Resenha do segundo capítulo do livro “Música e Sofrimento: Um encontro
entre Arthur Schopenhauer e Luís Gonzaga”
O livro, escrito por Ismael Lima, explica a concepção de Arthur Schopenhauer
sobre o belo, sobre a arte, sobre as ideias e sobre o sofrimento oriundo das vontades mundanas de cada indivíduo, este último se mostrando frequentemente presente em sua filosofia, que por sinal é bem pessimista. No segundo capítulo do livro, o autor mostra o pensamento do filósofo, em que tudo é sofrimento, porém existe um pequeno intervalo, em que podemos deixar de viver somente pelas vontades do mundo e adquirir uma contemplação artística do que para nós é tido como belo, fugindo momentaneamente desse sofrimento. O que marca a filosofia schopenhauriana é o sofrimento, causado pela Vontade de querer algo que está além de desejos bobos, gerando dor e angústia. Porém, ele diz que existe um intervalo que nos permite sentir um alívio momentâneo desse sofrimento, é o que chamamos de felicidade, que se dá pela contemplação artística. Através da contemplação da arte, o indivíduo é capaz de dominar a própria vontade, tornando-a menos dolorosa. A expressão da arte seria uma forma mais clara e objetiva de mostrar as ideias, em forma de hierarquia, indo desde a base até chegar no grau mais alto, que é a poesia. Tendo como objetivo, mostrar as coisas como elas realmente são, visto que não são compreendidas imediatamente no momento em que ainda não fizeram o uso da arte. E é pelo aproveitamento da estética que o indivíduo se empenha em revelar ainda mais a vontade, as ideias, amenizando, momentaneamente, a dor e o sofrimento causado pela vontade em si. Esse aproveitamento faz com que a vontade da consciência desapareça, pois não está mais submetida ao querer, tornando-se desinteressada, fazendo com que tudo seja belo, porque, provisoriamente, não temos mais as preocupações de antes, causadas pela vontade. A segunda parte do capítulo é focada na música, pois o filósofo acredita que esta é a mais destacada das artes. De início, ele diz uma frase bastante marcante: “[…] poderia até não existir mundo, mas a música existiria.”. Schopenhauer apresenta a música como uma arte suprema, tão importante que estaria separada das outras artes, livre de qualquer hierarquia. Para ele, a música revela o que há de mais íntimo nos indivíduos, fazendo efeito não somente nos seres humanos, como também nos animais, tornando-se poderosa e dominante sobre as mais calmas até as mais ferozes naturezas, da forma mais profunda possível, por isso, ela é uma linguagem de caráter universal. Ela difere das outras artes, que são apenas a expressão de ideias e da vontade, a música vai além disso, tendo um significado muito mais profundo e fascinante, capaz de revelar o que temos de mais íntimo em nossas almas, apresentando a essência das mesmas e o que estamos sentindo, podendo até mesmo existir sem o mundo, sendo a própria vontade. A música e a vontade caminham lado a lado, a primeira sendo cópia da segunda. O mundo representa a vontade, e como a música é consequência dessa vontade, o mundo representa também a música. A música mexe com os mais diversos efeitos e sentimentos que pode-se sentir: o conforto, a tristeza, a paixão, entre outros. Ela é capaz de tocar tudo isso, alterando-os ou intensificando-os. Estes efeitos são extremamente fortes e profundos, e são capazes de serem provocados pela música de uma maneira que nenhuma outra arte é capaz de provocar, aliviando o sofrimento e destituindo a realidade, pelo menos por um breve momento. A música tranquiliza os efeitos conturbantes da vontade, afastando tudo o que há de ruim em nossas almas, proporcionando paz. O livro apresenta concepções tocantes, principalmente quando o assunto é a música como arte, pois a forma como é aprofundado o conceito da contemplação dessa arte que é a música e os efeitos que podem ser causados nas pessoas por ela mesma, nos faz entender que aquilo realmente faz sentido.
Sobre "Análise de Impressão Subjetiva Da Música" para Análise Do 4º Movimento "Marcha Ao Suplício" Da "Sinfonia Fantástica, Episódio Da Vida de Um Artista" de Hector Berlioz.