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LOCOMOÇÃO DE

TRENS
FERROVIÁRIOS
Profª. Barbara Bezerra
Departamento de Engenharia Civil
UNESP/Bauru

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Locomoção de Trens
 O movimento de uma composição ferroviária
depende de:
 Forças que atuam sobre ela - determinam a
velocidade e a aceleração em função da potência
dos motores da locomotiva, declividade da rampa,
peso da composição, etc.

 Regras estabelecidas para operação - determinam a


velocidade máxima permitida ao longo do trecho
em função das passagens de nível, curvas, estado
da linha, zonas urbanas, etc.

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 Os princípios básicos de movimento de um
veículo livre de congestionamento são dados
pelas leis de Newton.
1. Todo corpo permanece em repouso ou em
movimento retilíneo uniforme ao menos que
lhe apliquem uma força.
2. Uma força causa uma alteração de movimento
proporcional ao momento e no sentido em que
é aplicada
3. Toda ação entre dois corpos,provoca uma
reação oposta.

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Locomoção de Trens
 FORÇAS ATUANTES SOBRE UMA
LOCOMOTIVA EM MOVIMENTO

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Locomoção de Trens
 Locomotiva em trecho plano:

 Ft – R > 0 (movimento de aceleração)

 Ft – R < 0 (movimento de desaceleração)

 Ft – R = 0 (Vcte , velocidade de equilíbrio)

 Ft  força motriz ou força de propulsão

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Propulsão
Forças de Propulsão
 Trabalho W produzido por uma força F:

W = Ft S

 W: trabalho [N.m ou J];


 Ft : força de propulsão [N]; e
 S: distância [m].

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Forças de Propulsão
dW dS
P  Ft  Ft v
dt dt
 P : potência [N.m.s-1 ou W];
 Ft : força de propulsão [N]; e
  : velocidade [m/s]

P • P : potência da locomotiva [kW]


Ft  3600 • V : velocidade [km/h]
V

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Forças de Propulsão
P
Ft  2685 1 hp = 745,7 W e 1m/s = 3,6 km/h
V P = potência em horse-power [hp]

V = velocidade [km/h]

P 1 cv = 735,5 W
Ft  2649
V P = potência em cavalos-vapor
[cv]

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Forças de Propulsão
P
Ft   3600 , onde  é a eficiência da transmissão.
V
 = 0,81 (eficiência da transmissão de locomotivas diesel-elétricas).

Portanto,
P
Ft  2916 , P [kW] ; V [km/h]
V
P
P Ft  2175 , P [hp]
Ft  2146 , P [cv] V
V
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Locomotivas Diesel-Elétricas
 Componentes do sistema de tração das locomotivas diesel-elétricas

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Locomotivas Diesel-Elétricas
 Motor elétrico de tração:
A velocidade de rotação
do motor determina a
velocidade da locomotiva

O torque determina a
força motriz produzida
para mover o trem

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Forças de Propulsão
 Limites de operação das locomotivas diesel-
elétricas
•Os motores de tração usados
em locomotivas diesel-elétricas
são projetados para operar
abaixo de uma corrente elétrica
máxima e abaixo de uma
voltagem máxima.
•Esses limites determinam o
intervalo de velocidades em que
a locomotiva pode ser operada
sem que seus motores de tração
sejam danificados.

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Forças de Propulsão
Se a potência P for mantida constante, a
relação entre o esforço trator Ft e a
velocidade V de uma locomotiva tem o
formato hiperbólico, como indica a equação:

P
Ft  2175
V

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Forças de Propulsão
•Essa função hiperbólica é uma
curva de potência constante (ou
isopotência), limitada de um lado
pela corrente máxima, que limita o
força motriz máxima e de outro
pela voltagem máxima, que limita a
rotação do motor elétrico e, por
conseqüência a velocidade máxima
da locomotiva.
•Logo a região em que é possível
operar a locomotiva é a contida
entre estes dois limites e a curva
de isopotência correspondente à
potência máxima da locomotiva.

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Forças de Propulsão
 Limite de tração por aderência das rodas
Nos veículos terrestres que usam rodas, a tração dá-se em
função do atrito entre as rodas e a via. Sem esse atrito, o
movimento não é possível.

•O torque T corresponde a um
conjugado T = Ft.r
•Na zona de contato da roda com o
trilho surge uma força Fa = N.f, que
se opõe ao deslizamento da roda e
é chamada de aderência, onde N é
a normal ao peso e f é o
coeficiente de aderência.
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Forças de Propulsão
 Limite de tração por aderência das rodas
Quando uma roda motriz é submetida a um
torque T, existem duas possibilidades:
•Ft > Fa (o torque é insuficiente e a roda fica
patinando, sem que haja movimento).
•Ft < Fa (a força de atrito é suficiente para
impedir que a roda patine, havendo, portanto,
movimento)
O coeficiente de aderência f não é um valor
constante, mas varia com as condições da
superfície do trilho: seca, molhada, limpa, suja
de óleo ou com gelo.
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Forças de Propulsão
 Coeficientes de aderência (f ) das rodas

Estado do trilho Aderência


Totalmente seco e limpo 0,33
Lavado pela chuva 0,33
Seco e limpo 0,22
Seco 0,20
Molhado pela chuva 0,14
Úmido de orvalho 0,13
Úmido e sujo 0,11
Sujo com óleo 0,10
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Forças de Propulsão
 Limite de tração por aderência das rodas

No Brasil geralmente é utilizado um valor médio de 0,22 para


o coeficiente de aderência.

Considere a seguinte expressão: Ftmax = f Td , com

Ftmax: força motriz máxima [N]


f: coeficiente de aderência
Td: peso aderente da locomotiva [N]
Ftmax é a força motriz máxima que pode ser exercida sem
que as rodas motrizes patinem.

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Forças de Propulsão
 Limite de tração por aderência das rodas
O peso aderente é o peso que atua sobre as rodas
motrizes da locomotiva.
A limitação por aderência é sempre menor que a limitação
pela corrente elétrica máxima, como uma forma de
prevenir a queima dos motores de tração por descuido do
operador da máquina.
A velocidade máxima que pode ser que alcançada pela
locomotiva é determinada pelo limite da voltagem, mas
as regras de operação (determinadas pelo projeto
geométrico e pelo estado de conservação da via)
normalmente fazem com que a velocidade máxima seja
menor que esse limite.
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Forças de Propulsão
 Limite de tração por aderência das rodas

Limite por aderência

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Consumo de combustível
 Proporcional ao trabalho realizado pelo motor
z=W.r
 z combustível consumido, em litros
 W trabalho total realizado, em N.m
 r coeficiente de consumo, em litros.N-1.m-1
(r = 0,11 litros.kN-1.km-1 para locomotivas)

 Trabalho total realizado pela locomotiva


W =  Ft (i) . di

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Resistência ao movimento
Resistência ao movimento
 Componentes:
 Rr : resistência de rolamento

 deformação da roda e trilho,


atrito interno, etc.
 Ra : resistência do ar
 deslocamento na atmosfera
 Rg : resistência de rampa
 componente do peso
 Rc : resistência de curva
R  Rr  Ra  Rg  Rc  força centrífuga e arrasto das
rodas externas

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Resistência básica
 Componentes da resistência R
 Atuam sempre que existir movimento:

 Resistência de rolamento
 Resistência do ar
 Atuam esporadicamente:
 Resistência de rampa
 Resistência de curva
 Resistência básica ou resistência inerente ao
movimento Rt
 Rt = Rr + Ra

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Resistência de rolamento

 Causas principais:
 atrito entre partes móveis do truque

 deformação da roda e do trilho

 balanço e choques das rodas com os trilhos

 Atua sempre que existir movimento

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Fórmula de Davis
Rr  c1  G  c2  x  c3  G  V
 Usada para estimar a resistência de rolamento Rr
 G peso do veículo (vagão ou locomotiva), em kN;
 x número de eixos;
 V velocidade, em km/h;
 c1 efeito da deformação da roda e do trilho, c1 = 0,65;

 c2 efeito do atrito nos mancais, c2 = 125;

 c3 efeito do atrito que varia com a velocidade do

trem
c3 = 0,009 (locomotivas e vagões de passageiros) ou
c3 = 0,013 (vagões de carga).

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Resistência aerodinâmica
Ra  ca  A  V 2

 Estima a resistência do ar para cada vagão ou


locomotiva
 Ra resistência aerodinâmica, em N;
 ca coeficiente de penetração aerodinâmica
 A área frontal, em m2; e
 V velocidade, em km/h.

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Resistência inerente ao movimento
 Rt = a + b.V + c.V2
 Resistência do ar só é
significativa em alta
velocidade
 Vantagem no aumento
de peso do veículo:
 redução na resistência

básica específica
 ganhos de

produtividade

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Resistência de rampa
 Para ângulos pequenos, sen a
= tan a
 Componente do peso
 Rg resistência de rampa,
em N;
 G peso, em kN;
 i declividade da rampa,
i em % (m/100 m)
Rg  P  tan a  P
100
i
Rg  1000  G  10  G  i
100
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Resistência de curva
 Superelevação transversal na
curva
 Resistência de curva
 compressão da roda no trilho
 arrasto das rodas externas

 Fórmula da AREA:
 Rc resistência de curva, em N
 G peso do veículo, em kN
 r raio da curva, em m
G
Rc  698
r
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Compensação de rampas em curvas
 Rampas íngremes
 100% da potência das locomotivas em uso

 Redução da rampa em curvas


 Evita a redução da velocidade nas curvas

 Redução na resistência de rampa =

resistência de curva
Rg(imax) > Rg(i) + Rc
 Só é necessária em rampas mais íngremes
que a rampa limite
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Rampa limite
 Maior rampa que não precisa ser compensada

Rgmax  Rg (ilim )  Rc 

10  G  imax  10  G  ilim  Rc
10  G  imax  Rc
ilim  
10  G
69,8
ilim  imax 
r
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Velocidade de equilíbrio
 Ft = Rr + Ra + Rg + Rc
 resultante nula
 força motriz = soma das

resistências das locomotivas e


dos vagões

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Efeito das rampas na velocidade de
equilíbrio

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Efeito das rampas na
velocidade de equilíbrio
 Resistência de rampa
 não varia com a

velocidade
 pode ser positiva

(subida)
 pode ser negativa

(descida)
 Parcela constante
somada à resistência
básica

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Frenagem
Frenagem de trens
 Frenagem dinâmica
 motores de tração são usados como geradores
 energia elétrica: devolvida para linha ou dissipada
em resistências
 Frenagem estática
 sapatas pressionadas contra as rodas por ar
comprimido
 freio a ar comprimido impede o deslocamento não
intencional do trem

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Força limite de frenagem
 Para a roda não travar
Q fs r < P ft r, ou seja,
Q fs < P ft
 Q força de compressão na

sapata
 fs atrito sapata-roda

 P peso do eixo

 ft atrito roda-trilho

F f lim  f t (nL N L  nV NV )

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Força máxima de frenagem
F f lim    f t (nL N L  nV NV )

 Maior força de frenagem que pode ser usada em


condições normais
 nL número de locomotivas

 NL normal ao peso da locomotiva

 nV número de vagões

 NV normal ao peso dos vagões

 ft coeficiente de atrito roda-trilho


  fator de eficiência,  = 0,30

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Comprimento Máx. do Trem
Comprimento máximo do trem
 Qual o número máximo de vagões que podem ser
rebocados pelo conjunto de locomotivas?
 Determinado a partir de:
 número e potência das locomotivas
 peso bruto total dos vagões e das locomotivas
 declividade das rampas no trecho
 capacidade de carga dos engates
 capacidade de reiniciar movimento em rampas
(aderência)

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Capacidade de carga dos engates
 Engate entre 1o. vagão
e última locomotiva é o
mais solicitado
 Capacidade do engate:
1500 kN
 Deve-se verificar se a
força máxima no engate
não supera 1500 kN:

Femax  Ft max  nL  RL

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Capacidade de reiniciar o
movimento em aclives
 Capacidade de parar e reiniciar o movimento
no aclive mais íngreme do trecho
 A aderência limita a força motriz máxima

usada para reiniciar o movimento


 A resistência ao reiniciar o movimento é

R = Rr + Rg
 Verificação da força motriz máxima:

Ft max  nL  f  Td
Ft max  Rr  Rg
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Roteiro para determinação do
comprimento máximo do trem
1. Calcular a capacidade de tração da locomotiva na rampa
crítica
Ft max = f(Vmin, f, Td)

2. Calcular quantos vagões uma locomotiva pode rebocar na


rampa crítica
Ft = RL + nV RV

3. Calcular quantos vagões são suportados pelo engate


Fe max  nV RV
4. Calcular o número de locomotivas para rebocar nV

5. Verificar se o trem reinicia o movimento na rampa crítica


Ft max = nL RL + nV RV  nL f Td

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Consumo de combustível
 Proporcional ao trabalho realizado pelo motor
z=W.r
 z combustível consumido, em litros
 W trabalho total realizado, em N.m
 r coeficiente de consumo, em litros.N-1.m-1
(r = 0,11 litros.kN-1.km-1 para locomotivas)

 Trabalho total realizado pela locomotiva


W =  Ft (i) . di

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