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A sociedade contra o social

Renato Janine Ribeiro


O BRASIL E A FILOSOFIA POLÍTICA
• Sem ação no horizonte, não há filosofia
política.
• Supervalorização dos clássicos (filosofia do
Primeiro Mundo).
• Filosofia política x Ciência política
• Ciência política: presente. Filosofia política:
passado e presente.
A SOCIEDADE CONTRA O SOCIAL ou A
SOCIEDADE PRIVATIZADA

• "A sociedade" x "social“

• Poder econômico x miséria

• Manutenção da hierarquia social.


• O social é aquilo que não pode tornar-se
sociedade.

• Economia x democracia
GRANDEZA E MISÉRIA DO
"POLITICAMENTE CORRETO"
• A atenuação de termos entendidos como
pejorativos pelas políticas PC é ridicularizada
no Brasil.

• O que é justo torna-se "sem graça", só o


politicamente incorreto teria humor.

• Rir do poder em vez de zombar da impotência.


IRACEMA OU A FUNDAÇÃO DO
BRASIL
• Iracema = América

• Iracema , a virgem tabajara consagrada a Tupã,


apaixona-se por Martim, guerreiro branco inimigo dos
tabajaras. Por esse amor abandona sua tribo,
tornando-se esposa do inimigo de seu povo. Quando
mais tarde percebe que Martim sente saudades de sua
terra e talvez de alguma mulher, começa a sofrer.
Nasce-lhe o filho, Moacir, enquanto Martim está
lutando em outras regiões. Ao voltar, ele encontra
Iracema prestes a morrer. Parte, então com o filho
para outras terras.
• Norma – Vicenzo Bellini (1831)

• O propósito de Alencar está em encontrar


nossas raízes, sem por em xeque um povo ou
outro. Com isso, reduz a parte que se dava aos
portugueses mas sem jamais lhe negar a
legitimidade. Os projetos das raízes e da
identidade constitui por si só um significativo
contraste com Bellini.
• A legitimação é um dos traços quase
essenciais de todo o pensamento voltado para
as raízes.

• O que faz o português conquistando-a, é pois


tomar a alma da mesma do mundo ameríndio.
Para ter os homens, era necessário começar
pela mulher. Para apossar-se da terra, era
preciso primeiro alcançar a alma.
• O objetivo de Alencar ao escrever Iracema é,
mais propriamente, “construtivo”. Aos
indígenas cabe um papel, mas desde que
saiba reconhecer e aceitar seu caráter
subalterno: é o que Poti cumprirá. A busca de
raízes aqui se inscreve.

• Podemos cuidar dos bens que nos deixou


Iracema, não do mal que em nós ficou sua
prematura partida.
• Se Caubi, o filho de Araquém, é “senhor do
caminho”, é sua irmã, Iracema, quem dá a
Martim as notas que permitem ocupar o país.
Sem a mulher, o homem é nada – é o que
entende, romântico, Alencar. Ou, sem a lenda
que legitime, não haveria como realizar uma
história nacional.
O REAL E SEU IMAGINÁRIO OU O FIM
DA ESQUERDA ILUMINISTA

• Uma das questões da doutrina econômica é a


da moeda como representação de riquezas.
Mas a moeda também pode ter o papel de
representar conteúdos menos tangíveis, não
econômicos, que constituem uma
nacionalidade.
•A nova moeda retoma o nome da velha moeda,
o real, de plural réis.

•Tivemos primeiro o cruzado (1986), voltamos,


com a reforma Collor, ao cruzeiro (1990). E em
1994, ao real, que foi anunciado pelo cruzeiro
real (1993).
• Real, plural réis, referia-se a el-rei de Portugal,
ou seja, o singular remetia ao governante
monárquico. Já real, plural reais, remete à
realidade.

• A eficácia simbólica do real foi inegável:


elegeu duas vezes um presidente de
República, cimentou uma aliança entre o
centro e a direita, privatizou as estatais,
acalmou por vários anos as tensões sociais.
•Já se a inflação decorre de equívocos, em
especial da fantasia de que subindo-se
nominalmente os preços ou os salários se ganha
mais, o que se pede da política econômica são
medidas, ou planos, que beneficiarão a todos
sendo, portanto, neutros no começo e positivos
a seguir. Dessa perspectiva, não há confronto
entre distintos interesses: há apenas a vitória da
razão sobre as paixões, ou das Luzes sobre
desejos mal elaborados.
• Uma racionalidade toda se apresenta como
capaz de promover a emancipação dos
homens de seus males. Os males que
padecemos não são mais expostos como fruto
da iniquidade social. Resultam, simplesmente,
de um engano no modo de perceber o mundo.
E é desse modo que o iluminismo se afasta de
sua conexão de esquerda.
3 PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE
IMAGENS

• 1- Grandes personagens da história brasileira


• 2- Tipos regionais
• 3- Natureza basicamente animal
• Temos uma proposta de identidade nacional,
como, aliás, sempre é o caso quando se trata
da moeda de um país.
• Por muito tempo, as personagens de nossa
história a quem se homenageava nas cédulas
de papel-moeda representavam sua vertente
mais oficial. Eram Tamandaré, Caxias, a
Princesa Isabel e o barão do Rio Branco.
• Com a nota celebrando Augusto Ruschi, deu-
se tom ecologista à produção da Casa da
Moeda, que agora prestigiava o cultor de
nossos beija-flores, o cientista que tentou
salvar-se de uma enfermidade fatal
recorrendo à pajelança indígena.
• Cada vez mais ouvimos, especialmente no
rádio, no comércio ou nos telefones de
telemarketing, um gerúndio desproposital.
“vamos estar falando com o senhor” ou “eles
estarão encontrando tal coisa”.
Mesmo ações que se dão no instante
(encontrar) são apresentadas no gerúndio
dando uma ideia de ação contínua.
• A cidadania renasceu, em 1985, ou o que
imaginávamos cidadania renasceu, como a
orfandade do pai presidencial.
UMA POLÍTICA SEM POLÍTICOS:
COLLOR E SENNA

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