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Direitos humanos e

violência
Os problemas
ligados à violência
são numerosos,
complexos e de
natureza distinta.
Violência
Sociologia: causas e efeitos da
violência urbana.
Antropologia: ritos e manifestações da
violência em diversas comunidades.
Psicologia: a violência como
manifestação inata de instintos
primitivos.
Direito: legitimidade do seu emprego e
sua justificação racional.
A violência está ainda enredada
em problemas conceituais
referentes à distinção entre:

Poder X Coação
Vontade consciente X pulsão
Determinismo X Liberdade
A violência é um fenômeno

• Multicausal

• Pluridimensional

• Multifacetado
O que é a violência?
Toda ação cometida ou omitida que
implique a morte de uma ou mais
pessoas ou que lhes inflige, de
maneira intencional ou não,
sofrimento, lesões físicas, psíquicas
ou morais contra a sua vontade ou
com o concurso da mesma.
Questionamentos
• Por que agimos de forma violenta?
• Por que somos, em princípio, contra a
violência e, em certas ocasiões, a
praticamos?
• Em que situações a violência pode ser
praticada?
• Podem existir uma fundamentação
racional e uma justificação moral da
violência?
“ Por que morrer e matar de
raiva, de fome e de sede são
tantas vezes gestos naturais ?”

Caetano Veloso
A violência envolve

Ações

Pessoas

Situações
A Violência
• Horroriza • Inquieta

• Constrange • Aterroriza

• Envergonha • Revolta
A violência e a questão da
moralidade

A violência pode ser considerada


como um ato moralmente negativo,
mas nem todo ato moralmente
negativo se caracteriza como
violento.
Violência e poder

O poder da violência nem sempre


se traduz em violência do poder.

Existem formas de poder que são


exercidas de maneira não violenta.
A violência e seus aspectos
físicos

Torturas Homicídios

Agressões Lesões corporais


Maus tratos Sofrimento
Roubos
Mutilações Ferimentos
Mortes
O problema social da violência

• Fragmentação do espaço urbano;


• Degradação da vida nas grandes cidades;
• Miséria econômica;
• Marginalização social;
• Desemprego.
• Acesso desigual à terra;
• Concentração fundiária;
• Estruturas arcaicas de poder;
• Violação dos direitos civis dos
trabalhadores rurais;
• Milícias armadas por latifundiários;
• Precarização das relações de trabalho.
Os fatores socioeconômicos são
quase sempre necessários para
explicar certos tipos de violência,
mas não são suficientes para elucidar
a sua origem onto-axiológica.
A desigualdade social é um fator
predisponente e, em alguns casos,
condicionante da violência, mas tudo depende
do contexto, das relações intersubjetivas, dos
fatores psicossociais, da estatura moral dos
indivíduos, ou seja, o problema envolve
dimensões existenciais complexas.
Nosso modo de compreender e definir
a violência depende do(a)s:
• Valores sociais

• Regras culturais

• Ordenamentos normativos

• Circunstâncias históricas
O surgimento e o
recrudescimento
da violência depende do
modo como a ela
reagimos.
Questionamento

Por que somos tão instáveis em


nossas formas de compreensão e em
nossas atitudes de reprovação da
violência?
Deve-se evitar

A naturalização do fenômeno da violência.


A violência não é diretamente
proporcional ao acirramento
da luta pela sobrevivência.
Existem muitos atos violentos
destituídos de interesse de
sobrevivência.
A violência = simples
instinto de agressão?
Agressividade

Instinto de combate

Todavia, no homem o instinto de


combate ultrapassa o interesse de
sobrevivência da espécie.
Os sistemas de controle (direito,
moral, religião) e os ritos de
inibição (esportes, artes) da
agressividade não conseguem
suprimir os impulsos hostis e
destrutivos dos homens.

Hobbes : Homo homini lupus.


Fatores desencadeadores da
violência
• Perda de referenciais éticos
• Individualismo anárquico
• Segregação social
• Cultura do medo
• Exacerbação dos conflitos
• Enfraquecimento dos laços de sociabilidade.
A adoção de penas draconianas, a ameaça
da pena de morte ou a redução do limite
etário de imputabilidade também não são
suficientes para arrefecer a marcha
crescente da violência enquanto fenômeno
de sociedade.
Banalização da violência
• Coisificação (reificação) do homem
• Desumanização dos indivíduos
• Perseguição/aniquilamento
• Exclusão/marginalização
• Eliminação de toda qualidade humana
superior.
Violência: o que justifica a sua
emergência?
• A impotência da razão (crise da
racionalidade) ?
• A fraqueza da vontade (moral hedonista)?
• O modelo de civilização?
• O determinismo biológico?
• A nossa insensibilidade aos fenômenos
extremos?
Como conter a marcha irrefreável da
violência?

• Fortalecendo uma educação em direitos


humanos?
• Por intermédio de campanhas
conscientizadoras?
• Com o combate ostensivo ao crime
organizado?
• Instituindo uma cultura da paz?
Como encontrar respostas ou saídas
para o insano, a brutalidade, a
selvageria?

O espanto e a perplexidade são as


únicas armas que nos restam diante da
tragédia, do atroz, do mal radical?
A violência e a questão do mal

O que é o mal?

Qual a sua origem ?

Por que o praticamos?


O mal é uma perversão da razão ou é
produto da fraqueza da vontade?

Em face de tantos genocídios, limpeza


étnica, massacre de populações civis,
tribalismos e intolerância, como acreditar
no progresso moral da humanidade?
O mal é uma entidade metafísica, um fato
natural ou é produto da decisão humana ?

• Intelectualismo moral socrático  ninguém


pratica o mal deliberadamente (o mal está
ligado à ignorância).
• Kant  mal radical  liberdade 
autonomia da vontade  decisão consciente.
“O problema da radicalidade é substituído
hoje pelo da banalidade do mal.”
(Hannah Arendt)

O mal não é obra de uma força demoníaca


ou de um gênio maligno.

O mal pode originar-se de cidadãos


comuns, sujeitos normais, pessoas
honestas e responsáveis.
Arendt denuncia a normalidade de
seus autores. Homens ordinários que
se transformam em assassinos cruéis. A
ameaça aterradora de indivíduos
comuns que se transmutam em diabos
com formas humanas.
Mal Ordinário
Como entender e justificar as numerosas
zonas sombrias que habitam nosso
comportamento ?

Como compreender o problema da


existência do mal em um mundo
governado por um Deus bom ?
Como aceitar aquilo que não pode ser
justificado?

O mal desafia o pensamento porque


elimina a medida do humano.

Como instituir uma cultura da paz num


mundo onde os fenômenos extremos são
sempre possíveis?
Muitas coisas são inquietantes, mas nada é
mais inquietante do que o homem.
Referências

Obras: Eichmann em Jerusalém


Condição Humana
Hannah Arendt

Adaptação de: Manoel dos Passos da Silva Costa

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