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O Caminho da Vida ou Camadas da Personalidade

(Olavo de Carvalho)

1) Possui um corpo: dominamos o corpo buscando a unidade, controlando-o;


2) Se manifesta: tendemos a repetir o que nossos antepassados fizeram. Personalização de gostos,
desejos e preferências. Prova-se e gosta-se das experiências vividas. É o contato do ‘eu’ como o
mundo;
3) Aprende: surge uma motivação consciente ao conhecimento. Exerce-se a liberdade no
aprendizado para entender como as coisas funcionam;
4) Supera a necessidade afetiva: é aqui que surge a questão da felicidade ou da infelicidade. Aqui
surge a noção de um afeto recebido ou não. As crianças precisam se sentir seguras e notar a
presença do afeto, sob pena de, na vida adolescente e adulta desenvolverem problemas de ordem
psicológica. A pessoa, nesta fase, precisa sentir que os outros gostam dela. Busca-se a aceitação e a
segurança emocional;
5) Confronta o mundo em busca da vitória: é o ‘viris’. Orgulho de si mesmas. Veem o mundo
objetivamente. Procura-se validar a força. O objetivo é ter respeito por si mesmo, donde derivam
discussões, brigas e afastamento dos pais. O sofrimento aqui é ser um perdedor, não para os outros,
mas para si mesmo. O objetivo é, portanto, vencer disputas e ganhar autoconfiança;
6) Conquista habilidades úteis: trabalhar e ganhar dinheiro. O que importa é o lucro. A
motivação é pagar as contas e sustentar a família. Não se quer receber elogios ou vencer disputas. O
resultado não está em como nos sentimos, mas sim no resultado material de nossas ações;
7) Descobre um dever social: o indivíduo percebe que tem que cumprir um dever para a
sociedade. Quem chegou aqui, entendeu que seu trabalho pelos outros é a sua razão de existir;
8) Vê-se diante da morte: diante do fim, continuamos a fazer as mesmas coisas e nos sentimos
em paz com a vida ou sentimos que precisamos mudar e recomeçar? Se o que fazemos não tem
valor diante da morte, precisamos encontrar uma solução. Largar tudo e mudar pertence à quarta
camada. Quem está na oitava, busca mudanças de forma responsável e segura. Aqui, a pessoa
começa a se preocupar com a noção de verdade e reflete sobre o bem e o mal. O objetivo é
encontrar o sentido da vida diante da morte;
9) Busca a verdade: é a vida intelectual. Não se trata de ser letrado ou não, pois o interesse é
buscar a verdade a qualquer custo. Respostas às perguntas torna-se mais importante que elogios e
dinheiro. O sofrimento é a ausência de uma solução a um problema intelectual, e o objetivo é
alcançar a criação intelectual, ou seja, inserir a sua forma de ver o mundo na sociedade;
10) Busca a vida moral: o sofrimento é a percepção de que se foi imoral – retumba como um
rasgo na própria biografia. O objetivo é obter os meios para exercer suas ideias na sociedade;
11) Constitui um ‘eu’ histórico: algumas pessoas conseguem mudar o rumo da sociedade
conscientemente, pois sabem que suas ações não morrem. Aqui há a tentativa de se criar uma
personalidade que perdura através do tempo. O objetivo é mudar conscientemente o curso da
história com suas próprias ações;
12) Alcança a transcendência diante de Deus: é o sujeito transcendental. Prioriza-se quem se é
diante de Deus. Há aqui algo além da crença e da simpatia pela espiritualidade. O sentimento que
constrange é o de se ver diante de um ser infinito, enigmático, complexo e inevitável. É aqui que há
o encontro com o sentido da vida por excelência.

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