Você está na página 1de 5

Calouros da UDESC testam o desempenho de

suas turbinas eólicas


(Antônio Flavio Licarião Nogueira)

Introdução
Engenheiros e projetistas de aerogeradores debateram durante muitos anos as
vantagens e desvantagens do uso de uma, duas ou três hélices nas turbinas eólicas
de eixo horizontal [1]. Como empregam menos material, as turbinas com uma ou duas
hélices são um pouco mais baratas que as concorrentes com três. Por outro lado, as
turbinas com três hélices giram, deslizam mais suavemente, com menos vibração, e
isso significa menos desgaste dos mancais de suporte e uma vida útil maior para o
aerogerador. Ver imagem de turbina com uma hélice na figura 1.

A lista das matérias-primas para construção das hélices inclui madeira, alumínio, aço e
fibra de vidro. No competitivo mundo dos fabricantes dos aerogeradores, as hélices
são feitas a partir de materiais compostos (compositas), onde são empregadas fibra de
vidro, fibra de carbono e madeira. A parte giratória (o rotor) dos maiores
aerogeradores encontrados nos Mares do Norte e Báltico pesa algo em torno de 1.000
toneladas. Mas, em meados de 2011, a fabricante Siemens anunciou a instalação no
Mar da Dinamarca de uma turbina eólica com capacidade de 6 megawatts, hélices de
60 metros de comprimento e com um rotor que pesa apenas 350 toneladas,
aproximadamente um terço do peso dos aerogeradores da categoria. Em termos de
capacidade de geração de eletricidade, o novo aerogerador da Siemens não detém o
recorde. Sua capacidade está um pouco abaixo daquela dos aerogeradores lançados
pela fabricante Enercon em 2008 e que possuem capacidade individual de geração de
7 megawatts.
Figura 1: Até a década de 1990, esse par de turbinas “Riva Calzoni” com uma única
hélice de 16,5 metros de comprimento gerou eletricidade a partir dos ventos que
varrem a cordilheira dos Apeninos, no centro da Itália.
Autor: A.F.L. Nogueira (e-collage)/Fonte: Paul Gipe, Wind Energy Basics.

Aprender fazendo
Os calouros do curso de engenharia elétrica da universidade do estado de Santa
Catarina (UDESC) constroem protótipos de turbinas eólicas usando materiais
recicláveis e sucata. O trabalho é feito em equipe e o desempenho das turbinas é
testado por uma equipe de “alunos veteranos” e professores. Na avaliação dos
protótipos, são observados quesitos como a existência (ou não) de base de
sustentação/ancoragem do aerogerador, adequação a um futuro processo de
manufatura e, principalmente, o desempenho em termos de giro mecânico. O mais
recente teste de campo colocou em evidência algumas artimanhas que esses futuros
projetistas terão que levar em conta. Apesar de barata e ecologicamente correta, a
turbina feita com fatias de garrafa “PET” quase parou quando se aumentou a distância
da fonte de vento. Ver figura 2. Já a turbina “rosada”, com estrutura de conchas,
pontuou bem no quesito estética e continuou a girar quando se aumentou a distância
do túnel de vento. Ver figura 3. A surpresa maior ficou por conta da exótica turbina
montada com paineis retangulares mais pesados e defasados de 120 graus: sua
velocidade de rotação se manteve praticamente inalterada mesmo com um grande
aumento da distância da fonte de vento. Ver figura 4.

Figura 2: Apesar de barata e ecologicamente correta, a turbina feita com fatias de


garrafa “pet” quase parou quando se aumentou a distância da fonte de vento.
Autor: L.J.A.S. Maldonado
Figura 3: A turbina rosada continuou a girar mesmo longe do túnel de vento.
Autor: L.J.A.S. Maldonado

Figura 4: O desempenho da exótica turbina de paineis retangulares surpreendeu.


Autor: L.J.A.S. Maldonado

Parques eólicos na paisagem brasileira


Em 2009, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) promoveu o 2º leilão
brasileiro de energia de reserva [2]. Esse leilão marcou a expansão histórica da
energia eólica no Brasil. Os contratos, com validade de 20 anos, viabilizaram 71
empreendimentos de fontes eólicas e, a partir de então, um número cada vez maior de
parques eólicos foi incorporado às paisagens das dunas nordestinas e dos verdes
campos do sudoeste brasileiro. Ver figura 5.

Figura 5: Parque eólico às margens da rodovia PR-280.


Autor: Gabriel G. Facchinello

Referências
[1] http://www.wind-works.org/articles/large_turbines.html
[2] M.T. Tolmasquim, Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro (Rio de Janeiro:
Synergia, 2011).

Este artigo está disponível para acesso e download em www.researchgate.net

Você também pode gostar