Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rev. Elder Pinto – Rua das Pedrinhas 69 Genibaú – Fortaleza Ce - EBD 07/11/2021
LEITURA DIÁRIA: SEG (Cl 1.16-18); TER (Gn 2.18); QUA (Gn 5.1-2); QUI (Sl 100.3); SEX (At 17.24); SAB (Gn 6.7); DOM (Jo 1.1-3)
INTRODUÇÃO: Afirmamos tacitamente como igreja a crença inabalável na criação do humano como ação direta de Deus. Isso
implica a rejeição objetiva e formal da teoria de processos evolutivos que supostamente teriam resultado na realidade da natureza
como a temos hoje. Afirmamos a doutrina bíblica da criação divina tal qual relatada nos primeiros capítulos do Antigo Testamento e
corroborada por toda a Escritura.
A antropologia bíblica aborda basicamente três aspectos da existência humana: 1) ontologia ou essência do humano, ou
seja, do que somos feitos? O que significa ser ‘humano’? 2) relacionamentos humanos, ou seja, o que deve determinar nossa
relação com a realidade externa a nós, com Deus, com a natureza, com os nossos semelhantes? qual o nosso lugar na criação? 3)
função do humano, ou seja, qual o nosso papel na criação? Iniciaremos nosso estudo de hoje com o ensino bíblico da criação direta
do homem por Deus.
I. O HUMANO, CRIADO DIRETAMENTE POR DEUS – Quando a Escritura afirma que “No princípio criou Deus os céus e a
terra” (Gn 1.1), ela está dizendo que Deus é o autor direto e imediato da criação, sendo do Filho de Deus o agente da criação. João,
falando do Filho, diz que “todas as coisas foram feitas por intermédio dele e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” (Jo 1.3; Cl 1.16-
18). Assim, pelo relato de Gênesis 1 entendemos que em seis dias de 24 horas Deus criou tudo que existe, completando sua obra de
criação com a formação do homem, criando sua parte material a partir do pó da terra e sua parte imaterial com o “fôlego de Deus”
soprado em suas narinas. Rejeitamos, portanto, a narrativa de um suposto processo de evolução da natureza e da humanidade,
entendendo que o caos não pode gerar ordem e que a ordem observável na criação e na constituição do ser humano demanda uma
origem grandiosa, infinitamente maior, posto que o efeito não pode preceder em grandeza sua causa. O uso dos verbos “criar” (Gn
1.27; 5.1-2), “fazer” (1.26, 31; 2.18; 6.70, e “formar” (2.7,8; Sl 100.3; Mt 19.4; Tg 3.9) indica o envolvimento pessoal e direto de Deus
na criação do humano. Isso nos leva a algumas implicações sérias:
• A condição prévia do humano é Deus e assim não podemos ser decifrados à parte do Criador como nosso ponto de partida.
Existência e funcionamento do humano encontram sua referência final e perfeita em Deus (At 17.28). “Nele tudo subsiste”
(Cl 1.17).
• Sendo criatura, o humano não é Deus, nem o pode ser. Parece óbvio dizer isso, mas queremos lembrar aqui a condição de
finitude do humano. As coisas não giram em torno de nós e não somos nossa referência última.
• Ser criatura implica limitações, sejam físicas, morais, espirituais. Não há liberdade, a não ser dentro de uma condição de
morte espiritual. Há limites estabelecidos pelo Criador, limites esses que serão cobrados no tempo por ele estabelecido (Lc
12.20).
II. O HUMANO COMO IMAGEM DE DEUS – O que significa “imagem de Deus”? (Gn 1.26-27; 5.1-2; 9.6; 1Co 11.7; Tg 3.9).
Como Beck e Demarest afirmam: “Para a teologia, a psicologia, o ministério e para a vida cristã, as implicações sobre o fato dos seres
humanos terem sido criados à imagem de Deus são imensas. As ramificações da Imago Dei abrangem questões de dignidade e
valores humanos, ética pessoal e social, relações entre os sexos, solidariedade da família humana e justiça racial.
A palavra hebraica para “imagem” pode significar tanto “cópia” quanto “representação.” Rejeitamos o termo “cópia” por razões
óbvias. Assim, biblicamente, o homem é representante de Deus na criação, uma espécie de co-regente. Já a palavra hebraica para
“semelhança” traz o significado de algo padronizado após o original. O homem é modelado segundo Deus. Esse uso é apoiado em
Gênesis 5.3, onde lemos que Sete foi gerado à “semelhança” de Adão, seu pai.
Há ainda um significado extraído da justaposição dos termos “macho”, “fêmea” e “imagem de Deus” em Gênesis 1.27,
indicando relação de significação direta. A forma da justaposição indica a semelhança dos termos. É o que se chama na poesia
hebraica de paralelismo: a repetição da mesma ideia com palavras diferentes. A expressão “imagem de Deus” equivale na
justaposição a “macho e fêmea.”
FONTES:
-MACARTHUR, John Teologia Sistemática – Um estudo aprofundado das doutrinas bíblicas. Eusébio, Ce Editora Peregrino, 2022.
-BECK, James R. Beck e DEMAREST, Bruce, The Human Person in Theology and Psychology: A Biblical Anthropology for the Twenty-First Century
(Grand Rapids, MI: Kregel, 2005)
1
Millard J. Erickson, Christian Theology, 2 ed. (Grand Rapids, MI: Baker, 2006), p. 524.
2
John MacArthur, Teologia Sistemática, 1 ed. (Eusébio, Ed. Peregrino, 2022), p. 537-38