operou um milagre. Agradecida, louvei ao Senhor. Ele estava agindo.
Semanas depois, sofri um sangramento. Acordei sentindo que algo
estava errado e percebi um pouco de sangue escorrer. Liguei para o
médico, muito preocupada, mas ele disse que estava tudo bem e que
eu só deveria permanecer de repouso, tranquila.
Dias mais tarde, eu estava no meu quarto, deitada, seguindo as
orientações de ficar bem quieta, quando percebi que meu fôlego es-
tava diferente. A minha cunhada estava na cozinha, preparando o al-
moço, e eu comentei:
“Márcia, que estranho... parece que estou ficando sem ar, sem fôlego.”
“Ah, Ezenete, deve ser só o calor. Quem sabe se você tomar um
pouco de ar fresco lá fora você se sente melhor...”
Eu fui, mas a cada minuto o fôlego diminuía. Foi ficando mais di-
fícil para puxar o ar. Dei uma volta no pequeno quintal e voltei para
dentro de casa. De repente o oxigênio sumiu. Eu não conseguia res-
pirar nem falar. A sensação era como se eu estivesse mergulhada sem
tirar a cabeça para fora da água. Era horrível! Aflita, minha cunhada
ligou para o meu pai, que morava bem perto:
“Venha rápido socorrer a Ezenete. Ela não está bem.”
Quando eles chegaram, eu já esperava do lado de fora da casa, qua-
se desfalecendo. A minha mãe tinha ligado para a tia Nó, pedindo
oração, enquanto a Lourdes permanecia ao meu lado guerreando, lu-
tando contra o inferno:
“Satanás, você não vai roubar a benção da Nete! Vá saindo agora,
em nome de Jesus! Foi Deus quem prometeu esse filho! Você não vai
encostar nenhum dedo na vida dela ou no bebê que ela está gerando!”
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desenvolver. Não foi nada fácil para nós dois. Por causa dos cuidados
extras que a situação exigia, fui para a casa da minha mãe. Lá sempre
teria alguém para me acompanhar e socorrer, se fosse preciso.
As dores eram terríveis, e posso dizer que Satanás sempre tentou
me atacar nessa área. Ele sabe que quando sofremos a nossa tendência
é desistir, murmurar. A dor nos entristece e retira as nossas forças.
Quando o incômodo era insuportável, e eu não tinha mais condições
de prosseguir, minha mãe intercedia. Ela erguia os braços e orava.
Juntas cantávamos ao Senhor, e o louvor preenchia a nossa casa, o
meu corpo, e me fazia esquecer de tudo o que eu sentia.
Muitas pessoas diziam que era uma loucura eu ter engravidado,
por causa do meu histórico de saúde. Mas eu via o sofrimento como
uma benção de Deus. Maior foi a dor que Jesus sentiu no Calvário.
Por isso, decidi não dar ouvidos aos comentários negativos. Eu apenas
adorava, mesmo quando os pezinhos finos do bebê se esticavam para
debaixo das minhas costelas!
Quando faltava uma semana para completar oito meses de gesta-
ção, voltei ao consultório para o médico analisar as imagens de mais
um ultrassom. Ele não gostou do que viu:
“Você precisa aguentar mais. Eu não posso fazer o seu parto agora.
Continue em repouso, relaxe, porque não é o momento para o bebê nas-
cer. O seu filho já escapou da morte uma vez, e não quero colocá-lo em
risco novamente. Vou aumentar as vitaminas que você está tomando.”
Mas eu respondi, quase chorando:
“Doutor, eu não aguento mais... Dói muito!”
“Eu sei, Ezenete, mas você vai ter que suportar. Eu não toco nessa
criança a não ser que Deus me dê um sinal.”
Voltei para casa, para o meu antigo quarto de solteira, e continuei
a minha espera dolorida. Certa noite, enquanto buscava a Deus, co-
mecei a desabafar:
“Deus, eu não aguento mais. Se o Senhor não tinha essa gravidez
para mim, se eu fiquei insistindo contra a Sua vontade, me perdoe!
Se eu pequei, de alguma forma, buscando esse filho, e por isso estou
sofrendo tanto, me conceda o Seu perdão pela minha ignorância! Eu
acreditei no Seu poder, eu creio no que o Senhor pode fazer. Mas me
perdoe se eu busquei tanto o que não era para mim. Eu só peço uma
coisa: me ajude. Eu não suporto essas dores mais nenhum dia. Se o
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Senhor quiser, pode me levar agora mesmo para a glória. Eu não con-
sigo mais...”
Passei uma madrugada terrível, travada, sem conseguir respirar
direito. Quando estava quase pegando no sono, e o sol já nascendo,
comecei a pensar em tudo o que eu estava vivendo, nas provações que
venci... e lembrei dessa minha última oração. Decidi conversar com o
Senhor novamente.
“Deus, me perdoe se na hora da angústia eu falei alguma besteira.
O Senhor sempre me ouviu, e eu sei que tens vida para mim. Me lava
com o Seu sangue e me ouça mais uma vez, por favor. Faça mais um
milagre: me entregue o meu filho, permita que ele nasça bem, saudá-
vel e o mais rápido possível. Eu não suporto mais tanta dor.”
Pouco depois a minha mãe foi levar o meu café no quarto. Tudo
doía. Ela e o meu pai tiveram que me ajudar a levantar, a ir ao banhei-
ro, porque eu mal dava conta de mim.
“Mãe, dói muito. Mas agora é diferente. É algo que passa pelas minhas
costas, vem para frente, para um pouco e retorna com toda força.”
“Ezenete, isso é contração.”
Eu não sabia o que estava sentindo, mas continuava a clamar. Se
tem uma coisa que aprendi durante esses momentos de desconforto
é: não pare de louvar. Diga “aleluia”, glorifique ao Senhor. Não pare,
porque assim você vai vencer a tentação de murmurar. Quanto mais
dor você estiver sentindo, mais alto clame, para não correr o risco de
pecar. E eu dizia a Deus:
“Eu agradeço porque sei que Jesus está comigo. Ele venceu na cruz,
e juntos vamos passar por essa batalha. Obrigada, porque não estou
sozinha.”
No meio de todo esse desconforto, um amigo da minha família foi
nos visitar. Ele testemunhou a minha dor e disse:
“Hoje Deus tem uma solução para você, Ezenete. Ele vai te dar
uma resposta. Fique calma.”
Três horas mais tarde as contrações aumentaram. Preocupada,
minha mãe ligou para o médico relatando tudo. Ele ouviu e tentou
tranquilizá-la.
“Dona Eurídes, a Ezenete vai sentir dor mesmo. Não temos muito o
que fazer. Peça para ela ficar quieta, repousar, que o desconforto vai passar.”
Minha mãe desligou inquieta, mas acatou a orientação do médico.
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Mais uma hora se passou, e a dor piorou. Ela pegou o telefone, discou
o número e falou novamente:
“Doutor, a situação piorou. Ela está com contrações muito fortes.
Precisamos fazer algo!”
“Tudo bem, traga a Ezenete, que vou fazer um exame. Mas já
adianto: não está na hora da criança nascer.”
“Obrigada, doutor. Estamos indo para aí agora!”
As malas da maternidade já estavam prontas, mesmo sabendo que
ainda tinha pelo menos um mês de gestação pela frente. Fui tomar
um banho, me arrumar, pegar as minhas coisas, quando ouvi o te-
lefone tocar. Era minha amiga Clécia, a que fez a decoração do meu
casamento:
“Oi, Ezenete! Tudo bem?”
“Oi, Clécia, estou vencendo no Senhor Jesus.”
Na mesma hora ela foi tomada pelo poder de Deus.
“Filha, Eu sou o seu Pai, Eu sou o seu Senhor. Eu ouvi o seu choro
pela madrugada. Você não vai morrer, Eu não tenho morte para você,
Eu tenho vida. Você e a criança vão sobreviver. Lembra da minha
aliança contigo? Eu farei mudar todas as coisas. Leve as malas para o
hospital. Você só vai voltar para casa com o seu varão no colo. É o Meu
ungido! O Meu presente para ti! O médico vai dizer “não”, mas Eu
digo “sim”. Ao alvorecer de um novo dia você estará com o seu varão
nos braços. Minhas mãos estão sobre ti.”
Foi assim, pela voz de Deus, que descobri que carregava um meni-
no no ventre. Desliguei o telefone e falei com a minha mãe:
Mãe, eu preciso levar as malas.
“As malas?”
“Sim! A Clécia ligou, e Deus disse que o meu filho vai nascer.”
Entrei no carro com meus pais e seguimos para a casa da tia Nó,
para buscá-la também. Assim que nos encontramos, ela começou a
cantar daquele jeitinho alegre de sempre e falou em nome do Senhor:
“Filha, eu já te disse. Ao amanhecer você estará com o seu varão
no colo.”
Ela não sabia de nada! Eu nem tinha contado o que Deus havia reve-
lado. Essa foi mais uma confirmação de que meu filho estava a caminho.
Quando chegamos ao hospital, expliquei para o médico sobre as
dores e disse que estava na hora de o bebê nascer. Ele até me ouviu,
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mas não concordou. Ele sabia que seria arriscado fazer um parto tão
prematuro e queria me mandar de volta para casa. Porém, depois de
me examinar, ele percebeu que eu estava com contrações e concordou
em me manter em observação.
“Vou interná-la; você vai ficar no soro a noite toda. Vamos fazer de
tudo para que o seu bebê não nasça agora. Veremos se você poderá ir
para casa ou se terá que permanecer aqui. Vamos fazer de tudo para
manter a criança na barriga. Ela precisa de pelo menos mais vinte dias
de gestação. O parto neste momento não é o ideal. Eu não ponho a
mão em você, a não ser que Deus me dê um sinal.”
Não discuti, mas na mesma hora pensei: “É ruim, hein. Você vai
ver que não vou ficar aqui esse tempo todo. Meu filho vai nascer até
amanhã! Deus vai te mandar um sinal”.
Fui internada, o médico repassou as orientações para as enfermeiras e
foi embora deixando a ordem de que eu deveria permanecer em repouso.
Minha sogra chegou mais tarde. Ela, minha mãe e a tia Nó, passa-
ram a noite no corredor, enquanto eu fiquei no quarto. Elas intercede-
ram a noite toda. Eu posso dizer que sou resultado de muita oração.
Ela move céus e terra a nosso favor. Eu sou prova disso.
A dor terrível foi embora e finalmente consegui dormir um pou-
co. Mas às três horas da manhã acordei sentindo todo aquele mal de
novo. As contrações voltaram. Chamei minha mãe, minha tia, minha
sogra e começamos a orar. As enfermeiras me examinaram e pediram
para esperar, seguindo a orientação que receberam. Mas nós sabíamos
que algo estava errado. Era hora de agir. E tinha que ser rápido!
“Deus, incomoda o médico! Desperta esse médico! Envie o Seu
socorro! Mande o sinal que ele precisa!”
Quando o relógio marcou cinco horas da manhã, o médico chegou
agitado e foi logo nos dizendo:
“Eu não consegui dormir essa noite. Fiquei muito inquieto. Ezene-
te, eu liguei para o hospital e fiquei sabendo que você está tendo con-
trações. Esse bebê não pode nascer ainda, e você não pode entrar em
trabalho de parto. Seria arriscado para você e para o bebê. Não sei o
que fazer. Vou esperar os outros médicos para tomarmos uma decisão
juntos. Você vai ter que aguardar mais um pouco.”
O Marcos chegou e ficou ao meu lado. Dali em diante as enfermei-
ras passaram a me monitorar com mais frequência.
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mos sobrevivido. Os médicos viram que eu estava bem e que podia ser
levada para o quarto. Minha mãe estava lá me esperando.
“Ezenete, ele é lindo! O seu filho é lindo!”
“Mãe, você não o viu! Como pode dizer que ele é lindo?”
“Eu vi sim! Ele está vivo e é lindo.”
Parecia que as pessoas só sabiam dizer isso. Mas mesmo assim eu
tive muita dificuldade para acreditar. Até que finalmente o trouxeram
– todo embrulhado em uma manta do hospital. Segurei-o com todo
cuidado, mas muito desconfia-
da. Ele era grande, cabeludo e ti-
nha a pele clara. Esse garotinho
tão forte poderia ser a mesma
criança que vi no ultrassom?
“Vocês estão me enganando?
Esse é mesmo o meu filho?”
“Sim, Ezenete! É o seu bebê!
Você é mãe de um menino!”
Eu olhava para ele, que com
olhinhos abertos parecia reco-
nhecer a minha voz. Aos poucos
fui entendendo que estávamos
bem. Deus novamente foi fiel às
nossas vidas. Nosso filho nasceu
forte, saudável, grande e lindo!
“Eu estou viva. Meu filho
está vivo!” – eu falava enquanto
tocava o meu milagre, deslizando minhas mãos pelos dedinhos finos
e delicados do meu garoto.
Três dias depois, recebemos alta, juntos. Ele era um menino muito
saudável e não precisou ficar internado, pela graça de Deus. Eu tam-
bém estava ótima e podia cuidar de mim e dele. Saí com o nosso bebê
no colo glorificando o nome do Senhor.
Só fomos decidir o nome quando já estávamos em casa. Todos da
família palpitaram e, por fim, escolhemos: Lucas Rodrigues. Agora o
meu milagre tinha nome e sobrenome. Novamente o Senhor marcava
a minha vida.
No dia em que fomos apresentar o Lucas na igreja, fizemos um culto
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lindo. Subi ao púlpito, como já tinha feito tantas vezes. O lugar estava
lotado. Muitas pessoas acompanharam a nossa história e vieram nos
ver. Contei o meu testemunho, a minha batalha pessoal para sobre-
viver quando era criança e adolescente, a sentença de que eu não po-
deria ter filhos, as dificuldades que vivi durante a gravidez e o parto
emocionante. Quando terminei de falar, todos olharam para o fundo
da igreja; uma menina de apenas sete anos de idade, a Elisa, começou
a cantar uma música de gratidão a Deus que retratava exatamente o
que estava em meu coração. A canção se chama Grande em Bondade,
da Shirley Carvalhaes, e diz:
É engraçado pen-
sar que hoje a Elisa faz
parte da minha equipe
na Estância e trabalha
para que outras pessoas
sejam abençoadas por
esse Deus que opera mi-
lagres. Mas naquele dia,
enquanto ela louvava,
todos os olhos se diri-
giram para o fundo da
nossa igreja em Santo
André. Foi de lá que veio
a Lourdes, caminhando
bem devagar, com o Lucas no colo, mostrando para todos que o poder
de Jesus Cristo é real. Muito real.
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Palavras do Lucas
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guiasse a fazer as malas, assim o faríamos. Deus disse que nos levaria
para um lugar próximo a Santo André, e que lá seria um trampolim
para o que Ele tinha para nós. Então, descansamos nEle e simples-
mente aguardamos.
Pouco tempo depois, o Marcos foi promovido. Ele sempre foi um
homem trabalhador, um funcionário dedicado, uma pessoa compro-
metida, que levava tudo muito a sério. Ficamos felizes quando ele foi
honrado pelo chefe, que reconheceu e valorizou toda a competência e
capacidade do meu marido. Ele disse que gostaria muito que o Mar-
cos assumisse novas responsabilidades em uma unidade da empresa,
que seria ampliada. A transferência seria para São José dos Campos.
Quando oramos a respeito, nos lembramos do que o Senhor tinha dito
e, por isso, sentimos paz.
Marcos arrumou uma pequena mala, pegou a estrada e foi sozinho
preparar um lugar provisório para nós três. Seis meses depois, eu e o
Lucas seguiríamos para acompanhá-lo. Assim que eu chegasse, pode-
ria ajudá-lo a encontrar uma casa definitiva, que atendesse às nossas
necessidades.
No dia em que me des-
pedi do nosso antigo lar,
em que abracei meus pais
e parti, meu coração estava
acelerado. Era uma mistu-
ra de saudade antecipada
da família, com a vontade
de estar novamente com o
meu marido. Mas, ao mes-
mo tempo, estávamos em
paz. As cidades eram próxi-
mas, então decidimos que
passaríamos a semana em
São José, enquanto o Mar-
cos trabalhava, e na sexta
à noite voltaríamos para
Santo André. Assim a mu-
dança não seria tão brusca,
poderíamos nos manter
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Ana Lúcia
Certa noite a Ana Lúcia bateu na minha porta. Ela tinha acabado
de chegar do trabalho e queria se apresentar. Tivemos uma conversa
muito agradável. Ela me contou que foi criada em um lar cristão, que
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mas diziam, do nada, que ela precisava voltar para Jesus. Ela até tentou
relutar, mas em um domingo foi à igreja com as irmãs. Passou todo
o culto aguardando, ansiosa, pela parte final. Ela só queria saber do
apelo para aceitar verdadeiramente a Jesus como Senhor e Salvador.
Assim que o pastor perguntou quem queria receber a Cristo, ela gri-
tou lá do fundo do templo, erguendo os braços:
“Eu!”.
Todos os olhares se voltaram para ela. Ana Lúcia foi à frente, cho-
rando, muito emocionada porque sabia que estava tomando a decisão
certa. Enquanto caminhava até o até o altar, ela foi ouvindo a voz do
Senhor sussurrando em seu ouvido em um tom amoroso:
“Filha, você nunca mais você sairá da Minha presença.”
Ela sabia disso. Por isso, em prantos, ela respondia:
“Mas eu não quero! Eu não quero!”
As irmãs foram ampará-la. Elas oravam por este dia há anos, e
quando perceberam que a Ana Lúcia cambaleava em direção ao pas-
tor, foram apoiá-la. Ao ouvirem a irmã dizer repetidamente as pala-
vras “eu não quero”, elas rebatiam, apontando o dedo para ela:
“Você quer sim, Ana Lúcia! Você quer Jesus sim!”
Isso porque elas não sabiam que a Ana falava com o Senhor que
não queria mais viver sem Ele! Tudo o que ela desejava era voltar para
Cristo e começar uma nova vida nos caminhos que nunca deveria ter
deixado. Desde então, Ana Lúcia iniciou uma linda jornada com Je-
sus. Mas o marido estava com o coração duro, e assim que soube da
conversão, avisou:
“Esse negócio de Jesus não tá com nada. Se você quiser, vai ser
crente sozinha, mas não leve nem um tostão meu para a igreja! Se eu
souber que você está levando dinheiro, vou lá buscar! E se algum pas-
tor mexer com você, eu vou lá também e quebro a cara dele!”
Mas ela perseverava em oração, crendo que um dia o Seu Nunes
entraria pelas portas da igreja para aceitar a Cristo – e não para bus-
car dinheiro ou bater em ninguém. Ana Lúcia era uma mulher de fé,
amava a Jesus e tinha um coração gigante. Sem falar o quanto era di-
vertida, engraçada e bem humorada. Aquele primeiro encontro, na
minha casa, foi muito bom. Senti uma alegria enorme em conhecê-la.
No meu coração, agradeci:
“Obrigada, Senhor! Agora podemos começar algo aqui”.
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Deus trabalhou muito comigo naqueles dias. Parecia que Ele estava
“zerando” a minha história. Pude rever o meu chamado, o meu minis-
tério e as experiências que tive com o Espírito Santo até então. Com o
passar dos dias, minha amizade com a Ana Lúcia foi aumentando. Eu
acompanhava as dificuldades e frustrações dela, porque parecia que o
Seu Nunes nunca iria se converter. Não foi fácil, mas nunca deixamos
de orar para que a obra de Deus fosse completa.
Uma das histórias que a Ana Lúcia sempre fazia questão de contar
aconteceu em um dia em que ela estava chorando aos pés do Senhor,
reclamando que mesmo após tantos anos, o marido e os três filhos
adolescentes permaneciam incrédulos. Na realidade, ela dizia que
depois que voltou para Jesus, o ambiente familiar, que era bom, se
tornou terrível. O marido reclamava de tudo, falava mal da igreja, de
Deus, dos crentes e do tempo que a esposa dedicava à obra. Os filhos
se recusavam a acompanhá-la e diziam que queriam aproveitar a vida
antes de se converterem. Exausta, ela se queixava frequentemente com
o Senhor:
“Deus, até hoje o Nunes não se converteu! Eu não aguento mais. Tá
muito difícil. Ele só fala mal do Senhor! Quanta bobagem sai da boca
deste homem! Olha o que ele está dizendo sobre Ti! Manda um raio
naquela cabeça dura e mata ele de uma vez! Assim eu fico viúva, me
caso com um pastor, e meus problemas se acabam!”
E nada acontecia. Era como se o coração do marido ficasse mais
resistente ainda! Na realidade a Ana Lúcia não orava. Ela só reclamava
com Deus sobre a família:
“Deus, eu vou me separar do meu marido. Cada um vai para o seu
lado, e meus filhos decidem com quem vão ficar. Eles seguem a pró-
pria vida e ficam livres para fazer o que quiserem! Aí eu continuo indo
para a igreja em paz, porque eu não vou largar Jesus!”
Até que um dia, enquanto ela estava ajoelhada buscando o Senhor,
Ele falou com ela:
“Eu te alcancei primeiro, dentro da sua casa, porque você era a pior
da sua família.”
Foi um baque para Ana Lúcia ouvir isso. Ela, do alto da sua arro-
gância, não imaginava que essa seria a resposta. Ela que se achava tão
correta e cheia de razão, reconheceu os próprios erros. Então, pediu
perdão a Deus e mudou a forma de agir. Mudou também o jeito de
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Tarde da Benção
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Essas foram algumas das curas que Ele operou em nosso meio du-
rante as Tardes da Benção. Não posso me esquecer, jamais, do amor,
da fidelidade e da misericórdia do Senhor que se renovaram sobre
nós ao longo daqueles anos. Vivemos coisas incríveis, e laços fortes
de amizade foram construídos. Ana Lúcia se tornou uma amiga mais
chegada que irmã, um braço forte ao meu lado.
Depois, Deus me presenteou também com a mudança da Lourdes
para São José. De uma forma sobrenatural, ela, o Oswaldo e os me-
ninos foram morar perto de nós, e continuamos a caminhar juntos,
vivendo as maravilhas do Senhor. Estávamos no meio da década de
1990 e jamais podíamos imaginar o que Deus faria nas nossas vidas e
nas nossas famílias em um futuro tão próximo.
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tava para telefonar para a casa e conversar um pouco. Naquele dia ele
estava com um tom de voz muito diferente:
“Amor, estou assustado! Aconteceu algo que eu nunca vivi!”
“O que foi, Marcos? Você se machucou?”
“Não, eu estou bem. Mas há vinte minutos eu estava trabalhando
na fábrica, e uma voz falou comigo: ‘Receba a menina na sua casa,
porque a obra que Eu tenho na vida dela é muito grande. Ela será
como mãe para as nações. Abra as portas e receba a Minha filha. Eu
vou usá-la poderosamente, e vocês vão fazer parte disso’. Amor, man-
da a moça vir! Liga para a Rosângela agora e fala que vamos receber a
menina. Deus nunca tinha falado desse jeito comigo.”
Era o sinal que precisávamos. Quando dei a resposta positiva para
a Rosângela, ela ficou muito feliz, e me disse que o sobrinho adoles-
cente também viria com ela. Eu concordei. Dois dias mais tarde rece-
bemos na nossa casa a Rosângela, acompanhada por três pessoas da
família: Renata, Ana Paula e André Valadão.
Abri as portas do meu lar da mesma forma que fiz para tantas pes-
soas que vieram antes e depois. Eu nunca tinha visto aqueles jovens ou a
mãe. Sabia apenas que a Ana Paula tinha uns vinte anos, era a filha mais
velha do pastor de uma igreja batista de Belo Horizonte e liderava o mi-
nistério de louvor. Ela estava passando por conflitos com a família, por
causa de um relacionamento amoroso. Os pais estavam preocupados
e acreditavam que Deus poderia agir durante aquele período em que
ela estivesse em São José dos Campos, longe do namorado. André era
o filho do meio, um adolescente muito alegre, mas que passava por um
momento de rebeldia. Se ele tivesse escolha, nem teria viajado.
A Renata me agradeceu muito por recebê-los e disse que estava con-
fiante no que Deus podia fazer. Ela tinha um semblante cansado. Estava
sofrendo ao lidar com os problemas da Ana Paula e do André. Ela e o ma-
rido tinham ainda uma filha mais nova, a Mariana, que era praticamente
uma criança. A caçula era uma menina tranquila, obediente, e permane-
ceu com o pai enquanto a mãe viajou com os irmãos mais velhos.
Um homem de fé
André vivia uma fase difícil. Chegou dizendo que não precisava
estar ali e que não queria nenhuma oração. Ele falava que era de bem
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com a vida, e que a irmã mais velha é quem tinha problemas. Ele era
rebelde e deu bastante trabalho para os pais naquela época. Aos 17
anos fazia questão de dizer que nunca seria pastor, que não gostava
da igreja, que buscava outras coisas para o futuro. Mesmo sem pres-
sioná-lo, a Renata ficava muito nervosa e preocupada. Ela e o mari-
do não faziam questão que o André se tornasse um ministro, mas se
preocupavam em vê-lo longe dos caminhos do Senhor. Como mãe,
ela fazia tudo o que podia: orava sem cessar, jejuava, ungia o quarto
do filho enquanto ele estava fora, conversava até a exaustão. Nada
parecia dar resultado.
Eu olhava para ele e via apenas um menino, mas com um grande
potencial nas mãos de Deus. Imediatamente o Senhor começou a falar
comigo sobre os planos que Ele tinha para aquele garoto. O Espírito
Santo me revelou coisas incríveis, que pareciam pura fantasia naquele
momento, mas eu sabia que Ele cumpre o que diz.
Como o André ainda estava no colégio e precisava voltar para BH
por causa de uma prova, não teríamos muito tempo juntos. Ele tam-
bém não parecia interessado em estar ali. Percebendo a falta de com-
prometimento do garoto, a Renata me disse:
“Deixa o André, ele não quer saber de nada disso. Deus vai tratar com ele.”
“Renata, Deus é simples. Ele está me falando que o seu filho vai
estudar fora do Brasil. Ele vai para os Estados Unidos fazer seminá-
rio.” – respondi.
“Estudar? Nos Estados Unidos? Como, Ezenete? Ele nem gosta de
estudar!”
“Mas ele vai. E nós vamos celebrar. Deus vai mudar todo o per-
curso do André, porque Ele tem um grande plano. Nós vamos ver o
propósito do Senhor se cumprir. Creia.” – completei.
Oramos juntos, eu compartilhei o que o Espírito Santo estava me
mostrando. Aquele menino seria muito usado pelo Senhor – eu podia
ver. Ele se tornaria um pastor ousado, um homem de fé e um grande
líder. Deus estava ouvindo as orações dos pais, mas tudo aconteceria
no tempo certo. Os planos do Altíssimo não seriam frustrados. Na
hora exata, em um futuro não muito distante, o André teria novas
experiências com Jesus. Olhando para aquele jovem irreverente que
recebi na minha casa, parecia uma loucura, mas o Senhor não volta
atrás em Suas palavras. Ele é fiel ao que diz.
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Palavras do André
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Palavras da Ana
Eu e a Ana, em 2003.
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P A R T E V I
“ TO D O VA L E S E R Á
EXALTAD O, E TODO M ONT E
E TO D O O UTEI RO SE R Ã O
AB ATI D O S; E O QUE É
TORCI D O SE E N DI R E I TA R Á ,
E O QUE É ÁSP E RO SE
APLAI N A R Á ” .
I S A Í A S 4 0 . 4
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movendo tudo para nós. A primeira vez em que o pastor Márcio nos
convidou para irmos de vez para Minas Gerais, eu não aceitei. Tí-
nhamos os nossos motivos para permanecer onde estávamos. Mas o
tempo passou, e veio a certeza de que era para dizer sim. O Senhor
orientou o Marcos a renunciar a vida profissional e nos pediu algo
ainda mais difícil:
“Quitem a casa, paguem tudo o que vocês devem. Em seguida, en-
treguem como presente. Desfaçam também do seu melhor carro.”
Ficamos muito assustados com essa direção, mas sabíamos que
era algo de Deus. O Senhor falou primeiro com o meu marido, e essa
foi a maior confirmação do que precisávamos fazer. Abrimos mão dos
nossos bens preciosos, conquistados com muito suor. Renunciei ao
lindo trabalho nas Tardes da Benção e me despedi, com o coração
apertado, de nossos amigos e vizinhos, Ana Lúcia e Seu Nunes. Eles
e toda a família foram pessoas muito importantes para nós naqueles
anos em São José dos Campos. Almoçávamos todas as semanas com
as irmãs e a mãe da Ana Lúcia, a saudosa Vó Luiza. Nós sentiríamos
falta daqueles momentos.
Deus sabia que o que Ele nos pedia não era fácil, então usou vários
irmãos para falar conosco, para não termos dúvidas de que era Ele
quem nos conduzia. Não compartilhamos com muitas pessoas sobre
o que estávamos fazendo. Entendemos que era melhor esperar. Mas
quando eu terminava de colocar as caixas no caminhão de mudança, o
telefone de casa tocou pela última vez. Era um pastor que me ajudava
muito e que fazia questão de manter contato:
“Oi, Ezenete, tudo bem? A mudança já está pronta? O caminhão já
está na sua porta?”
“Como o senhor sabe que estamos nos mudando de São José?” –
perguntei pensando em quem havia contado para ele.
Ele respondeu, com uma risada agradável:
“O Espírito Santo me disse! Eu quero te orientar. Vocês estão seguin-
do um propósito de Deus. Vocês vão para um lugar onde Ele fará gran-
des coisas. E o projeto, o chamado dEle para sua vida será realizado.
Será sobrenatural! Porém, você vai passar por um grande deserto, então
não desista. Você enfrentará acusações, ameaças e não será nada fácil.”
Do outro lado da linha eu só sabia responder:
“Amém, amém, Jesus. Que assim seja.”
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Belo Horizonte
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mor daquele que pede com amor. Para a nossa alegria, o pastor Már-
cio concordou e estendeu a proposta a eles, que oraram e entenderam
que Deus também tinha um chamado para a família em Belo Hori-
zonte. A Lourdes, o Oswaldo e os meninos chegaram antes de nós, já
preparando o caminho para os grandes desafios que nos aguardavam.
Assim que nos instalamos em BH, o pastor Márcio me pediu para
atender os obreiros da igreja na Casa Pastoral, onde hoje funciona a
Casa Administrativa. Foi dessa forma que comecei a desenvolver o
meu chamado na nova cidade. Enquanto isso, o ministério de louvor
que Deus entregou para a Ana Paula crescia. O primeiro CD que a
Lagoinha gravou ficou lindo, e as pessoas gostaram muito. A tiragem
inicial, de cinco mil cópias, não foi suficiente para atender a deman-
da nem da igreja. Na
época, a Lagoinha
contava com umas
seis mil pessoas no
rol de membros, sem
falar dos visitantes.
Outras tiragens fo-
ram encomendadas,
e a rapidez com que
os CDs acabavam era
impressionante.
A maioria das
músicas do CD Dian-
te do Trono foram
compostas pela pró-
pria Ana Paula, que
estava fluindo com muita autoridade no nome de Jesus. Enquanto
assistíamos ao vídeo gravado na igreja, era visível que algo diferente
estava sobre aquele ministério de louvor. A liderança, o som poderoso
da orquestra, a afinação da banda, as vozes tão bonitas dos cantores,
a leveza dos bailarinos e a participação tão ativa da comunidade for-
mavam um conjunto poderoso. Era emocionante assistir àquela fita de
VHS. Nem existia DVD ainda!
Algumas das músicas gravadas foram geradas pela Ana durante o
período de restauração emocional, e era maravilhoso ver as promessas
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Tempos difíceis
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lugares, mas sem nenhuma explicação ele era mandado embora. Não
entendíamos muito bem o que Deus estava fazendo. Ele e Oswaldo
sempre foram os mantenedores das próprias famílias, e agora não
conseguiam mais assumir esse papel. Eu nunca quis viver pela fé e
fazia questão de dizer isso. Acreditava que era coisa de gente pregui-
çosa, que não gostava de trabalhar. Desde que me casei, eu e o Marcos
ajudávamos quem nos procurava – pagando contas atrasadas, aben-
çoando irmãos que passavam por dificuldades, doando cestas básicas
e comida. Sempre tivemos abundância para servir, mas agora éramos
nós quem precisávamos de outras pessoas.
As nossas reservas financeiras foram chegando ao fim, os meses
foram passando, até um dia em que não tínhamos dinheiro nem para
comprar coisas básicas para casa. O Marcos queria recorrer ao cartão
de crédito, mas eu não concordei. Afinal, não teríamos como pagar a
fatura depois. Eu também não podia pedir ajuda aos nossos familiares,
pois eles foram contra a nossa mudança. Na época em que saímos de
São José, todos disseram que estávamos cometendo uma loucura, que
eu não podia obrigar o meu marido a abrir mão do trabalho e ir para
uma cidade estranha. Mas preciso repetir que a decisão não foi minha.
Foi ele quem ouviu o Senhor dizendo que deveríamos mudar toda a
nossa vida, e que ele pediria demissão. Marcos é um homem discreto,
mas muito sábio. Ele sempre foi temente a Deus. Sei que quando ele
abre a boca, é o Senhor falando.
Não murmuramos, fomos fiéis e cremos. Se o Espírito Santo nos
orientou a seguir nessa direção, ficaríamos firmes.
“Amor, vamos fazer prova com Deus. Foi Ele quem nos trouxe.
Não foi a Ana Paula, nem o pastor Márcio. Se estamos seguindo a voz
do nosso Pai Celestial, Ele vai prover. Se Ele quer nos ensinar algo, nós
vamos aprender.”, era o que eu dizia a ele.
Nessa época, a Ana era solteira e estava sempre na nossa casa. Ela
dormia pelo menos uma vez por semana conosco, e eu jamais levei
para ela ou para a igreja os nossos problemas financeiros.
Certo domingo fui para a Lagoinha sabendo que estavam faltan-
do coisas importantes para a minha família. Fui dando graças a Deus
pelo caminho, sendo grata por tudo o que Ele tinha nos dado e pelas
bençãos que nos cobriam, mesmo em um momento difícil. Assim que
o pastor Márcio me viu no banco, pediu que eu pegasse o microfone
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para orar. Subi no púlpito e falei com o Senhor, abençoei o culto, inter-
cedi pelos irmãos da igreja e agradeci pelo que Ele faria naquela noite.
Voltei para o banco, cantei, louvei, ouvi a mensagem e segui para casa.
No dia seguinte fui trabalhar normalmente. Passei toda a tarde
atendendo os obreiros. Depois de orar com a última pessoa, me des-
pedi dos irmãos e peguei o caminho de volta. Era noite quando che-
guei a nossa casa. Assim que entrei na sala, eu não pude acreditar
no que estava diante de mim: sacolas e mais sacolas cuidadosamente
colocadas no sofá e sobre a mesa. Arroz, feijão, legumes, frutas, carne,
pão, manteiga, biscoitos, leite, produtos de limpeza. Era muito mais
do que nós precisávamos. A irmã que nos ofertou tudo aquilo me dis-
se que estava acompanhando o culto pelo rádio, e enquanto eu orava
pela igreja, o Senhor falou com ela:
“Vá ao supermercado e faça a melhor compra que você puder. Leve
para a Minha serva. Compre o suficiente para três meses. Inclua no
carrinho aquilo que você não compra nem para você.”
Ela obedeceu. Era tanta coisa, que tive que compartilhar com outras
pessoas, porque não daríamos conta de consumir tudo! Deus proveu.
Nunca havíamos passado por necessidade alguma, mas nos deleitamos
com esse carinho do céu. Eu sabia dar, mas ainda não tinha aprendido a
receber. Creio que essa provisão tão abundante foi um sinal do Senhor
para nos mostrar que, mesmo nos momentos difíceis, quando não con-
seguíssemos ver nada à nossa frente, Ele cuidava de nós.
Os tempos que se seguiram foram ainda piores. Estávamos em
constante batalha espiritual, mas o peso não diminuía, o fardo não
aliviava. A Ana e a Renata sempre estavam por perto, e quando elas
me perguntavam sobre a nossa adaptação, minha resposta era:
“Está tudo bem, graças a Deus. Ele está no controle de todas as
coisas.”
Não era orgulho, mas sim obediência à direção do Senhor. Ele ti-
nha me guiado a permanecer em silêncio. No meio de tudo isso ainda
enfrentávamos a oposição de algumas pessoas da igreja. Muitos me
olhavam com desconfiança, e passei por situações que eu nunca po-
deria imaginar.
Mas o pior, e o melhor, ainda estavam por vir.
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PA RT E V I
Helena
Uma das pessoas mais tocadas durante o retiro foi a Helena Tan-
nure. Ela fazia parte do backing vocal, ao lado do marido, o João Lúcio.
Ela era uma mulher muito engraçada, divertida e tinha uma voz linda
e potente. Os dois tinham entrado para o Diante do Trono no ano
anterior, na época da gravação do Exaltado e eram muito queridos
por todos. A Helena era uma pessoa com personalidade muito forte
e sempre se destacava. Dois anos antes, quando a vi pela primeira vez
em um culto, Deus já tinha me falado sobre ela. Helena e o João canta-
vam com o coral El Shamah (um dos ministérios da igreja) e naquele
dia específico ela fez um belo solo. Quando a observei por alguns mi-
nutos, ouvi o Senhor dizer:
“Ela precisa de uma grande libertação. Gere a Helena para Mim.”
Desde então eu orava, crendo que no momento certo ela seria
transformada pelo poder divino. Tudo era uma questão de tempo.
Durante uma das ministrações na Estância, em que o tema era que-
brantamento, o Senhor me disse:
“É agora.”
Sem que ninguém a tocasse, Helena caiu no chão e chorava muito. Ela
bradava alto, com gritos que revelavam o tamanho da dor que sentia no
mais profundo da sua alma. Os irmãos que tinham ido comigo para orar
rapidamente a rodearam, e juntos come-
çamos uma batalha. Eu sabia que a hora
havia chegado. A gestação estava no fim:
uma nova Helena estava para nascer.
Depois daquele momento no meio
do grupo, tive um tempo separado com
ela. Precisávamos conversar. O Senhor
trouxe muitas revelações, que foram
confirmadas por outras pessoas, e ela se
abriu para o que Deus estava fazendo.
Não foi fácil, mas era necessário pas-
sar por aquilo. Deus falou comigo que
a Helena precisava se afastar do púlpito
por um período. Ela não poderia minis-
trar até que a obra fosse completa. Por
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Palavras da Helena
O período em que fui afastada do grupo para ser tratada por Deus
foi muito difícil. Passei por dias muito intensos em que Ele foi re-
movendo a minha necessidade de ser amada e aceita pelas pessoas.
Esse processo foi doloroso, porque o Senhor usou a Ezenete para
retirar tudo a que eu recorria para me sentir valorizada. Ela me
mandava buscar a Deus em casa, para conhecê-Lo verdadeira-
mente. Eu a encontrava todas as semanas, e durante esses momen-
tos eu chorava muito. Ela e as outras intercessoras oravam pedindo
ao Senhor para quebrar as cadeias na minha alma que me pren-
diam. Mas o que mais me marcou foi a orientação de ir para o meu
quarto, para descobrir como era adorar e buscar quando ninguém
estivesse me assistindo. Foi ali que aprendi a viver só para Jesus.
Quanto mais eu ficava aos pés de Cristo, no silêncio da minha in-
timidade, mais Ele me curava. Nunca vou esquecer destas palavras
da Ezenete: “Tranque a universidade e vá para o seu quarto apren-
der quem é o seu Deus”. Aquilo mudou tudo!
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Você é um vencedor
Outra música que falou muito conosco durante o retiro, e foi gra-
vada naquela noite fria de julho de 2000, foi Cheiro das águas. Todos
tinham a consciência de que se estávamos ali, gravando um CD, é
porque tínhamos parado tudo para nos consagrar a Ele. Era pela mi-
sericórdia dEle, para a glória dEle. Nós nos levantamos como novas
criaturas, que passaram pelo processo de cura e foram renovadas
pelas águas do trono de Deus.
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Deus fiel
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Mariana
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Palavras da Mariana
Para mim é uma alegria muito grande fazer parte da vida da Ezene-
te. Lembro-me de que quando a conheci eu ainda era uma criança.
Mas ela, e toda a família, vieram como presentes enviados por Deus
a nós, me vendo crescer e fazendo parte da minha história. Foram
muitos momentos que vivemos juntos ao longo desses anos. Eu falava
com a Ezenete: “Zê, me ajude nesta área. Eu quero crescer, eu quero
mudar”. E ela sempre foi um exemplo para mim, ao enfrentar enfer-
midades, dificuldades, sem nunca desistir. Ela sempre me amou, me
acolheu e sorriu para mim. Quando eu conheci o meu marido ela
orou e me encorajou. Ela dizia: “É de Deus!”, e tudo foi se confirman-
do. Depois eu engravidei do Tito, nós oramos por ele, e Deus mostrou
o milagre que ele viveria nos pulmões. Ele ficou internado por sete
dias na UTI e saiu com uma marca do Senhor. Hoje eu agradeço de
coração por todos os segundos, por todas as horas que a gente se doou
gerando o que hoje eu vivo. Eu te amo, Zê, e eu estou aqui para o que
der e vier! E vamos prosseguir, porque só vai melhorar!
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Palavras da Renata
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época a área era bem fechada pelas árvores, pois os antigos proprietá-
rios acreditavam que não podiam tocar na “mãe natureza”. Com tanto
espaço disponível, pude, então, desenvolver vários dons que eu nem
sabia que tinha! Com um grupo de seis intercessores e minha família
plantamos mais de dois mil metros de grama. Chamei uma profis-
sional de jardinagem para nos ensinar, e com nossas próprias mãos
fizemos canteiros lindos, com flores e plantas ornamentais. Até então
eu nem desconfiava que seria capaz de fazer algo desse tipo.
O próximo passo foi reformar algumas áreas para que a Estância
se adequasse às nossas necessidades. Começamos pela cozinha, que
era bem pequena.
Num papel, dese-
nhei como eu gos-
taria que o espaço
ficasse. O Senhor
proveu todos os
recursos para essa
primeira obra – e
para todas as outras
que vieram em se-
guida.
Hoje olho para
trás e me surpreendo com tudo o que Deus fez. Aos poucos Ele foi
trazendo as estratégias de como deveríamos trabalhar. E posso dizer
que muitos príncipes e princesas passaram por aqui, resgataram suas
identidades, recuperaram suas vidas e retornaram o lugar de realeza.
A Estância Paraíso também se tornou um lugar muito especial para
o Diante do Trono. Ao longo dos anos nos reunimos ali diversas vezes
para orar, buscar ao Senhor e nos separarmos para Ele. No alto daquela
montanha geramos em oração todas as gravações e congressos que vieram
depois disso. Deus sempre foi fiel, agindo em nosso meio, respondendo o
nosso clamor, e fazendo muito mais do que podíamos imaginar.
Nunca terei palavras suficientes para agradecer ao Senhor por esse
pedaço do paraíso que Ele me entregou e onde tenho o privilégio de
morar.
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P A R T E V I I
“E O S QUE DE T I
PRO C E DE RE M E DI F I CA R Ã O
AS ANTI GAS RUÍ NA S;
E L E VA N TA R Á S O S
FU NDAME NTO S DE GE R A ÇÃ O
EM GE RAÇ ÃO ; E CHA M A R -
TE -ÃO RE PARA DOR DA S
ROTU RAS, E RE STAUR A DOR
D E VE RE DAS PA R A M OR A R .”
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PA RT E V I I
Aquilo era algo muito novo para mim, mas eu disse para Ele:
“Se o Senhor me ensinar, eu farei.”
Interessante lembrar que durante meu arrebatamento eu vi pessoas
ajoelhadas, com as mãos levantadas e chorando. Eu também ficava de
joelhos, diante delas, fazendo a mesma coisa. E ali, tantos anos atrás,
envolvida na glória de Deus, eu me lembro de ouvi-lo dizer:
“Ajude as pessoas a se quebrantarem na Minha presença. Vou te
levar a vários lugares para você ensiná-las.”
Se durante o arrebatamento a minha resposta foi positiva para o
propósito de Deus, agora, depois de já ter visto e experimentado tanta
coisa, eu não poderia reagir de outra maneira. Enquanto a brisa quen-
te e úmida soprava no meu rosto, lembrei-me de mais uma passagem
bíblica que embasava o que eu estava vivendo na sacada daquele hotel.
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Por isso não consegui enxergar como eu poderia desenvolver algo tão
grande, se já enfrentava uma oposição tão dura dentro da minha pró-
pria igreja. Eu sabia que um dia essa rejeição passaria, mas enquanto
isso não acontecia, precisava de alguém da minha confiança ao meu
lado, para dar início a esse trabalho.
O Senhor sabia de tudo isso. Apesar de eu não comentar nada a
respeito nem com meu marido, eu orava todos os dias pedindo a Deus
para guardar a mim e a minha família, para nos sustentar enquanto
Ele nos quisesse em Belo Horizonte. Então Ele me respondeu na mes-
ma hora:
“Eu farei. Clame, gere. Será a sua primeira experiência com esse
entendimento sobre intercessão.”
“Amém!”
Senti que o nosso longo diálogo chegou ao fim. Reuni as folhas do
bloquinho, peguei a caneta e voltei para o quarto. O relógio marcava
sete horas da manhã. Eu estava cansada, mas meu espírito estava vivo
como nunca! Porém, meu corpo finalmente sentiu os efeitos da ma-
drugada acordada, vivendo algo tão sobrenatural. Assim que fechei
a porta da sacada, a Ana Paula abriu os olhos e me perguntou com
aquela voz meiga.
“Uai, Zê, você estava lá fora?”
Por mais exausta que eu estivesse, não consegui me conter. Come-
cei a falar antes mesmo que ela pudesse se levantar da cama:
“Ana, vivi um momento glorioso. Tive mais uma experiência in-
crível com o Senhor. Deus me deu uma missão. Ele me chamou para
ser uma intercessora. Ele me deu uma visão de levantar intercessores
pelo Brasil!”
Ela arregalou os olhos e me perguntou:
“Por que você não me chamou, Zê? Eu queria ter vivido isso também!”
“O Espírito Santo não mandou eu te chamar!” – respondi dando
uma risada.
Gargalhamos juntas, e continuei compartilhando o que havia aconteci-
do. Tenho um laço muito especial com a Ana: além de considerá-la como
uma filha, ela é minha amiga, minha confidente. Dividimos segredos, as
revelações do Senhor, coisas profundas ou acontecimentos do dia a dia.
Temos uma relação incrível, e depois dessa madrugada tremenda começa-
mos a sonhar juntas com esse novo ministério.
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O início do ministério
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Eu não podia imaginar que ela estava orando sobre isso! Dias de-
pois, liguei novamente para falar com o Seu Nunes:
“Oi, Seu Nunes! Tudo bem? Quero que vocês venham me visitar na
minha casa, em Belo Horizonte.”
“Ezenete, obrigado pelo convite, mas eu não posso. Estou traba-
lhando muito. Quem sabe um dia eu vou?”
“Não, Seu Nunes! Eu estou com saudades! Você vai adorar onde
estou morando: lá tem pomar e horta!” – falei lembrando que foi ele
quem fez os canteiros na minha casa de São José dos Campos.
“Ezenete, não posso. Vamos combinar para outra oportunidade.”
Continuei insistindo e orando, até que duas semanas mais tarde
ele e a Ana Lúcia chegaram a BH. Contei para os dois a minha visão.
A minha amiga vibrou, mas o marido não estava aberto para essa
mudança:
“Ezenete, não podemos abandonar a nossa vida e vir para cá.”
Eu insisti, mas ele parecia irredutível. Então os convidei para uma
reunião que já estava marcada. Eles concordaram em ir e foram re-
cebidos com muito carinho na casa do pastor Márcio. Logo que se
assentaram no sofá foram bombardeados pelas informações:
“A Zê quer muito que vocês venham morar aqui. Ela precisa da
Ana Lúcia para ajudá-la nesse projeto de intercessão. Nós estamos
inaugurando também um espaço novo para os cultos dos adolescen-
tes da igreja e vamos ter que abrir uma lanchonete. Lá vamos vender
salgados, sanduíches e refrigerantes para a turma comer após as reu-
niões. Seu Nunes, eu gostaria muito que você assumisse essa respon-
sabilidade. O que você acha?”
“Mas seria para quando?” – o Seu Nunes perguntou.
“Temos um mês para isso.” – foi a resposta do pastor.
“Não tem como. É pouco tempo! Eu tenho uma casa e um trabalho
em São José dos Campos!”
“Não tem problema, você vai conseguir fazer tudo no tempo ne-
cessário. O Senhor vai agir.” – profetizou o pastor Márcio.
Seu Nunes acabou aceitando. Ele me disse, depois, que nem sabe
por que concordou, mas voltou para São Paulo muito animado pela
mudança que ele e a família fariam. Enquanto isso, eu e a Ana Lúcia
falávamos pelo telefone e orávamos. Intercedíamos pela venda da casa
e para que Deus os ajudasse a resolver o que era preciso para eles vi-
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rem logo para Minas Gerais. Assim como o pastor Márcio profetizou,
tudo deu certo.
No dia 1º de abril de 2001, a Ana Lúcia, o Seu Nunes e os três fi-
lhos se despediram de São José dos Campos, entraram no carro com
a bagagem e pegaram estrada rumo a Belo Horizonte. Como que por
um milagre eles conseguiram vender a casa no tempo necessário e
embarcaram nesta jornada sobrenatural.
Assim que chegaram, começamos a orar. Abrimos as portas da Es-
cola de Intercessão, na igreja, aceleramos as atividades na Estância e
retomamos o trabalho que tínhamos juntas em São José dos Campos.
Foram mais de dez anos lado a lado, servindo ao Senhor, amando as
pessoas que nos procuravam e gerando muitas vidas.
Enquanto eu me dedicava às viagens com o DT e aos Seminários de
Intercessão pelo país, Ana Lúcia permanecia firme na Escola. Milha-
res de pessoas foram treinadas pela minha amiga. O testemunho dela
trouxe muito impacto. Com o passar do tempo, o Seu Nunes aceitou a
Cristo e foi transformado pelo poder do Senhor. Os três filhos deles se
firmaram na Palavra, para a alegria da Ana Lúcia – e nossa também.
Ela era muito engraçada, divertida e alegre. Costumava contar
como foi esse processo de conversão do marido durante as aulas e mi-
nistrações. O Seu Nunes resistiu durante anos e passou por momentos
de muita dureza no coração. Mas toda essa história inspira mulheres
que enfrentam situações semelhantes.
Um caso, em particular, a Ana Lúcia sempre fazia questão de com-
partilhar: antes de se entregar a Jesus, o Seu Nunes brigava muito por
causa do tempo que ela dedicava ao Senhor. Um dia ela chegou em
casa após um culto, e ele sugeriu, de uma forma bem sarcástica:
“Por que você não leva a sua cama para a igreja? Aí você fica de
uma vez por lá!”
Muito chateada, ela foi procurar consolo na congregação. Uma
irmã a viu chorando e foi perguntar o que tinha acontecido. A Ana
Lúcia respondeu em meio às lágrimas:
“Meu marido mandou eu trazer a minha cama para cá! Vê se pode!”
“Glória a Deus!” – aquela irmã respondeu.
“Glória a Deus? Você fala isso porque não é o seu marido!” – ela
rebateu irritada.
“Minha filha, glorifique! Porque se você é casada com ele, e vo-
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cês são um no Senhor, quer dizer que se você trouxer a sua cama,
ele virá junto com você! Dê glória a Deus sim! Deus vai fazer uma
grande obra.”
A Ana Lúcia passou a enxergar a situação de outra forma e curio-
samente foi o que aconteceu. O Senhor operou de uma maneira linda
naquela família. Seu Nunes se converteu, e não é que eles moraram na
igreja? Quando eles chegaram a Belo Horizonte, ele trabalhou no Cen-
tro de Treinamento Ministerial Diante do Trono, o CTMDT, um semi-
nário onde pessoas de todo o mundo vêm para se preparar para servir
no campo missionário e para desenvolver o ministério de louvor. En-
quanto a Ana Lúcia trabalhava ao meu lado, o marido cuidava daque-
les alunos! Hoje ele mora na Estância Paraíso, que é praticamente uma
extensão da igreja, e se dedica com muito carinho a essa obra de Deus.
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em um quarto escuro e ficava ali por dias, sem fé, sentindo que nada
dava certo para ele. Ele desaparecia nesses períodos. Então íamos
atrás, pedíamos para ele vir nos encontrar, para que pudéssemos ter
mais um tempo de oração e fortalecimento juntos. O Geraldo tam-
bém estava desempregado, e aquele abatimento que vinha sobre ele
funcionava como uma draga sugando-o para um lugar cada vez mais
profundo.
Olhar para aquele homem alto e cabisbaixo era desanimador. A
impressão era que ele nunca sairia daquele estado sombrio. Podíamos
passar o tempo que fosse, mas após alguns dias ele era tragado nova-
mente pela depressão. Mas há algo que aprendi ao longo de todos es-
ses anos: nunca desista de alguém que Deus colocou no seu caminho.
Ele tem um propósito! Por isso eu não abria mão de acompanhá-lo.
Assim, o Geraldo ia e vinha, enquanto reformávamos a Estância e pre-
parávamos aquele lugar lindo para receber os príncipes e as princesas
que o Senhor disse que nos enviaria.
Eu sempre monitorava o Geraldo. Quando ele sumia, eu pedia à
Ana Lúcia para ir atrás e descobrir como ela estava:
“Ana, encontre o Geraldo! Estou preocupada.”
“Ezenete, já tem mais de um ano que estamos trabalhado com esse
homem. Estamos perdendo tempo, parece que ele não quer mudar de
vida. Ele vem aqui, fica bem e depois cai no mesmo lugar.”
“Não vamos desistir. Pode ir atrás dele.” – eu insistia.
“Eu vou em obediência, porque você está me pedindo. Só por isso.”
Ela ia, e começávamos tudo de novo. Um tempo depois, conhe-
cemos a ex-mulher dele. Nós a convidamos para a Estância, na es-
perança de uma reconciliação. Ela foi tratada, amada por nós, e após
um período ela nos agradeceu por tudo, mas disse que não gostaria
de reatar o casamento. Ela contou que teve experiências lindas com o
Senhor, que gostou muito de nos conhecer, mas não queria mais sa-
ber do ex-marido. Iria tocar a própria vida. O Geraldo ficou arrasado,
porque estava com muitas expectativas de voltar a viver com a família.
Para ele foi muito difícil lidar com essa frustração. Eu dizia:
“Geraldo, a sua esperança não é uma mulher. Sua esperança é o
Senhor Jesus.”
“Mas, Ezenete, ela é a mãe dos meus filhos!” – ele respondia in-
conformado.
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“Sim, e isso nunca vai mudar. Mas ela não é mais a sua esposa.
Essa decisão não é sua. Foi uma escolha dela. Vamos crer que Deus
tem uma nova história. Você se casou antes de conhecer a Jesus, teve
filhos lindos, construiu uma família. Mas agora a vida é outra. Vamos
confiar em Deus.”
Oramos muito por ele e com ele. Com o passar do tempo, final-
mente o Geraldo venceu a depressão. Nós o mantínhamos sempre por
perto. Deus fez coisas lindas, ainda que o relacionamento conjugal ti-
vesse mesmo chegado ao fim por escolha da mulher. Mas ele sonhava
em habitar em família. Ele sonhava em ter uma esposa que o amasse e
o visse como um homem de Deus, que o respeitasse como tal.
Mesmo assim, o Geraldo foi aprendendo a servir o Senhor com
alegria, apesar da dor por viver longe dos filhos e da mulher que ele
amou. Aos poucos ele também foi curado da sensação de fracasso,
da rejeição, e se tornou um homem de fé. Ele adorava em qualquer
circunstância e estava sempre pronto para servir. Ele abriu mão dos
próprios sonhos e deixou que o Senhor sonhasse por ele. Depois de
passar por um vale sombrio, o Geraldo entendeu que o nosso bem
maior se chama Jesus Cristo.
Então, ele resolveu fazer a Escola de Intercessão e lá conheceu a
Lídia, uma mulher de Deus que já fazia parte do nosso ministério.
A Lídia era solteira e orava para que o Senhor colocasse no caminho
dela um homem que O amasse acima de qualquer coisa. Ela liderava
o louvor, me ajudava nos seminários, servia com alegria e também
viveu um período de renúncia e restauração.
Os dois se tornaram amigos, namoraram e finalmente se casaram
em 2007. A cerimônia foi linda, e eles transbordavam gratidão pela
fidelidade de Deus. A Lídia estava muito serena e ao mesmo tempo
radiante. O Geraldo transmitia muita paz e convicção. Os filhos dele
participaram da celebração – foi uma noite gloriosa!
Hoje eu tenho o privilégio de ter os dois ao meu lado no ministé-
rio, morando também na Estância Paraíso. Eles abriram mão da casa
onde viviam para estar aqui, servindo em tempo integral. O Geraldo
não lembra, em nada, aquele homem deprimido. Pelo contrário: ele
tem sempre um sorriso no rosto, uma mão amiga para oferecer e sá-
bios conselhos. Valeu a pena investir na vida dele. Hoje ele é um líder
de homens no nosso ministério. O Geraldo ama as vidas, atende as
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Palavras do Geraldo
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26. PRECISO DE TI
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Preciso de Ti
Preciso do Teu perdão
Preciso de Ti
Quebranta meu coração
Como a corça
Anseia por águas
Assim tenho sede
Como terra seca
Assim é minh’alma
Preciso de Ti
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Como um pai
Se compadece dos filhos
Assim Tu me amas
Afasta as minhas
Transgressões
Preciso de Ti
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O poder da intercessão
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com a presença da tia Nó foi muito importante. Ela foi uma coluna
para mim durante as lutas que estavam por vir. Era no ombro dela que
eu chorava quando sentia que não conseguiria suportar mais tantas
provações.
Para a nossa tristeza, a minha tia sofreu mais um golpe duro na
área da saúde. Ela perdeu boa parte da audição. Além de ter ficado
cega dois dias antes do meu casamento, tantos anos antes, agora ela
ouvia apenas 50% em um dos ouvidos. A vida ficou um pouco mais
difícil para ela e para o tio Mariano, mas eles não reclamavam! Tia Nó
sempre foi uma inspiração para mim nesse sentido, pois seria muito
fácil questionar o Senhor sobre o porquê de eles serem tão atacados
na área da saúde. Mas, ao contrário, ela cantava e bendizia em todo o
tempo. Ela não mur-
murava e se adaptou
muito bem às limita-
ções. Quando eu ia
buscá-la para fazer-
mos qualquer coisa,
ela perguntava:
“Quanto tempo
eu tenho? Preciso de
pelo menos 40 mi-
nutos, porque sou
devagar para me ar-
rumar.”
Eu marcava o ho-
rário e achava incrí-
vel, pois quando chegava ela sempre estava pronta, sem a ajuda de
ninguém. Tia Nó sabia onde estavam todas as suas coisas, roupas, sa-
patos, bolsas, acessórios, e agia como se não tivesse qualquer deficiên-
cia. Ela conseguia combinar as cores, as estampas, os tecidos, e estava
sempre arrumada. Nunca a vi com a roupa amarrotada ou usando
peças descoordenadas. Seu cabelo também estava sempre bonito, e os
calçados perfeitamente limpos.
Mesmo sem enxergar, ela conseguia perceber se a casa estava em
ordem, e isso é um mistério que nunca conseguimos entender. Ela
gostava de cuidar das coisas pessoalmente: limpava os azulejos e o
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chão; mantinha o ambiente cheiroso. Como era muito difícil para ela
fazer tudo sozinha, pagávamos uma ajudante. Mas me lembro perfei-
tamente bem de chegar a casa da tia Nó e ela vir me mostrar o resulta-
do do trabalho da assistente:
“Olha para você ver essa faxina! A moça que veio aqui parece que
nem limpou os móveis. Não está bom!”
Era incrível como uma mulher cega podia enxergar tão bem! Tia
Nó também fazia questão de lavar a própria roupa. Quanto a passar,
claro que a gente não permitia, pois tínhamos medo que ela se quei-
masse com o ferro quente. Também pedimos a ela para não cozinhar,
para evitar problemas com o fogo. Ela não ficava muito feliz com essa
orientação e dizia:
“Eu só não vou fazer essas coisas em obediência a vocês. Eu sei que
dou conta de fazer tudo sozinha.”
Ela era uma boa dona de casa e esposa dedicada. O tio Mariano já
era bem desligado e desatento, mas ela não o deixava sair para a rua
desarrumado. Ela tocava com as mãos a roupa do marido e dizia:
“Bem, a sua gravata está torta! Arrume esse cinto! Ajeita a camisa!”
Então ia arrumando o esposo como se estivesse vendo tudo! Era
muito interessante como esses detalhes não passavam despercebidos.
Era ela também quem controlava as contas da casa. Tio Mariano não
sabia de nada! Além disso, ela não se descuidava da saúde dos dois.
Era a minha tia quem dava remédios para o marido, porque ele, que
enxergava com os dois olhos, se atrapalhava todo! Inacreditável, não é?
Após algum tempo, uma outra tia de São Paulo também se mu-
dou para Belo Horizonte e pôde cuidar deles mais de perto, enquanto
eu gradativamente intensificava os meus trabalhos na Estância. Mas
a tia Nó permanecia ao meu lado, indo para a igreja, participando
das atividades da Lagoinha e orando por mim. Ela também atendeu
muitas pessoas depois que chegou a BH. Ela gostava de servir, de orar
pelos irmãos e sempre foi uma profeta ousada. Uma grande mulher
de Deus!
O tio Mariano também se adaptou muito bem à igreja e logo se in-
seriu em um ministério. Ele foi trabalhar no Telefone da Paz, orando
por quem ligava pedindo socorro e aconselhando sabiamente quem
estava do outro lado da linha.
Para ajudar a tia Nó a ouvir melhor os cultos, o André Espíndola,
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como ela estava melhor, fiz uma viagem para o Japão com o DT. Orei
e perguntei ao Senhor se eu poderia ir. Senti paz, e Ele me respondeu
que cuidaria dela enquanto eu estivesse fora. Descansei em Deus, fiz
as malas e parti com o grupo.
Eu não sabia, mas durante a minha ausência ela entrou em coma.
Na viagem de volta para o Brasil, tive um sonho terrível. Eu estava no
avião e vi a igreja que ela frequentava em Santo André. O lugar estava
cheio de pessoas que a conheciam. Eu perguntei o que tinha aconte-
cido, e alguém me respondeu que a líder das mulheres (posição que
minha mãe sempre ocupou) tinha morrido. Acordei em pânico. Não
dormi mais e só orava:
“O Senhor não vai fazer isso comigo. Eu não vou me perdoar se a
minha mãe partir enquanto eu estiver fora do país. Deus, eu orei, eu te
perguntei e recebi a sua autorização para viajar! Eu sei que o Senhor me
ama. Agora eu clamo, mesmo que ela estiver morta, ressuscite a minha
mãe! Nunca vou me perdoar se eu chegar apenas para enterrá-la.”
Assim que coloquei os pés no aeroporto de Guarulhos, liguei para
a minha cunhada. Era muito cedo, e eu sabia que se ela atendesse logo
seria sinal de que algo tinha acontecido. Com dois toques ela atendeu
o telefone:
“Oi, Shirley, tudo bem? Por que você está acordada a essa hora?
Minha mãe morreu?”
A minha cunhada não sabia que eu ainda não tinha recebido ne-
nhuma notícia, mas ela deduziu que eu já estava por dentro de tudo:
“Acho que ainda não. Suas tias já foram para BH. Os médicos dis-
seram que não há mais nada a fazer.” – ela me respondeu com tristeza.
Consegui antecipar o voo para Belo Horizonte e fui o mais rápido
que pude. Eu estava exausta pela noite sem dormir e abalada pela má
notícia, mas por todo o caminho, segui orando e cantando:
“Deus, salve a minha mãe! Acrescente pelo menos mais cinco anos
de vida a ela!” – nem sei o motivo pelo qual pedi esse tempo. Foi a
primeira coisa que passou pela minha cabeça.
Meu pai me buscou no aeroporto chorando:
“Não temos mais a sua mãe, ela não vai voltar!”
“Não, pai! Ela não vai morrer! O Senhor me ama e vai dar vida a
ela! Ela vai voltar a viver!”
Por todo o caminho ele tentou me preparar para a despedida, mas
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Nós sempre tivemos o sonho de ter uma filha. Não sabíamos como
isso seria, ou como aconteceria. Certa vez, muitos anos atrás, ain-
da em São José dos
Campos, o Marcos e
o Lucas saíram para
comprar um presente
de Dia das Mães para
mim. Quando chega-
ram a nossa casa, me
surpreenderam com
uma caixa cor-de-ro-
sa. Lá dentro tinha
uma camisetinha para
bebê com um nome
estampado: Anna Be-
atriz. Levei um susto.
Estaria chegando a
hora? O Marcos sempre quis ter mais filhos, isso nunca foi um segredo.
Antes de nos casarmos, ele tinha sonhado que Deus nos daria duas me-
ninas. Mas com o nascimento do Lucas, nós descansamos no Senhor. A
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ela retomava aos poucos a vontade de viver. Não sei como ela conse-
guia tocar na orquestra do DT no meio de tanto sofrimento. Sei que
Deus estava cuidando e a sustentando, mas ela precisava de ajuda
desesperadamente.
Quando o Marcos conheceu a Sarah, assim que chegamos a BH,
dentro dele algo chamou a atenção. Mas ele não me disse nada. Po-
rém, depois que ela veio passar aqueles dias na Estância, o meu ma-
rido a olhava e buscava de Deus o que havia nela que despertava um
sentimento novo em seu coração. Ele observava a Sarah andando
pela Estância, até que um dia me disse:
“Que engraçado, essa menina é diferente. Eu sinto algo que não
é normal quando olho para ela. Ezenete, ela se parece com a menina
com quem eu sonhei. Ela parece com a Sarah que Deus me mostrou.”
Não dei muita atenção ao que ele falou. Eu estava muito atarefada,
preocupada com essa jovem, super envolvida com o Diante do Trono
e às vésperas de um evento. Acabamos nos esquecendo disso e toca-
mos a vida.
Nessa época, o Juninho me ajudava muito no Ministério de Inter-
cessão e estava sempre por perto, enquanto eu acompanhava a irmã
caçula dele. As visitas que ele nos fazia eram sempre bem vindas
e gostávamos de passar tempo conversando. Eu sabia que um laço
especial estava sendo formado entre nós.
Cerca de 20 dias depois que a Sarah chegou, começaríamos um en-
contro do Ministério de Intercessão. Ela já estava bem melhor, e eu senti
que seria importante que ela participasse conosco. Curiosamente, um
dia antes do início das atividades, o Senhor falou comigo enquanto eu
dormia. No sonho ele me entregava um presente e dizia:
“Adote a Sarah e o Juninho. Eles precisam do amor de mãe. Eles
precisam ser cuidados, e Eu tenho uma aliança com eles.”
Então eu me via chegando bem alegre para os dois e dizia:
“O Senhor está me dando vocês como filhos! Vocês me aceitam? Vocês
me recebem?”
Acordei assustada, impressionada: “Como assim? Como eu po-
deria adotar dois adultos? O que o Marcos acharia disso? Como
vou falar para ele?”. Fiquei pensando alto e falando comigo mes-
ma. Levantei da cama com isso na cabeça, mas não comentei com
ninguém. Reuni o grupo que estava comigo na Estância, chamei a
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É curioso pensar que assim como eu fui recebida pela minha tia
Eurídes como filha, pude fazer o mesmo por esses dois jovens. Deus
proveu os nossos corações de amor, e me recordo com carinho dos
anos maravilhosos que vieram depois disso.
O Juninho esteve conosco por bastante tempo, mas depois de um
período ele se mudou para ter a própria vida. Morou por um tempo
com uma tia e, por
fim, se casou, em
uma cerimônia lin-
da, com uma jovem
cristã chamada
Fernanda. Ele não
podia ter filhos,
mas Deus operou
um milagre, e hoje
ele é pai do Samuel.
Já a Sarah per-
maneceu na nos-
sa casa por longos
anos. Ela foi ama-
da como irmã pelo
Lucas e pela Anna Beatriz, como neta pelos meus pais e como prima
pelos meus sobrinhos. Ela nos chama de pai e mãe – e eu sempre me
derreto quando a ouço se referir a nós assim. Ela completou a nossa
família e cumpriu a promessa do Senhor de que a nossa filha Sarah
seria maior do que o Lucas. É incrível como Deus é detalhista e nos
revela os seus planos quando estamos dispostos a ouvir e a obedecer.
Depois disso, o Senhor ainda enviou outras pessoas muito amadas
que viveram e vivem conosco. Entre elas, a Lucélia, a Lílian e Sinfhone,
meninas preciosas, que têm histórias tremendas que quero comparti-
lhar no próximo livro. Elas também são minhas filhas do coração.
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menina abençoada, que veio somar à nossa família. Deus já tinha nos
falado que ele jogaria futebol como atleta profissional em outro país,
onde conheceria uma brasileira, e que eles se casariam cedo. E assim
aconteceu. Ana Cássia se mudou com a família para a Alemanha quan-
do ainda era criança, e morou por dez anos na Europa, onde conheceu
o Lucas. Tão logo eles se aproximaram, Deus começou a agir.
A Sarah também estava apaixonada pelo Leandro, um homem de
Deus que trouxe ainda mais brilho ao sorriso dela. Os irmãos então
decidiram se casar na mesma data, em uma cerimônia conjunta, na
Estância Paraíso – o lugar maravilhoso que o Senhor nos deu como
lar. Mesmo morando em
outro país, o Lucas fez ques-
tão de trazer a noiva para
oficializar a união no Brasil.
O curioso sobre o casa-
mento da Sarah é que nós
não conhecíamos o Lean-
dro. Ele não era de Belo
Horizonte. Um dia, alguns
anos antes, quando a Sarah
já morava comigo, fui par-
ticipar de um Seminário de Intercessão em Barretos, São Paulo. Eu
tinha planejado passar em Santo André, após o evento, para visitar a
minha família. Um jovem que participou dos cultos ofereceu carona
para mim e para a Ana Lúcia. Era o Leandro. Ele estava com a mãe,
e os dois curiosamente conheciam meus parentes. Assim que entrei
no carro, senti Deus me falando que ele seria o esposo da Sarah.
Contei isso apenas para a Ana Lúcia e começamos a orar. A Sarah e
o Leandro não se conheciam, e nunca falamos nada para os dois. Se
Deus tinha esse plano, Ele faria sem a minha interferência! Eles che-
garam a estar no mesmo evento juntos, mas nada aconteceu, e então
seguiram seus caminhos separadamente, cada um em uma cidade.
Depois disso, a Sarah namorou dois rapazes e chegou a pensar
em se casar com um deles, mas o relacionamento não foi adiante.
E eu ficava pensando: “Deus, por que o Senhor me disse que ela se
casaria com o Leandro?”. Ele não me respondia.
Mas o tempo passou, os dois se reencontraram, começaram uma
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“Faz com que a mulher estéril habite em casa e seja alegre mãe
de filhos. Louvai ao Senhor”. (Salmo 113.9)
Hoje, quando os nossos filhos nos visitam, a casa vira uma festa!
Nosso lar se enche de riso, de casos engraçados, de testemunhos e
muita oração. Amamos passar o tempo juntos, e é glorioso ver a fi-
delidade de Deus nos acompanhando de geração em geração.
Em março de 2014,
o Lucas e a Ana Cássia
me deram um grande
presente: o Davi Lucca!
Meu netinho veio para
alegrar ainda mais o
nosso lar. Ele é como se
fosse a cereja do bolo!
Toda a família foi para a
Alemanha acompanhar
bem de perto o nasci-
mento. A Ana Cássia
passou por um proces-
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Palavras da Sarah
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de casa, assim como toda a família que também fez parte do meu
processo de restauração – em especial, seu esposo Marcos e seus
filhos Lucas e Anna Beatriz. Durante esses 13 anos caminhando
ao lado da Ezenete, Deus restaurou meus sonhos. Ele me trouxe
um marido maravilhoso, e creio que isso foi resposta das orações
e intercessões que fizemos juntas! Se hoje sou uma testemunha
do que o Senhor pode fazer na história de alguém, agradeço a
Deus e a ela, que tem sido um instrumento para a restauração de
vidas, especialmente a minha.
“Flor, a alegria floresceu...” *
*Este é um verso da música escrita por Helena Tannure para ser
cantada na homenagem à minha mãe Ezenete, no meu casamento.
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P A R T E V I I I
“E J E SU S LH E DI SSE :
N IN GUÉ M, QU E L A NÇA M Ã O
DO ARAD O E O L HA PA R A
T RÁS, É APTO PA R A O
RE I N O D E DE US.”
L U C A S 9 . 6 2
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PA RT E V I I I
30. PERSEGUIÇÃO
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para tentar destruir o que o Espírito Santo queria fazer através da mi-
nha vida. Mas eu sempre tive a fé firmada e sabia que se Ele estava
permitindo que eu passasse por essa situação, Ele enfrentaria as ad-
versidades comigo.
Em BH ninguém me conhecia até então, e aos poucos foram sa-
bendo mais sobre mim. Mas creio que o romper do Diante do Trono
e os Seminários de Intercessão trouxeram um certo desconforto, e al-
gumas pessoas começaram um burburinho ao meu respeito. Muitos
falavam nas minhas costas e comentavam pelos corredores da igreja:
“Quem é esta mulher? De onde ela veio? Como ela chegou até aqui?”
Eu ouvia esses rumores, mas nunca quis fazer nada sobre esse as-
sunto. Achava que, com o tempo, o falatório passaria. Mas o que ini-
ciou com uma desconfiança a respeito da minha origem passou para
um estágio muito pior: começaram a dizer que eu era bruxa, satanista
e adivinha. Muitas pessoas me chamavam de tudo, menos de serva de
Deus. Não foi coisa de alguns dias, nem de semanas ou meses. Foram
anos debaixo de acusações cruéis e muita perseguição. Enquanto isso,
eu permanecia em obediência, servindo, atendendo, intercedendo,
ministrando e viajando.
Eu e o Marcos perdemos as contas de quantas vezes os vidros do
nosso carro foram quebrados. Era frequente encontrarmos os estilha-
ços na hora de voltar para casa. A gente se aproximava do lugar onde
tínhamos estacionado e víamos que alguém tinha passado por lá antes
e tentado nos intimidar. Não eram acontecimentos aleatórios. Havia
uma opressão demoníaca ao redor desses fatos. Com frequência en-
contrávamos também bilhetes com as seguintes palavras: “Esse é só o
início”. E foi.
Não podíamos fazer nada a não ser orar e clamar pela proteção do
sangue de Jesus. Nesse período, o Marcos sofreu um acidente muito
sério. Um ônibus bateu no carro que ele dirigia. Depois de acertar o
meu marido em cheio, o motorista perdeu o controle e, sem conseguir
segurar aquele veículo enorme, rodou na pista. Inexplicavelmente ele
atingiu o Marcos novamente. Pela graça do Senhor, ele não se feriu
e saiu vivo dessa batida tão grave. Mas perdemos o automóvel. Não
tínhamos seguro nessa época, e de acordo com os mecânicos o ferro
ficou tão retorcido, que o caso era de perda total.
Pouco tempo depois eu recebi uma ameaça pelo telefone. Meu
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Certo dia, meu filho Lucas amanheceu passando muito mal. Ele
estava com febre, com dores e abatido. Era um final de semana. Nós
não tínhamos plano de saúde, e minha única opção foi procurar aten-
dimento no Centro Geral de Pediatria. O CGP é um hospital infantil
público de Belo Horizonte e geralmente fica muito cheio. Até então
nunca tínhamos precisado recorrer ao SUS, porque sempre tivemos
um convênio com o qual contar. Mas agora estávamos diante de uma
situação completamente nova, em uma cidade que não conhecíamos.
Pegamos nosso filho, já com 39 graus de febre, e fomos para lá. As-
sim que colocamos os nossos pés no hospital, encontramos o saguão
lotado. Quando passamos pela triagem, a enfermeira deu uma olhada
rápida no Lucas e disse:
“Existem crianças aqui que estão piores do que ele. O seu filho
pode esperar.”
Fiquei com ele no colo, desfalecido, aguardando pelo atendimen-
to. Muitas mães estavam na mesma situação, e assim duas horas se
passaram. Nada acontecia. Durante aquela longa espera, tive muita
vontade de ligar para os nossos parentes em São Paulo e pedir que nos
enviassem qualquer quantia de forma que pudéssemos levar o Lucas a
um médico particular. Sei que eu poderia ter feito isso, ou até mesmo
ter entrado em contato com o pastor Márcio. Tenho certeza que ele e
a família iriam nos socorrer na hora. Mas dentro de mim havia uma
convicção de que não era para fazer nada. Eu deveria confiar na ação
de Jesus.
“Quem me trouxe para BH foi o Senhor. Foi Ele quem me chamou.
É Ele quem vai fazer algo por nós.” – eu dizia para mim mesma.
Cansei de esperar. Chorando e clamando pelo socorro do céu,
voltei para o carro com o Lucas nos braços. O Marcos não sabia o
que fazer. A nossa sensação era de que estávamos perdidos, mas eu
precisava crer que, por mais que não pudéssemos ver nada à frente,
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também as pessoas falando que você era bruxa, que você iria destruir
a nossa igreja. Por isso eu decidi acabar com a sua vida. Eu queria te
dar um susto para que você desistisse de morar aqui e fosse embora de
uma vez por todas.”
Eu ouvia aquele homem amargurado, despejando todas
aquelas palavras de rancor, curiosa para saber onde a história ia parar.
Eu sabia que muitas pessoas não gostava de mim e desejavam que eu
fosse embora. Mas o que ele fez? O que ele estava planejando contra
mim?
“Pastora, eu armei um se-
questro para o seu filho. Eu
planejei tudo e coloquei o pla-
no em ação.”
Senti o chão se abrir sob os
meus pés, como se um buraco
surgisse do nada e me puxasse
para baixo. Minha cabeça ficou
pesada, meu corpo enfraque-
ceu. Fiquei tonta.
“Você o quê?” – perguntei
sem ter certeza do que iria ouvir.
“Eu contratei dois homens
para sequestrar o Lucas na sa-
ída da escola. A gente não ia
fazer nada de mal com o meni-
no, mas o plano era te dar um
susto. Seriam só quatro dias e
depois o devolveríamos ileso.”
Eu não sabia o que pensar.
Meu coração batia acelerado enquanto aquele homem, um seguran-
ça contratado pela igreja para cuidar do bem-estar das pessoas, me
revelava o plano maligno contra a minha família. Muda, continuei
ouvindo.
“Eu levei os sequestradores para a porta do colégio e mostrei quem
era o seu filho. Expliquei sobre os horários de saída e o trabalho dos
outros seguranças. Estava tudo pronto, planejado, só esperando o dia
que marcamos para pegá-lo assim que ele colocasse os pés para fora
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Por alguns dias permaneci com toda aquela conversa indo e vindo
na memória. Então orei:
“Senhor, Satanás está indo longe demais. Eu preciso da Sua força e
da Sua graça. Eu preciso de Ti mais do que nunca!”
Eu estava chegando ao meu limite.
Tempos depois aquele segurança foi demitido da igreja. Não pelo o
que ele tentou fazer com o Lucas, afinal eu nunca levei esse assunto ao
pastor Márcio ou para qualquer pessoa da liderança. Mas ele acabou
se envolvendo em outras coisas erradas e por isso foi desligado.
Dali em diante, fiquei mais atenta aos passos do Lucas, evitando ao
máximo deixá-lo sozinho ou exposto. Não falei nada para o Marcos.
Ele estava passando por uma fase de fragilidade, por causa de todas
as lutas, e eu não queria preocupá-lo ainda mais. Também fiquei com
medo que ele tomasse alguma atitude drástica. Achei melhor esperar.
Meses mais tarde, quando estávamos mais fortalecidos, finalmente
contei. Compartilhei aquele fardo tão pesado.
Eu estou me revelando
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dizia que o Senhor estava mostrando para ela que tudo isso fazia parte
de um grande processo e que a nuvem negra passaria.
“Você vai ver a glória do Senhor na sua vida, e muitos dos que te
perseguem e te julgam vão enxergar com os próprios olhos. Eles vão
reconhecer que você é uma mulher de Deus, enviada por Ele para
esta terra.”
“Pai, me oriente. Eu quero aprender o que Jesus está me ensi-
nando. Eu não deixarei o Senhor. Vou permanecer!” – era a minha
oração diária.
Fizeram uma sindicância na minha vida: entraram em contato
com as pessoas com quem convivi em Santo André e em São José dos
Campos querendo saber tudo a meu respeito. Também mandaram a
minha foto para um homem que teve envolvimento com o ocultismo,
mas se converteu. Ele pregava em muitas igrejas dando o seu testemu-
nho, por isso algumas pessoas foram atrás dele para saber se ele me
conhecia. Após ver a minha imagem, ele respondeu:
“Eu nunca a vi, mas ela é famosa no meio dos satanistas. Eles falam
que ela é uma mulher de Deus.”
Basta
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Ordenação
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anestesista errou a
dosagem do medica-
mento. Depois disso,
a saúde dele ficou
comprometida; e o
lado esquerdo do cor-
po paralisado. Mas
nada não o impediu
de seguir o ministé-
rio pastoral. Em no-
vembro daquele ano
vimos o milagre do
Senhor na vida dele,
que recuperou os mo-
vimentos antes do casamento do meu irmão Eujácio. Era impossível,
aos olhos humanos, mas ele conseguiu caminhar em direção ao altar e
ainda conduziu a parte da troca das alianças durante a cerimônia. Ele,
que não podia falar, ministrou a benção de Deus ao filho.
No ano seguinte, em janeiro de 2004, meu pai ainda apresentou à
igreja o Henrique, filho da Eujácia. Teve o privilégio de consagrar a
Deus mais um neto. Foi a última vez que ele entrou em um templo. No
dia 2 de fevereiro do mesmo ano, enquanto passava férias na Paraíba
do Sul (estado do Rio de Janeiro), na casa do meu irmão Jonatas, meu
pai passou mal. Ele era diabético, e a glicose estava alterada, apesar de
todo o cuidado que tinha com a saúde. Levaram-no às pressas para
o hospital e a luta começou. Eu o visitei várias vezes ao longo desse
período. Curiosamente ele sempre perguntava se já eram cinco horas
da manhã, para poder orar pelos filhos – um hábito que levou até o
último dia de vida. Pouco mais de um mês depois de internado, ele
sofreu uma parada respiratória, e o Senhor o recolheu. Minha mãe me
disse que antes de falecer ele orou por cada um de nós. Sei que Deus
sempre ouviu o clamor do meu querido pai.
Na semana anterior à sua partida, fui visitá-lo e tivemos uma con-
versa maravilhosa, que me marcou para sempre:
“Filha, a minha carreira ministerial chegou ao fim, mas eu te aben-
çoo para cumprir o seu ministério.” – ele me falou com a voz baixa e
as palavras emboladas.
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Eu sentia que aquele poderia ser o nosso último diálogo, e por isso
fiz questão de dizer:
“Pai, me perdoe se em algum momento eu te magoei pelas minhas
escolhas, se de alguma forma eu te entristeci por seguir algo diferen-
te do que o senhor acreditava. Mas eu quero que saiba que sempre
tive paz em tomar as minhas decisões por causa da entrega que o se-
nhor fez a Deus. O senhor me devolveu para Ele, lembra?” – respondi,
emocionada, lembrando que quando eu estava em um leito de morte,
ainda na adoles-
cência, meu pai me
entregou para que
o Senhor cumprisse
em mim os propó-
sitos dEle.
“Eu me orgulho
e me alegro porque
vejo que Deus te le-
vou para onde Ele
quis, filha. Um dia
eu te entreguei a Ele
e disse que ficaria feliz só em ter notícias suas. E isso aconteceu. Eu te
abençoo, Ezenete, para você prosseguir no seu ministério. Quero te
dizer que eu acredito no poder de Deus.”
Foram as últimas palavras que escutei do meu pai. Vivemos ali um
conserto necessário para que ele partisse em paz e eu prosseguisse de-
baixo da benção. Sempre soube que ele me amava, que orava por mim
e que se alegrava em me ver cumprir o meu chamado. Mas ouvir isso
da boca dele foi um presente.
Eu estava no Nordeste do país com o Diante do Trono quando
fiquei sabendo que ele foi para a glória. Tínhamos acabado de chegar
e estávamos a caminho do hotel quando meu telefone tocou. A Lídia
contou que meu pai tinha descansado. Peguei outro avião e fui me
despedir dele e chorar com a minha família.
Apesar das nossas diferenças, sempre o admirei. Quando eu era
criança, ele se assentava comigo para compartilhar o que estava viven-
do. Orávamos juntos pelas lutas que ele passava. Eu era fã do meu pai e
o achava o máximo! Além de pastor, ele era professor de química e in-
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glês. Era um homem estudioso, que lia muito. Fazia questão de montar
um escritório em todas as casas por onde passava. Para mim ele foi um
exemplo de amor, perseverança e de renúncia, afinal, ele me entregou a
Deus. Ele não tinha os dons do Espírito Santo (porque nunca buscou es-
sas experiências), mas
foi uma pessoa ínte-
gra, sábia e que sem-
pre amou o Senhor.
Ele cantava muito
os hinos do Cantor
Cristão, e acho que
eu gosto tanto dessas
músicas por causa
dele. Eu amava muito
o meu pai e sinto sau-
dades de tê-lo para
conversar, orar e can-
tar junto.
Depois disso a minha mãe biológica se mudou para Belo Horizonte,
para ficar mais perto de mim.
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“A mãe se foi.”
Nem precisava falar nada. Eu sentia que ela havia partido. Mudei meus
planos e fui com a minha família para São Paulo. A Ana Lúcia nos acom-
panhou. Quando menos esperei, o pastor Márcio e a Renata chegaram a
Santo André para ficar ao meu lado naquele momento de luto.
Foi um dia de muito conflito para mim. Além de toda a dor, eu
não entendia por que isso tinha acontecido justo quando eu estava a
caminho de um seminário. Diante das circunstâncias, eu não pode-
ria deixar a minha família e ir para o norte do país. Então, apesar do
compromisso tomei a decisão de não viajar para Manaus. A equipe se-
guiu, conforme planejado. Eu queria estar com os meus tios e primos,
abraçar meus parentes e chorar com eles. Eu tinha certeza de que os
irmãos da igreja entenderiam.
Porém, a Lídia conversou com o Marcos, e eles decidiram que seria
bom que eu mantivesse a minha agenda. Então remarcaram, para o
dia seguinte, minha passagem para Manaus. Quando eles me conta-
ram, fiquei muito brava! Eu não queria ir! Eu não queria viajar! Pre-
feria viver o meu luto ao lado dos meus familiares. Contrariada, segui
para o velório pensando que depois tomaria alguma providência.
Fizemos um culto de agradecimento a Deus pela vida da minha
mãe e ficamos felizes por ver tantas pessoas que a amavam e foram
se despedir. Minha mãe foi uma mulher incrível, dedicada ao Se-
nhor, à família e aos amigos. Ela marcou a história de muitos irmãos
de Santo André, e eu pude ver o carinho que eles nutriam por ela.
Lembrei do meu sonho, cinco anos antes, quando eu chegava à igreja
para o velório dela e via o lugar cheio de pessoas que fizeram questão
de se despedir.
Durante o louvor, a equipe ministrou uma música do DT que fala
sobre o amor de Jesus. Enquanto eu cantava, me veio uma gratidão
muito grande no meu peito, pois finalmente entendi que o Senhor me
deu os cinco anos a mais que pedi em 2004. Ele acrescentou vida à mi-
nha mãe. Porém, por mais que eu a amasse, o amor de Jesus era maior.
O sentimento que Ele tinha por ela, que Ele tem por mim e por todos
os outros filhos é incomparável e vai muito além do que podemos
imaginar. Gosto muito desta música, pois apesar dela me lembrar este
momento triste, também traz à minha memória que o amor que Deus
tem por todos é infinitamente maior do que pensamos:
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Por mais que eu estivesse triste, segui o meu caminho. Fui direto
para o hotel e no outro dia, bem cedo, peguei o avião. Minhas lágri-
mas escorreram pelo rosto ao longo de toda a viagem. Eu estava muito
sentida por ter deixado a minha família em um momento tão difícil,
mas sabia que estava no caminho certo, pois a Bíblia também diz:
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dia poderia acontecer a qualquer hora. Mas a tia Nó não me levou a sério:
“Menina, me deixe! O anjo me guarda.” – ela disse rindo.
“Tia, eu sei que Deus guarda vocês, mas estou preocupada.” – insisti.
“Tudo bem.” – ela concordou.
Fui embora crendo que eles me obedeceriam.
No dia 26 de dezembro daquele mesmo ano, tio Mariano estava se
preparando para comemorar o aniversário em São Paulo, junto com
a família que morava lá. Eles planejaram a viagem e iriam acompa-
nhados pela tia Nice. Estávamos tranquilos quanto a isso. Mas, como
se ele já soubesse o que estava por vir, quando perguntado por uma
vizinha sobre o que gostaria de ganhar, ele respondeu:
“O presente que eu quero de Deus é que eu e a Eufrásia possamos ir
para glória juntos. Eu sinto que o nosso tempo está chegando ao fim.”
Dois dias mais tarde, antes de viajar, ele decidiu fazer um exame
de sangue. Já tinha uma consulta de rotina marcada e quis adiantar os
exames. Não era nada urgente, mas ele resolveu ir ao laboratório na-
quela quarta-feira. Assim, quando chegasse de São Paulo o resultado
já estaria pronto. Antes de sair de casa eles fizeram as malas e, igno-
rando os meus inúmeros pedidos, seguiram sozinhos para o centro da
cidade. Eles pegaram os documentos, deram as mãos e saíram, como
tinham feito tantas vezes ao longo dos anos.
Chegaram à região central de BH sem dificuldades, mas quando
foram atravessar a avenida Afonso Pena, o sinal, que estava fechado
para os carros, abriu. O motorista de um ônibus os viu e conseguiu
frear a tempo. Tia Nó e tio Mariano se assustaram e tentaram voltar
para a calçada, mas os veículos, que não perceberam a presença dos
dois, já passavam em alta velocidade. Eles ficaram ilhados no meio
do trânsito pesado, sem ver ou ouvir exatamente o que se passava ao
redor. Logo veio um carro que, sem visualização, atingiu os dois com
muita violência. Para a nossa tristeza, o atropelamento foi fatal. Não
sei se eles perceberam o que aconteceu, mas foi assim que a tia Nó e
o tio Mariano foram juntos para a glória. No mesmo dia. No mesmo
lugar. Sob as mesmas circunstâncias.
Receber a notícia do acidente e da morte foi muito difícil. Prepara-
mos um culto de despedida no Tabernáculo, um dos salões da Lagoi-
nha. Muitas pessoas vieram nos abraçar e prestar homenagens. No ve-
lório, os caixões permaneceram lado a lado, e mesmo em meio a uma
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dor tão profunda, engrandecemos a Deus. Tio Mariano dizia que não
queria que tocassem louvores de CD durante seu velório. Ele gostaria
de um culto bonito, com músicos adorando ao vivo. Assim foi feito.
Mais uma vez pude contar com a presença da Ana Paula e do Diante
do Trono, que ministraram sem cessar durante a nossa despedida.
O pastor Márcio trouxe uma palavra de consolo, mas só de pensar que
os meus tios estavam juntos, andando por aquele caminho tão lindo que o
tio Mariano viu em sonho, minhas lágrimas se misturaram com meu sorri-
so. Enquanto agradecíamos a Deus pelo privilégio de tê-los em nossas vidas,
e dizíamos “até logo”, uma chuva forte e pesada caiu sobre Belo Horizonte,
como se a Terra também estivesse chorando a perda dessas pessoas preciosas.
Vou sentir saudades deles para sempre. Preciso dizer que mesmo
em meio a toda a dor, Deus me manteve de pé. Mas confesso que em
alguns momentos achei que não suportaria perder esses alicerces na
minha vida. Então, apesar de todo amor e gratidão que eu nutro por
eles, de toda a falta que eles me fazem, eu sempre me lembro que tenho
um bem maior, que não morreu. Jesus Cristo permanece em mim, na
minha vida, e é quem me sustenta com os pés firmes na rocha.
Ana Lúcia
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to do menino. Como ela me dizia que queria viver, nós lutávamos por ela.
Mas ela me parecia cada dia mais cansada. Em uma segunda-feira
ela não falou com ninguém durante o horário da visita. Nem abriu os
olhos. Por causa do problema no fígado, a pele estava muito amarela-
da, e o corpo continuava magro e frágil. Meu coração ficava partido
em vê-la nessas condições. Nesse dia fui visitá-la sem expectativas de
conversar, mas com fé de que ela receberia alta em breve.
“E aí? Tá chegando o fim do seu tratamento! Logo vamos fazer o
seu culto de ação de graças!”, eu falei animada.
Ela não respondeu.
“Ana Lúcia, nós vamos fazer uma festa para você na Estância! Você
quer viver?”
Para a minha surpresa, ela balançou a cabeça de um lado para o
outro respondendo ‘não’ à minha pergunta. Mas eu insisti:
“Como assim? Você não quer viver? Nós vamos fazer um culto de
ação de graças pela sua cura! Vamos soltar foguetes!”
Ela amava fogos, e pensei que isso poderia animá-la. Mas ela repe-
tiu o mesmo gesto negativo com a cabeça. Eu não quis acreditar.
“Mas você não quer?” – perguntei mais uma vez.
Ela abriu os lábios e respondeu, bem baixinho, em um sussuro:
“Canta, canta...”
Eu não queria cantar. Eu queria vê-la pedindo para viver. Por isso
perguntei:
“Você quer que eu cante no culto de ação de graças?”
Ela fez novamente o gesto movendo a cabeça para a direita e para a
esquerda. Eu não podia aceitar aquilo. Perguntei por que ela não queria
mais viver, por que estava desistindo de lutar, mas ela não respondeu.
Apenas continuou balançando a cabeça e me pedindo para cantar. Mes-
mo muito frágil, ela começou a procurar pela minha mão tateando o ar,
tentando encostar em mim. A segurei com carinho e firmeza:
“Mas, e o Hugo? O que vai ser dele?” – perguntei.
“Deus cuida.” – ela respondeu com a voz fraca.
Por fim, ela apertou a minha mão com o pouco de força que lhe
restava e disse, num sussurro leve:
“Obrigada. Eu te amo. Canta...”
Cantei. Depois de alguns minutos, saí do quarto sem falar nada.
Meu coração doía demais. Quando passei pela porta, encontrei o To-
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bias, filho mais novo dela. Ele me perguntou como a mãe estava. Eu
disse que ela estava bem, mas ele me respondeu:
“Você sabe que ela não está bem.”
Naquela madrugada ele sentiu alguém falando em seu ouvido:
“Aprouve ao Senhor levar a sua mãe.”
Ele sabia. Eu sentia. Estava chegando o dia de nos despedirmos da
Ana Lúcia. Na terça-feira ela amanheceu quieta, não falou com nin-
guém, não se mexeu. Seu corpo, que havia perdido muito peso, ficou
inchado. Fui visitá-la novamente e encontrei o Seu Nunes abatido. Ele
estava com a cabeça apoiada na cama e me disse, em meio a lágrimas:
“Zê, eu já entreguei a Ana Lúcia para Deus. Acabei de fazer isso.
Entrega também. Deixa ela ir.” Então pegou a minha mão e repetiu:
“Vamos entregá-la. Deixa ela ir.”
“Não, Seu Nunes! Não vamos desistir!”
“Não. Deixa ela ir.”, ele me pediu enquanto chorava.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que respondi:
“Se for a vontade do Senhor, que seja feita. Mas eu vou continuar
lutando.”
Lutei até o último minuto. Mas na quarta-feira ela partiu. Recebi a
notícia como se um buraco tivesse aberto no meu peito. Doía demais.
Fui ao hospital para preparar o funeral. A Ana Paula e o pastor
Márcio estiveram lá para me apoiar. Escolhi tudo: o caixão, a roupa,
as flores e até o batom que ela usou. Eu permaneceria firme ao lado
da minha Amiga Fiel (como registrei o nome dela na minha agenda)
até o fim. Eu cuidaria dela, mesmo que ali só estivesse o seu corpo. Eu
sabia que naquele momento a Ana Lúcia já estava adorando o Altís-
simo na glória.
O velório foi preenchido por louvor. E apesar do lugar estar repleto
de pessoas, eu sentia meu coração vazio. A Ana Lúcia tinha um espaço
na minha vida que era dela. Ela foi minha companheira, minha par-
ceira, minha irmã de oração, minha amiga fiel. Nunca pensei que um
dia seríamos separadas dessa forma – por uma doença.
Muitos amigos vieram para se despedir e abraçar a família. Mas o
filho mais velho dela e do Seu Nunes, o Helder, não pôde compare-
cer. Ele, a esposa permaneceram na Albânia, onde serviam ao Senhor
como missionários, e acompanharam tudo pela internet. A Ana Lúcia
tinha muito orgulho do trabalho que eles faziam.
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Mais uma vez pude contar com o amor do pastor Márcio e da Ana
Paula, que nos ajudaram e estiveram ao nosso lado nesse dolorido
processo. Mesmo após essa triste despedida, o Seu Nunes, a Nádia, o
pequeno Hugo e o Tobias permanecem firmes. Helder também, pre-
gando o Evangelho onde foi chamado. O meu laço de amizade com
essa amada família permanece.
Assim como aconteceu quando perdi a minha mãe, no dia seguin-
te após o velório e o enterro da minha companheira de ministério eu
segui viagem para continuar cumprindo meu chamado. Peguei um
avião e fui realizar um Seminário de Intercessão em Angra dos Reis,
no Rio de Janeiro. Foi muito difícil pregar sem tê-la ao meu lado, mas
eu já tinha aprendido essa lição alguns anos antes.
A saudade dessas pessoas abençoadas, que caminharam ao meu
lado e que foram tão importantes na minha vida, dói demais. Mas sei
que um dia estaremos todos juntos, diante do Pai. Não vamos mais
interceder, mas vamos louvar, adorar e dançar diante dAquele que nos
amou, nos uniu e nos conduziu por um lindo caminho aqui na Terra.
Com os meus pais, com os meus tios e com a Ana Lúcia eu vivi mila-
gres. Ao lado deles testemunhei milagres. E quando penso neles, mais
do que nunca tenho a convicção: eu sou um milagre.
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PA RT E V I I I
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Epílogo
“Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos
os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos
dias.” (Salmo 23.6)
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estou acostumada. Sem falar que eu sentia a direção de Deus para agir
daquela forma. Eu não me excedi, porque conheço também os meus li-
mites. Mas me entristeceu ver que muita gente, em vez de orar por mim,
de querer dividir o fardo, de servir junto, preferiu trazer julgamento.
Muitas pessoas me dizem que preciso parar, descansar e largar o
meu telefone, por exemplo, quando estou relaxando. Mas eu me preo-
cupo muito com as vidas que me procuram e dou o máximo de mim
para ajudá-las, porque sei que foi para isso que nasci. O que muitos
não entendem é que a vida é curta, e eu quero viver o máximo que
eu puder para cumprir o meu chamado. Os nossos dias na Terra são
poucos, mesmo se eu viver até os cem anos! Porque isso não é nada
diante da eternidade que Deus tem para nós.
Essas especulações me lembraram das acusações que ouvi no
passado, quando fiquei internada aos quinze anos de idade. Naquela
época me disseram que eu estava doente por ter negado a fé do meu
pai. Agora me falavam que eu estava de cama porque estava servindo
demais a Deus.
Ao mesmo tempo eu sentia uma grande batalha espiritual rondan-
do o meu quarto. Satanás falava aos meus ouvidos:
“Você não diz que Deus cura? Onde está o seu Deus? Olha como
você está agora! Você está doente e internada.”
Adormeci pensando em tudo isso. Acordei no domingo por volta
das quatro horas da manhã me sentindo fraca, com muita dor. Levan-
tei, fui ao banheiro com dificuldade e retornei para a cama. A Irace-
ma, minha amiga, intercessora e discípula, estava lá me ajudando. Ela
não saiu do meu lado. Quando me deitei novamente, peguei o celular
para ler a Bíblia. Eu gosto muito de orar declarando a Palavra, mas na-
quele momento não tive forças. Até tentei, mas não consegui; minha
voz não saía. “Meus Deus, como estou fraca!” – pensei.
Decidi, então, ouvir música para adorar junto, crendo que isso po-
deria me fortalecer. Também não dei conta. Desliguei o celular e o
coloquei na mesinha ao lado da cama.
“Senhor, estou muito mal. O que será isso? Onde vai chegar essa situ-
ação? Só me resta orar em pensamento, porque não consigo nem falar.”
Comecei a me lembrar de tudo o que vivi. Passou um filme na
minha cabeça com as histórias que conto aqui e tantas outras, que
quero compartilhar em um próximo livro. Recordei-me da minha úl-
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Fui declarando com fé cada uma dessas palavras, mas dizendo meu
nome: “Não tenha medo, Ezenete, se atrás vem faraó, Deus vai te atra-
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mesmo nas situações mais difíceis. Ele sempre manifestou o Seu amor
e livramento sobre mim. Sua bondade tem andado ao meu lado, e a Sua
misericórdia tem me socorrido a cada dia.
A batalha continua enquanto estamos neste mundo. Cada vez vamos
enfrentar investidas maiores do inferno. Sei que os ataques das trevas só
chegarão ao fim quando já estivermos na glória – mas enquanto este dia
não chega, eu lutarei. Ainda que doa. Ainda que seja difícil. Ainda que
o mal se levante contra mim. Ainda que eu tenha que me despedir dos
meus queridos. Não desistirei jamais, porque eu sei que sou um milagre
e que muito mais ainda há de ser feito em mim e através de mim. Em
nome de Jesus.
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