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Slide 1 – Acordos Bilaterais e Convenções entre Brasil e Alemanha

Diante do caso apresentado a primeira pergunta que surge é: onde


Regina e sua esposa devem ajuizar uma ação de indenização? no Brasil ou na
Alemanha? Para responder a essa pergunta, deve ser levado em consideração
diversos fatores.
Em primeiro lugar, deve-se considerar a existência de Acordos Bilaterais
e Convenções entre Brasil e Alemanha, tendo em vista que são fundamentais
para a escolha do foro adequado no caso de uma ação de indenização. Esses
acordos regulam a cooperação jurídica internacional e estabelecem diretrizes
para a prevenção, investigação e punição de crimes transnacionais, incluindo o
tráfico de drogas.
Ressalto aqui que o Brasil e Alemanha são signatários de importantes
convenções, como a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e a
Convenção de Palermo, que é a Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional, inclusive em Tráfico de Drogas. Essas
convenções facilitam e garantem a comunicação e colaboração entre as
autoridades judiciais dos países.
Além disso, destaca-se o Decreto nº 7.687/2012, que trata da parceria e
cooperação em matéria de segurança pública entre Brasil e Alemanha, que
dispõe em seu artigo 4º que as partes contratantes cooperarão no combate a
crimes transnacionais, executando, a pedido de uma das partes, medidas de
ordem policial previstas em seu ordenamento jurídico nacional, fortalecendo a
assistência mútua entre os países em casos de criminalidade transnacional.
Em suma, os acordos bilaterais e convenções entre Brasil e Alemanha
são relevantes para o caso em questão, pois possibilitam a cooperação jurídica
internacional e fornecem diretrizes para a prevenção, investigação e punição
de crimes transnacionais, incluindo o tráfico de drogas.

Slide 2 - Regras de Competência Internacional e Jurisdição:

Além disso, é importante levar em consideração as regras de


competência internacional, que são essenciais para determinar qual país
possui jurisdição sobre o caso. No Brasil, a competência internacional é
regulada pelo Código de Processo Civil (CPC), podendo ser concorrente ou
exclusiva.
Nesse contexto, mais especificadamente falando da competência
concorrente, o no Art. 21, III, do CPC, dispõe que compete à autoridade
judiciária brasileira processar e julgar as ações quando o evento ou fato tenha
ocorrido no Brasil. Assim, considerando que o fato que deu causa à prisão
injusta ocorreu no Brasil, é possível argumentar que a jurisdição brasileira é
competente para julgar a ação de indenização.
No entanto, isso não exclui a possibilidade da ação ser julgada também
pela jurisdição alemã, tendo em vista que as regras de competência
internacional podem permitir que a ação seja ajuizada tanto no Brasil quanto na
Alemanha, dependendo das regras de competência internacional aplicáveis e
dos critérios estabelecidos pelo CPC brasileiro e pela legislação processual
alemã.

Slide 3 - Legislação Alemã e a StrEG:

No que tange a legislação processual alemã, destaco aqui a Lei de


Indenização para Medidas de Persecução Penal (StrEG), que é uma Lei
Federal alemã que estabelece os requisitos, procedimentos e critérios para a
concessão de indenização pelo Estado para aqueles que foram injustamente
perseguidos em um processo penal, desde que tenham sofrido danos.
Essa Lei regula os casos de indenização por consequências de
condenações ou por outras medidas de persecução penal, como prisão
preventiva, e dispõe em seu §7 critérios e valores para a indenização de
pessoas submetidas a medidas de persecução penal injustas ou infundadas.
Além disso, o §2 da StrEG, estabelece que aqueles que sofreram danos
devido ao cumprimento da prisão preventiva ou de outra medida de persecução
penal podem ser indenizados pelo Estado, desde que sejam absolvidos, o
processo seja arquivado ou o tribunal rejeite a abertura do processo principal
contra eles.
A indenização por dano patrimonial é concedida apenas se o dano
comprovado exceder o valor de vinte e cinco euros, conforme estabelecido no
§7, parágrafo 2 da StrEG. Além disso, a indenização por dano não patrimonial
é fixada em 75 euros por cada dia iniciado de privação de liberdade, de acordo
com o §7, parágrafo 3 da StrEG.
Considerando a existência da StrEG na legislação alemã, é importante
avaliar as possibilidades de indenização disponíveis para Regina, que passou
30 dias injustamente na prisão na Alemanha.

Conclusão:

Diante dos pontos abordados nos slides, a escolha do foro para ajuizar a
ação de indenização dependerá da análise das regras de competência
internacional, levando em consideração os acordos bilaterais e convenções
entre Brasil e Alemanha, bem como da legislação brasileira e alemã aplicáveis
ao caso.
A jurisdição brasileira pode ser considerada competente com base no
Art. 21, III, do CPC, devido ao fato que originou a prisão injusta ter ocorrido no
Brasil. No entanto, a jurisdição alemã também pode ser considerada,
considerando a aplicação das regras de competência internacional e a
possibilidade de acionar a Lei de Indenização por Perseguição Penal (StrEG)
da Alemanha.

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