Você está na página 1de 8

SUCUPIRA-BRANCA 

Nome Científico: Pterodon emarginatus  Vogel

Família botânica: Fabaceae

Sinonímias: Pterodon polygalaeflorus (Benth.) Benth.;Sweetia inornata Mohlenbr.; Acosmium


inornatum(Mohlenbr.) Yakovlev (LIMA)

Nomes populares: sucupira, sucupira-branca, fava-de-sucupira, fava-de-santo-inácio, faveiro,


faveira, sucupira lisa, etc.

Origem ou Habitat: nativa do Brasil (Caatinga e Cerrado)

Características botânicas: Árvore majestosa, de copa piramidal de 5 a 16 m de altura, 40 a 60


cm de diâmetro do tronco, o qual é revestido por casca lisa branco-amarelada; folhas alternas,
compostas (LORENZI; MATOS, 2002), 4 – 10 folíolos (geralmente 6-8), glabros, ovados, folíolos com
ápice de truncado a fortemente emarginado; ráquis glabra ou glabrescente, flores roxas e os botões
apresentam forma obovada, ápice bem arredondado e mais largo que a base(ROCHA, 2006). As
raízes podem formar expansões ou túberas denominadas “batatas-de-sucupira”, órgãos de reserva
da planta (LORENZI; MATOS, 2002). 

OBS.:há outra espécie , Bowdichia virgilioides Kunth ,também chamada de sucupira embora tenha
morfologia bem diferente principalmente os frutos (LORENZI; MATOS, 2002) - seus frutos são
legumes, indeiscentes, achatados, contendo pequenas sementes com 3 a 5 mm de comprimento,
apresentando coloração avermelhada (LORENZI, 1992) e é citada na 1ª ed. da farmacopéia
brasileira.

Partes usadas: cascas, folhas, frutos.

Uso popular: A madeira é muito resistente, sendo usada na construção civil. Da casca é
produzido um óleo volátil e aromático, muito eficiente no tratamento dos reumatismos. As
"batatas-de-sucupira" são usadas para o diabetes(LORENZI; MATOS, 2002). A sucupira-branca
também é usada para dor de garganta, problemas de coluna e até como depurativo e
fortificante(LORENZI; MATOS, 2002)(CARVALHO, 2004). Na região Centro-Oeste existem relatos do
uso do chá das cascas para infecções ginecológicas(SANTOS, 2010). 

Composição química: Estudos fitoquímicos do gênero Pterodon revelaram a presença de


alcalóides na casca, isoflavonas e alguns triterpenos no caule e diterpenos e isoflavonas em óleo das
sementes (SANTOS, 2010)(DUTRA, 2009). 
um estudo de espectrometria de massa mostrou 8 sesquiterpenos entre eles o E-cariofileno , gama-
muruleno e biciclogermacreno 
OBS.: Uma série de furanos diterpenos foi isolada de todas as espécies de Pterodon .
Alguns autores mencionam para estes diterpenos do tipo furano, uma relevante capacidade de
extinção do oxigênio “singlet” envolvida em vários processos deletérios no organismo (ação
antioxidante).(12)

Alguns diterpenos encontrados: metil6a,7b-diacetoxi-12-16-dihidro-12;14-dihidroxi-16-


oxovinhaticoato; metil6a,7b-diacetoxi-14-hidroxivinhaticoato;7b-acetoxivouacapânico; 6a,7b-
diacetoxivouacapânico; 6a,7b,14b-triol; metil6a,7b-diacetoxi-12-16-dihidro-12;14-dihidroxi-16-
oxovinhaticoato;6a,7b-diacetoxivouacapânico-14b-al;6a,7b-diacetoxivouacapânico-14b-oato;ácido
6a,7b-dihidroxivouocapan-17b-óico (composto majoritário em P. emarginatus);6a-hidroxi-7b-
acetoxi-vouocapan-17b-oato de metila e 6a-hidroxi-7b-acetoxi-vouocapan-14-eno.

Ações farmacológicas: O diterpeno 14,15-epoxigeranilgeraniol e alguns derivados, isolados


em P. pubescens(CARVALHO, 2004) têm sido associado com atividade protetora contra a penetração
de cercarias do Schistossoma mansoni, parasito responsável pela esquistossomose (LORENZI;
MATOS, 2002),(CARVALHO, 2004),(SANTOS, 2010),(DUTRA, 2009),(DUTRA, 2009). 
Outro estudo desta espécie mostrou atividade contra dor aguda e crônica em modelos animais
(Nucci, 2012)
Um estudo em 1998 verificou a atividade antiinflamatória do extrato bruto dos frutos dePterodon
emarginatus em diferentes modelos animais, atribuindo esta ação à presença de compostos
terpênicos(ROCHA, 2006).
Um estudo que utilizou em camundongos vários modelos de úlcera gástrica, encontrou atividade
oral antiulcerogênica e anti-inflamatória pronunciada do óleo essencial dePterodon emarginatus,
justificando os usos da sucupira na medicina tradicional e abrindo caminho para novas terapêuticas
em doenças inflamatórias(DUTRA, 2009).

Interações medicamentosas: não há relatos na literatura consultada

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Lesões hepáticas discretas e leve toxicidade glomerular


encontrados em animais são características do uso subcrônico de compostos terpênicos, portanto o
uso do óleo de sucupira não deve ultrapassar quinze dias, retornando o tratamento após sete dias,
quando necessário(CARVALHO, 2004). 

Contra-indicações: Não foram encontradas na literatura consultada. Como recomendação geral


deve-se evitar o uso na gravidez e lactação e aos portadores de doença hepática e /ou renal. O uso
do óleo de sucupira não deve ultrapassar quinze dias consecutivos(CARVALHO, 2004).

Posologia e modo de uso: Nas referências não há estudos clínicos sobre o uso de sucupira;
uma fonte consultada, baseada na informação popular e em resultados de testes pré-clínicos,
sugere a dose de 220mg do óleo de sucupira três vezes ao dia, podendo chegar a até 300mg três
vezes ao dia, em quadros inflamatórios e infecciosos, por quinze dias(CARVALHO, 2004).
Temos observado o uso da decocção na dose de um fruto/semente em 1 litro de água, ferver por 10
minutos, coar e tomar 3 xícaras ao dia, por não mais de 2 semanas, com intervalos de 7 dias. 
Devido ao uso popular frequente de espécies de Pterodon e da Bowdichia virgilioides, também
chamada de sucupira, são necessários estudos de segurança e eficácia que permitam o uso
adequado destas espécies.

Obs.: Todas as pessoas devem informar ao profissional de saúde sobre o uso de plantas, e todo
profissional de saúde deve perguntar aos seus pacientes se fazem uso de alguma planta.

Observações: Segundo as bases International Plant Names Index, 2005, (POLHILL; RAVEN;


ATIRTON, 1981), e W3Trópicos, o gênero Pterodon Vog. (Fabaceae, Papilionoideae, Dipteryxeae)
possui seis espécies e pela Lista de Espécies Brasileiras possui quatro espécies(LIMA). 

Existe uma confusão muito grande entre diversos autores e bases quanto à sinonímia da
espécie Pterodon emarginatus Vogel sensu Lewis, por exemplo: 
*Lorenzi: Acosmium inornatum (Mohlenbr.) Yakovle., Pterodon pubescens (Benth.) Benth., Sweetia
inornata Mohlenbr.(LORENZI; MATOS, 2002).
*Carvalho: Pterodon pubescens (Benth.) Benth.(CARVALHO, 2004) 
*Tropicos.org: Acosmium inornatum (Mohlenbr.) Yakovlev, Pterodon polygaliflorus(Benth.)
Benth., Pterodon pubescens (Benth.) Benth., Sweetia inornata Mohlenbr.
*Lista de Espécies da Flora do Brasil: Acosmium inornatum (Mohlenbr.) Yakovlev,Pterodon
polygalaeflorus Benth., Sweetia inornata Mohlenbr.(LIMA).

Um trabalho de Rocha (2006), inclusive utilizado pela Lista de Espécies da Flora Brasileira como
referência (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB029843), através de análises moleculares e
morfológicas concluiu que P. polygalaeflorus (Benth.) Benth. é sinônimo de P. emarginatus Vog.
(corresponde à morfo roxa) e P. pubescens deve ser mantida como espécie distinta (corresponde à
morfo rósea).
Neste caso, considerando-se a prioridade de publicação, o nome válido para a espécie éP.
emarginatus Vog. sendo P. polygalaeflorus (Benth.) Benth. um sinônimo desta(ROCHA, 2006), como
usamos neste texto. 

Referências: 

CARVALHO, J. C. et al. Anti-inflammatory activity of the crude extract from the fruits of Pterodon
emarginatus Vog. Journal of Ethnopharmacology, v. 64, n. 2, p.33-127, 1 fev. 1999.

CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos anti-inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. São


Paulo: Tecmedd, 2004. 

CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas (1926-1978). 6. v. Rio de Janeiro: IBDF,
1984.

DUTRA, R. C. et al Antiulcerogenic and anti‐inflammatory activities of the essential oil from Pterodon
emarginatus seeds. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 61, n. 2, p. 50-243, 2009. 

DUTRA, R.C. et al. Atividades antimicrobiana e leishmanicida das sementes de Pterodon emarginatus Vogel. Brazilian


Journal of Pharmacognosy, v. 19, n. 2A, p.35-429, 2009.

LIMA, H. C. Pterodon In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB029843) - Acesso em: fevereiro de 2012. 

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa:
Plantarum, 1992. 352 p.

LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum,
2002.

NUCCI, C. et al. Oleaginous extract from the fruits Pterodon pubescens Benth induces antinociception in animal
models of acute and chronic pain. J. Ethnopharmacol. 21 Jun 2012. 

POLHILL, R. M., RAVEN, P. H., ATIRTON, C. H. Evolution and systematics of the Leguminosae. In: POLHILL, R. M., RAVEN,
P. H. (ed.) Advances in Legume Systematics. Kew, UK:Royal Botanic Gardens, 1981. part 1, p. 1-26 . 
REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 58ª, 2006, Florianópolis. Anais. Julho 2006. Disponível em:
http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_2221.html - Acesso em: 07 fevereiro 2012. 
ROCHA, D. M. S. Aspectos taxonômicos, genéticos e reprodutivos de Pterodon pubescens (Benth.)Benth. e Pterodon
emarginatusVog. (Leguminosae, Dipteryxeae). 2006. 117 f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas,
Campina, SP. 

SANTOS, A. P. et al. Composição química, atividade antimicrobiana do óleo essencial e ocorrência de esteróides nas
folhas dePterodon emarginatus Vogel, Fabaceae. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 20, n. 6, p. 6-891, 2010. 

Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. http://www.tropicos.org - acesso em 31 Jan 2012. 

http://www.asplantas.com.br/fotos/Pterodon_emarginatus.jpg&imgrefurl - acesso 08/fevereiro/2012.

http://www.flickr.com/photos/buzatti/5872994168/in/photostream - acesso 09/fevereiro/2012

Você também pode gostar