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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Pesquisa Jurisprudencial elaborada por:

Lucas de Oliveira Felizardo, matrícula n° 20200026470

Pesquisa apresentada ao professor Rodrigo


Borges, referente à disciplina de Direito Civil II (IH196).

Seropédica/RJ

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Introdução: A pesquisa consiste da análise de jurisprudências advindas do STJ acerca
do não cumprimento de obrigações em função de casos fortuitos e/ou de força maior.
Portanto, foram analisados três (3) acórdãos com decisões favoráveis ao excludente da
responsabilidade de uma de suas partes.

• ACÓRDÃO I

Processo: REsp: 974138 / SP

RECURSO ESPECIAL 2007/0179180-9

Relator(a): Ministro RAUL ARAÚJO

Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA

Data do Julgamento: 22/11/2016

Data da Publicação/Fonte: DJe 09/12/2016

Ementa: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO. METROPOLITANO. ROUBO COM ARMA BRANCA SEGUIDO
DE MORTE. ESCADARIA DE ACESSO À ESTAÇÃO METROVIÁRIA.
CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
CIVIL. PRECEDENTES. APELO PROVIDO.

1. Nos termos da jurisprudência firmada nesta Corte Superior, a responsabilidade


do transportador em relação aos passageiros é objetiva, somente podendo ser
elidida por fortuito externo, força maior, fato exclusivo da vítima ou por fato
doloso e exclusivo de terceiro - quando este não guardar conexidade com a
atividade de transporte. 2. Não está dentro da margem de previsibilidade e de risco
da atividade de transporte metroviário o óbito de consumidor por equiparação
(bystander) por golpes de arma branca desferidos por terceiro com a intenção de

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subtrair-lhe quantia em dinheiro, por se tratar de fortuito externo com aptidão de
romper o nexo de causalidade entre o dano e a conduta da transportadora. 3.
Recurso especial provido.

Acórdão: Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas,
decide a Quarta Turma, por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira
(Presidente), Marco Buzzi e Luis Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro
Relator. Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Maria Isabel Gallotti.

Análise: O caso em questão visa a exigência de indenização por danos morais na


quantia de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) assim como um salário
mínimo a ser creditado em conta bancária da requerente uma vez a cada mês em
função da morte de seu filho, menor de idade, nas adjacências da provedora de
serviço de transporte público.

A princípio, cabe ressaltar que o evento trágico ao qual a requerente aponta como
responsabilidade da empresa responsável por operação da rede de metrô foi
efetuada com arma branca a ser utilizada por terceiro, tal ato escapa do
entendimento do risco de empreendimento assumido pela operadora de transporte,
configurando, portanto, caso fortuito. O art. 343 do Código Civil, por fim,
estabelece que o devedor é isento de reparação dos danos resultantes de caso
fortuito, que não podem ser previstos ou evitados, sobre os qual não retém
qualquer ligação de causalidade. Para além, a agressão disparada por terceiro na
intenção de subtrair quantia de dinheiro do menor sequer foi executada sob
supervisão da operadora.

Assim o sendo, não cabe responsabilizar a operadora de metrô por delito cometido
por terceiro, não sendo possível que se proceda com qualquer oneração ao seu
patrimônio a fim de indenizar a requerente.

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• ACÓRDÃO II

Processo: REsp 0011647-42.2007.8.19.0066 / RJ


RECURSO ESPECIAL 2013/0321068-2
Relator(a): Ministro MOURA RIBEIRO
Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA
Data do Julgamento: 23 de Junho de 2015
Data da Publicação/Fonte: DJe 01/07/2015
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORREIOS.
ROUBO DE CARGAS. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
EXCLUSÃO. MOTIVO DE FORÇA MAIOR.
1. É do terceiro a culpa de quem realiza disparo de arma de fogo para dentro de
um shopping e provoca a morte de um frequentador seu.
2. Ausência de nexo causal entre o dano e a conduta do shopping por configurar
hipótese de caso fortuito externo, imprevisível, inevitável e autônomo, o que não
gera o dever de indenizar (art. 14, § 3.º, II, do CDC). Precedentes.
3. Relação de consumo afastada.
4. Recursos especiais providos.

Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Senhores Ministros da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, em dar provimento aos recursos especiais,
nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros João Otávio de
Noronha, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva (Presidente) e
Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator. Dr (a). SÉRGIO
VIEIRA MIRANDA DA SILVA, pela parte RECORRENTE: CONDOMÍNIO
DO SIDER SHOPPING CENTER.

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Análise: O caso supracitado aborda um pedido de indenização por danos morais
à família de um indivíduo que fora assassinado na porta de um estabelecimento
por terceiro que agira, premeditadamente, em função de desavença.
O recurso especial apresentado pela ré apresenta a hipótese de que o delito
cometido por um terceiro contra um de seus consumidores, fugira do escopo de
risco de empreendimento compreendido por seu modelo de negócios, um
Shopping Center, este que, ainda que contasse com a presença de equipe de
vigilância e segurança, não tinha capacidade para aplacar a ação de disparo de
arma de fogo contra alguém que ocupava o espaço físico mais externo de suas
dependências. A ré alega também que há clareza para o entendimento de que não
houve, de sua parte, qualquer conduta, quer seja ativa ou omissiva, que
possibilitasse ou favorecesse o disparo contra o indivíduo em questão, portanto,
entende-se a configuração de caso fortuito, uma vez que o dano causado ao
familiar da requerente não poderia ser previsto ou evitado pela equipe de
segurança e vigilância do shopping.

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2021.1
• ACÓRDÃO III

Processo: EREsp 9117-16.2008.8.16.0001 PR


RECURSO ESPECIAL 2016/0258435-2
Relator(a): Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento: 02/05/2017
Data da Publicação/Fonte: DJe 09/05/2017

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INEXISTÊNCIA DO
NEXO CAUSAL. CASO FORTUITO. REEXAME DE MATÉRIA
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO.
1. O Tribunal de origem consigna a inexistência do dever de indenizar pois o
evento danoso narrado nos autos decorreu de caso fortuito, isto é, ocorreu em
razão de tempestade e fortes ventos. A reforma do aresto, neste aspecto, demanda
inegável necessidade de reexame de matéria probatória, providência inviável de
ser adotada em sede de recurso especial, ante o óbice da Súmula 7 desta Corte.
2. Agravo interno não provido.

Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Quarta Turma


do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Maria Isabel
Gallotti (Presidente), Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr.
Ministro Relator.

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Análise: O caso julgado acima, confirma, mais uma vez, a existência de caso
fortuito, visto o afastamento de nexo e relação entre os danos causados pelas
tempestades e o comportamento da prestadora de serviço, não havendo, por
conseguinte, a responsabilidade civil de indenização pelos danos sofridos.

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Referências:
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único / Flávio Tartuce. 7. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017
Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 974138 SP 2007/0179180-9
LINK: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/863293926/recurso-especial-resp-974138-sp-
2007-0179180-9 (Acessado em 05/12/2021)
Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 0011647-42.2007.8.19.0066 RJ
2013/0321068-2
LINK: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/863978537/recurso-especial-resp-1440756-rj-
2013-0321068-2
Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL : AgInt nos EDcl no AREsp 0009117-
16.2008.8.16.0001 PR 2016/0258435-2
LINK: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/465697451/agravo-interno-nos-embargos-de-
declaracao-no-agravo-em-recurso-especial-agint-nos-edcl-no-aresp-992108-pr-2016-0258435-2

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