C2_2A_VERMELHO_PORT_Carlos_2022.

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Palavras-chave:
Realismo x Parnasianismo • Poesia realista

23 x Simbolismo • Poesia parnasiana

• Poesia simbolista

Exercícios Resolvidos

Texto para o teste . Texto para o teste .

NEL MEZZO DEL CAMIN... CÁRCERE DAS ALMAS

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
E triste, e triste e fatigado eu vinha. Soluçando nas trevas, entre as grades
Tinhas a alma de sonhos povoada, Do calabouço olhando imensidades,
E a alma de sonhos povoada eu tinha... Mares, estrelas, tardes, natureza.

E paramos de súbito na estrada Tudo se veste de uma igual grandeza

Da vida: longos anos, presa à minha Quando a alma entre grilhões as liberdades
A tua mão, a vista deslumbrada Sonha e, sonhando, as imortalidades
Tive da luz que teu olhar continha. Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Hoje, segues de novo... Na partida Ó almas presas, mudas e fechadas

Nem o pranto os teus olhos umedece, Nas prisões colossais e abandonadas,
Nem te comove a dor da despedida. Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

E eu, solitário, volto a face, e tremo, Nesses silêncios solitários, graves,

Vendo o teu vulto que desaparece Que chaveiro do Céu possui as chaves
Na extrema curva do caminho extremo. Para abrir-vos as portas do Mistério?!
(Olavo Bilac, 1865-1918) (CRUZ E SOUSA, J. Poesia Completa.
Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura /
 (CESMAZON – modificado – MODELO ENEM) – O soneto Fundação Banco do Brasil, 1993.)

acima é de Olavo Bilac, eleito em sua época o príncipe dos poetas

brasileiros. Apesar de sua vinculação ao Parnasianismo, o poema  Os elementos formais e temáticos relacionados ao
contexto cultural do Simbolismo encontrados no
chama a atenção por apresentar um eu lírico que se
poema “Cárcere das Almas”, de Cruz e Sousa, são
a) oculta na objetividade característica do período realista.
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de
b) mostra equilibrado na manifestação de seus sentimentos.
temas filosóficos.
c) aproxima das propostas temáticas amorosas românticas.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática
d) identifica com o ideário simbolista ao valorizar os sonhos.
nacionalista.
e) mostra desencantado diante das opressões da sociedade.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico
Resolução
de temas universais.
O soneto, embora obedeça aos moldes parnasianos quanto à forma,
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social,
afasta-se da impassibilidade, deixando transparecer a sensibilidade
expressa em imagens poéticas inovadoras.
romântica. A tensão emocional é notada na primeira estrofe por conta
e) a liberdade formal da estrutura poética, que dispensa a rima e a
de vocábulos como: “triste”, “alma”, “sonhos”, “pranto”, “dor”,
métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.
que nos remetem à atmosfera do amor e dor dos românticos, porém
Resolução
sem o exagero deles.
O refinamento estético e o tratamento metafísico de temas
Resposta: C
universais, no caso a transcendência e a perenidade da alma, são
características evidentes do poema simbolista “Cárcere das Almas”.
Resposta: C

132 PORTUGUÊS
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Textos para as questões de  a .
Texto 1
A UM POETA
Surge et ambula1
Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,
Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio d’esses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...
Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faz espada de combate!
(QUENTAL, Antero de. Poesia e Prosa.
Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1957. p. 40.)
Texto 2
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
PORTUGUÊS
Exercícios Propostos
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(BILAC, Olavo. Tarde. Rio de Janeiro:
Livraria Francisco Alves, 1919. p. 118-119.)
1 – Surge et ambula (latim; pronúncia: súrgue ét ámbula): levanta e anda.
 (MODELO ENEM) – Antero de Quental qualifica seu
sacerdote
interlocutor como “levita”. Olavo Bilac, por meio do adjetivo
“beneditino”, associa-o a um monge da ordem de São Bento.
ruído, estrondo
Trata-se de imagens que expressam um caráter
a) voltado para o misticismo.
b) santificado em seu meio.
c) afastado das questões sociais.
d) misterioso, hermético.
e) redentor de seus semelhantes.
RESOLUÇÃO:
Antero de Quental usa o termo “levita” para se referir a um caráter
próximo de uma atitude religiosa, de quem está meditando à
sombra dos cedros seculares, afastado das lutas, das questões de
ataque
seu meio. Essa mesma ideia aparece em “beneditino”, vocábulo
que Olavo Bilac utiliza para qualificar o poeta como um ser que,
isolado em seu quarto, em seu claustro, se coloca longe das
agitações da sociedade, do “turbilhão da rua”. Em Antero de
Quental, essa imagem é depreciativa. Em Olavo Bilac, essa
matáfora conota o ideal artístico. [Competência 6, Habilidade 18 e
Competência 7, Habilidade 22 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
 (MODELO ENEM) – O título dos dois poemas indica que
os sonetos configuram um conselho do enunciador ao seu
interlocutor. Para cumprir esse objetivo, o eu poemático de
cada um dos sonetos lança mão de formas verbais do
a) pretérito perfeito do indicativo, para recorrer à tradição
acumulada e, portanto, respeitada.
improdutivo b) imperativo, para transmitir uma exortação, isto é, uma
incitação ao destinatário a uma tomada de atitude.
c) presente do indicativo, para expressar uma verdade
universal e, portanto, inquestionável.
d) particípio, para representar os padrões estéticos
cristalizados que se impõem aos novos escritores.
e) presente do subjuntivo, para possibilitar a veiculação de
propostas aceitáveis no plano estético.
RESOLUÇÃO:
O imperativo é a forma verbal adequada para a expressão de
conselhos, como os que são dados nos dois sonetos em análise.
Exemplos dessas formas verbais são “acorda”, “escuta”,
“ergue-te” e “faz” (texto 1) e “escreve”, “trabalha”, “teima”,
“lima”, “sofre”, “sua” (texto 2). [Competência 6, Habilidade 18
das Matrizes do ENEM.]
Resposta: B
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 Indique quais funções da linguagem estão presentes, de
maneira expressiva, nos dois sonetos. Explique.
RESOLUÇÃO:
Os dois sonetos apresentam, obviamente, a função poética, visto
que constituem uma maneira especial de organizar a linguagem,
como se nota no uso de verso decassílabo, esquema regular de
rimas, estrofação rígida, bem como de conotação. Além disso,
valem-se da função conativa da linguagem, pois são discursos em
que o enunciador procura motivar seu interlocutor, o que se
verifica principalmente no uso de verbos no imperativo afirmativo
na segunda pessoa do singular. Por fim, há função
metalinguística, já que ambos discorrem sobre o fazer poético, ou
seja, consistem no uso do código voltado sobre si mesmo.
 O eu poemático do texto de Antero de Quental qualifica
seu interlocutor como “soldado do Futuro”, enquanto o de
Olavo Bilac associa o destinatário de seu discurso a um monge
da ordem de São Bento (“beneditino”). Que concepções de
poeta e, por extensão, do papel da poesia essas denominações
permitem inferir no contexto de cada poema?
RESOLUÇÃO:
Quando Quental chama o poeta de “soldado do Futuro”, infere-se
uma concepção segundo a qual esse artista, assim como seu
trabalho, devem se voltar para a luta por um mundo novo. Bilac,
no entanto, assume postura oposta, pois, quando aconselha que
o poeta deve se comportar como um monge beneditino, isto é,
isolado no “aconchego do claustro”, revela uma concepção do
fazer literário desconectado das preocupações sociais. Em
resumo, o primeiro, tipicamente realista, defende uma postura
engajada, enquanto o segundo, tipicamente parnasiano, defende
uma postura de exclusão do mundo sociopolítico.
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Texto para as questões de  a .
VIDA OBSCURA
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto de prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!
(CRUZ E SOUSA, J. Obra Completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.)
 (MODELO ENEM) – O soneto acima é de Cruz e Sousa,
um dos mais importantes representantes do Simbolismo
brasileiro. Sua vinculação a essa escola literária é perceptível
por apresentar
a) abordagem mística como caminho para que se alcance o
transcendente.
b) postura funesta metaforizada em série de imagens ligadas
ao sombrio.
c) a dor existencial como elemento responsável para a
obtenção da transcendência.
d) linguagem sinestésica, em que percepções físicas e
psicológicas se fundem.
e) simbolismo cromático, com o qual as cores têm sentido
denotativo.
RESOLUÇÃO:
A dor existencial levou o eu lírico “ao saber de altos saberes”.
[Competência 5, Habilidade 16 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: C
PORTUGUÊS
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 Com uma obra densa e expressiva no
Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs
para seu lirismo uma sensibilidade em
conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção
traduz-se em
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela
discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento
social.
Segundo o poeta francês Paul Verlaine, um dos
teorizadores do Simbolismo, a musicalidade sugestiva deve vir
antes de tudo num poema. Partindo desse pressuposto, faça
um comentário sobre a expressividade das rimas em u no
sentido do poema “Vida Obscura”.
RESOLUÇÃO:
O sentido do poema revela a dor existencial do eu lírico num
mundo sombrio, martirizante. A vogal u é posterior, fechada,
chamada também de escura, e expressa, no plano sonoro desse
poema, o clima agônico “negro e duro” que envolve o emissor.

c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas

degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades
intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
RESOLUÇÃO:
O “sofrimento tácito” (tácito significa “calado”) é expresso em
“silêncio escuro”, e a “discriminação” tematizada no poema tem
sua causa sugerida no grande número de palavras que, desde o
título, remetem à condição do homem negro, filho de escravo.
[Competência 5, Habilidade 15 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: A

 (MODELO ENEM) – Em virtude de sua índole

anticientificista, o Simbolismo mostrou-se como um
contraponto ao estilo realista. Além disso, a abordagem
subjetiva da realidade fez que os simbolistas se opusessem à
postura parnasiana. No entanto, Cruz e Sousa exibe, em “Vida
Obscura”, pontos de contato com a poesia do Realismo e do
Parnasianismo, o que se observa no fato de o poema
apresentar, respectivamente,
a) tema espiritualista e plasticidade verbal.
b) abordagem subjetiva e forma fixa (soneto).
c) vocabulário rebuscado e postura alienada.
d) questão social e rigor formal.
e) rima rica e versos livres.
RESOLUÇÃO:
Cruz e Sousa verbaliza, em “Vida Obscura”, sua consciência a
respeito dos problemas sociais, mais especificamente da
opressão causada pela escravidão ao negro. Trata-se de um ponto
de contato com o Realismo. Além disso, expressou-se por meio de
um soneto, forma poemática marcada pelo rigor formal,
preocupação marcante do Parnasianismo. [Competência 5,
Habilidades 16 e 17 das Matrizes do ENEM.]
Resposta: D

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