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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS- JAGUARÃO

LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO

DOCENTE: Maria Beatriz Moreira Luce


DISCENTE: Eliane C. Rosa

Segundo a análise de Souza (2016) a respeito das pesquisas que tem se


apropriado da teoria da AGEE, a globalização modo capitalista de produção mas que
também se estende à política e cultura, tem definido a agenda educacional internacional
e nacionalmente. A Agenda Globalmente Estruturada para a Educação influencia as
organizações internacionais na definição de políticas educacionais em países em
desenvolvimento. Buscando a padronização da educação, fixando normas de
desempenho e o mínimo de investimento com alto retorno. A autora usa a teoria para
analisar como as agendas internacionais educacionais são incorporadas em políticas
nacionais para a educação.

Assim, um estado nacional fica enclausurado entre sua autonomia de


definição das políticas, com todo um aparato do estado que lhe é próprio, e a
tensão provocada por uma agenda que é dominantemente externa, que lhe
apresenta demandas as quais nem sempre são capazes de serem atendidas por
seus aparelhos ou não correspondem às demandas locais/nacionais mais
imediatas (SOUZA, 2016, p.466).

O estudo mostra que as agendas globais são frequentemente adotadas sem muita
reflexão crítica sobre a adequação local ou sobre suas implicações políticas e sociais.

A EC indica que o conhecimento e a educação podem ser equiparados a um


produto negociável e, como todo produto ou serviço (educacional ou
de inovação intelectual), pode ser negociado, comercializado, exportado
com boa taxa de retorno(SOUZA, 2016, p.466).

A autora argumenta que é importante haver uma compreensão mais crítica e


reflexiva a respeito da adoção dessas agendas globais. Também a respeito de não tomar
o modelo da teoria da AGEE como linear, pois existem fatores sociais e locais, como
religiosidade por exemplo, que podem se sobressair ao modelo de agenda global
educacional, por ter mais força com as comunidades locais. Apesar do avanço do
capitalismo, ainda existem questões que podem ser diferenciais em cada região ou
escola.
´´Ademais, há um universo de aspectos que ocorre no microuniverso escolar que
tem conexão muito distante ou mesmo não tem conexão alguma com os problemas do
Estado capitalista`` (SOUZA, 2016, p.467).

Para isso, é necessário que se pense a necessidade de garantir que, a adoção


dessas agendas globais sejam apropriadas para as realidades locais e não comprometam
a soberania dos países.´´O fenômeno global equivale a um conjunto de dispositivos
político-econômicos para a organização da economia global, conduzido pela
necessidade de manter o sistema capitalista``(SOUZA, 2016, p.469).

Mas de acordo com os textos analisados, o trabalho docente tem suas


especificidades e muitas vezes resiste a padronização da educação.

O que está em questão é, portanto, a própria concepção de educação,


simplificada na relação de estabelecimento de um currículo estandardizado
focado em matemática e língua materna, com processos padronizados de
testagem de resultados, garantidos por uma gestão focada nos resultados, que
tensiona a redefinição do trabalho docente, com o suporte de um padrão
mínimo de financiamento educacional (SOUZA, 2016, p.470).

Para uma parte dos trabalhos analisados o local é dependente do global, até
porque há um alto preço a se pagar para ficar de fora, outros trabalhos analisaram a
resistência por parte do trabalho docente e das comunidades locais a essa padronização.
Portanto, apesar da alta adoção da teoria AGEE para explicar os modelos educacionais,
nem todos os textos estavam focados em coloca-la como linear e irreversível.

Referência:
SOUZA, A.R. A teoria da agenda globalmente estruturada para a educação e a sua
apropriação em política educacional. REVISTA BRASILEIRA DE POLÍTICA E
ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO (RBPAE), v.32, n.2, p. 463-485, mai./ago. 2016.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/63947/38376 consultado em:
abr. 2023.

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