Você está na página 1de 13

SALA DE RECURSOS x ALUNOS DO ENSINO MÉDIO:

DIFICULDADES, POSSIBILIDADES E REFLEXÕES

1-Introdução

O presente estudo tem como finalidade apresentar quais as perspectivas


dos alunos das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), da rede estadual de
ensino da cidade de Maracaju Mato Grosso do Sul, e como este Atendimento
Educacional Especializado tem causado efeito benéfico no processo de
ensino/aprendizagem.

Amparadas por lei, as SRM, estão distribuídas em todo nosso país, o


trabalho realizado pela equipe que envolve este atendimento, sendo essa
equipe formada pela técnica do NUESP (Núcleo de Educação Especial) e
demais professores capacitados na área, que garantem um atendimento de
qualidade.

Este trabalho visa proporcionar a sociedade em geral, bem como


estudantes da área da Educação Especial, expor a realidade de uma sala de
recursos multifuncionais e como este atendimento tem aprimorado a
aprendizagem destes alunos, traz também, algumas perguntas realizadas com
a técnica, a fim de esclarecer algumas dúvidas e mostrar o material utilizado,
local, quais as tecnologias assistivas são utilizadas visando a melhoria de vida
de cada aluno.

Tende de apresentar de forma sucinta um breve resgate histórico da


Educação Especial no Brasil, assim como as leis que amparam o AEE e as
Salas de Recursos Multifuncionais. O programa das SRM é proposto às
escolas das redes estaduais e municipais de educação e foi instituído com o
intuito de originar qualidade de ensino para os alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação,
sendo este o público alvo da educação especial. Este programa foi
desenvolvido com a finalidade de complementar e suplementar a
escolarização, consistir em ser realizado no contra turno em que o aluno é
matriculado em série regular na escola comum. A intenção é garantir que este
aluno com necessidade educacional especializada (NEE), possa ter condições
de acesso, conhecimento e aprendizagem no ensino comum permitindo a
oferta do atendimento educacional especializado, contudo de maneira que não
substitua à escolarização em sala comum, como é de direito (BRASIL, 2007).

2. Revisão de literatura

2.1- NOME DO TÓPICO

O contexto que abrange o atendimento educacional especializado, bem como


as SRM é muito amplo, não se pode iniciar um estudo nessa área sem antes
falar da inclusão, haja vista que, se não houvesse inclusão, tão pouco haveria
as salas de recursos, e para corroborar a respeito do tema inclusão, Omote
(2004, p. 6) contribui fazendo uma fala muito específica

A mera inserção do aluno deficiente em classe comum não pode ser


confundida com a inclusão. Na verdade, toda a escola precisa ter
caráter inclusivo nas suas características e no funcionamento para
que sejam matriculados alunos deficientes e sejam acolhidos. Uma
escola que só busca arranjo especial determinado pela presença de
algum aluno deficiente e na qual a adequação é feita para as
necessidades particulares dele não pode ser considerada
propriamente inclusiva.

Matricular um aluno com deficiência não é o bastante, tem que ser


garantido que este aluno seja realmente de fato incluído e receba todo o
atendimento que ele necessite e que é respaldado por lei, o aluno necessita
fazer parte do meio escolar, ser visto e se sentir normal como os demais, claro
respeitando suas especificidades.

Para que essa inclusão aconteça é fundamental que haja na escola


acessibilidade, é preciso que o meio e que este aluno será inserido, esteja apto
a recebe-lo e proporcionar um bem-estar, assim como, locomoção, como
rampas de acesso, pista tátil, banheiros adaptados, quando a restrição for
motora, também disponibilizar professores intérpretes e de apoio quando
necessário. Para contribuir o Decreto nº 6949 de 25 de agosto de 2009
esclarece que:

A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma


independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida,
os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar
às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades
com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e
comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao
público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas
medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e
barreiras à acessibilidade.

É necessário que exista de fato está acessibilidade, de forma que venha


acarretar uma melhoria de vida, bem como a realização de atividades diárias,
sem que haja a necessidade de ajuda de outrem. No Brasil, no ano de 2006,
por meio do Decreto nº 6949/2009, foi proclamada a Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006), tomando como
compromisso garantir verdadeiramente o total acesso das pessoas com
deficiência a um sistema educacional inclusivo em todas suas esferas,tomando
medidas que assegurem as qualidades para sua efetiva atuação, evitando a
exclusão deste sistema educacional, em decorrente de deficiência.

As pesquisas sobre as Salas De Recursos Multifuncionais, ainda são novas,


uma vez que, nos documentos estudados é tudo muito recente, em 2008, o
Decreto nº 6.571 constitui no, domínio do FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação) realizar a dupla matrícula dos alunos público alvo da educação
especial, sendo essas, dividida em um período em sala regular do ensino
comum e o contra turno em uma SRM, para receber o atendimento educacional
especializado. Segundo demarcação deste Decreto, as SRMs são espaços
atribuídos de aparelhamentos, materiais didáticos e pedagógicos, bem como
mobiliário necessários, de forma a garantir o atendimento educacional
especializado. Fica definido, por meio da Resolução CNE/CEB nº 4/2009 do
Conselho Nacional de Educação, constitui as Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, como:

Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos


multifuncionais da própria escola ou em outra de ensino regular, no
turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes
comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento
educacional especializado de instituição especializada da rede
pública ou de instituição especializada comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria de
educação ou órgão equivalente dos estados, do Distrito Federal ou
dos municípios.
A partir daí então, é que os investimentos nas salas de recursos
começam a acontecer com força, sendo possível perceber que nas salas de
recursos há uma grande diversidade de material didático, assim como, jogos e
aparelhos que possibilitam trabalhar com alunos de diferentes necessidades
educacionais especiais.

Nesse ponto de vista de implantação e de perspectiva de sucesso, a


Secretaria de Educação Especial a partir de 2005 tem investido bastante no
AEE, possibilitando diversos materiais e acessibilidade para a implantação das
SRM, assim como a capacitação de professores para AEE.
Oliveira e Leite (2011, p. 198) vêm falar sobre a importância da
implantação destas salas de recursos, trazendo a tona o papel fundamental
que este atendimento designa na melhoria do ensino/aprendizagem destes
alunos:
No contexto de inclusão educacional, a sala de recursos ganha papel
fundamental na viabilização do acesso da parcela de alunos com
NEEs ao currículo comum. De acordo com as recomendações legais,
no caso, as Resoluções SE No. 8 (2006) e SE No. 11 (2008), a sala
de recursos compõe um dos suportes existentes na Educação
Especial e oferece serviço de natureza pedagógica, a fim de
complementar ou suplementar o atendimento educacional fornecido
na sala comum.

Para melhor estudo e compreensão da problemática estudada, utilizados


como fonte de pesquisa bibliográfica nas bases legais e políticas que baseiam
o trabalho no Atendimento Educacional Especializado, realizamos dentre tantas
leituras, destacamos as seguintes: Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9.394/1996; Decreto nº 6.571/2008, que dispõe sobre o
atendimento educacional especializado; Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente – ECA); Decreto nº 3.956/2001, que promulga a Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Pessoas Portadoras de Deficiência; Declaração de Salamanca de 1994;
Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão, de 2001.

Alguns foram citados no decorrer do texto, como subsídios para respaldo


da nossa linha de pensamento, entretanto, outros nos serviram como apoio,
facilitando o entendimento a cerca da temática, esclarecendo dúvidas,
permitindo discorrer melhor sobre o assunto escolhido.
2.2- História e caracterização das Salas De Recursos da rede estadual de
Maracaju.

São 03 Salas de Recursos Multifuncionais que funcionam nos turnos


matutino e vespertino no município de Maracaju, todas atendem um total de
alunos atendidos 45, sendo várias as deficiências tais como: Deficiência
Intelectual, Síndrome de Down-Síndrome de Tourette, Paralisia cerebral,
Cegueira e baixa visão, Autismo, Surdez, Altas Habilidades/Superdotação. A
responsável pelas Salas de Recursos Multifuncionais das escolas estaduais do
nosso município se chama Rosmari Scheeren que atua como técnica do
NUESP (Núcleo de Educação Especial) desde 1999.

Ao todo são 03 alunos do Ensino Médio que freqüentam a Sala de


Recursos Multifuncionais, sendo que todos apresentam deficiência intelectual.
O atendimento é realizado por 03 professoras sendo que 02 delas são
formadas em Pedagogia e especialistas em Educação Especial, a outra está
cursando a Pós Graduação em Educação Especial. As Salas de Recursos
Multifuncionais de Maracaju na Rede Estadual de educação surgiram por volta
do ano de 1983, entretanto não consta nenhum documento que afirme com
precisão a data da abertura destas salas.

Anteriormente não se ouvia falar em inclusão como atualmente, muito


menos em salas de recurso, na maioria das vezes as pessoas com algum tipo
de deficiência nem chegavam a frequentar a escola regular, ou eram mantidas
trancadas, escondidas dentro de suas casas, ou então freqüentavam escolas
especiais como APAE entre outras. Entretanto esta realidade começou a
mudar, e estas pessoas começaram a aparecer nas escolas regulares, mas
como a escola faria para atender este aluno com alguma deficiência? Assim
sendo, começaram a implantar as chamadas Salas Especiais, onde estes
alunos eram encaminhados, toda via, nessas salas o atendimento acontecia
separadamente, sendo uma deficiência por sala, e não eram multifuncionais,
muito menos haviam professores especialistas da área da Educação Especial.
Os trabalhos realizados nestas salas eram voltados para trabalhos
manuais, onde estes alunos (as) aprendiam a bordar, confeccionar tapetes,
pintura, colagem e artesanatos em geral, sendo comparado ao um ensino
técnico, que possibilitaria este aluno a trabalhar com o que produzia.

Estas salas funcionavam ao lado das Salas Especiais que atendiam


alunos com deficiência intelectual, no entanto foram extintas aos poucos em
quase todo o Estado, aqui em nossa cidade, foi suprimida em 2005. Além disto,
estas salas se localizavam nos fundos das escolas, mantidas sempre
escondidas e os alunos que a frenquentavam não podiam ter contato com os
demais alunos do ensino regular.

No entanto com o passar dos anos, com a melhoria das leis e os direitos
conquistados para as pessoas com deficiência, o cenário da Educação
Especial começou a mudar. Foram sendo criadas leis que amparavam estes
alunos a receber um ensino de qualidade e ter o direito à inclusão. A partir daí
foram criadas as Salas de Recursos Multifuncionais, que hoje atende de
maneira diferenciada cada aluno com alguma deficiência matriculado na rede.
Aqui em nosso município, a primeira Sala de Recursos Multifuncionais a ser
criada foi na Escola Estadual Padre Constantino de Monte, onde também
funciona o Núcleo de Educação Especial, em seguida foi instalada conforme
determina a lei, uma Sala de Recursos Multifuncionais na Escola Estadual
Manoel Ferreira de Lima e mais adiante na Escola Coronel Lima de Figueiredo.

2.3 Leis que amparam as Salas de Recursos Multifuncionais

A Educação Inclusiva é um direito garantido pela Constituição Federal


para todos os alunos e a efetivação desse direito deve ser assegurado pelas
redes de Ensino, sem nenhuma discriminação. A instituição de ensino não
pode em hipótese alguma negar a matrícula ao aluno com deficiência.

Para entendermos mais deste assunto, falaremos um pouco dos


principais marcos e leis da Educação Especial no Brasil. Foi promulgada no
Brasil a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(ONU/2006), por meio do Decreto nº 6949/2009, responsabilizando-se com o
compromisso de garantir o acesso de pessoas com deficiência a um sistema
educacional inclusivo, de maneira que não sejam segregados em decorrência
de sua deficiência, permitindo assim condições de participar ativamente no
meio social e escolar.

Em 1994 com a Declaração de Salamanca, o Brasil regularizou o debate


de concepções diferentes. Uma nova visão sobre a Educação Especial, nasceu
juntamente com este documento, uma vez que, a concepção de criança foi
vista de uma outra maneira. Onde entende-se que cada criança possui suas
particularidades, necessidades diferentes, interesses distintos, habilidades
únicas, conseqüentemente necessita ter direito à uma educação que
corresponda aos seus anseios, oportunizando a criança atingir e manter os
níveis de aprendizagem apropriados e, “aqueles com necessidades
educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria
acomodá- los dentro de uma pedagogia centrada na criança, capaz de
satisfazer a tais necessidades” (SALAMANCA, 1994, p 1 e 2).

Para isso o MEC criou um Documento Orientador Do Programa de


Implementação das Salas de Recursos Multifuncionais, de forma que
contribuísse na organização e oferta do Atendimento Educacional
Especializado. Neste documento contém desde os aspectos legais e
pedagógicos do AEE, aos objetivos e ações do programa de implantação das
SRMs, também consta as condições gerais para o funcionamento, assim como,
todo o material que deve conter na SRM, entende-se como um manual da Sala
de Recursos Multifuncionais, pois facilita a compreensão de como realizar o
atendimento.

Para que este atendimento se tornasse possível, foi criado o Decreto nº


7611/2011 sobre o ambiente da SRM equipamentos, mobiliário, e material
didático, tal qual dentre tantas outras ações a serem realizadas, costa em seu
Art. 2o § 1º

Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão


denominados atendimento educacional especializado, compreendido
como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e
pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das
seguintes formas:I - complementar à formação dos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio
permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às
salas de recursos multifuncionais; ou II - suplementar à formação de
estudantes com altas habilidades ou superdotação.
Compreende –se que, este atendimento deve ser oferecido a estes aluno,
como forma de diminuir as dificuldades enfrentadas no decorrer de sua vida
escolar, contudo, é necessário que o profissional da Sala de Recursos
Multifuncionais, atenda essas necessidades, trabalhando de forma
diferenciada, respeitando a particularidade de cada aluno, desta maneira, ainda
no Decreto nº 7611/2011observa-se que

Art. 3o  São objetivos do atendimento educacional especializado:


I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino
regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as
necessidades individuais dos estudantes; II - garantir a
transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;I
II - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos
que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais
níveis, etapas e modalidades de ensino.

Ou seja, este profissional deve atentar-se a estes objetivos, estar


sempre disposto a buscar para seus alunos, um ensino/aprendizagem de
qualidade que o ajude a superar seus limites. Falaremos um pouco mais sobre
o item IV no discorrer do artigo.

Ainda falando sobre as Leis da Educação Especial no Brasil, um marco


muito importante foi a Resolução CNE/CEB nº 4/2009 onde institui que

Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas


de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional
Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou
em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública
ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou
suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de
serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as
barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento
de sua aprendizagem.

Além disso, neste mesmo documento, cita Decreto nº 6.571/2008, qual


da o direto aos alunos a terem duplo cômputo nas matrículas, no âmbito do
FUNDEB, ou seja, serão matriculados em ensino regular e Sala de Recursos
Multifuncionais.
Para finalizar está parte do nosso estudo, tal qual fundamenta, com respaldo
legal a Educação Especial e seus anseios, para isso a Resolução n° 4/2010, na
seção II, no artigo 29 contempla
A Educação Especial, como modalidade transversal a todos os níveis,
etapas e modalidades de ensino, é parte integrante da educação
regular, devendo ser prevista no projeto político-pedagógico da unidade
escolar. § 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou
suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos
multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos.

Desta maneira fica explicitado, que a Educação Especial tem diversas


leis que a amparam, sendo assim, é de total importância que as escolas
cumpram seu papel com o aluno com necessidade educacional especializado,
proporcionando um ambiente com as devidas condições de estudo, propiciando
assim o desenvolvimento igualitário. Visando este atendimento, é necessário
que haja uma manutenção e avaliação destas SRMs, os órgãos responsáveis
para manutenção da SRM são os órgãos governamentais, Estaduais e
Municipais, SED, Técnicos dos NUESP, professores e comunidade em geral.

3 O dia a dia no AEE

3.1 Planejamento do Atendimento Educacional Especializado

De acordo com as questões levantadas durante a pesquisa,


compreendeu-se que o planejamento é realizado individualmente para cada
aluno, respeitando suas particularidades e nível de aprendizado. Este
planejamento é feito no caderno da professora, onde cada aluno tem um
espaço, ali a professora coloca o conteúdo que será trabalhado semanalmente,
também faz algumas observações relacionadas ao atendimento, como por
exemplo: o desempenho do aluno, as dificuldades enfrentadas, se o conteúdo
já foi aprendido, etc. . Para os alunos com baixa visão o material é impresso
em fonte ampliada, os demais materiais são todos adaptados, favorecendo o
ensino/aprendizagem, para os alunos com deficiência auditiva, os matérias são
adaptados em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).

Foi possível observar o cuidado com a preparação do material de cada


aluno, as professoras realmente executam seu papel de educador (a) especial,
atentando-se para cada detalhe que possibilite ao aluno uma maior
aprendizagem.

3.2 Material Didático

Os material didáticos utilizados nas Salas de Recursos Multifuncionais


são: Computadores e notebooks em todas as salas, jogos pedagógicos para
todas as deficiências, software educativos, prancha de comunicação, livros em
LIBRAS e em Braille, impressora para impressão dos materiais adaptados para
baixa visão, jogos confeccionados pelas professoras e etc..

Além do material enviado as salas de recursos multifuncionais pelo MEC,


há sempre oficinas com as professoras onde trocam informações e
confeccionam diversas matérias. Toda via, há conteúdos que são pobres em
material adaptado, sendo assim, as professoras têm o zelo em estar
preparando algo que venha proporcionar um melhor entendimento por parte do
aluno, o lúdico sempre é uma ferramenta muito utilizada por elas, uma vez que,
por meio da brincadeira os alunos compreendem melhor o conteúdo explicado,
assim como, explora mais suas habilidades e potencialidades.

4. O aluno de Ensino Médio que frequenta a Sala de Recursos


Multifuncionais e suas perspectiva para o Ensino Superior

4.1 Conversa com a técnica da NUESP

De acordo com o relato feito pela técnica do NUESP, a senhora Rosmari


Scheeren, em toda sua experiência com a Educação Especial assim como em
Salas de Recursos Multofuncionais e ainda como técnica da NUESP, são
poucos os alunos que chegam a concluir o Ensino Médio, ela disse que durante
todo este tempo que ela está de técnica o total de alunos de SRMs que
chegaram ao término do Ensino Médio foram 05 alunos, e os que ingressaram
no Ensino Superior somente 02 alunos.

Essa é uma taxa muito baixa, haja vista que de acordo com a técnica, em
sua opinião, parece que a inclusão para de acontecer no Ensino Médio, onde
os alunos se defrontam com dificuldades ainda maiores, tais como as provas
de vestibular ou até mesmo o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Por
mais que estes alunos recebam um atendimento diferenciado como ledor e
transcritor de provas para alunos com baixa visão ou deficiente visual, ou prova
adaptada em Baile, Intérpretes de LIBRAS para os alunos com deficiência
auditiva e até mesmo o direito de 01 hora a mais para realizar a prova, contudo
isso ainda não é o bastante e muitos não conseguem ingressar em uma
faculdade, concluindo sua vida acadêmica no Ensino Médio mesmo. Com isso,
muitas vezes entram no mercado de trabalho, ganham seus salários,
constituem famílias e fica por isso mesmo.

A técnica finalizou sua fala dizendo que em sua opinião chegar ao final
do Ensino Médio com grau de dificuldade grande que a maioria tem é um
avanço bem significativo e nós vamos incentivando para que eles cheguem lá.

Falaremos a seguir em nossas considerações finais, o que achamos da


opinião da técnica, e o que conseguimos com esta pesquisa, assim como,
deixaremos o tema em aberto para outras pesquisas, e que estes alunos
possam um dia ter as mesmas condições que o demais, de chegarem ao
Ensino Superior.

5. Considerações Finais

Ao longo da realização deste trabalho, tanto quanto na pesquisa de


campo, como na bibliográfica, foi possível aprender muito sobre a inclusão,
assim como, as Salas de Recursos Multifuncionais. Uma pesquisa realizada
em caráter qualitativo,visou compreender como é realizado o AEE nas SRMs
das Escolas Estaduais do município de Maracaju Mato Grosso do Sul, contudo,
escolhemos a sala da Escola Padre Constantino de Monte para realizarmos as
observações e entrevistas, haja vista que, ali é o núcleo da NUESP.

Foi possível verificar que os alunos que com necessidade educacional


especializada são automaticamente matriculados nos dois períodos, em um
turno para o ensino regular e no outro para SRMs, recebem o atendimento
educacional especializado como previsto em lei, já citado no decorrer do
trabalho. Estes alunos recebem total apoio pedagógico tanto dos professores
de sala de aula comum, quanto da professora da Sala de Recursos
Multifuncionais, recebe também o material adaptado e professor de apoio
quando necessário.

Observamos e constatamos que o atendimento oferecido na SRMs faz


toda a diferença no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos, uma vez
que, é oferecido individual, proporciona ao aluno um melhor entendimento,
além de criar um vínculo com a professora, que tenta sanar de todas as formas
suas necessidades educativas. Acredita que este vínculo criado entre aluno e
porfessora, contribui fortemente para que ocorra de fato o desenvolvimento,
toda via, este seria um tema para uma outra dissertação.

Ao que se refere a fala da técnica da NUESP que foi citada no item 4.1
deste trabalho no 4º parágrafo, discordamos do ponto de vista, onde diz que se
o aluno com necessidade educacional especializada terminar o Ensino Médio
já esta bom. Acreditamos que se este aluno receber todo o apoio e
investimento tanto por parte do governo como por parte dos professores, é
possível sim que este aluno saia da utopia de cursar o Ensino Superior e
quebre este paradigma de que aluno especial não tem direito a ter um curso
superior. È necessário que a inclusão ultrapasse esta barreira e seja real e
verdadeira também nas grandes universidades, começando pelas provas de
vestibulares e ENEM, que este aluno encontre subsídios de realizar muitas
vezes um grande sonho.

Esperamos que nosso trabalho venha fomentar outras pesquisas acerca


desta temática e que algo seja realizado para que os alunos com necessidades
educacionais especializadas do Ensino Médio consigam vencer obstáculo da
falta de inclusão no Ensino Superior.
Referências

DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009.

Resolução CNE/CEB nº 4/2009 do Conselho Nacional de Educação

OLIVEIRA, M. A.; LEITE, L. P. Educação inclusiva: análise e intervenção em uma sala de recursos.
Paidéia, 21(49), 197-205, 2011.

OMOTE, S. Inclusão: da intenção à realidade. In: OMOTE, S. (org.). Inclusão: intenção e realidade. Marília, SP: Fundepe, 2004.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: sobre Princípios, Política e Práticas em Educação Especial.


Espanha, 1994.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) Lei de Diretrizes e Bases da Educação: lei
nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996.

Você também pode gostar