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RAZÃO ENTRE A FORÇA DOS MÚSCULOS FLEXORES E EXTENSORES DO

JOELHO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS

TAN PEN TW, QUITÉRIO RJ


Curso de Fisioterapia do Departamento de Educação Especial.
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
End: Av Hygino Muzzi Filho n° 737. CEP: 17525-900. Fone (FAX): (14) 3402-1331.
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RESUMO
Objetivo: averiguar a razão entre a força máxima dos músculos flexores e extensores do
joelho em jovens universitários. Metodologia: a amostra foi composta por 60 voluntários de
ambos os sexos, ativos e saudáveis com idade 20,6±1,7 anos que não realizavam nenhum
treino de fortalecimento muscular. Todos os testes foram realizados no mesmo período do dia
para padronizar as influências circadianas. Antes dos testes foi realizado aquecimento que
constou de 3 minutos em cicloergômetro e 3 séries de 15 segundos de alongamento dos
músculos quadríceps, flexores do joelho e tríceps sural. Para registrar a carga máxima de cada
indivíduo, o teste iniciou com um peso abaixo do nível máximo, tendo o seu acréscimo
progressivo até o momento que não conseguir mais efetuar o arco de movimento em toda a
amplitude. Em uma mesa flexo-extensora, os voluntários realizaram o movimento completo
de flexão e extensão do joelho, na posição de decúbito dorsal e sentado, respectivamente.
Resultados: carga máxima obtida para os flexores e extensores do joelho, respectivamente:
28,9+13,6 kg e 45+15,4 kg. A razão I/Q foi de 64%. Conclusão: considerando os parâmetros
da literatura, o grupo estudado apresenta razão I/Q dentro da faixa de valores normais.
Palavras chaves: razão I/Q, força muscular, teste de repetição máxima, lesão muscular
INTRODUÇÃO
A relação entre a força muscular máxima dos isquiotibiais e do quadríceps (razão I/Q)
tem sido um parâmetro comumente utilizado para descrever as propriedades de força
muscular sobre o joelho, como os padrões de torque-velocidade, na avaliação da habilidade
funcional, e o seu equilíbrio muscular (AAGAARD et al, 1998; ROSENE et al, 2001), sendo
que um possível desequilíbrio destas forças poderá induzir alterações funcionais que aceleram
a degeneração articular e levar à incapacidade funcional. (MELO, et al 2008).
A razão I/Q tem sido convencionalmente calculada pela divisão da máxima flexão
com a máxima de extensão do joelho e a literatura (AAGAARD, 1998; FLECK et al, 1986)
tem referido como normal valores entre 56% e 80%.
Considerando que o dinamômetro isocinético é um equipamento de alto custo e a fácil
disponibilidade dos equipamentos de musculação; a possibilidade de mensuração da força
muscular através do teste de repetição máxima (RM) é favorável, sendo de grande relevância
para a prevenção de lesões.
Diante disso, o presente estudo tem por objetivo investigar a relação entre a força
máxima dos músculos flexores e extensores do joelho.

METODOLOGIA
Foram estudados 60 universitários, de ambos os sexos, sendo 5 masculino e 55
feminino, ativos e saudáveis, idade 20,6±1,7 anos, estatura 1,65±0,067 m; massa corporal
57,7±8,8 kg, índice de massa corporal (IMC) 21,2±2,6 kg/m2, que não realizavam treino de
fortalecimento muscular.
Para a medida da massa corporal foi utilizada uma balança antropométrica
(FILIZOLA, SP, BRASIL), com um estadiômetro de metal, utilizado para medir a estatura.
Foi empregado também uma mesa flexo-extensora (IPIRANGA, SP, BRASIL) para avaliar a
força máxima dos músculos estudados.
Antes da realização do teste, os voluntários passaram por uma rotina de familiarização
com os equipamentos que constou de explicações quanto à execução dos exercícios,
demonstrações e execução dos exercícios.
Previamente aos testes de carga máxima, os sujeitos realizaram 3 minutos de
aquecimento na bicicleta ergométrica (25W), na velocidade de 20 Km/h, seguida de 3 séries
de 15 segundos de alongamento para o quadríceps, isquiotibiais e tríceps sural em ambos os
membros; executando em seguida o teste.
Para efetuar o movimento de flexão do joelho os sujeitos se posicionaram em decúbito
ventral, quadril em aproximadamente 30° de flexão, com a almofada do braço de resistência
do equipamento apoiado na região distal e posterior da tíbia, completando o movimento ao
realizar a flexão total do joelho e retornar à posição inicial.
Para a extensão do joelho, o voluntário permaneceu sentado com o encosto a 90°
verticalmente e a parte distal e anterior da tíbia em contato com o braço de resistência do
equipamento, concretizando o movimento ao estender completamente o joelho e voltar à
posição de repouso.
Para o registro da carga máxima atingida por cada indivíduo, iniciou-se o teste com
carga inicial abaixo do seu nível máximo, com acréscimo de carga progressiva quando o
movimento for realizado corretamente até o momento que não conseguir mais efetuar o arco
de movimento com perfeição (LIBARDI, 2007).
Os sujeitos receberam estímulos verbais durante os testes para que atingissem a
máxima contração; foram orientados para segurar firmemente nos apoios laterais do assento,
com o objetivo de obter o melhor resultado possível e auxiliar na execução de força durante o
movimento contra-resistido.
A carga máxima atingida foi quantificada em quilogramas (kg) e a razão foi calculada
através da divisão dos valores obtidos na flexão e extensão do joelho.
Todos os testes foram realizados no mesmo período do dia para padronizar as
influências circadianas.

RESULTADOS
Os resultados são apresentados na tabela 1, em média e desvio padrão.
Tabela 1. Dados demográficos, antropométricos, carga máxima atingida nos testes de flexão e
extensão dos joelhos e razão.
Média+Desvio padrão
Idade (anos) 20,6+1,7
Estatura (m) 1,65+0,067
Massa corporal (Kg) 57,7+8,8
IMC (kg/m2) 21,2+2,6
Flexão de joelho (Kg) 28,9+13,6
Extensão de joelho (Kg) 45+15,4
Razão (%) 64
Legenda: m = metros; Kg = quilogramas; IMC = índice de massa corpórea; m2 = metros ao
quadrado; % = porcentagem.

DISCUSSÃO
No presente estudo a razão entre os flexores e os extensores do joelho foi de 64%,
corroborando o estudo de MELLO (2008) que analisou a relação de força dos flexores e
extensores, de forma concêntrica, entre indivíduos com e sem osteoporose.
Aagaard (1998), argumenta que valores inferiores de 60% indicam a predominância da
musculatura extensora ou déficit da musculatura flexora, caracterizando um desequilíbrio
muscular na articulação do joelho, com aumento da predisposição de ocorrer lesões. Já para
Fleck et al (1986) depende da população testada, sendo normal para o intervalo entre 56% e
80%.
No entanto, KELLIS et al (1995) considera normal valores aproximados de 60%, a
qual juntamente com BATZOPOULOS (1998), encontraram uma variação considerável (45%
a 90%) na razão extensão-flexão de joelhos em adolescentes.

CONCLUSÃO
Os dados do presente estudo indicam que universitários não treinados apresentam
razão I/Q dentro da faixa de normalidade preconizada pela literatura.

REFERÊNCIAS
AAGAARD, P. et al. A new concept for isokinetic hamstring: quadriceps muscle strength
ratio. Am. J. Sports Med., v.26, n ° 2, p. 231-237, 1998.

BALTZOPOULOS,V.; KELLIS, E. Isokinetic strength during childhood and adolescence In:


Van Praagh E, Van Praagh E, editors. Pediatric Anaerobic Performance. Champaign, IL:
Human Kinetics, p. 225-240, 1998.
FLECK, S.J.; FALKEL, J.E. Value of resistance training for the reduction of sports injuries.
Sports Med., v.3, p. 8-61, 1986.

LIBARDI, C.A.; et al. Comparação de Testes de 1RM e 10RMs em homens jovens treinados.
Saúde em Revista, v.9, n° 22, p. 31-37, 2007.

MAGALHÃES, J. et al. Avaliação isocinética da força muscular de atletas em função do


desporto praticado, idade, sexo e posições específicas. Revista Portuguesa de Ciências do
desporto, vol. 1, n° 2, p.13-21, 2001.

MELO, et al. Avaliação da força muscular de flexores e extensores de joelho em indivíduos


com e sem osteoartrose. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho
Humano, v. 10, n°4, 2008.

KELLIS, E.; BALTZOPOULOS, V. Isokinetic eccentric exercise. Sports Med., v.19, p. 210-
212, 1995.

ROSENE, J.M.; FOGARTY, T.D.; MAHAFFEY, B.L. Isokinetic hamstrings:quadriceps ratios


in intercollegiate athletes. J. Athletic Training, v. 36, p. 378-383, 2001.

SILVA, B.G.C. Comparação da função muscular do quadríceps femoral e isquiotibiais nos


equipamentos isocinético e de resistência variada. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

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