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Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT 1

A “Epistola de Magnete”, de Petrus Peregrinus: experimento, técnica e tecnologia na


construção de instrumentos magnéticos.
Maria de Lourdes Bacha*

João Vannucci**
Introdução

O principal objetivo deste artigo é analisar a relação entre experimento, técnica e tecnologia
na construção de instrumentos magnéticos, a partir da “Epistola de Magnete”, de Petrus
Peregrinus. A magnetita foi registrada em trabalhos e poemas, desde Lucrécio, passando por
Santo Agostinho, sem que, no entanto, houvesse a preocupação do estudo das causas do
magnetismo e suas propriedades.
Em 1269, Petrus Peregrinus de Maricourt fez descrição detalhada da construção de uma
bússola, em forma de carta, conhecida como “Epistola de Magnete”. Seu trabalho se destacou
por seu caráter experimental, tendo conseguido descobrir e provar várias características do
magnetismo, além de apresentar desenhos, baseados em suas pesquisas, mostrando como
construir instrumentos magnéticos.
Petrus Peregrinus inovou ao teorizar os fatos observados por meio de experimentos,
registrando-os em sua “Epistola de Magnete”. Embora citado e elogiado por Roger Bacon, ele
foi ignorado na Europa, até que o astrônomo Willian Gilbert se referiu a ele em seu trabalho
DeMagnete em 1600.
No século XIX, se constituíram as noções modernas de progresso, evolução e
desenvolvimento. Bernal (1973|:23) considera que este foi um período de expansão (tanto da
população, como da indústria manufatureira, do comércio e do saber). Tais avanços pareciam
ilimitados e foram utilizados “para apregoar a conquista de um estado de progresso universal,
refletido no próprio mundo da natureza através da formulação das leis da evolução”. Com o
advento do capitalismo se afirmou também a ideia de que a economia havia encontrado suas
leis, “antes obscurecidas pela ignorância e pela superstição”. O liberalismo podia aspirar a
uma “justa distribuição da riqueza unicamente pela ação automática das leis de mercado”.
Para o autor, as estreitas relações existentes entre o progresso tecnológico e o avanço
científico, que embora não se limitem a um determinado período histórico, se revestem de
especial transcendência no século XIX.
De acordo como Évora (1992:xv), o século XIX, como a “época de ouro” da ciência se insere
historicamente em um período mais amplo que se inicia com a Revolução Francesa e se

*
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Pós-doutorado História da Ciência.
**
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Doutorado História da Ciência.
Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
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estende até a Primeira Grande Guerra. Essa época que teria dado origem a ciência
contemporânea, caracterizada pelo divórcio entre ciência e filosofia, “assistiu ao
desenvolvimento de métodos experimentais e matemáticos, fundados na dinâmica de Newton,
na química quantitativa de Lavoisier”. Foi marcada por “magníficos êxitos das ciências exatas
e naturais”, com aprimoramento de instrumentos de medidas de grande precisão e aplicações
técnico-industriais.

Organizam-se novos domínios da física, química e matemática, e já na primeira


metade do século XIX ocorrem importantes desenvolvimentos representados, por
exemplo, pela ascensão da teoria ondulatória da luz, do estudo da corrente elétrica
e da relação entre eletricidade e magnetismo, pelo inicio da termodinâmica e pela
determinação do principio de conservação de energia. A partir da segunda metade
do século XIX ocorre o estabelecimento da termodinâmica e da mecânica
estatística, surgem varias teorias eletromagnéticas, culminando com a descoberta
das ondas eletromagnéticas, e intensificam-se as pelicas relativas ao éter. Os
diferentes ramos da matemática têm, ao longo do século XIX, um magnifico
desenvolvimento que, juntamente com novas abordagens logicas dão origem a
matemática formalizada do século XIX (EVORA, 1992: xvi).

O século XIX se caracterizou como época de grande especialização das ciências, do


conhecimento e especialização/profissionalização dos cientistas, além de grupos de pesquisa
em laboratórios... No século XIX, a ciência ampliou sua abrangência, foram notórias as
tentativas de sistematizar as diversas áreas do saber, intensificaram-se os debates em todos os
ramos da ciência. Os assuntos de ordem científica e estética passaram a despertar o interesse
do grande público. Várias nações criaram instituições que buscavam o desenvolvimento de
estudos em prol do progresso da ciência. Nesse mesmo período, o termo “cientista” foi
cunhado. A criação de escolas técnicas no século XIX ampliou a difusão do saber científico,
gerando condições para novos avanços.

Novos fatos científicos são descobertos a cada dia em todo o mundo e eles
continuamente tornam necessário rever nossas teorias ou inventar novas. Ao mesmo
tempo, a ciência como um todo, torna-se mais completa e profunda. Desde o século
passado, a sua complexidade tem sido desenvolvida em tal grau que agora uma das
primeiras condições de um trabalho original é que seja suficientemente
especializado. A necessidade de separar as dificuldades de ordem para melhor
resolvê-las tornou cada vez mais necessária dividir o trabalho científico e esta
divisão do trabalho parece ter chegado a um clímax (SARTON, 1916:323-324).

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Portanto, é neste contexto, que se situa este trabalho.


A “Epistola de Magnete”

A “Epistola de Magnete” é datada de 1269, sendo composta de três páginas e meia, de 3.500
palavras, em letra pequena e apertada, difícil de ler e com grande número de abreviaturas.
Petrus Peregrinus foi contemporâneo de Roger Bacon, embora mais velho. Arnold (1904, p.
2) classifica-o como um homem de “cultura acadêmica, com mente mais pratica do que
especulativa”.
Roger Bacon tinha Peregrinus em alta estima, homenageou-o em seu Opus Tertium,
declarando que o mestre o havia inspirado no desenvolvimento dos meios de buscar a verdade
científica. Bacon também escreveu que Master John de Londres e Master Peter de Maricourt,
Picardia, eram os melhores matemáticos daquela época. Em outra passagem, Bacon
acrescentou que ninguém na Europa Ocidental entendia de experimentação como Master
Peter, “um homem que merece louvor nos trabalhos desta ciência (a arte de experimentar)”
(BACON, apud EISELE, 1985: 47).

Conheço apenas uma pessoa que merece elogios por seu trabalho na filosofia
experimental, pois ele não se importa com os discursos de homens e sua guerra
mundana, mas em silêncio e de forma diligente persegue as obras de sabedoria [...]
porque ele é um mestre da experiência. Por isso, ele conhece todas as ciências
naturais se pertencentes à medicina e alquimia ou a assuntos celestes e terrestres
[...] ele é hábil em agricultura e na medição de terras. Além disso, ele procura o
conhecimento para seu próprio bem ... (BACON, apud ARNOLD, 1904:3).

Pouco se sabe sobre o jovem Peregrinus. Graduou-se na Universidade de Paris, com “honras
escolásticas”. Deve seu sobrenome à pequena cidade francesa de Maricourt, na Picardia.
Quanto ao Peregrinus, o nome foi atribuído por ter visitado a Terra Santa, como membro de
uma das cruzadas da época. Dedicou-se ao estudo da mecânica, astronomia, química. Em
1269, participou do corpo de engenharia do Exercito Frances, no sitio â Lucena, no sudeste da
Itália, cidade que havia se revoltado contra o poder de Charles D’Anjou. A Peregrinus foi
dada a tarefa de fortificação do campo além da construção de maquinas para jogar pedras e
bolas de fogo na cidade sitiada (ARNOLD, 1904:3).
Foi, portanto, nesse cenário de guerra, que Peregrinus planejou o desenvolvimento de um de
mecanismo que pudesse manter a esfera astronômica de Arquimedes em rotação uniforme
durante certo período. Ao desenvolver o projeto, Peregrinus foi levado a considerar o
“fascinante problema do moto-perpétuo”. Entusiasmado, decidiu compartilhar suas

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informações com Sygerus de Foucaucourt, “amicorum intimus”. Segundo Arnold (1904: 2-4),
o fato de Sygerus não ser um homem de ciência, foi uma circunstância favorável, à qual se
deve a exposição detalhada de Peregrinus para o fenômeno do magnetismo e suas leis.
Quais seriam as contribuições desta carta? Peregrinus mostrou posições definidas nos polos
da magnetita e deu instruções para determinar qual é o norte e qual é o sul. Mostrou que polos
diferentes se atraem e polos semelhantes se repelem. Estabeleceu por experimentação que
qualquer fragmento de magnetita por menor que seja, é um ímã, antecipando algumas teorias.
Reconheceu que um polo pode neutralizar ou reverter polaridade. Rodou uma agulha
imantada cercando-a com um circulo graduado. Determinou a posição de um objeto por sua
influência magnética. Introduziu seu moto-perpétuo a ideia de um motor a ímã.
A “Epistola de Magnete”, cujo conteúdo descreve as descobertas de Petrus Peregrinus sobre
as propriedades magnéticas da magnetita, foi preservada e continua a fascinar estudiosos.
Seus ensinamentos influenciaram o pensamento de muitos em séculos posteriores (EISELE,
1985). Essa carta poderia se considerada como um dos marcos do domínio filosófico do
magnetismo, no entanto, por mais de 300 anos, permaneceu desconhecida. Em 1600, William
Gilbert (1544-1603), em “De Magnete”, se refere à carta e ao seu autor em cinco passagens
(ARNOLD, 1904; EISELE, 1985: 47).
Em 1629, o jesuíta Cabaleus o cita em “Philosophia Magnetica”; Kircher, em 1641 se refere a
ele em “De Arti Magnetica”, sem contar o plagio feito por Trainer, em 1562, em “De Natura
Magnetica”, que conseguiu relativo sucesso, demonstrando o “mérito do trabalho do qual ele
tinha se apoderado inescrupulosamente” (ARNOLD, 1904: xv).
A “Epistola de Magnete” se divide em duas partes, a primeira em 10 capítulos descreve as
propriedades gerais da magnetita e a segunda em três capítulos, explica os usos da magnetita
para a rotação contínua.
Há várias cópias manuscritas da epístola (seis na Biblioteca Blodeiana, na Inglaterra, duas no
Vaticano, uma em cada uma das bibliotecas a seguir: Trinity College, de Dublin; Biblioteca
Nacional de Paris, Bibliotecas de Leyden, Genova e Turim) (ARNOLD, 1904; ZILSEL,
1941)..
A primeira edição impressa foi preparada por Achilles Gasser, em 1558, com o tÍtulo Petri
Peregrini Maricurtensis De Magnete, Rota perpetui motus libellus, Augsburgi. Entre as
edições impressas podem-se considerar: Guillaume Libri, in Histoire des sciences
mathématique, Italia, 1838, vol 2, pp. 487–505, embora com muitos erros; Timoteo Bertelli,
in Bulletino di bibliografia e distoria delle scienze matematiche e fisiche pubblicata da B.
Boncampagni, 1868, vol 1,pp 70-80; G. Hellmann, in Neudrucke von Schriften und Karten
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über Meteorologie und Erdmagnetismus, 1898, vol 10, Berlim. A edição critica foi preparada
por Loris Sturlese, in Petrus Peregrinus de Maricourt, Opera, Pisa, 1995, pp. 63–89
(ARNOLD, 1904; ZILSEL, 1941; EISELE, 1985))..
Entre as traduções, as mais conhecidas são: Brother Arnold, 1858 (“The Letter of Petrus
Peregrinus on the Magnet, A. D. 126”, com introducao de Brother Potamian); Cavallo, 1800,
(“Teatrise on Magnetism”) e Silvano Thompson, 1902 ("Epistle of Peter Peregrinus of
Maricourt, to Sygerus of Foucaucourt, Soldier, concerning the Magnet"), Londres.
Charles Sanders Peirce e a “Epistola de Magnete”
Charles S. Peirce nasceu em 1839 em uma família ilustre de Cambridge, USA, típica da Nova
Inglaterra, descendente de puritanos. Era filho de Benjamin Peirce, um dos maiores
matemáticos americanos de seu tempo, que detinha as cadeiras de Matemática e Astronomia
em Harvard. Seu pai desempenhou papel importante em sua educação, levando-o ao estudo da
matemática e dos grandes autores, desde pequeno. Charles S. Peirce foi filósofo, matemático,
lógico, cientista e historiador da ciência.
Graduou-se em Matemática e Química em Harvard. Em 1861, começou sua nomeação como
assistente da Coast Survey, cargo no qual permaneceu durante mais 30 anos e no qual se
ocupou de trabalhos de química, astronomia, geodésica, metrologia e espectroscopia. De 1868
a 1870, foi designado para as observações no Observatório de Harvard, como assistente de
Joseph Winlock, onde lhe foi designado projeto envolvendo a preparação de um catálogo
sobre a latitude das estrelas. Mais tarde trabalhou como coordenador químico para a
companhia de eletricidade de St. Lawrence Após ter deixado U.S. Coast Survey em 1891,
Peirce esperava produzir um estudo sobre a lógica da ciência. Com isto em mente, voltou sua
atenção para a História da Ciência. Imaginava escrever uma história detalhada da ciência,
cujos detalhes foram discutidos com James Cattell (editor G.P Putnam' s and Sons) que o
convidou escrever um volume de História da Ciência para Science Series da Putnam's Sons.
Peirce recebeu um adiantamento pelo trabalho, mas não terminou a obra (EP1, 1992; EP2,
1998). Neste estudo, as obras de Peirce serão citadas obedecendo às abreviações comumente
aceitas entre seus estudiosos (CP- Collected Papers; MS manuscritos, N- Nation).
Peirce, em 1883, em viagem de pesquisas sobre medições, a cargo da U.S. Coast Survey,
achou a carta na Biblioteca Nacional de Paris, junto com outros 27 manuscritos, catalogados
como MSS latins 7378, que descreviam todos os tipos de temas científicos. Vale acrescentar
que Peirce fez a revisão da tradução de P. Fleury Mottlay para a obra de Gilbert, William
(1893), On the Load-stone and Magnetic Bodies and on the Great Magnet, the Earth: A New

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Physiology, demonstrated with many Arguments and Experiments, além de tê-la resenhado
para The Nation (N-1894-1).
Durante meses, Peirce lutou para chamar atenção dos editores, acadêmicos e público para sua
transcrição e publicação em inglês, embora sem sucesso. Em maio de 1883, numa carta a seu
irmão James, Peirce menciona que estava transcrevendo a “Epistola de Magnete” e que esta
seria “pequena interessante contribuição para a História da Ciência e para a História da Idade
Média”. Ao transcrever e traduzir a carta, Peirce planejava uma obra sobre o magnetismo no
século XIII.

Espero que minha edição de Petrus Peregrinus possa vender bem. É verdade que
ele é pouco conhecido, no momento, mas espero que meu prospecto possa fazer algo
sobre isto. Gilbert fala dele como uma espécie de Galileu, o que é extravagante. Ele
é sim uma espécie de Faraday. [...] não podemos deixar de confessar que no que
restou do original há suficiente motivo para justificar a admiração (Letter to James,
Milford, PA, 1893 Oct 9, apud EISELE, 1985:45).

Mas, por que e como Peirce foi atraído naquela época para este documento? Como hipóteses
poder-se-iam pensar inicialmente em algumas de suas tarefas ao trabalhar como assistente na
U.S Coast and Survey com medições e pêndulos; ou em seu interesse em História da Ciência
(estava planejando um livro), ou no foco de Peirce pela lógica e métodos, interesse estimulado
pelos convites recebidos para ministrar palestras em Harvard em 1869 e em 1892, no Lowell
Institute sobre História da ciência. Outra hipótese seria seu acesso a inúmeras coleções
científicas, como consultor, na compra de obras raras, para George A. Plimpton, da Plimpton
Colection, Low Library at Columbia University. Vale destacar o provável conhecimento que
Peirce tinha do trabalho de Peregrinus, a partir da obra de E. Charles sobre Roger Bacon,
como também porque possivelmente haveria uma cópia da transcrição de Guillaume Libri na
biblioteca de seu pai. Não se pode deixar de considerar que em função do trabalho como
consultor, parece plausível aventar que Peirce estivesse a par da importância do trabalho de
Peregrinus sobre magnetismo, mas havia um interesse ligado também ao desenvolvimento
industrial.
Ciência e tecnologia não caminharam juntas desde o início da revolução industrial do final do
século XVIII. As duas começam a ter um relacionamento mais estreito somente a partir do
segundo quarto do Século XIX.
Quando o físico francês Sadi Carnot (1776-1832) publicou seu estudo sobre a lei da
termodinâmica, que explicava porque o calor gerado poderia se transformar em movimentos

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mecânicos, já fazia alguns anos que as máquinas térmicas estavam em uso na Inglaterra.
Graças ao inglês James Watt (1736-1810), que fez estudos e experimentos na antiga máquina
atmosférica de Thomas Newcomem aperfeiçoando-a, levando assim a criação do motor a
vapor. É sabido que ele teve uma influencia muito grande de Joseph Black (1728-1799), o
formulador da teoria do calor latente, mas, este engenho que viria a se tornar o motor da
revolução industrial inglesa, foi alcançado mais graças ao emprego de técnicas construtivas
cada vez melhores, obtidas por sucessivos experimentos de tentativas e erros, do que pela
pesquisa científica (SANTOS, 1988; MAGALHÃES, 2006).
Embora as máquinas a vapor funcionassem e fossem construídas e aperfeiçoadas sem
conhecimento das leis da termodinâmica, os equipamentos que estariam por vir no século
XIX, mudariam esta situação. A dependência de base científica, para o desenvolvimento de
novos produtos técnicos começou a se tornar cada vez maior com os estudos sobre a
eletricidade, a química e a biologia.
A eletricidade que teve um caminho bastante diferente da máquina à vapor. O telégrafo, por
exemplo, foi condicionado a um grande e confiável conhecimento científico para poder
funcionar adequadamente. Com a instalação das linhas telegráficas que acompanhavam a
expansão da estrada de ferro na Europa e nos EUA, somado com o lançamento do cabo
submarino entre os dois continentes, não é difícil afirmar que esta indústria de comunicação
foi a primeira indústria puramente de base científica. Ou seja, houve a princípio muita
investigação em laboratórios e entre o meio acadêmico antes de seu emprego no uso
industrial. Portanto, passaram algumas décadas desde que os primeiros estudos dos cientistas
Alessandro Volta (1745-1827), Hans Oersted (1777-1851) e Michael Faraday (1791-1867),
pudessem ser aplicados na geração de produtos em escala comercial. O mesmo ocorreu no
campo da química com a sintetização de corantes inorgânicos em substituição aos naturais.
Já a partir da segunda metade do Século XIX, a técnica começou a depender mais e mais de
bases científicas criando assim esta dependência que se denomina tecnologia. Palavra vem da
junção de duas palavras gregas “tecno” variação do verbo “tecné” que significa saber fazer ,
produzir , ferramentas etc., e “logia” que significa razão. Portanto tecnologia denota o estudo
da técnica. O estudo da própria atividade do modificar, do transformar, do agir (Veraszto,
2004; Acevedo, 1998). Esta dependência da técnica em relação à ciência pode ser foi
antessentida pelos criadores do MIT, Massachssets Institute of Tecnology, Boston, em 1861
(precisamente a “pátria” de Peirce), em cuja proposta de criação do instituto está escrito:
Nos recentes progressos das Artes Industriais - incluindo o comércio, a agricultura,
bem como a manufatura, e mais precisamente, os conhecimentos mecânicos,
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encontramos provas diárias de aumento de uma feliz influência de uma cultura


científica na indústria e nas civilizações das nações. As Artes, já não se restringem
a uma rotina empírica, procuram submeter seus processos às leis científicas, e, em
algumas áreas, reivindicam para si justamente a dignidade de ciência aplicada. A
natureza prática de descobertas em química, mecânica geologia e de outras áreas
da investigação científica, tem multiplicado quase infinitamente as linhas que as
conectam com as áreas de trabalho, da Manufatura, da Agricultura e das Artes de
Construção e Locomoção, e nestas incontáveis linhas conectadas, tecidas em uma
trama indissolúvel, formam essa teia expansiva, que é produto da mistura das
atividades científica e industrial (Objects and Plan of an Institute of Technology –
Prepared by Direction of the Committee of Assossieted Institution of Science and
Arts- 2nd Edition – Boston – 1861)
Quaisquer que fossem as motivações de Peirce, este trabalho vai enfatizar as questões ligadas
a experimento e tecnologia, conforme desenvolvimentos a seguir.
Ciência experimental e o trabalho de Petrus Peregrinus
No século XIX, as fronteiras entre as ciências foram estabelecidas e se mostram mais estáveis
do que as fronteiras políticas; este foi o século das grandes sínteses: as leis da termodinâmica,
as leis da evolução e a especialização, o que acarretou mudanças na natureza e no escopo das
sociedades cientificas, que no começo do século, eram mais gerais cobrindo todas as ciências
e no final do século estavam abertas somente àqueles que eram qualificados (KNIGHT,
1989).
A caracterização do conhecimento científico tendia a reforçar a ideia de que a ciência seria
confiável. Havia confiança nos métodos da ciência, suas conquistas eram consideradas finais.
A ideia de que a humanidade, independente de povo, império, nação ou estado, estaria em
constante progresso como um todo, influenciaria pensadores como Kant (1724-1804),
Condorcet (1743-1794), Comte (1748-1857), Spencer (1820-1903) e muitos outros dos
séculos XVIII e XIX. A marcha da ciência traduzia um processo cumulativo, associado ao
progresso e à aplicação do método científico. Comte considerava que, no estado positivo:

[...] o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas e


renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas
dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem
combinado do raciocínio e da observação suas leis efetivas, a saber, suas relações
invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a
seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os
diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerias, cujos numero o progresso da
ciência tende cada vez mais a diminuir (COMTE, 1996, p.22).

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Peirce acreditava na inexorável marcha da ciência para a verdade, e o método científico seria
aquele método que inevitavelmente levaria à verdade em longo prazo. Por outro lado, para
ele, nenhuma teoria, nenhum conceito, nenhum sistema de ideia traduziria verdades finais.
Também, no século XIX, tanto no plano filosófico como cientifico surgiu um impulso para a
valorização da ciência experimental e ênfase na fundamentação empírica das teorias, cuja
avaliação consiste em confrontar a teoria com o experimento ou a observação, a realização de
experimentos passaria a caracterizar a ciência moderna desde suas origens. O experimento,
em seu sentido técnico, seria um dos principais legados da ciência moderna. Durante os
séculos XVIII e XIX, a forma de realizar observações, ou reproduzir ou controlar
experimentos centralizou intensos debates entre os pensadores da época, tanto no campo das
ciências da matéria quanto no das ciências da vida, os quais gradualmente se especializaram.
A visão que hoje se tem de experimento, como poderoso meio de interrogar a natureza, foi
construída a partir desta série de debates (ALFONSO-GOLDFARB; BELTRAN, 2006, p.6).
Para Sarton (1948, p.36), o método central da ciência é o método experimental, que consiste
essencialmente em que as respostas as nossas perguntas sejam dadas pela própria natureza.
Porém foram necessários muitos anos para isso fosse levado em conta. Ainda considerando o
aspecto ligado aos experimentos, para Sarton (1916, p. 340), a história da ciência não é apenas
uma história de conquistas da mente humana, mas é muito mais um estudo dos instrumentos,
materiais e instrumentos intelectuais criados pela nossa inteligência, é também uma história
da experiência humana.
Peirce corrobora esta colocação, afirmando que:

Assim, também os grandes marcos na história da ciência devem ser colocados nos
pontos onde novos instrumentos, ou outros meios de observação, são introduzidos.
Astronomia antes do telescópio e astronomia após o telescópio [...] a química antes
e depois da balança analítica (CP 1.102).

Pode-se dizer que um dos aspectos mais importantes para Peirce relativo ao documento
“Epistola de Magnete” seria a ênfase na investigação experimental, ou nas palavras do autor:

Se a investigação experimental se torna científica com a aplicação de um aparelho


especial, então o magnetismo científico começa com Petrus Peregrinus, oriundo da
Picardia, contemporâneo mais velho de Roger Bacon, cujo tratado sobre a
magnetita foi impresso em 1558. Mas este volume é excessivamente raro, e os
conteúdos do trabalho não são geralmente conhecidos, se referem ao texto de um
manuscrito não apreciavelmente mais tarde que a data, muitas vezes atribuída à
composição. Os antigos tinham observado que magnetita atraia ferro a certa
distância e que e que um pedaço de ferro pendurado em magnetita atrairia outro.
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Mas eles não petaram atenção em sua polaridade, nem que o ferro poderia ser
magnetizado (MS 1310).

Para Peirce, quando um homem inventa um aparato especial com o propósito de investigar um
dado fenômeno natural e se curva à experimentação com este aparato, não se pode negar
chamá-lo de homem cientifico, porque em primeiro lugar, exibe o verdadeiro espírito que
garante finalmente chegar à verdade. Em segundo, porque mostra que entendeu o primeiro
princípio da filosofia natural, ou seja, que um determinado aparato rapidamente ensina tudo o
que pode, de modo que para alcançar novos progressos novo aparato se torna necessário (MS
1310).
Para Peirce, haveria quatro condições para que um trabalho fosse considerado cientifico, o de
Peregrinus satisfez a todas as condições (MS 1310). Essas condições são resumidas a seguir:
 os experimentos não foram feitos com o simples propósito de atingir a verdade, mas
com um viés ou um objetivo, exceto nos casos em que foram meramente acidentais.
 não foi inventado, por qualquer pessoa, nenhum outro aparelho antes de Peregrinus
(pelo menos não há nenhuma evidência de tal coisa) com a finalidade de se obter uma
resposta experimental a uma pergunta. De qualquer forma, a total ausência de experiências
feitas com aparelhos concebidos com esta finalidade revela falta do espírito de investigação
experimental. A quintessência da ciência consistiria precisamente do espírito com que é
processada a investigação experimental
 nenhuma lei ou proposição geral da ciência antiga foi conscientemente estabelecida
com base em experiência.
 não há experimentos antigos realizados em uma série conectada, um após o outro, com
base na verdade que o anterior havia estabelecido.
Na opinião de Peirce, o trabalho de Petrus seria o primeiro a preencher todas as condições
aqui indicadas. Seus experimentos foram feitos com várias peças diferentes de equipamento
construído e concebido somente para aquela finalidade e todas as suas experiências seguem
em sequência, cada uma repousando sobre o resultado do que foi feito antes. O
posicionamento de Peirce frente a “Epistola de Magnete” evidencia a ênfase dada aos
experimentos e artefatos
Técnica e tecnologia na construção de instrumentos magnéticos e a carta de Petrus
Peregrinus.

Na carta, Petrus Peregrinus dá instruções ao seu leitor de como construir os instrumentos que
provavelmente estaria usando. Por exemplo, ele emprega de duas técnicas para se descobrir a
posição dos polos. Na primeira, Petrus escreve:
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Com um instrumento com que os cristais e outras pedras são arredondados deixar
uma magnetita na forma de um globo e, em seguida, poli-la. Uma agulha ou uma
peça alongada de ferro é então colocada no topo do ímã e é desenhada uma linha
na direção da agulha ou ferro, dividindo assim a pedra em duas partes iguais. A
agulha é depois colocada sobre outra parte da pedra e uma segunda linha mediana
desenhada. Se desejar, esta operação pode ser realizada em diversas partes, e, sem
dúvida, todas essas linhas vão se reunir em dois pontos, assim como todos os
círculos meridianos ou azimute vão se encontrar nos dois polos opostos do globo.
Um deles é o polo norte, o outro o polo sul (PEREGRINUS:106).

Na segunda maneira, um pouco mais simples, ele solicita ao leitor que coloque um fragmento
de ferro, possivelmente uma agulha, sobre o globo de pedra imã. Se o fragmento ficar na
perpendicular, este ponto é um polo, caso contrário vá buscando o ponto em que o fragmento
de ferro fique na posição. Quando achar, marque. Da mesma forma, conforme instruções
acima, o ponto oposto é o outro polo.
Com os dois polos identificados, Petrus parte para o seguinte experimento: coloque a pedra
em um pedaço de madeira em uma tina contendo água. Deixe o conjunto boiar livremente
“como um marinheiro em um bote”. Os polos do imã globo irão buscar os polos celestes. Ou
seja, se os polos da pedra podem ser encontrados com os meridianos traçados por meio das
agulhas, os polos celestes também poderiam ser encontrados com os meridianos celestes. Veja
que embora buscando a demonstração de suas descobertas por meio de experimentos práticos,
Petrus não deixava de acreditar que o imã tinha uma relação com o celeste:

[…] há nos céus dois pontos mais importantes do que os demais, pois neles, como
pivôs gira a esfera celeste: estes pontos são denominados polo ártico ou note e o
outro polo antártico ou polo sul [...] Onde quer que o homem possa estar ele nota a
pedra que aponta os céus, conforme a posição dos meridianos; mas todos os
meridianos se encontram nos polos do mundo; fica evidente assim que é dos polos
do mundo que os polos do imã recebem suas virtudes... (PEREGRINUS: 102-103)

Em outro experimento descrito no Capítulo VII, da primeira parte, Petrus Peregrinus


demonstra que uma agulha de ferro, quando tocada pela pedra imã, contrai suas propriedades,
entre elas a de localizar os polos, ou seja, estava ensinando como construir uma bússola:

É de conhecimento de todos que fizeram a experiência que quando um pedaço


comprido de ferro tocou uma pedra imã e fixado em um bloco de madeira ou uma
palha e colocado para flutuar na água uma das extremidades gira para uma estrela
denominada estrela do Marinheiro que está próxima ao polo; porém a verdade é
que aquela extremidade não aponta para a estrela, mas sim para o próprio polo
(PEREGRINUS: 109).
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Mas é com a construção de seu moto perpétuo que ele pretende alcançar seu maior trabalho.
Peregrinus está, aparentemente, convencido de que haveria uma interação entre os céus e sua
máquina. Embora não se tenha certeza de todos os detalhes é mais ou menos possível
compreender a construção do motor. Ele apresenta um imã diametralmente posicionado em
um eixo fixo. A roda é composta de dentes de ferro que são atraídos e repelidos pelo imã. Há
uma esfera de prata ou bronze (materiais não magnéticos) que ajudam a roda a se mover, e
que “cai” quando a roda chega ao ápice. Este moto, pelo principio da conservação de energia
e da inexistência de um engenho 100% eficiente (primeira e segunda leis da termodinâmica),
sabemos que o moto perpétuo não é possível.
Ainda se estendendo um pouco quanto à construção, há um extenso estudo comparativo entre
os vários desenhos nas diversas edições da “Epistola de Magnete”. Este estudo, feito em 2005
por Kleinert, traz múltiplas interpretações entre as várias edições da carta. Alguns apresentam
o imã diametralmente posicionado, outros apresentam o imã fixo na lateral, outros ainda
mostram uma agulha longa e outra agulha curta ao seu final, enquanto outros, por outro lado,
só apresentam as linhas longas. Enfim, o que é de relevo no trabalho de Petrus Peregrinus não
é sua tentativa de construir um moto perpétuo e sim os experimentos magnéticos por ele
realizados. O que ele apresenta é sua ideia de teorizar sobre os fatos da natureza e prová-los
por meio de experiência. Aqui estaria presente a téchne onde ele usa seus conhecimentos
oriundos de teoria experimentos para a construção de instrumentos práticos e de uso como a
bússola.
Considerações finais

O principal objetivo deste artigo é analisar a relação entre experimento, técnica e tecnologia
na construção de instrumentos magnéticos, a partir da “Epistola de Magnete”, de Petrus
Peregrinus. Segundo Costa (2014:68-70), a revolução industrial do XVIII teria se prolongado
pelo XIX: além de consequências econômicas, sociais e políticas, teria trazido novas formas
de produção por maquinário. A tendência que caracterizou esta época seria a formação de um
parque industrial mecanizado que incentivou novas ideias. Haveria a procura de mecanismos,
novidades, engenhos curiosidades, dispositivos simples ou complexos.
Buscou-se mostrar as principais razoes que levaram ao interesse pela carta no século XIX
através dos esforços de Charles Sanders Peirce, enfatizando-se que no século XIX verificou-
se a fusão de ciência e técnica, surgindo o que atualmente se denomina tecnologia, com o
emprego de métodos e teorias cientificas na resolução de problemas técnicos, dai o interesse
por instrumentos e experimentação.

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