Você está na página 1de 24

ESAF

Escola de Administração Fazendária

MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23

Data de Protocolo: 01/01/2000

Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL

Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ

Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Processo Administrativo Fiscal - PAF


Unidade 2 - Princípios do processo administrativo fiscal
Ficha técnica

Coordenação de Produção
Escola de Administração Fazendária - ESAF

Coordenação Técnica e Conteúdo


Maria das Graças Patrocínio Oliveira

Ana Maria Ribeiro dos Reis

Desenvolvimento
Avante Brasil Tecnologias Educacionais
Sumário

Apresentação .........................................................................................................................4

1 Considerações iniciais........................................................................................................5

2 Princípio do devido processo legal ....................................................................................6

3 Princípio do contraditório e da ampla defesa ...................................................................8

4 Princípio da publicidade .....................................................................................................9

5 Princípio da celeridade processual ..................................................................................10

6 Princípio da proporcionalidade ........................................................................................11

7 Princípio da razoabilidade ................................................................................................12

8 Princípio da moralidade....................................................................................................16

9 Princípio da unidade de jurisdição...................................................................................17

10 Princípio da verdade material ........................................................................................18

11 Princípio do formalismo moderado ...............................................................................22

12 Princípio da oficialidade .................................................................................................23

13 Princípio da preclusão ....................................................................................................24

MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

Apresentação

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Esta unidade irá tratar das proposições fundamentais que se encontram na base de
toda a legislação. São os pressupostos dos quais derivam as regras jurídicas.

Para tanto, serão destacados, a seguir, os princípios de maior relevância para o


processo administrativo fiscal.

São eles:

• Princípio do devido processo legal


• Princípio do contraditório e da ampla defesa
• Princípio da publicidade
• Princípio da celeridade processual
• Princípio da proporcionalidade
• Princípio da razoabilidade
• Princípio da moralidade
• Princípio da unidade de jurisdição
• Princípio da verdade material
• Princípio do formalismo moderado
• Princípio da oficialidade
• Princípio da preclusão

Ao final dos seus estudos, você será capaz de compreender melhor os princípios
mais relevantes que norteiam o sistema jurídico.

4
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

1 Considerações iniciais

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

O sistema processual revela princípios que


conferem relação de segurança e de equilíbrio às
partes litigantes, de forma que seja garantida a
proteção de seus respectivos direitos1. São inúmeros
os princípios aplicáveis ao processo administrativo
fiscal: de natureza constitucional, gerais de natureza
administrativa e específicos de natureza processual
administrativa.

Nesta unidade, serão abordados alguns de cada categoria. Antes, porém, vamos à
definição de princípio.

Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro


alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas,
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão
e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.2

1
MELO, Fábio Soares de. Processo administrativo tributário: princípios, nulidades e efeitos jurídicos. São Paulo,
2009. (Dissertação de Mestrado em Direito Tributário). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009. p.
162.
2
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 53.

5
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

2 Princípio do devido processo legal

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Consiste em assegurar ao contribuinte o direito de não ser privado da liberdade ou


de seu patrimônio sem a garantia de um processo desenvolvido na forma estabelecida
pela lei (due process of law, Constituição Federal/1988, art. 5º, inciso LIV).

Segundo Michels3:

O “devido processo legal” é um princípio fundamental da nossa ordem jurídi­


ca, abarcando outros princípios constitucionais, como tais os: da isonomia; do

juiz natural; da jurisdição; da proibição da prova ilícita; da publicidade dos

atos processuais; do duplo grau de jurisdição; e da motivação das decisões

judiciais.

Daí ser esse princípio considerado pelos doutrinadores como um princípio base,
sobre o qual todos os outros se sustentam.

Botallo4 assim se manifesta sobre o princípio do devido processo legal:

Esta, pois, a dimensão principiológica da cláusula, cuja acolhida pelo conten­


cioso administrativo garante a adequada proteção dos direitos subjetivos de

que são titulares todos quantos se vejam postos em confronto com a ação do

Estado.

(...)

Por ora, cabe reafirmar que a presença do due process of law na estrutura e

na dinâmica operacional do processo administrativo tributário afigura-se



essencial e inafastável, porque sem ela tal processo se mostra imprestável
para a tutela de direitos e ineficaz como garantia para a distribuição do justo
legal.
3
MICHELS, Gilson Wessler, Op. cit., p.38.
4
BOTTALLO, Eduardo Domingos. Curso de processo administrativo tributário. São Paulo: Malheiros Editores,
2006, p. 43.

6
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Visto sob duas dimensões, o devido processo legal pode ser analisado em seu
sentido formal (ou adjetivo) e material (ou substantivo). Segundo Michels5, o devido
processo adjetivo caracteriza-se pela simples norma de respeito ao procedimento
previamente regulado (acepção mais restrita adotada pela doutrina); o devido processo
legal material é a manifestação do devido processo legal na esfera material. Tutela o
direito material do cidadão, inibindo que lei em sentido genérico ou ato administrativo
ofendam os direitos do cidadão, como a vida, a liberdade e a propriedade.

O devido processo adjetivo caracteriza-se O devido processo legal material é a


pela simples norma de respeito ao manifestação do devido processo legal na
procedimento previamente regulado. esfera material.

Princípio do
Sentido
formal
devido Sentido
material
(ou adjetivo)
processo (ou substantivo)

legal

5
MICHELS, Gilson Wessler, Op. cit., p.39.

7
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

3 Princípio do contraditório e da ampla


Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ

defesa
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Decorre do art. 5º, LV, que tem a seguinte dicção: "aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".

O contraditório traduz-se na faculdade da parte de manifestar sua posição sobre fatos ou


documentos trazidos ao processo pela outra parte. É o sistema pelo qual a parte tem a garantia
de tomar conhecimento dos atos processuais e de reagir contra esses.

Já a ampla defesa traduz a liberdade inerente ao indivíduo de, em defesa de seus interesses,


alegar fatos e propor provas.

Importante
Nesse aspecto, mostra-se evidente a correlação entre a ampla
defesa e o amplo debate (princípio do contraditório), não sendo
concebível falar-se em um sem pressupor a existência do outro -
daí a inteligência do inciso LV do artigo 5º Constitucional em
agrupá-los em um dispositivo.

A Constituição Federal de 1988 alude, não ao simples direito de defesa, mas,


sim, à ampla defesa. Nesse sentido, tem-se a expressão final do inciso LV:  “com os
meios e recursos a ela inerentes, englobados na garantia, refletindo todos os seus
desdobramentos, sem interpretação restritiva”.6 

6
MEDAUAR, Odete. Processualidade no direito administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p. 111.

8
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

4 Princípio da publicidade

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Os atos processuais são públicos. A lei só restringirá a publicidade dos atos


processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

O princípio deriva da necessidade de transparência e visibilidade da atuação admi­


nistrativa, reivindicação das sociedades democráticas. Em decorrência do princípio, os
atos administrativos, e os processuais inclusive, hão de ser públicos. Já os particulares,
mesmo aqueles que não são parte interessada em determinado processo, terão meios
para cientificar-se das ocorrências na Administração.

Importante
A publicidade dos atos do processo administrativo fiscal deve ser
analisada tanto de acordo com a norma constitucional para os
atos processuais (art. 5º, inc. LX) quanto com o princípio da
publicidade dos atos praticados pela Administração (art. 37,
caput). No processo administrativo fiscal, esse princípio deve ser
aplicado com cautela, em face do sigilo que a Administração
deve guardar a respeito da situação econômica e financeira do
contribuinte.

9
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

5 Princípio da celeridade processual

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Por esse princípio, inscrito no art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/1988, toda pessoa tem
direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz
ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente em lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem
seus direitos e obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza.

A propósito do princípio em comento, o art. 24 da Lei nº 11.457/2007 estabeleceu


que:

Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo


máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de peti­
ções, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.

10
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

6 Princípio da proporcionalidade

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Esse princípio tem como preceito a exigência de que o particular fique preservado de
intervenções desnecessárias e excessivas, no sentido de que uma norma, ou uma decisão, não
deve onerar o cidadão mais intensamente do que o imprescindível para a proteção do interesse
público.

O princípio da proporcionalidade
é dividido em três subprincípios

Adequação Proporcionalidade
Exigibilidade estrita
A medida adotada deve ser ou necessidade
idônea e eficiente para A medida deve ser a menos O benefício obtido com a
alcançar seu objetivo, isto é gravosa possível, ou seja, a medida deve compensar o
o meio adotado na atuação conduta deve ter-se por sacrifício imposto (relação
deve ser compatível com o necessária, não havendo custo/benefício).
fim colimado. outro meio menos gravoso
ou oneroso para alcançar o
fim público.

O princípio da proporcionalidade tem por finalidade precípua a solução de colisões


entre direitos fundamentais, sendo empregado como regra de interpretação e aplicação
do direito. Seu conceito está vinculado à aplicação da justiça.

A Lei nº 9.784/1999 estabelece, como critério de atuação da administração nos


processos administrativos, a  “adequação entre os meios e fins...”  (art. 2º, parágrafo
único, inc. VI).

No âmbito tributário, decidiu o Supremo Tribunal


Federal - STF no sentido da ilegalidade da imposição
de restrições à atividade de entes como condição para
adimplemento tributário, ao analisar a constitucionalidade
da exigência de depósito prévio para a interposição do
recurso voluntário. (ADI nº 1.922-9).

11
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

7 Princípio da razoabilidade

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

A Administração Pública deve atuar dentro dos padrões normais de aceitabilidade.

A Administração, ao atuar no exercício de discrição, deverá obedecer a critérios aceitáveis


do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal das pessoas equilibradas e
respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida7.

Importante
O princípio da razoabilidade tem fundamento em análise valorati­
va, afastando condutas contrárias ao bom senso que não esta­
beleçam relação racional entre a finalidade normativa e a condu­
ta administrativa8.

A Lei nº 9.784/1999 veda, como critério de atuação da administração nos processos


administrativos, “... a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público” (art. 2º, parágrafo
único, inc. VI).

No que concerne às sanções tributárias, observa-se que o Superior Tribunal de


Justiça - STJ tem recorrido com certa frequência aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade para fundamentar o afastamento da aplicação da pena de perdimento
prevista no Regulamento Aduaneiro.

Exemplo disso é o acórdão proferido no Recurso Especial nº 576.300/SC.

7
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 1996. p. 66.
8
NEDER E LÓPEZ. Op. cit., p. 57.

12
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

O acórdão foi assim ementado:

JURISPRUDÊNCIA
ADMINISTRATIVO – PENA DE PERDIMENTO – EMBARCAÇÃO ESTRANGEI­
RA INTERNADA NO BRASIL.
As regras de direito tributário devem ser aplicadas sem perquirir o intérpre­
te a intenção do contribuinte. Diferentemente, as regras que impõem
sanção administrativa devem ser aplicadas dentro dos critérios da razoabi­
lidade e da proporcionalidade, quando as circunstâncias fáticas, devida­
mente comprovadas, demonstram a não-intenção do agente no cometi­
mento do ilícito.
Embarcação estrangeira que ingressa para permanência temporária no
país apenas para realização de obras e reparos necessários em estaleiro
nacional, sem nenhuma intenção de deixar internalizado o bem apreendido.
Aplicação exacerbada e desproporcional da pena de perdimento.

Os acórdãos proferidos nos REsp nº 1.072.040/PR, nº 854.949/PR e nº 983.678/


RS abordam a aplicação da pena de perdimento pela Receita Federal pelo fato de se
ter constatado que os veículos transportavam mercadorias desacompanhadas de
documentação legal que comprovasse sua regular importação. Entenderam os relatores
dos acórdãos que, em respeito aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
não cabia a aplicação dessa pena, uma vez que o valor das mercadorias descaminhadas
era muito inferior ao do veículo.

Na ADI-MC  1075/DF, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº


8.846, de 21 de janeiro de 1994, que estabeleceu uma multa fiscal de 300%. A decisão foi
fundamentada nos princípios do não confisco e da razoabilidade:

13
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI Nº 8.846/94 EDITADA
PELA UNIÃO FEDERAL - ... A TRIBUTAÇÃO CONFISCATÓRIA É VEDADA
PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ­
É cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o
Supremo Tribunal Federal examinar se determinado tributo ofende, ou não,
o princípio constitucional da não-confiscatoriedade consagrado no art.
150, IV, da Constituição da República. Hipótese que versa o exame de diplo­
ma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e seu parágrafo único) que instituiu
multa fiscal de 300% (trezentos por cento). - A proibição constitucional do
confisco em matéria tributária - ainda que se trate de multa fiscal resultan­
te do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas obrigações tributárias -
nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer
pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à
injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos
rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilida­
de da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a
prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas
necessidades vitais básicas. - O Poder Público, especialmente em sede de
tributação (mesmo tratando-se da definição do “quantum” pertinente ao
valor das multas fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade
governamental acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da
razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro de aferição da
constitucionalidade material dos atos estatais. ... STF - ADI-MC 1075 / DF
ADI-MC 1075 / DF - DJ 24-11-2006 PP-00059.

14
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Saiba Mais

Para alguns doutrinadores, o princípio da proporcionalidade se con­


funde com o princípio da razoabilidade. Inocêncio Mártires Coelho9 
assim explica a visão dos doutrinadores acerca dos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade:
Embora alguns autores utilizem, indistintamente, essas
duas expressões, por considerar fungíveis ou intercam­
biáveis os respectivos conteúdos, existem outros que
não as assimilam porque entendem que traduzem prin­
cípios distintos - o da proporcionalidade e o da razoabi­
lidade - cujas singularidades acreditam poder demons­
trar.
Os tribunais superiores, via de regra, não estabelecem distinção
entre os princípios em apreço, como se observa da jurisprudência
citada.

9
COELHO. Inocêncio Mártires Coelho. Interpretação constitucional. 3. ed. rev. e aument. São Paulo: Editora Sarai­
va, 2007. p. 109.

15
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

8 Princípio da moralidade

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

O administrador público deve atuar segundo os preceitos éticos de probidade e boa-fé.

O princípio da moralidade completa o princípio da legalidade, dando a este último


um conteúdo axiológico e fazendo com que a conduta administrativa seja, além de legal,
justa.

Ele impõe a todos a obediência aos valores morais definidos em função de


comportamento ético, aceitos pela opinião pública no tempo e no espaço.

Importante
Previsto, expressamente, no  caput  do art. 2º da Lei nº
9.784/1999, o princípio da moralidade tem sua aplicação, no
processo administrativo, orientada pelo critério contido no inciso
IV do parágrafo único deste artigo, que dispõe: “atuação segundo
padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”.

16
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

9 Princípio da unidade de jurisdição

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Esse princípio é consequência da regra contida no artigo 5º, inc. XXXV, da CF/1988, que
concede exclusividade ao Poder Judiciário para prestação jurisdicional. Neste sentido, é regra
limitadora do processo administrativo, por decorrência lógica, e dela se infere que as decisões
administrativas não são definitivas e seu cumprimento pode depender de provimento judicial.

17
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

10 Princípio da verdade material

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

A Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam
na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelas partes.

Este princípio é decorrente do princípio da legalidade e vinculado ao princípio da oficialida­


de. Por isso, a Administração tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados,
informações e documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos con­
siderados pelos sujeitos, conforme preceitua Odete Medauar10.

No tocante às provas, a investigação dos fatos


deve trazer aos autos o que realmente ocorreu, ou seja,
a realidade, ao contrário do processo em que vigora
A Administração
detêm liberdade a verdade formal, onde o julgador deve apreender os
plena de produzir fatos que contiverem os autos.
provas desde que
obtidas por meio A Administração, especialmente em razão dos
lícitos. princípios da moralidade e da boa-fé, deve aplicar a lei
corretamente, devendo verificar o seu suporte fático
segundo, efetivamente, o que ocorreu no mundo real.

É dever do julgador superar a desidiosa iniciativa das partes na colheita do material


probatório, esgotando todas as possibilidades para alcançar a verdade material dos
fatos, como fundamento de sua decisão. Porém, mesmo nos sistemas onde vigora a livre
investigação das provas, a verdade alcançada será sempre formal, porquanto “o que não
está nos autos não está no mundo”.

Essa peculiaridade do processo administrativo (e penal) é fruto das razões que


fundamentam os demais princípios elencados, bem como do que preceitua o artigo 149
do CTN, que determina a revisão de ofício do lançamento em qualquer etapa do processo,
nas situações enumeradas.

10
MEDAUAR, , Odete, Op cit.p.121.

18
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Importante
A Administração não defende interesse subjetivo na solução do
litígio, sendo lícito ao órgão fiscal agir sponte sua com o objetivo
de corrigir versões inverídicas dos fatos ou complementar provas
insuficientemente produzidas por meio de perícias e diligências.

O princípio da verdade material está em permanente tensão com o da preclusão,


cabendo ao julgador ponderá-los adequadamente.

Por Exemplo
Uma questão tormentosa diz respeito ao conhecimento de provas apre­
sentadas após o momento processual da reclamação.

Qual a regra?
A regra é que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugna­
ção ou com a manifestação de inconformidade, no devido prazo legal, confor­
me art. 56 do Regulamento do PAF. No § 4º do artigo 57, a disposição foi repe­
tida, mitigando a regra preclusiva nas circunstâncias elencadas nos incisos
I a III.

19
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

A apresentação de provas documentais para impugnar, após o transcurso do prazo,


deve ser requerida à autoridade julgadora de primeira instância, em petição na qual fique
demonstrada a ocorrência de, pelo menos, uma das hipóteses relacionadas no § 4º.

Eventual deferimento será consignado em despacho no próprio requerimento, que


deverá ser juntado aos autos, mediante termo próprio.

Qual é o risco?
O risco, nesse caso, é que a causa já tenha sido julgada quando da apresenta­
ção da prova documental adicional, perdendo-se, assim, o efeito que a dita
prova pudesse produzir.

Se isso ocorrer, ela deverá ser juntada para apreciação pela autoridade julgadora da
instância seguinte. Evidentemente, o documento extemporâneo deve guardar pertinência
com a matéria controvertida na reclamação, sob pena de também não ser conhecido no
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF (2ª instância administrativa) por
ter-se operado a preclusão.

A propósito, os arts. 36 e 37 da Lei nº 9.784/1999, incorporados aos arts. 28 e 29 do


Regulamento do PAF, contemplam a aplicação do princípio ao processo administrativo,
ao estabelecerem que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem
prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução, e que a Administração
forneça, obrigatoriamente, os documentos de que dispõe quando o interessado declarar
fatos e dados neles registrados.

Em face do vertiginoso acúmulo de processos nas repartições julgadoras, observa-


se tendência de modificação na legislação processual no sentido de introduzir limites ao
direito de prova, estabelecendo regras preclusivas a esse respeito, de que é exemplo o §
4º do art. 57 do Regulamento do PAF.

Se, por um lado, a concentração dos atos em momentos processuais definidos tem
a finalidade de proteger o Estado contra a protelação injustificada do processo, por outro,
o formalismo exagerado tem restringido as possibilidades de defesa diante da notória

20
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo
Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

dificuldade de produção de provas e de formulação de alegações nas fases iniciais do


processo.

Neder e López11 vaticinam: “O informalismo deve ser um valor a informar o processo


administrativo fiscal, observada, contudo, a sistematização necessária à sua tramitação”.

Saiba Mais

Segundo Michels12, a distinção entre verdade material e verdade


formal, nascida da contraposição entre processo penal e processo
civil, escudando-se na convicção de que neste último os interes­
ses/bens em jogo seriam bem menos relevantes que naquele, tem
sido gradativamente eliminada pela doutrina pátria.

12

11
NEDER, Marcos Vinicius; LÓPEZ, Maria Teresa Martinez. Processo administrativo fiscal federal comentado. São
Paulo: Dialética, 2002. p. 66.
12
MICHELS, Gilson Wessler. Op. cit., p. 37.

21
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

11 Princípio do formalismo moderado

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

Os atos processuais, em regra, não dependem de forma , ou terão forma simples o


suficiente para propiciar adequado grau de certeza e respeito aos direitos dos
administrados.

Desse princípio decorre o desapego às formalidades excessivas e complexos


ritos processuais. O processo administrativo deve ser simples e informal, sem que
isso signifique, obviamente, a inobservância da “... forma e de requisitos mínimos
indispensáveis à regular constituição e segurança jurídica dos atos que compõem o
processo”, como alerta Paulo Bonilha13.

Deve-se sempre ter em conta que o Estado não possui interesse subjetivo nas
questões controvertidas no processo, senão para certificar-se da validade jurídica dos
atos praticados por seus agentes. Portanto, ressalvadas as situações em que a lei exija,
expressamente, certa formalidade, devem ser relevadas pequenas incorreções de forma,
corrigida a instância quando a petição for dirigida à autoridade diversa da competente para
proferir o despacho ou a decisão, de maneira a tornar simples o acesso do administrado
ao processo, desde que não prejudique a sistematização  necessária à sua tramitação.

Ainda que não se desprezem algumas formalidades, a regra não é a predeterminação


de forma para regularidade do ato processual. A exemplo do estabelecido no artigo 154 do
CPC, os atos e termos processuais não dependem de forma determinada, senão quando
a lei expressamente o exigir. Ainda assim, reputam-se válidos os atos que, realizados de
outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.

É esta a orientação do art. 2º, caput, do Regulamento do PAF, e do art. 2º, inciso IX,
da Lei 9.784/1999, respectivamente:

Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma


própria, conterão somente o indispensável à sua finalidade ... (Decreto nº
70.235, de 6 de março de 1972, art. 2º).
Art. 2º (...)
IX...adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de
certeza e respeito aos direitos dos administrados.

13
Apud NEDER e LÓPEZ, Op. cit., p.65.

22
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

12 Princípio da oficialidade

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

O processo é impulsionado pela própria Administração, independentemente da


vontade do administrado, até a sua conclusão.

Segundo esse princípio, sendo missão constitucional do Executivo apreciar a legalidade


dos atos de seus agentes, iniciado o processo, compete à própria administração impulsioná-lo
até a sua conclusão, diligenciando no sentido de reunir o conhecimento dos atos necessários ao
seu deslinde (...)14.

Importante
Este princípio contrapõe-se ao princípio da inércia, aplicável ao
processo civil e que procura preservar a neutralidade do julgador
que age apenas quando provocado pelas partes e no limite dos
seus pedidos. Nesse caso, a falta de iniciativa das partes enseja
o encerramento do processo.

A Lei nº 9.784/1999, artigo 2º, inciso XII, determina a impulsão de ofício do processo
administrativo, sem prejuízo da iniciativa dos interessados.

O art. 63 do  Regulamento do PAF, a seu turno, prescreve que a autoridade pode
determinar ex officio a realização de diligências ou perícias que entender necessárias.

14
ARRUDA, Luiz Henrique Barros de. Processo administrativo fiscal. 2. ed. atualizada. São Paulo: Editora Resenha
Tributária Ltda., 1994. p. 4.

23
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SUBSECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
COORDENAÇÃO-GERAL DE RECURSOS LOGÍSTICOS

Dados do Processo

13 Princípio da preclusão

Número: 12345.678910/01-23
Data de Protocolo: 01/01/2000
Documento de origem: RECEITA FEDERAL DO BRASIL
Procedência: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
Assunto: AUTO DE INFRAÇÃO - IRPJ
Nome do Interessado: EMPRESA ABC Ltda

As questões não suscitadas no prazo legal, ou já suscitadas e apreciadas, não


podem ser reapreciadas.

Princípio intimamente ligado ao do impulso oficial, não há exagero em dizer que a


preclusão é instituto essencial ao processo, enquanto considerado marcha à frente. Para
ir adiante e sem retrocessos, é indispensável que a marcha considere superadas as fases
já ultrapassadas.

Por força desse princípio, anula-se uma faculdade ou o exercício de algum poder
ou direito processual15.

Importante
Sem regras de preclusão, os processos correriam o risco de se
tornarem intermináveis.

Segundo Michels16, esse princípio:

é meio de garantia do avanço da relação processual. A impugnação do


contribuinte estabelece os limites do litígio, não podendo haver inovação em
sede de recurso voluntário. Entretanto, a jurisprudência administrativa tem
relativizado o princípio da preclusão, admitindo a inovação em casos relacio­
nados a apresentação de novas provas destinadas à comprovação de
alegações já postas (não para alegações novas).

15
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel; CINTRA, Antônio Carlos do Araújo. Teoria geral do
processo. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 332.
16
MICHELS, Gilson Wessler. Op. cit., p. 43.

24

Você também pode gostar