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RESENHA

Resenha do livro A guerra contra o Brasil. Souza, Jessé. Rio de Janeiro: Estação
Brasil, 2020.
Celso Kosinski
“Nenhuma relação econômica de dominação se constitui sem a elaboração de uma
trama simbólica de ideias e valores que a legitimam e justificam.” (p.11) Assim o autor inicia
o trabalho demonstrando logo seu objetivo de analisar e demonstrar as relações de dominação
existentes e implícitas em um cenário econômico, político mundial, com consequências sócio
culturais perpetuadas pelo imperialismo americano, o qual através de um elaborado proposito
de estabelecer domínio hegemônico sobre a ordem mundial, partindo da sua realidade interna
constrói um modelo impondo condições imperialistas sobre seu próprio povo, para
posteriormente extrapolar esse modelo ao resto do mundo. A obra se constitui em dois tópicos
principais onde o autor primeiramente demonstra “a construção da ideologia do imperialismo
informal americano”,(p.17) baseada no racismo, no consenso, na expansão e na guerra
hibrida, sobre os quais discorre capitulo a capitulo, detalhando de forma pormenorizada cada
um dos pontos para demonstrar que o objetivo americano foi construir um modelo ideológico
imperialista internamente e depois promover a sua expansão ao resto do mundo, e a segunda
parte onde o autor se volta para o BRASIL, e discorre sobre “a elite colonizada Brasileira e
sua estratégia: a transformação do racismo em moralismo”,(p.103) apresentando a elite
neocolonial Brasileira demonstrando a “formação do pacto racista e elitista contra o povo”, e
ainda “as metamorfoses do neoliberalismo”, e sua tática para transformar a “guerra contra os
pobres” em “guerra entre os pobres” e o uso do racismo para fomentar a ascensão do
neoliberalismo no Brasil.
O autor demonstra que, a construção da ideologia do imperialismo se firma na própria
construção da identidade nacional, e essa identidade é construída a exemplo dos EUA, quando
calcada nas “imbricações dos interesses extra científicos, políticos e econômicos com o
interesse científico propriamente dito, atingindo seu clímax na formação da “identidade
nacional” de cada Estado-nação.” (p.30) A legitimação de cada estado nação se dá em razão
do grau de identificação com esses interesses, e para o autor, os EUA, “consideram a “si
mesmos o “sal da terra”, o “povo eleito”, diferente e melhor que todos os outros.” (p.30)
Sendo assim legitimam esse conceito e se apropriam, como uma elite expansiva que objetiva
dominar o mundo, partindo de dentro para fora, do doméstico ao internacional.
Para fundamentar a legitimação da identidade nacional, o autor recorre ao que ele
mesmo reconhece como “uma tese ousada e que precisa ser comprovada adequadamente.”
(p.20) E que se dispõe a comprovar a qual denomina, “racismo primordial”, para ele este “é a
base da vida social e política.” (p.20) O que pretende é demonstrar que existe uma “ideia
abstrata e de validade geral acerca da desigualdade natural entre os seres humanos.”(p.20) E
pressupõe que se há sociedades desiguais, isso deve ao fato que há uma legitimação aceita
pelos próprios oprimidos, a esse fenômeno chama de racismo primordial, que se sobrepõe ao
racismo racial, e identifica o racismo racial ou outras formas de dominação social e política
como uma das muitas formas de racismo primordial.
O autor sugere que a religião e a ciência são formas de produção de uma gramatica da
desigualdade hierárquica, e propõe “uma definição ampliada de racismo que possa abranger
toda forma de hierarquia construída entre “humanos superiores” e “humanos inferiores.” A
religião é a primeira forma de produção dessa gramática da desigualdade”, que permite
naturalizar a “desigualdade e formas recorrentes de opressão e de humilhação.”(p.23) Para o
autor a sociologia se ocupou em analisar as grandes religiões mundiais, com o objetivo de
entender como o discurso religioso dominante justificaria como naturais, necessárias, e
desejáveis as “formas particulares de dominação econômica e social”(p.23), partindo daí
demonstra uma dicotomia onde há dois conceitos, um de superioridade e outro de
inferioridade, que seriam a base da distinção social, ou seja são criadas divisões sociais
baseadas na distinção do que é superior e ou inferior de acordo com os pressupostos
religiosos, que passam a ser incorporados como naturais. Assim os conceitos de,
terreno/espiritual, impuro/puro, são atrelados respectivamente às ideias de inferior/superior.
No ocidente o cristianismo solidificou de tal forma esses conceitos, que estes se
naturalizaram, assim a “oposição entre espírito e corpo continua sendo o divisor de águas
principal que separa a virtude do pecado, o nobre do vulgar.” (p.25) A partir do
protestantismo, essa ideia de virtude recebe um novo significado, quando o trabalho é
associado a ela, e passa a determinar o trabalho como uma das dimensões mais importantes da
vida. Então chegamos ao ponto onde o autor define, uma das formas da gramatica da
desigualdade que se constitui em racismo primordial, a construção de uma dialética da
moralidade é baseada na oposição virtude e pecado, onde se constrói o racismo primordial,
ligado a oposição corpo/espirito, em consequência tudo o que é associado a virtudes
negativas, “indivíduos, comunidades ou segmentos sociais associados às virtudes negativas do
corpo, como sexualidade, afeto, sentimento ou agressividade, serão vítimas de um racismo
ubíquo, ainda que constantemente invisibilizado como tal,” (p.27) uma vez que sua gênese foi
esquecida, ou naturalizada, em função dos preceitos religiosos. Esta é uma parte da trama
simbólica e de valores a que o autor se refere na introdução. A partir daí se constroem as mais
variadas formas de classificação e preconceito, sempre se associando a mesma dialética,
assim o homem será associado ao espirito, portanto a virtude em oposição a mulher associada
ao corpo portanto ao vulgar, as classes trabalhadoras associadas ao corpo e as classes
dominantes ao espirito, o homem branco às virtudes, o home negro ás vulgaridades.
O domínio da ciência se encarregará de substituir a religião, essa justificação da
dominação social se apoiará em fatos na construção de uma nova gramatica da desigualdade.
O autor se vale de uma cadeia funcional em três níveis para demonstrar também que nem
sempre o produto do conhecimento obtido pela ciência é difundido de forma equânime, sendo
assim sugere que “na dimensão simbólica das ideias e de sua eficácia na vida social concreta”
(p. 29) os produtores no “campo intelectual, científico e universitário;” os operadores nos
“subsistemas funcionais da política, do direito e da economia;” e os “divulgadores e
popularizadores” na dimensão da imprensa e da esfera pública maior assim essas ideias são
manipuladas para legitimar a expansão informal do império americano, tanto internamente
quanto ao resto do mundo.
Seguindo essa concepção, toda e qualquer superioridade e excepcionalidade é
americana, em contra partida toda a vulgaridade é Brasileira, e essa construção é fruto do
“interesse de uma elite que funciona como mediadora do saque de sua população através da
dominação internacional e, para isso, precisa minar a autoestima do próprio povo para melhor
manipulá-lo, criminalizá-lo e sabotá-lo.” (p.31) Essas “ideias interesseiras” são diferenciadas
em função de quais países ou situações culturais o opressor almeja dominar, é assim que a
ciência a serviço do imperialismo procura se apropriar da oposição espirito/corpo versus
honestos/corruptos para desvalorizar os países destinados a serem colônias atrelados ao seu
domínio, “desvalorizar indivíduos e povos oprimidos na dimensão moral fundamental”, (p.33)
em virtude desse culturalismo “vira lata” onde o estado é “dominado supostamente pelo
homem cordial e particularista que se tornará o conceito mais importante da vida intelectual e
política até hoje: o patrimonialismo do Estado e da elite política corrupta.” (p.35), associando
assim também esse culturalismo “vira lata” ao estado, e a sua própria população ou seja um
estado tão corrupto quanto sua população, um interesse do capitalismo corroborado pela elite
desde o início da república.
O autor nomina os promotores dessas teorias ao citar Faoro, Freyre e Buarque, Faoro
por “encontrar as origens da criminalização do Estado e da política Brasileira no Portugal
medieval,” Freyre por construir o mito da mestiçagem Brasileira e consequentemente da
democracia racial e Buarque pelo seu homem cordial, ou seja em todos estes teóricos o Brasil
ou o Brasileiro sempre aparecem como naturalmente opostos ao virtuoso norte americano e
citando Parsons, o liga a teoria de Buarque, onde demonstra pela analogia das imagens
espelhadas que há uma oposição ao predomínio de uma sociedade primitiva corrupta ou
derivada dos instintos carnais versus uma sociedade moderna, impessoal honesta derivada da
superioridade do espirito, logicamente representada pela hegemonia dos EUA.
A imagem de uma superioridade é criada a partir da negativação das sociedades à
margem e o modelo de dominação, é criado internamente como sendo o cientificamente
correto, ou melhor através das instituições; “É a busca pelo sucesso nessas instituições que irá
estimular as famílias a educar seus filhos na disciplina e no autocontrole.” (p. 44) Dessa forma
tudo o que é de melhor está lá as escolas, as universidades, a indústria, pronto para ser
exportado, inclusive a teoria social dominante a sociedade consumista. O imperialismo
informal se legitima também nos países dominados assim, a ciência nesses países também é
ditada pela ciência dos EUA. A “ciência americana” tem que ser, nesse sentido, um falso
“novo paradigma” nas ciências sociais, às quais cabe explicar o mundo para todas as elites
funcionais que operam no Estado e no mercado de todos os países colonizados.” (p.46)
A dominação no entanto parte da ciência, mas não é confinada às universidades, ela é
sutilmente disseminada em todos os meios, é assim que hoje há um esforço midiático, uma
verdadeira guerra promovida pela direita neoliberal, no sentido de valorizar certas práticas e
costumes que nada mais são do que ferramentas de massa de engajamento e controle
aplicadas pela elite sob orientação do imperialismo sutil norte americano.
A ideia semeada que as instituições e o próprio povo são corruptos, fortalece as ações
de um governo que não está a serviço do povo e nem mesmo da elite nacional, posto que até
mesmo a elite nacional é levada no cabresto em função dos lucros que obtém com a
exploração do seu próprio povo, é assim que se favorece a venda de empresas estatais
nacionais lucrativas como a EMBRAER, e a privatização de outras como a ECT e a
ELETROBRÁS, evidentemente o aporte de capitais para essas transações trilionárias somente
pode se dar pela entrada de estrangeiros na economia nacional, e a soberania do povo
Brasileiro sendo negligenciada por uns poucos representantes da elite governante não
nacionalista.
Tudo o que foi dito até o momento pelo autor é decorrente da sua teoria em relação ao
racismo primordial, para assegurar a manutenção ou o sucesso dominação pelo racismo
primordial, é necessário criar mecanismos, um desses mecanismo o autor chama de “fabrica
do consentimento” (p.74) e esta é a maneira de conduzir através da ciência do que ela produz
e dos meios de divulgação dessa produção que resultará na “produção de consentimento”.
A ciência é o nível mais abstrato e de maior prestigio, explicável e herda da religião a
função de produzir a “gramatica da desigualdade”, de ditar a verdade, a partir dela, “temos a
dominação de todo o sistema educacional internacional em todos os níveis de escolaridade.”
(p.50) “Todas as elites educacionais de todas as áreas vão tender a perceber o mundo de
acordo com a teoria hegemônica do culturalismo americano.”(p.51) Aqui podemos citar a
OCDE como um dos órgãos institucionais influenciadores a nível internacional, objetivando o
domínio dos EUA.
O papel das elites funcionais, nesse processo é comandar e promover a dominação
social em nome dos proprietários e a formação dessa elite é uma relação de influência e
interdependência com a produção cientifica, há uma associação entre os recursos financeiros,
e a produção de conhecimento, tanto na esfera do conhecimento cientifico mais abstrato
quanto na esfera do conhecimento cientifico prático, há uma interdependência regida pelo
poder econômico e seus interesses. “No caso do império “informal” americano, o que está em
jogo é a mais perfeita imbricação entre dinheiro e dominação política de que se tem notícia.”
(p.52) que se traduz em influência da elite “que controla a riqueza americana e cada vez mais
a riqueza mundial”(p.52). O autor também enfatiza que essa dominação é colocada em prática
em primeiro lugar contra o próprio povo americano “especialmente as classes trabalhadoras.”
(p.52) Essa dominação pode ser explicada, segundo o autor primeiro pela “expansão das
regras e do aparato legal e econômico do Estado nacional americano para o resto do mundo;”
(p.52) e segundo pela “construção, pela elite funcional americana, de uma ideologia
específica, pensada como uma estratégia de guerra militar para legitimar esse processo: o que
denominou produção do consentimento”. (p.52)
Sobre o capitalismo, “Na realidade, nunca existiu um modelo de capitalismo
independente da política e do Estado.”(p.53) nos EUA, na verdade o sistema somente atinge
graus expressivos de desenvolvimento se for atrelado ao estado, e essa é a gênese do próprio
imperialismo “informal” americano, o controle e a influência sobre seu território e de seu
povo e seus dominados se dá não pela força mas sim pelo poderio econômico, algo bem mais
efetivo, pois domina e impõe a vontade e o interesse dos ricos. Um dos recursos colocados em
pratica para a dominação de países, atrelados ao bloco americano, é a operação em aliança
com as “elites locais, e não contra elas.” Assim a perversidade do sistema é extrema, porque
mina a soberania de uma nação de dentro para fora, isso utilizando a ganancia de algumas
elites e em conluio com essa, coloca em submissão toda uma nação subjugada pelo poderio
econômico. Esse portanto é o imperialismo informal, onde a influência se dá pelas vias
cientificas, neste caso; “Basta mandar uma ciência feita com a precisão de um alfaiate para
colonizar o pensamento do oprimido e neutralizar sua capacidade de reação.” Não é preciso
ser esperto para entender que tal projeto somente funciona, se tiver a conivência de uma elite
ou um “aparato estatal construído e azeitado para funcionar como principal defensor do
investidor e do capitalista privado nos quatro cantos do mundo.” que se deixa dominar por
interesses econômicos, o que é claramente o caso do Brasil.
Internamente os EUA somente conseguiram construir esse modelo as custas de
subjugar historicamente em “conflitos distributivos de toda ordem entre as diversas classes
sociais”(p.57), sendo que surge uma classe de liderança capitalista a ser construída em aliança
com o Estado americano na forma de união com o partido republicano, assim são impostas
derrotas no campo das regras eleitorais e no campo da justiça, que passam a “atuar em
uníssono como força conservadora contra as reivindicações dos trabalhadores” (p. 53), nasce
ai a construção de um imperialismo hegemônico baseado na força do capital que atuará tanto
domesticamente com internacionalmente.
A expansão da política interna nos EUA para os países sob seu domínio se dá por
detrás de uma suposta proteção, garantindo a espoliação aliada às elites que comandam o pais
principalmente aquelas que se alinham ao neoliberalismo e se utilizam da retorica do combate
a corrupção como no Brasil, uma vez que já foi convenientemente e cientificamente plantado
que o pais é o oposto especular do que há de positivo nos EUA, sendo assim a intervenção do
imperialismo é vista como a salvação da pátria. Isso explica de certa maneira, o embate
existente e construído pelos neoliberais no sentido de desestabilizar o tripé da republica
minando um dos poderes que é a justiça. Outro fato importante é que: “A expansão do
interesse americano para o globo teria que ser travestida de interesse geral, ou seja, vendida
como se fosse para o bem e para a autonomia dos países “informalmente” colonizados.” (p.
61) Sendo assim o imperialismo irá atuar em três direções sempre objetivando manter a sua
hegemonia primeiro expandir a dimensão financeira do capitalismo a uma escala planetária,
segundo enfatizar a manutenção de Estados nacionais, terceiro manter o status quo vigente.
Dessa forma os EUA serão sempre vistos como a nação virtuosa que zela pela ordem
mundial.
A elite americana, esta imbuída de criar condições para manter seu controle, e se torna
especialista em “enganar e manipular sua própria população”[...] ou “fabricar consenso”
(p.65) que é um “eufemismo para a manipulação deliberada das massas contra seus melhores
interesses”, essa fabricação do consenso é tarefa da elite funcional, em um nível intermediário
que irá fornecer subsídios aos ricos atuando com os conhecimentos práticos e imediatamente
aplicáveis para “a resolução de problemas concretos advindos da dominação social e
política.”(p.65) Essa combinação foi que proporcionou o sucesso do empreendimento de
dominação do próprio povo americano, utilizando a imprensa e a publicidade para convencer
e levar o povo a apoiar a entrada dos EUA na primeira guerra mundial. Essa é uma “nova
espécie de capitalismo baseada na produção do consentimento por meio da manipulação
consciente, que será mais um dos trunfos do imperialismo informal capaz de levar em sua
esteira também “as alianças imediatas de aventureiros de países periféricos como Bolsonaro,
Moro e Guedes com a elite metropolitana americana.” (p.75) A proteção exercida pelo
governo americano aos interesses comerciais das empresas americanas, vai longe, chega ao
ponto de utilizar todas as estratégias utilizadas para produção do consentimento a nível
interno para um nível global, e exporta a sua cultura de massa reproduzindo sempre a mesma
mensagem dessa forma, para países como o Brasil.
E sempre há um arsenal de estratégias reservadas, utilizar a força e o poderio militar
tem limites, custos e altos riscos, dessa forma é menos oneroso e mais eficiente, a “guerra
hibrida” (p.82) que utiliza as estratégias da espionagem militar e da espionagem americana,
para desestabilizar por vários meios, os países onde há interesse americano. No caso do Brasil
a guerra hibrida é facilitada, uma vez que a identidade nacional de “vira-lata” permite um
ataque sutil bem sucedido, sendo assim a elite colonizada e a imprensa a serviço de qualquer
que pague praticam a espoliação contra o povo A estratégia da guerra híbrida no Brasil contou
com a própria constituição da identidade “vira-lata” e para um povo que se acredita inferior e
corrupto de nascença dessa forma não foi necessário um esforço maior uma vez que a elite
Brasileira já havia desenvolvido uma forma de enganar o povo, “a corrupção só da política
como bode expiatório de todos os males do país, muito especialmente em governos de
esquerda que estivessem melhorando a vida do povo.”(p.89) O desfecho do ataque da guerra
hibrida ao Brasil foi a volta a subserviência ao poderio e ao imperialismo americano,
demonstrada pelo então governo recém eleito, e a consequência de um povo humilhado e
explorado.
O sucesso da política americana como opressor, se utiliza de fraquezas existentes nos
explorados. Essa é a segunda parte desta obra que vem mostrar que como é possível subjugar
o colonizado ao entrar “em aliança com as elites locais” com o objetivo de “submeter as
classes populares também dos países colonizados”, quando quem comanda é uma elite
neocolonial sem projeto nacional, ou seja sem projeto é necessário se submeter a outrem que
o tenha, e esse é o projeto do colonizador. A ordem econômica mundial implantada a partir da
segunda guerra é gestada nos EUA, com objetivos claros de evitar outras guerras mundiais
inter imperialistas e manter o status quo de uma divisão internacional e restringir o acesso à
tecnologia de ponta e ao capital condenando a pobreza o resto do mundo.
Os EUA se utilizam do conhecimento adquirido no capitalismo domestico para em
uma “generalização planetária” permitir a “acumulação capitalista em todo o globo em
benéfico do G7, garantindo a hegemonia do capitalismo americano. O que significa dizer que
somos sempre tutelados e levados a cabresto, mantidos como uma economia periférica sem a
possibilidade de avanço limitados pelos interesses dos donos do poder, mancomunados com
uma elite submissa que á a Brasileira e que consegue forjar uma identidade “vira-lata” para o
seu povo, como o autor declara, “são as frações dos proprietários não industriais, no campo e
na cidade, que, na verdade, jamais deixaram de ocupar o comando da sociedade, numa
impressionante continuidade do Brasil escravocrata e colonial,”(p.108) somente assim é
possível entender porque o Brasil não ascende como as potencias emergentes asiáticas e ao
“contrário, reproduz a estrutura colonial e se une a potências estrangeiras para oprimir seu
próprio povo.”(p.108) A elite Brasileira “opera como representante das elites estrangeiras no
próprio país, cobrando um “pedágio” pelo trabalho de repressão e de submissão da própria
população.” A elite Brasileira “se comporta como a “elite funcional” das elites proprietárias
internacionais, ficando com a fatia menor do espólio que permite a opressão econômica e
política do próprio povo.”
Para entendermos esse fato o autor nos leva a gênese da elite Brasileira em um
contexto histórico, que segundo ele data dos “anos 1920 e 1930 e o “primeiro passo para
compreendermos o Brasil de hoje e sua inserção internacional subalterna é percebermos que
sua história e sua autoimagem foram desvirtuadas pela elite dominante.” Tudo tem base no
“racismo vira-lata”, sancionado pela elite Brasileira, como uma imagem especular da “suposta
superioridade inata dos americanos”. Essa imagem foi forjada na ciência, aqui o autor cita,
“Sérgio Buarque” o “filósofo do liberalismo conservador vira-lata no país e influenciou 99%
da inteligência Brasileira.” E afirma que essas não ficaram retidas nos anos 1930, mas são
defendias pela “fina flor da intelectualidade Brasileira” e entre esses cita Fernando Henrique
Cardoso, Roberto DaMatta, Fernando Haddad e Lilia Schwarcz.
O autor relembra quem criou a identidade vira-lata nacional:
Essa construção do viralatismo, segundo o autor garante ao opressor a vitória, “quando
o BRASIL e o povo Brasileiro, abraça a ideia de que é inferior em todas as dimensões
importantes da vida, não é mais necessário travar batalhas, porque a guerra contra ele já está
ganha.”(p.112) Se o próprio povo se vê como inferior, muito especialmente na dimensão
moral, a mais importante dimensão simbólica da vida humana, então os EUA não precisam
invadir o Brasil para roubar o orçamento público, as empresas públicas de maior tecnologia e
as riquezas nacionais, como havia feito com o Iraque. O autor chama de a elite do saque, os
Brasileiros que entregam a “preço de banana” o pais desde que “sejam pagos em espécie nos
paraísos fiscais”.(p.112)
Para o autor, diferente do racismo primordial, no BRASIL, na base dos “privilégios
está o racismo, o racismo racial mesmo, a verdadeira semente do amor entre classe média
branca, como Moro e Dallagnol, e a elite de proprietários “A fração politicamente dominante
continua sendo a elite agrária do tempo do escravismo.” A a elite dominante arrastada pelo
cabresto, criou o consentimento, como uma estratégia importada dos EUA para dominar o
povo, aqui foi criada uma identidade para o povo Brasileiro, e para isso a elite principalmente
a paulista, se utilizou da ciência, criando a USP onde se desenvolve a versão vira-lata do
culturalismo freyriano, de modo a preservar o racismo prático contra o povo Brasileiro, sem
tocar, no entanto, na palavra raça, a imprensa foi intensamente usada para difundir uma ideia
de que não havia racismo no BRASIL, que éramos uma democracia racial, por baixo dos
panos, foi construída uma aliança entre a elite do atraso e a classe média branca que agora
compunha a elite funcional, tudo com o objetivo de subjugar o povo e manter os privilégios,
isso foi feito, mantendo a ideia hegemônica da supremacia e do racismo primordial.
As ideias foram manipular de tal forma que todos se convenceram ou seja forma
materializadas e solidificadas de tal forma que até hoje continuamos com esse complexo de
povo inferior isso feito conforme descreve, uma identidade forjada, e cuidadosamente com o
“tempo e o trabalho diário da imprensa elitista, essa foi a mensagem subliminar
construída.”(p.118) “É desse modo que o racismo racial, o ódio ao povo mestiço e negro,
recobre todas as relações de classe no Brasil moderno.”(p.120) Dessa forma a elite, preserva
as condições políticas e simbólicas excludentes da escravidão num contexto de sufrágio
universal.” Não importa as questões urgentes do pais o que importa é a preservação de um
status agora mais que tudo também aliado a política externa do imperialismo através do
entreguismo do pais. A classes dominantes, as classe funcionais, a elite política serão
revestidos de uma moralismo que permite que elas continuem a ser racistas sem serem
atacadas por isso, o povo se sente vira-lata, estas classes ganham status de moralizadoras e
salvadoras da pátria. A partir daí, os ataques ao povo se traduzem pelo ataque aos
representantes do povo, por uma elite que se diz moral, assim é que se desencadeia todo o
processo da lava jato, ainda mais porque as elites nacionais se viram ameaçadas e
consequentemente os seus representados lá fora o que transformou o jogo em uma guerra
hibrida e levou grande parte do povo a mitificar o bolsonarismo.
Para o autor a hegemonia do imperialismo se valerá da “guerra contra os pobres e a
transformará na “guerra entre os pobres”, isso é o uso pelo capital de uma forma de “em uma
estratégia dupla: promover tanto a guerra contra os pobres e as organizações da classe
trabalhadora quanto a guerra dos pobres entre si e da classe trabalhadora entre si.” Utilizando
a estratégia de dividir para conquistar, essa guerra contra os sindicatos “assume diversas
formas, como a oposição entre trabalhadores brancos e negros ou de origens distintas.”
Sempre denotando na verdade uma guerra contra o povo.
Vemos que sempre o capitalismo se apropria de algo e o transforma com o objetivo
final do lucro. O “neoliberalismo é, antes de tudo, um novo padrão de distribuição de riqueza
e de renda.” (p.133) Mas ele se configurou somente a partir de novos padrões de demanda por
reconhecimento, ou seja não importa ser explorado desde que seja reconhecido. Mas essa
abordagem ainda não é satisfatória, visto que surgiram novas demandas tais como as questões
ambientais, e o multiculturalismo, para atender as novas necessidades entra em cena o
neoliberalismo progressista que incorpora demandas tais como a “luta pela igualdade a luta
pela inclusão das minorias perseguidas por motivos de gênero, orientação sexual e etnia.”
(p.134) No Brasil, “foi a base para o “choque de capitalismo” de FHC” e da dominação
ideológica do PSDB. E em contrapartida também favoreceu a elite paulista conciliando o
domínio econômico com um viés ideológico convincente, no entanto o ideal do capital
sempre foi mantido, ou seja a expropriação do capital. “A consequência “virtuosa” do Plano
Real, embora não intencional, foi o efeito redistributivo para a população como um todo, que
se viu livre do “imposto inflacionário”.” Nesse período no entanto surge uma nova questão,
como do nada a dívida pública aparece e continua até os dias de hoje sem uma justificativa,
nesse momento o Brasil entra definitivamente no mercado global com “confederação de
credores” unidos, que se apropriam de toda a poupança social e de todo o orçamento público
composto pelo conjunto de impostos. “A partir de então, os impostos deixam de servir à
população e passam a servir aos bancos e a seus investidores, internos e externos, em títulos
“fabricados” de suposta dívida pública.”
Após FHC, Lula vem com mudanças sociais, no entanto continua com o pacto rentista.
Por manter o pacto rentista, Lula teve uma certa estabilidade, pois garantia os lucros dos mais
ricos e promovia o florescimento dos mais pobres, o que muda nesse período são dois fatos
importantes sendo um deles a descoberta do pré sal que seria domínio nacional, e o BRICS,
ambos iam contra a o “espírito do imperialismo informal americano fundado na manutenção
do status quo mundial em favor do Norte global.” Aqui a “aventura de desenvolvimento
autônomo Brasileiro passava a ser vista tanto como ameaça quanto como butim para o saque
do capitalismo americano.” (p.139)
O que vem como uma mudança nesse quadro todo é a disposição de Dilma, em
quebrar o pacto rentista, obviamente a elite capitalista não poderia permitir tal desfecho a
afronta contra os controladores dos negócios. Com o uso da mídia e da compra dos poderes
legislativo e judiciário, longe de garantir o apoio popular, Dilma foi solapada pela mídia que
convenientemente esclareceu a população, garantindo seu apoio. Novamente vem à tona a
corrupção do governo e do povo, as mesmas sempre utilizadas pelo poder hegemônico, nada
melhor para a Lava jato, para os americanos e para a elite Brasileira, que levaram décadas
para implantar essa ideia vira-lata e absurda na cabeça dos Brasileiros. O resultado foi o
fortalecimento da lava jato através de todos os recursos cínicos fornecidos pelos americanos.
A pregação do neoliberalismo progressista que finge o seu progressismo, não se
sustenta o discurso da igualdade das minorias não pode ser sustentado infinitamente, a
“população quer que a vida melhore, que seu poder de compra aumente, quer ter esperança no
futuro e acesso a um emprego seguro e a um bom salário.”(p.143) Isso são coisas materiais. E
ao não conseguir cumprir suas promessas, o neoliberalismo progressista deu “margem ao
surgimento de uma “nova direita”, a direita que assumiu o poder com Trump e que foi
decisiva para a vitória de Bolsonaro no Brasil. Novamente os “grandes bilionários, passaram a
movimentar fortunas inteiras para construir o “libertarianismo” (p.146) – o eufemismo para
caracterizar a extrema direita americana” vemos aqui a linha de exposição do autor sendo
continuada, sempre o poder econômico ditando todas as regras inclusive de estado, para
garantir a expropriação das classes trabalhadoras. O trabalho agora foi atacar as bases do
próprio pensamento hegemônico americano. A ideia encontrou eco na elite bilionária
reacionária, que prontamente viu a ameaça a seus interesses representada por um pais
igualitário e combativo, e os mais receptivos a essa ideia seriam os herdeiros de industrias
sujas e poluentes, como “fabricantes de armas, produtos químicos, mineração e petróleo.” A
partir de então a revolução reacionária do libertarismo, terá financiadores em potencial,
justificado pela futura desregulamentação privatização e por flexibilização de medidas
protetivas ao meio ambiente o que posteriormente redundará nas mesmas ações no Brasil. A
guerra hibrida entra em cena novamente passando pela cooptação da ciência e depois para a
imprensa, repetindo o processo já apreendido. Através de investimentos vultuosos nas
universidades foi fomentado um “ programa inteiro de estudos jurídicos, para desviar o estudo
do Direito da sua relação com a justiça social e aproximá-lo, ao contrário, das relações custo-
benefício do mercado”(p.150), e esse programa “ganhou credibilidade com a ideia positiva da
interdisciplinaridade,” foram beneficiadas com esses investimentos universidades como,
Harvard, Yale, Columbia, Cornell e o programa foi chamado de “Law and economics”.
Paralelamente a justiça foi cooptada com o aliciamento de mais de seiscentos juízes
americanos. Essa é a forma como o poderio econômico imperialista se movimenta e garante
sempre a supremacia do capitalismo, parecendo assim uma “reflexão espontânea da
academia”, a forma de enxergar a justiça e a pratica de direto foi reformulada através do
investimento de milhões de dólares.
Na pratica tudo foi montado de forma a colocar, o “governo Trump com uma política
externa agressiva, em benefício dos conglomerados industriais na base do apoio republicano,
como se isso fosse uma prestação de contas ao “povo americano” para “tornar a América
grande de novo”.” Tudo novamente engodo do capitalismo e do imperialismo informal. E
seus objetivos não são menores dos que os praticados domesticamente, e nas colônias ou seja
espoliar o Brasil com a conivência da elite dirigente do pais e para isso investindo quase nada
porque todos sabem que o Brasil é facilmente corrompido.
A tática utilizada por Trump foi atacar, “assim, algumas tosses eventuais de Hillary
Clinton em público são transformadas na prova de sua saúde precária e de sua “fragilidade”
feminina,” dessa forma “despertando o sexismo e a misoginia, o racismo foi reacendido por
Trump, por exemplo, ao acusar Obama de não ter nascido no país”, “também por conta do
nome foi acusado de ser muçulmano.” “O ódio racial contra o negro, o mexicano, o
muçulmano faz com que estes passem a ser a causa visível do infortúnio do trabalhador
branco americano empobrecido e desempregado.” (p.159) Na verdade tudo subterfúgios do
libertarismo financiado pela elite poderosa. A campanha de Bolsonaro foi feroz nesse sentido,
Gerando aquela polarização odiosa que não foi percebida pelos dois lados da população, Essa
é a gênese americana da destruição do sonho Brasileiro:

Primeiro, se empobrece a esfera pública como espaço de debate e confronto de


opiniões contrárias – na medida em que se ataca e se desapossa a maioria da
população do acesso ao aprendizado público e a informações isentas. Em seguida, o
mundo assim privatizado dos indivíduos é exposto a uma segunda e definitiva
desapropriação: é reduzido categoria de mercadoria vendável para fins de
manipulação. (p.161-162)
Todos os eventos, “A eleição de Donald Trump, o Brexit inglês e a eleição de Jair
Bolsonaro no Brasil expressam uma nova conjunção de fatores combinados que se
retroalimentam reciprocamente.” (p.164) são parte da estratégia de difamação, por trás de uma
máscara de conservadorismo de respeito aos valores. É a culpabilização como se o
aprofundamento do desemprego e da pobreza fosse das políticas cosméticas de emancipação
das minorias. O rearmamento em nome da segurança, a escalada da violência contra,
mulheres, LGBTs, negros e latinos que passam a ser os alvos visíveis da classe trabalhadora
branca e decadente, possibilitando a escalada do sexismo, da misoginia, da homofobia e do
racismo aberto e indiscriminado. Tudo alimentado pela fobia do libertarismo.
Para a democracia o real inimigo é a elite, mas ela “nunca é definida enquanto tal e
podendo assumir qualquer rosto ao gosto do freguês, “O ataque à imprensa tradicional tem o
objetivo de eliminar a diferença entre verdade e mentira e atacar a própria linguagem da
emancipação e dos direitos.” (p.166) O multicolorismo, a proteção ao meio ambiente e a luta
pelos direitos das minorias passem a ser vistos como a causa real de todos os problemas.
Todos os ataques são feitos em nome da moralidade, e hoje são visíveis nas redes sociais, essa
posição é vista contumazmente, no comportamento do presidente. O discurso do ódio
ultrapassa todos os limites e cria uma nação dividida onde antes havia uma relativa paz.
O modelo testado nos EUA, foi prontamente assimilado por Bolsonaro. Como as
“novas mídias digitais permitem o fracionamento e a fragmentação da esfera pública,
impedindo a própria oposição entre verdade e mentira.” (p. 168) Foi justamente no uso da
mídia digital que Bolsonaro calcou sua campanha com o discurso de contenção de custos, na
verdade uma estratégia do imperialismo também usada por Trump.
Nas eleições de 2018 A Lava Jato é o espelho perfeito do bloco antipopular
Hegemônico”. “Produto mais perfeito do racismo repaginado como o falso moralismo do
combate seletivo à corrupção, ela serve para estigmatizar o povo e sua participação política,
sacralizando a abissal desigualdade Brasileira.” (p. 171) Tudo é formatado para atender ao
desejo do liberalismo americano e da elite que “pretende perpetuar a propriedade e o saque ao
orçamento público” e a classe média busca preservar a qualquer custo os privilégios
educacionais e de renda que lhe garantem um padrão de consumo e um estilo de vida europeu
e americano, além de prestígio e distinção social.” Nesse contesto os Brasileiros chegam a
eleição de 2018, “com ódio da política; “É aqui que entra Bolsonaro, uma surpresa eleitoral
com a qual ninguém contava seriamente. Suas atividades escusas porém não amplamente
divulgadas de ligação com milícias com forte apelo entre os policiais e os segmentos mais
reacionários da sociedade mas um discurso moralista, torna-se o único capaz de fazer frente
ao PT, a participação da influência da extrema direita e os ensinamentos desta foram parte da
campanha de Bolsonaro, sendo que “Eduardo Bolsonaro confirmou a participação de Bannon
na campanha do pai, admitindo seu papel como “conselheiro”” O interesse de Bannon não era
outro que não o interesse do capital americano. A elite Brasileira havia perdido o
protagonismo político, com tantos escândalos gerados pela lava jato, erroneamente ou não a
lava jato veio a favorecer o cenário político, e a elite desprestigiada, viu-se acuada a
compactuar com o imperialismo americano.
O que o PT fez em termos de inclusão proporcionada a cerca de um terço da
população Brasileira, mexeu em uma chaga social reprimida, que o próprio PT não havia
tomado o cuidado de sarar, “o racismo contra a ralé de novos escravos, a casta dos intocáveis
Brasileira, condenada aos serviços pessoais, sujos e perigosos” (p. 175) “o racismo racial
recobre, de modo quase perfeito, a estrutura dos privilégios de classe no Brasil.” (p.175) O
privilégio da classe média no Brasil é legitimado pela aquisição de diplomas, o PT havia
quebrado parte da aliança social e racial entre a elite e a classe média que como classe
funcional garantia a manutenção da força de trabalho, em troca receberia os privilégios
educacionais “o caminho institucionalizado para a aquisição de capital cultural obviamente
essa mesma classe média se voltaria por razões racionais contra o PT. Milhões de pessoas
haviam transformado a lava jato e Moro seu protagonista em alvo de sua admiração
majoritariamente essas pessoas estavam inseridas na classe média.
“Mas o racismo Brasileiro não se restringe às classes superiores. Com Bolsonaro, ele
foi ativado também nas próprias hostes populares.” (p.177) O toque de Midas da campanha de
Bolsonaro foi cooptar parte dessas hostes, o que realizou em parte perpetuando ataques a
partidos e de outra forma utilizando como mote de sua campanha a moralidade dos costumes
e da segurança pública únicos medos dos mais pobres porque o resto não lhes assombra mais,
ainda mais o racismo racial será mais um motivador, visto que nas classificações entre os
pobres a cor define o negro pobre é associado ao delinquente enquanto que o branco pobre é
associado ao honesto. “É que para o “pobre remediado” – na verdade, a maior parte da
população Brasileira –, se for branco, a única distinção social positiva possível, no seu meio, é
a cor da pele.” Bolsonaro foi eleito, e seu projeto é a instituição da violência.
Souza em uma linguagem simples e bastante didática porém concisa e densa trata de
um tema que não é popular, muito menos passa pela cabeça de muitos Brasileiros sua análise
toca em pontos profundos e ele não se abstém de tecer críticas a nomes consolidados da
academia, ou da política nacional e internacional, suas ideias são coerentes e dignas de um
estudo detalhado e todo o aporte de informações que utiliza são referenciados, o que coloca
seu livro como um texto de credibilidade.

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