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Josenildo Moraes de Souza

VANTAGEM MECÂNICA - VM

I - INTRODUÇÃO

Vantagem Mecânica (VM) é a relação entre o braço de alavanca da força potente,


pelo braço de alavanca da força resistente, cujo quociente deve ter um valor maior que 1
para se ter de fato vantagem mecânica. Caso o valor dessa relação seja menor que 1, diz-
se que ocorreu desvantagem mecânica. A vantagem de configurar um sistema para obter
vantagem mecânica é a aplicação de uma força reduzida para uma carga que exigiria mais
força. Para realizar um trabalho com vantagem mecânica utilizamos algumas ferramentas
que são conhecidas como máquinas simples, são elas: alavancas, parafusos, cunha, plano
inclinado, polias e outras.
Em 287 a.C nascia na Sicília Arquimedes, inventor, físico, filosofo e matemático.
Ficou muito famoso por seus estudos com as máquinas simples, dentre elas a alavanca,
equipamento muito utilizado nos dias atuais que de tão importante lhe rendeu uma frase
muito citada: “Deem-me um ponto de apoio e uma alavanca e eu moverei o mundo”,
tamanha é a facilidade para movimentar cargas pesadas.
Há relatos também de que Arquimedes teria movimentado um dos navios da
armada do Rei Hieron, utilizando apenas cordas e roldanas. Isso impressionou o rei, pois
seria a solução para o deslocamento de pesados blocos e dos navios para o mar, utilizando
poucos escravos.
Nas atividades de salvamento em altura usamos com frequência uma dessas
maquinas simples: as polias, que são dispostas nas mais diversas formas, com o intuito
reduzir a força do operador na movimentação de cargas.

Figura 01 – Máquinas simples: alavanca, polia e plano inclinado.

É importante entendermos que não é o fato de utilizarmos uma polia


aleatoriamente, que teremos vantagem mecânica, tudo vai depender da configuração do
sistema. Em via de regra, uma polia fixa penas possibilita a mudança de sentido da força,
com redução de atrito. Ou seja, para se obter vantagem mecânica é preciso que haja pelo
menos uma polia se movimentando com a carga.

Classificação das polias no sistema:

Polia fixa: É presa ou ancorada em pontos fixos e não se movimenta junto com a carga. Serve
apenas para desvio, redução de atrito e mudar o sentido da força. Não proporciona vantagem
mecânica.
Polia móvel: É presa ou ancorada na carga, movimenta-se junto com o sistema e ajuda a reduzir
o esforço no deslocamento da carga. Proporciona vantagem mecânica.

Figura 02 – Polia fixa Figura 03 – Polia móvel

II - CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FORMA

Os sistemas de vantagem mecânica apresentam-se em diversas configurações. O


que vai determinar o tipo de sistema a ser utilizado é o quantitativo de pessoas para
trabalhar, o peso da carga e o ambiente onde será montado o SVM (Sistema de Vantagem
Mecânica). Saber qual sistema utilizar é tão importante quanto prestar um bom
atendimento a uma vítima em estado crítico. Um exemplo que explica bem isso é o fato
de uma empresa ter um número muito grande de operador e entender que quanto menos
vantagem mecânica num sistema de içamento, mais rápido será o resgate, pois quanto
maior a vantagem mecânica mais comprimento de corda passará pelo sistema, e isso
demandará mais tempo, apesar de tornar o trabalho mais leva. Tudo tem que ser bem
analisado.
Com tantas possibilidades de configurar um sistema de vantagem mecânica, e pela
marcante diferença entre eles, poderemos explanar as seguintes formas:

1 - SISTEMA SIMPLES

O Sistema Simples caracteriza-se por apresentar uma única corda, podendo ter
uma ou mais de uma polia móvel. E essas polias movimentam-se no mesmo sentido da
carga, de forma que uma via de vantagem mecânica não fraciona uma outra vantagem
mecânica.
Figura 04 – Sistema Simples

Os sistemas simples podem ser divididos em:

• Estendido;
• Reduzido;
• Independente.

SIMPLES ESTENDIDO

Um SVM é visto como estendido quando a corda percorre toda distância entre o
ponto fixo e a ancoragem da carga

Figura 05 – Sistema Simples Estendido

SIMPLES REDUZIDO

No SVM reduzido nem todas as vias percorrem a distância entre o ponto fixo e a
ancoragem da carga. Ocorre a blocagem na corda com cordeletes, trava-quedas, blocantes
e outros, em um ponto intermediário entre a ancoragem e a carga.
É um tipo de sistema que geralmente é montado quando a corda não tem o
comprimento adequado para um sistema estendido.
Figura 06 – Sistema Simples Reduzido

Figura 06 – Sistema Simples Reduzido

SIMPLES INDEPENDENTE

No sistema independente há a conexão de uma SVM em uma corda que está


ligada a carga sem vantagem mecânica.

Figura 07 – Sistema Simples Independente

2 - SISTEMA COMBINADO

O Sistema Combinado caracteriza-se por apresentar uma ou mais de uma corda,


ambas formando vantagem mecânica, de forma que uma via de vantagem mecânica acaba
fracionando uma outra vantagem mecânica. Basicamente teremos uma vantagem
mecânica sendo aplicada em outra vantagem mecânica

Figura 08 – Sistema Combinado com uma corda


Figura 09 – Sistema Combinado com duas cordas

3 - SISTEMA COMPLEXO

O Sistema Complexo caracteriza-se por apresentar um SVM combinado com


polias movimentando-se em sentidos contrários, uma de encontro a outra. Pode
apresentar-se com uma ou mais de uma corda.

Figura 10 – Sistema Complexo

III - DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE VANTAGEM


MECÂNICA

Dimensionar um sistema de vantagem mecânica com cordas é estipular em


quantas vias uma determinada carga está distribuída. Existem dois métodos muito comum
para dimensionar um SVM, o Método de Contagem de Cordas e o Método T. O Método
de Contagem de Cordas é facilmente aplicado aos sistemas Simples e Combinado. Já ao
sistema Complexo é aplicado o Método T. Veremos agora como utilizar os dois métodos:

1 - Método de Contagem de Cordas

O método de contagem de corda consiste em contar a quantidade de vias que vai


se direcionar para o mesmo destino das polias móveis. Nos sistemas simples a contagem
é feita de uma só vez, já nos sistemas combinado, deve-se contar um sistema de cada vez
e depois multiplicar os dimensionamentos para se obter a vantagem mecânica resultante.
Para este método adotaremos o seguinte procedimento:

1- Identificar onde a corda está ancorada;


Se estiver ancorada em um ponto fixo o sistema será PAR;
Se estiver ancorada em uma carga o sistema será ÍMPAR.

2 – Determinar quantas vias vão se direcionar para o mesmo destino das polias móveis.

EXEMPLOS
SISTEMA SIMPLES

◊ A corda está ancorada num ponto fixo,


logo o sistema é PAR;

◊ 04 vias de cordas vão se direcionar


para o mesmo destino da carga;

◊ Logo o sistema SVM será um 4:1.

Figura 11 – Sistema simples

SISTEMA COMBINADO

◊ Analisa-se uma vantagem mecânica


de cada vez, da forma que foi feito no
sistema simples

◊ Onde tem uma tarja vermelha


imagina-se que é uma carga, e abaixo
dela temos outra vantagem mecânica;

◊ A vantagem mecânica da seta verde


forma um sistema 3:1;

◊ A vantagem mecânica da seta azul


forma outro sistema 3:1;

Figura 12 – Sistema combinado ◊ Teremos 3X3, totalizando um SVM


9:1.
2 - Método T

Pelo princípio de funcionamento de uma polia, a força aplicada em uma das saídas
é igual à força do outro lado. E assim, a força na ancoragem dessa polia será o somatório
das forças distribuídas nas saídas. Esse fundamento serve tanto para polias fixas como
para polias móveis, como vemos nas figuras abaixo:

Figura 13 – Distribuição de força em polia fixa e polia móvel

No método T, aplicaremos esse princípio de funcionam das polias, e isso serve


para o dimensionamento de qualquer tipo de sistema de vantagem mecânica, porém, há
um tipo de sistema que só se vê sendo dimensionado pelo método T, é o sistema chamado
de complexo, onde há a presença de uma polia se movimentando de encontro a outra polia
móvel, ou uma poli se movimentando de encontro a carga.
No método T o dimensionamento é iniciado pela extremidade da corda que puxa
a carga, onde a tensão equacionada na polia percorre todas as vias e termina na carga,
porém se algum “T” ainda for passar por um ponto que foi equalizado anteriormente, este
deve ser somado com o “T” dessa equalização. Com isso, concluímos que uma Tensão
(T) só pode seguir o fluxo se tiver certeza que nenhum outro “T”, de outro fluxo, vai
passar por ele.
No método “T” as tensões podem chegar com o somatório efetivado no percurso
ou separadamente. Quando o segundo caso acontece, as tensões são somadas na carga,
para encerrar o dimensionamento do SVM.
EXEMPLOS

SISTEMA COMPLEXO

Figura 14 – Sistemas complexos

◊ No primeiro exemplo temos na extremidade da corda que puxa a carga um “T”


saindo de um lado da polia e o mesmo “T” na outra saída, resultando em “2T preto”;
◊ “2T preto” antes de seguir o fluxo da via aguarda o “T preto” descer, e um
“T” vermelho subir, para se somarem formando “3T”;
◊ “3T” azul se equaliza na polia fixa resultando em “6T” na ancoragem;
◊ “3T” azul segue o fluxo decendo e se soma com “2T” azul da equalização dos
“Ts” vermelhos, formando “5T”, que desce direto até a carga, pois não tem mais tensão
para somar.
◊ Nessas condições teremos um SVM 5:1;
◊ Dividindo 100kg da caga por 5 da vantagem mecânica, teremos uma carga de
20Kg no T da extremidade da corda que puxa a carga;
◊ Para saber o EPA (Esforço no Ponto de Ancoragem) basta multiplicar o valor
dos “Ts” que chegaram na ancoragem, pela tensão da VM;
◊ Assim teremos:

EPA = T x VM
EPA = 6 x 20 kg
EPA = 120 kg.

IV - BIBLIOGRAFIA

https://youtu.be/i0yx6EysTJA;
https://youtu.be/luQYmGni35Q;
https://mundoeducacao.uol.com.br
http://www.ime.unicamp.br.

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