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A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Semad

Senhora Marília Carvalho de Melo


Secretaria de Estado de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável MG

Prezada Senhora Marília;

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, parágrafo primeiro,


inciso IV, impõe o cabimento de exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade. (grifo nosso)

Salienta-se ainda, conceitualmente o Estudo de Impacto Ambiental têm o amparo na Resolução


do CONAMA nº. 237/1997, no artigo 1º, inc. III, conforme descreve:

III- Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos


aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco.

Neste ápice, visando regulamentar a matéria editou-se em nível federal a Resolução do


CONAMA nº. 01/1986, recepcionada pela Carta Magna de 1988, que dispõe em seu artigo 2º.
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;

II - Ferrovias;

III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº


32, de 18.11.66;

V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de


esgotos sanitários;

VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;

VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem
para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação,
abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de


Mineração;

X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou


perigosos;

Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia


primária, acima de 10MW;

XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,


siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hídricos);

XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;

XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100


hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais
ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de


relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e
estaduais competentes;

XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a


dez toneladas por dia.
Artigo 3º - Dependerá de elaboração de estudo de
impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à
aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por
lei, seja de competência federal. (grifo nosso)

Com base nas legislações em âmbito federal aplicável a


matéria ambiental, em destaque, a Constituição de 1988, que repartiu as
competências entre a União, Estados, Distrito Federal e em matéria de interesse
local, ao Município, entre os quais, a preservação do meio ambiente. Sendo
assim, através dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
Federal nº. 6938/1981), busca-se estabelecer mecanismos de controle
ambiental nas intervenções setoriais que possam vir a comprometer a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental.

Avicultura e Meio Ambiente

A avicultura é importante elemento que contribuem


muito com a economia do país, abastecendo o mercado interno e externo,
portanto é normal haver cobrança a respeito da qualidade do produto,
procedência e o que ele trás de benefícios ou malefícios para o meio ambiente,
dentro do seu ciclo de produção (RIBEIRA et al., 2010). Nos últimos anos tem-se
observado uma preocupação por diversos segmentos da sociedade, quanto aos
passivos ambientais dos sistemas de produção de aves de corte. Essa
preocupação é muito importante, pois a discussão possibilitará o
desenvolvimento desta cadeia produtiva com sustentabilidade, ou seja, onde
não somente a parte econômica será considerada, mas também as ambientais
e sociais (PALHARES, 2004). As atividades de produção de bens e serviços
sempre acarretarão algum impacto sobre o meio ambiente, seja ele impacto
positivo ou negativo. A redução dos impactos negativos e, ou, otimização das
alterações positivas, leva a empresa a custos com prevenção, controle ou,
eventualmente, com falhas em suas ações que afetem o meio ambiente
(CAMPOS, 1996). Atitudes preventivas em manejo ambiental são muito mais
fáceis de serem internalizadas pelos criadores produtivos e apresentam menor
custo de implementação e manejo do que as atitudes curativas, pois quando só
restam estas, os problemas ambientais já possuem dimensões por demasiado,
onde qualquer intervenção será acompanhada de choques culturais e
econômicos traumáticos para os sistemas. Palhares (2004) destaca que a
avicultura brasileira deve buscar seus próprios caminhos para resolução de seus
problemas ambientais, aprendendo com as experiências de outros países, mas
construindo soluções adaptadas às suas condições sociais, econômicas e
ambientais. A viabilização ambiental das granjas também é sinônimo de
abertura e, manutenção de mercados, pois, os consumidores mundiais
ressaltam a necessidade de se produzir com segurança alimentar, e os
consumidores dos países em desenvolvimento, além desta, ainda devem se
preocupar com o acesso do alimento a todos. Assim, as organizações produtivas
estão sendo direcionadas, pelo próprio fenômeno da globalização, a competir e
disputar mercado e, um dos requisitos fundamental que pode destacar é a
preocupação ambiental. Diante disto, as empresas assumem uma importância
fundamental, devendo substituir qualquer postura reativa, em relação às
questões ambientais, por uma postura pró-ativa (CALLENBACH, 1993; VALLE,
1995). A intervenção das atividades de avicultura no meio ambiente é
responsável pela geração de resíduos diversos, muitas vezes responsáveis pela
descaracterização da paisagem, alteração da cobertura vegetal e outros efeitos
ambientais adversos relacionados aos meios físico, biótica e antrópico
(MONTEIRO, 2009). Na operação e produção de frango geram anualmente um
grande volume de resíduos na forma de esterco, efluentes, camas de aves e aves
mortas (SEIFFERT, 2000). Esses resíduos podem ser tanto um recurso como um
poluente, no entanto o manejo adequado destes resíduos com altos conteúdos
de nutrientes possibilita um impacto ambiental mínimo (RONDÓN, 2008).
Segundo Magrini (1989) e Corrêa (1990), citados por Silva (1994), os Estados
Unidos da América foi o pioneiro na adoção de uma legislação federal sobre a
avaliação do impacto ambiental (AIA), seu nome National Environmental policy
Act of 1969 (NEPA) entrou em vigor em janeiro de 1970, estabelecia a
necessidade da preparação de uma declaração prevendo os impactos
ambientais para qualquer tipo de projeto (SUREHMA/GTZ, 1992). As ações do
ser humano a todo o momento geram impactos ao meio ambiente por usar
recursos naturais ou por produzir resíduo; influenciando direta e indiretamente
o meio em vive, por mais insignificante que possa parecer essa influência existe
e está aumentando a cada dia (MONTEIRO, 2009).

Todo projeto avícola atual tem a obrigação de garantir o


desenvolvimento sustentável da atividade. A avicultura, como qualquer outra
atividade produtiva, deve conter um processo de desenvolvimento que busque
atingir as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das
gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades. Nesse sentido, as
boas práticas de manejo têm um papel fundamental. A adoção de técnicas como
a reciclagem, o tratamento de dejetos, a compostagem de aves mortas e
reutilização da cama, entre outras, são alguns dos caminhos a serem trilhados
na constante busca para diminuir os impactos causados pela atividade no meio
ambiente.

Diante do exposto vimos solicitar de Vossa Senhoria para fins


de licenciamento ambiental a dispensa do Estudo de Impacto
Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (“EIA/RIMA”) para o
Empreendimento JÚLIO FLÁVIO VILEVA LAMOUNIER CPF 003.102.041-00
localizado na Fazenda Santa Ana zona rural de Paraopeba, Minas Gerais, sendo
que o mesmo não possui critério locacional e não obteve alteração na área útil,
na solicitação do processo via SLA nº 2022.12.01.003.0003425 foi requerido a
ampliação do empreendimento já detentor de Licença Ambiental na
modalidade de LAS/Cadastro e de acordo com a Deliberação Normativa 217 no
Cód G-02-02-1 Avicultura empreendimento com porte de 150.000 a 300.000 mil
cabeças se enquadram na modalidade LAS/RAS, que por vez através do TR –
Semad contempla as informações primordiais.

Esclarecemos que, a atividade em questão não causará


qualquer alteração no ecossistema local.

Em anexo segue o Relatório Ambiental Simplificado para


análise, pois todo sistema de gestão utilizado no empreendimento encontra-se
no mesmo.

Solicitamos o Relatório Técnico Prévio (RTP) de mudança de


modalidade emitido pelo órgão ambiental licenciador para o empreendimento,
pois o mesmo foi requerido nos documentos que devem ser anexados no
processo via SLA.

Agradecemos antecipadamente e colocamo-nos a disposição para maiores


esclarecimentos.

Paraopeba, Estado de Minas Gerais, 10 de março de 2023

Assinado de forma digital por


LUANA ROBERTA LUANA ROBERTA
FREITAS:10065950666 FREITAS:10065950666
Dados: 2023.03.10 15:38:10 -03'00'

Luana Roberta Freitas


Engenheira Ambiental
CREA nº 169140-D

JÚLIO FLÁVIO VILEVA LAMOUNIER CPF 003.102.041-00


Fazenda Santa Ana zona rural de Paraopeba, Minas Gerais.

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