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entendidos, por uma das partes não ter toda a informação. Mas isso não faz o que
aconteceu doer menos. Se alguém pisar nos seus pés vai doer, tendo a pessoa pisado
sem querer ou de propósito. Mas quando não é de propósito, o que faz a diferença é
como quem pisou no seu pé aborda a situação e o como ela vai se posicionar para resolver
o problema.
Há desafios importantes quanto a esse assunto. Emoções como dor, medo, raiva,
vergonha e pesar podem tornar difícil ver a situação com clareza, falar sobre ela com
E, do lado de quem machucou o outro sem querer, sabemos que é fácil cair numa reação
de vergonha quando apontam para nós. A vergonha pode nos fazer ficar defensivos, e aí
podemos querer nos evadir da responsabilidade, entrar em desamparo e pegar toda a
culpa para a gente ou começar a culpar quem foi machucado. E aí, ao invés de nos
Essas são formas realmente comuns de reagir a vergonha e muitos de nós agimos assim
vez ou outra. Mas infelizmente, essas formas de agir também se misturam com culpar a
vítima, gaslighting e as muitas outras formas com que pessoas que foram agredidas ou
trazer todas as peças da situação. Muitas pessoas têm mais prática ou são mais
habilidosas nisso do que outras. Há algumas formas de agir que podem ajudar nisso,
então entenda os passos abaixo como sugestões gerais e remodele-as para caber na sua
1. Que bom que você me contou. É difícil se arriscar em ser vulnerável quando já se está
machucado. Então se alguém lhe diz que se machucou com algo que você fez ou algo
que aconteceu, honre a coragem dele. Reconheça eles te contarem o que aconteceu,
2. Sinto muito que você tenha passado por isso. Se você conseguir empatizar com eles,
isso começará a construir uma ponte entre vocês e a curar a desconexão que acabou de
acontecer. Mostre que você sabe e entendeu que eles não tiveram a experiência que
queriam e seja solidário. Isso não significa que você esteja se colocando culpado pelas
coisas. Você só está dizendo que você sabe que eles não tiveram a experiência que
Sinto muito que você não pode aproveitar como nós dois queríamos.
Sinto muito que você tenha se machucado e não ficou confortável para me dizer
aquela hora.
Sinto muito que fizemos algo para o qual você não estava dizendo sim de verdade.
em que você começa a trazer os dois lados. Você não queria machucá-lo, mas mesmo
assim aconteceu. Talvez tenha sido uma falha de comunicação. Talvez você
genuinamente tenha achado e que ele queria o que você estava fazendo. Talvez você
não tenha sacado os sinais não verbais. Talvez eles disseram a safeword, mas a música
estava muito alto e você não ouviu. Apesar de ser verdade que você não tenha
percebido o que estava acontecendo (e espero que se você tivesse, você teria parado),
Tem que haver espaço para reconhecer ambas as peças porque, por definição esse é o
cerne do acidente. A maneira com que você pode reconhecer que isso aconteceu é
segurando esses dois elementos. É importante dar o mesmo peso a eles porque eles são
igualmente verdadeiros.
Se você enfatizar que não foi de propósito, você está tentando chegar a cura e resolução
sentir vergonha, isso vai fazer a situação piorar. E se você subestimar o fato de que não
foi de propósito, você corre o risco de pegar para si muita responsabilidade e acabar se
culpando demais. Mire a zona do meio, na qual ambas as peças são importantes e
4. Sinto muito por ter feito aquilo. Acidentes de consentimento podem acontecer mesmo
quando você fez tudo o que é razoavelmente esperado. Consentimento tem a ver com
zelo, mais do que com segurança absoluta. Mas quando há algo que você poderia ter
feito diferente, você tem que genuinamente pedir desculpa por isso.
Talvez não seja suficiente dizer “Me desculpe.” Você vai aumentar as chances de
sim mostrar que você entendeu o que aconteceu para a outra pessoa.
Se você estiver realmente confiante que você teve o devido cuidado, você pode dizer
algo como “Sinto muito que isso tenha acontecido”. Essa é uma boa forma de
reconhecer que algo ruim aconteceu sem pegar para si responsabilidade para além do
que seria razoável. Mas tenha cuidado em perceber se você estiver se sentindo
5. O que eu poderia ter feito diferente? Na verdade existem duas perguntas aqui: O que
eu deveria ter feito que eu não fiz? O que eu fiz que eu não deveria ter feito? Essas são
perguntas bastante desafiadoras pois nos colocam numa posição vulnerável de olhar
para quaisquer erros que talvez tenhamos cometido. Uma razão de começar a conversa
agradecendo seu parceiro por ter falado é porque isso te lembra que ele se arriscou
muito ao iniciar a conversa e prepara o terreno para que ele também perceba que você
Há duas cosias importantes de se observar. Primeiro, seu parceiro talvez não saiba por
em palavras o que você poderia ter feito diferente. Se isso acontecer, talvez você tenha
que explorar o assunto com ele. Qual foi o momento em que as coisas mudaram para
você? Quando você percebeu que não estava se sentindo bem? O que eu estava fazendo
nessa hora? O que eu poderia ter feito para previnir isso? Essas perguntas podem ser
muito difíceis de fazer, especialmente porque você tem que fazer o seu melhor para
A outra peça importante é que seu parceiro está num estado de dor ou vergonha, então
talvez ele ainda não tenha uma resposta para essa pergunta ainda. Ou eles podem falar a
partir da dor, o que pode levá-los a fazer demandas nada razoáveis. Antes de ir para a
resolução de problemas, você tem que ir em direção aos sentimentos e dar espaço
adequado para eles. Talvez leve tempo para o sentimento percorrer seu trajeto. Talvez
ele precise ter apoio de outra pessoa primeiro. Sim, é difícil dar espaço para emoções
dolorosas que são resultado da nossa própria ação. Mas até os sentimentos terem a
chance de cumprirem seu ciclo, é difícil vir com boas respostas para a pergunta sobre o
E lembre-se que pode levar tempo ou essas respostas podem vir um pouco de cada vez.
Você pode dizer que essa é uma conversa aberta e que vocês podem voltar a ela. Isso
ajuda muito na reconexão, pois você mostra que está disposto a agir com
6. Isso é o que vou fazer para evitar que isso aconteça de novo. Se há algo que você possa
fazer para aprender com o que aconteceu e aumentar sua habilidade para reduzir as
chances disso se repetir, se comprometa com isso. Busque o que você precisa para fazer
acontecer. Consiga o apoio e o aprendizado que você precisa para evitar esse acidente
no futuro. Você talvez precisa fazer alguma leitura sobre como fazer aquele ato com
segurança, talvez precise conversar com um amigo, talvez tenha que mudar hábitos ou
descobrir como falar sobre o que uma potencial experiência erótica significa para você.
7. Tem algo mais que você acha que precisa? O que falamos até agora te deixou
tranquilo? Às vezes achamos que a situação está resolvida quando na verdade não está
para quem foi ferido. Pergunte. Talvez eles precisem que você entenda algo sob a ótica
deles um pouco melhor ou saber que você não está bravo ou ficar um pouco quietos
Se eles não sentem que a situação foi completada e não sabem dizer o que falta, mostre
que tudo bem eles tomaram o tempo que precisarem e retomar a conversa novamente.
Talvez seja necessário ir degrau por degrau, especialmente se o problema for em relação
a um padrão antigo no relacionamento. Pode ser difícil, mas aguentar um pouco pode
Esses passos ajudam curar a dor e tornam mais fácil de prevenir que a dor e a raiva se
A melhor forma de estar preparado é sabendo o que fazer quando (e não se) acontecer.
Porque acidentes de consentimento irão acontecer. Nós erramos. Nós nos distraímos. A
gente lembra errado ou não entende direito qual a zona de conforto de alguém. Nossas
Observação: um dos sinais de que a pessoa com a qual você está é um narcisista é, diante
existe ou te culpando. É como se quando pisasse no seu pé e doesse, ele dissesse coisas
como: