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Doutrina
A doutrina se apresenta como o conjunto de lições decorrentes
dos jurisconsultos, sendo de suma importância para a formação
jurídica dos operadores em toda a sua vida acadêmica e
profissional. De fato, não se pode olvidar que antes mesmo de a
referência legislativa se fazer presente no cotidiano do jurista, o
conhecimento já se constitui pelos livros propedêuticos. Destarte,
mesmo quando formados e em franco exercício da profissão, a
doutrina se presta a esclarecer, indicar, suprir e fortalecer as
argumentações e fundamentos deduzidos em juízo. Desconsiderar a
experiência e as lições de quem pelo texto se propõe a educar, ao
que nos parece, é menosprezar a importância do outro na formação
intelectual do indivíduo, e isto não se faz sem absoluto prejuízo da
própria formação humana e intelectual.
Súmulas
Enquanto fontes materiais e, portanto, não obrigatórias, as
súmulas são representadas por enunciados proferidos por tribunais
para ratificar um padrão de interpretação do Direito. Com elas é
possível, em tese, evocar certo grau de coerência sobre as decisões
judiciais, de sorte que casos semelhantes sigam a mesma
orientação e, por consequência disto, apresentem respostas
similares.
As súmulas vinculantes são verbetes proferidos pelo quorum de
dois terços dos Ministros do STF, em acordo com o procedimento
estabelecido no art. 103-A e seguintes da Constituição. Seu efeito
decorre da publicação e se presta a incidir sobre casos futuros,
gerais e abstratos; sua finalidade é evidenciar a validade,
interpretação e eficácia de normas específicas sobre as quais haja
controvérsia entre os órgãos do Poder Judiciário ou entre esses e os
órgãos da administração pública.
É certo que o efeito vinculante da súmula aprovada pelo
Supremo Tribunal Federal sobre matéria constitucional, em
decorrência de votação qualificada, pode imprimir uniformidade às
decisões dos tribunais inferiores, ressaltando com isto o ideal da
segurança jurídica para o jurisdicionado. Trata-se, portanto, de fonte
formal do direito processual.
Assim,
o efeito vinculante, ao implicar que as cortes inferiores
julguem de conformidade com o que foi decidido pelas
cortes superiores, coarcta a possibilidade de tratamento
desigual para situações semelhantes, garantindo
uniformidade, regularidade, segurança jurídica, eficiência e
transparência nas decisões judiciais e reforçando,
diuturnamente, o princípio da igualdade, direito fundamental
da pessoa humana e condição sine qua non de qualquer
teoria pública de justiça.23
Sem prejuízo dessas considerações, devemos observar o fato de
que a súmula vinculante não se correlaciona diretamente com o
caso que a justificou, tampouco impõe sua obediência jurídica em
razão de densa e segura fundamentação, cumprindo dessa forma
as determinações constitucionais de coerência e integridade. Ao
revés, sua vinculação decorre da publicação, e não do entendimento
sedimentado e seguro da tradição jurídico-constitucional. Não é,
pois, necessariamente, o resultado de amadurecimento histórico,
nem atrela sua incidência em casos futuros ao fato originário que lhe
garantiu aprovação.
Sobre a necessidade de contextualização para a correlata
incidência do enunciado ao caso concreto, o CPC/2015 estabelece
em seu art. 489, § 1º, que qualquer decisão, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, não estará fundamentada se limitar-se à
invocação do enunciado da súmula ou do precedente judicial, sem
antes identificar seus fundamentos determinantes e, com isso,
demonstrar o ajuste entre a peculiaridade do caso e a razão de
incidência do verbete ou precedente. Contempla o novo Código,
portanto, lição hermenêutica fundamental para a atualização do
Direito brasileiro.
A regulamentação atual, prevista pelo art. 103-A, § 3º da CF
estabelece que: “Do ato administrativo ou judicial que contraria a
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso”. Para esta hipótese,
registre-se, não se aplicam a revisão de instâncias recursais nem o