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Biocompatibilidade – Aula 1

Em se tratando de dente, tem-se uma séries de


respostas:

 Confecção de moldagem
 Colocação de prótese
 Aplicação de nanoparticulas de liberação no
tecido periodontal.

Tudo que é feito na odontologia, vai desencadear


uma resposta do corpo ao material.

Quando colocamos um material no corpo, estamos


criando uma INTERFACE.

 INTERFACE: restauração (resina) ↔ dente


 A interface é ativa e dinâmica.
 A restauração vai influenciar na dentina e
Na execução de uma restauração, foi escolhido resina
a dentina vai influenciar na restauração.
composta para preenchimento da cavidade. Que
propriedades devem ser levada em consideração na Isso vai nos dizer que tipo de resposta biológica
escolha do material para a técnica restauradora? aquele material vai desencadear.

 Física A atividade da interface vai depender de 4 fatores:


 Química
 Localização do material
 Biológica i
 Tempo de permanência no corpo
Dentre as propriedades física, tem-se diversas outras  Propriedades do material
propriedades:  Saúde do hospedeiro

 Mecânica (o material suportar as cargas Reações adversas a materiais


mastigatórias)
Alguns exemplos
 Reológicas (o material tem a capacidade de
escoar quando aplicado numa cavidade, de
deslizar e ficar mais fluido quando aplicado
uma tensão)
 Térmicas (resistir a variação de temperatura
que são aplicadas na boca.
Dilatação/contração. Essas propriedades
térmicas precisam ser semelhantes a do dente
para atuarem em conjunto.)
 Óptica

Propriedades Biológicas (Biocompatibilidade)

Biocompatibilidade é a capacidade de um material de Alergia a níquel (fivela do relógio).


desencadear uma resposta biológica apropriada, em
uma dada aplicação no organismo.

Essa resposta está na dependência da interação do


corpo com o material.

Toda vez que um material entra em contato com o


organismo, vai desencadear uma resposta.

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Biocompatibilidade – Aula 2

Na biocompatibilidade (propriedade biológica), preciso


de:

 Hospedeiro
 Propriedades ópticas de determinado material
 Interação tecido ↔ material

Ou seja, a biocompatibilidade é interativa e reativa,


depende portanto de muitos fatores.

Didaticamente as respostas biológicas podem ser


Reação adversa inflamatória, na gengiva marginal, classificadas em 4 tipos, observados a nível
decorrente do níquel presente nas restaurações microscópico:
metalocerâmicas, nas coroas.
 Resposta biológica inflamatória
 Resposta biológica alérgica
 Resposta biológica tóxica
 Resposta biológica mutagênica

Resposta biológica inflamatória

Ocorrem em qualquer agressão ao tecido

O tecido agredido responde por meio de uma resposta


inflamatória
Edema de lábio, devido a reações alérgicas, por causa
do arco de contenção ortodôntica. Há a ativação do sistema imunológico no hospedeiro,
para defende-lo.

Fases da inflamação:

 Calor
 Edema
 Rubor
 Dor

Liberação de mediadores químicos e células de defesa:

 Neutrófilos
 Monócitos
 Macrófagos
Teste de alergia nas costas de um paciente.
Importante!!
A propriedade biológica não existe, o que existe é a
biocompatibilidade. A reação inflamatória é DOSE DEPENDENTE e
proporcional a quantidade de substância.
Uma analogia!
Resposta biológica alérgica
A cor.
Também ativam o sistema imunológico.
Ex: parede verde.
Nessas respostas os materiais são vistos como corpo
Para eu enxergar que a parede é verde eu preciso:
estranho.
 Do meu olho
Importante!!
 Da fonte de luz
 Das propriedades óticas do objeto A resposta alérgica é INDEPENDENTE da dose.

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Biocompatibilidade – Aula 3

Os metais usados na odontologia são os que mais


causam alergia:

 Níquel
 Cobalto
 Cromo
 Ouro
 Paládio
 Mercúrio

Fragrâncias:

 Balsamo do peru
 Mistura de fragrâncias
 Eugenol
 Óleos essenciais
 Cinamaldeido
 Medicações tópicas Respostas biológicas tóxicas
 Resinas
 Pigmentos São DOSE DEPENDENTE
 Etc...
Relaciona-se com a capacidade que o material tem de
Exemplos de reações adversas !! causar a morte de células ou tecidos.

 Amalgama São feitos testes nos materiais, para serem analisadas


 Acrílico as toxicidades.

1º testes: teste de triagem

 Primeiro teste de triagem: Saber a dose letal


(quantidade máxima do material que não
promova morte celular ou promova uma
morte mínima). Qual dose vai me permitir a
janela terapêutica sem provocar morte celular
significativa?

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Biocompatibilidade – Aula 4

Respostas mutagênicas  Língua

Resultantes dos componentes quando um material vai A liberação dessas substancias vai depender de que?
alterar a sequência de bases do DNA nas células:
O efeito que a substancia vai promover no organismo,
MUTAÇÕES.
vai depender:
As mutações ocorrem comumente nas células!
 Da capacidade da mesma de se distribuir nos
Mutagenicidade ≠ carcinogenicidade tecidos
 Da concentração da substancia
A maioria das mutações são reparáveis ou irrelevantes.
 De quanto tempo a substancia vai permanecer
As mutações acontecem constantemente. no organismo

Efeito biológico Exemplos de efeitos locais:

Quando se aplica um material num organismo, pode-


se ter 2 tipos de efeitos:

 Efeitos locais
 Efeitos sistêmicos

Efeitos locais

O nível de interação material ↔ tecido vai desde


átomos, moléculas, células, tecidos, órgãos e
organismo com um todo.

Quem vai começar esse efeito biológico?

As substancias liberadas pelo material e as respostas


desse material.

Quando se coloca um material em determinado local


num organismo, dificilmente ele fica estático. A
depender da sua composição, por exemplo, ele começa
a liberar pequenas substancia ou partículas dentro do Efeitos sistêmicos
organismo e são essas substancias que irão
Ocorrem em decorrência da distribuição das
desencadear o efeito biológico, a resposta biológica do
substancias liberadas pelo material inserido. Essa
organismo.
distribuição se dar por:
A:
 Difusão simples
 Natureza  Transporte de vasos linfáticos
 Gravidade  Transportes de vasos sanguíneos
 Localização
Exemplos:
Dos efeitos biológicos, são determinadas pelas
 Reação provocada por ingestão e subsequente
substancias liberadas.
absorção no intestino.
As respostas podem estar:
 Inalação de vapores que provocam alergias (ex.
 No ápice radicular acrílico)
 Periodonto
 Vapor de mercúrio liberado durante a
 Polpa
preparação de amálgama.
 Lábios
 Mucosa bucal

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Biocompatibilidade – Aula 5

 Extravasamento do ápice radicular, num A medida que o material restaurador vai fraturando,
tratamento de canal, onde houve substancias vão sendo liberadas na boca do paciente.
extravasamento de material além do ápice. A liberação de resina é diferente da liberação de
amálgama, assim como o material liberado também é
 Absorção pela mucosa oral. (ex. região diferente para cada material restaurador.
sublingual, tem tem rápida absorção)
A resposta biológica para esse tipo de degradação vai
No caso dos efeitos sistêmicos se faz necessário saber: depender:
 Duração e concentração da exposição  Da quantidade do subproduto
 Taxa de excreção da substancia (quanto tempo  Da composição e forma desses produtos
a substancia demora para ser eliminada do
organismo)  Da localização dos tecidos (uma restauração na
face oclusal, vai ter uma resposta diferente de
 Local da exposição uma restauração na vestibular, que está em
Ex: amalgama contato direto com a mucosa jugal, por
exemplo)
A contaminação pelo mercúrio do amalgama.
A forma de uso do material e o ambiente biológico,
O que é o amálgama? também vai influenciar.
Uma mistura da prata com o mercúrio, e o mercúrio é Ex: Paciente que faz uso rotineiro de coca – cola.
um metal pesado, altamente tóxico, mas é encontrado
na natureza.  Uma restauração de resina de um paciente
que faz uso diário de Coca-Cola é diferente
Como ele é um metal pesado, ele tende a contaminar da restauração de um paciente que não
principalmente as fontes de água (rios, lençóis faz. O pH ácido, destrói a superfície da
freáticos) restauração.
Em alguns países europeus o amalgama é proibido para Ex: Paciente fumante
uso dentro da odontologia. Entretanto ele é um
material que está em uso a mais de 200 anos e não  O processo de degradação de uma
existe ainda evidencia cientifica que comprove que as restauração em amálgama de um paciente
restaurações de amálgama possam vir a provocar fumante é diferente da degradação de um
alterações neurológicas. não fumante.

Quais são os fatores chaves que vão determinar a Ou seja, as características do ambiente biológico/oral
biocompatibilidade de determinado material? vão influenciar nas respostas de biocompatibilidade.

As duas características chaves são: O material quando inserido na boca, vai passar por uma
ciclagem químico-mecanica:
 Processo de degradação ecorrosão (ou seja,
como aquele material vai liberar as substancias  Tensões cíclicas de oclusão e abrasão
no organismos) (escovação)

 Característica de superfície daquela substancia  Presença de enzimas esterases salivares

O processo de degradação e corrosão  Ciclagem de pH

Duas situações clínicas:  Frequência alimentar alta: pH sempre


ácido (influencia na ciclagem)
 Restauração de resina com falhas
Além disso o desgaste e ataque superficial de como
 Restauração de amálgama com falhas esses materiais fraturam, também vão promover

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Biocompatibilidade – Aula 6

respostas biológicas diferentes, porque os osteointegração (formação de tecido ósseo na


componentes serão liberados de forma diferente. fixação daquele implante)

Quando a gente fala da liberação de componentes, a Como a biocompatibilidade é avaliada?


gente remete a processo de lixiviação. Tudo aquilo que
 Definindo o uso ou função do material
é liberado do material para o ambiente é chamado de
lixiviação. E isso é um ciclo:  Localização
Material → ciclagem → degradação → volta  Duração no organismo
A lixiviação dura um bom tempo.  Tensões que serão aplicadas no material
A interface biológica é quem vai criar as condições para A resposta biológica pode ser determinada inVitro,
a degradação e/ou corrosão. usando animais, através de estudo de aplicação/uso.
Quanto as características de superfície, teremos: Testes inVitro: realizados fora do organismo,
geralmente é o primeiro teste, é chamado de teste
 A reação com o material exposto na cavidade
primário para avalizar um material, e vai ser sempre
bucal é diferente da reação do material que
avaliado num sistema biológico (células, organelas,
está na interface com a dentina.
tecidos, bactérias, enzimas)
 A parte do material restaurador que pode ser
Geralmente esses testes vão mensurar:
visualizado na cavidade bucal, sofre um
processo de degradação diferente no material  O crescimento celular.
em contato com a dentina.
 Determinar se a função celular foi preservada.
Ou seja, o processo de lixiviação depende:
 Avaliar a integridade do material genético da
 Da composição da superfície célula.
 Da rugosidade Vantagens do teste inVitro:
 Propriedades mecânicas  São de fácil execução
 Propriedades químicas  Relativamente rápidos
Inicialmente, após a realização da restauração, a  Baratos
superfície é bem lisa, com o tempo ele degrada-se
tornando-se rugosa, e quanto maior a rugosidade,  Altamente padronizados
maior a lixiviação.  Empregados em triagem de larga escala
É importante a superfície dental ser polida, pois uma Desvantagens:
superfície ácida, é facilmente aderida por biofilme.
Relevância questionável (uma reação negativa no teste
Mas não é porque uma superfície é rugosa, ela é inVitro, não necessariamente se repetirá no animal ou
considerada ruim, a característica de superfície pode numa pessoa, exemplo: ZnO e Eugenol, esses causam
afetar: altíssima morte celular entretanto tem efeito seletivo
Negativamente a restauração: quanto maior a e analgésico muito eficiente)
rugosidade, maior aderência ao biofilme; Teste em animais:
Positivamente a restauração: quanto maior a Material inserido em organismo integro
rugosidade, maior a biocompatibilidade;
Geralmente usado em roedores (camundongos, ratos,
 Em casos de implante, se estuda bastante a ...)
rugosidade superficial, pois implantes rugosos,
permite a infiltração das células facorevenco a Qual a grande diferença do teste inVitro em relação do
teste de animais?
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Biocompatibilidade – Aula 7

A partir do momento que o material é colocado num  Avalia citotoxidade


organismo integro, as reações biológicas tornam-se
 Avalia mutagenicidade
mais complexas.
 Toxicidade sistêmica
Nos testes em animais o material deve ser aplicado no
local de destino. Testes secundários:
Vantagens:  Toxicidade
Capacidade de permitir que um sistema biológico  Mutagenicidade
intacto responda ao material
 Alergias
Interação com vários sistema biológicos complexos
 Reações inflamatórias
Desvantagens:
Testes de uso:
 Relevância do teste (um rato não é um ser
humano)  Uso de situação clínica relevante

 Mais demorados Não tem sequencia linear para realização de teste.

 Preocupação ética quando ao uso dos animais A biocompatibilidade dos materiais odontológicos vai
depender:
Teste de aplicação ou uso:
 Da biologia
Realizado em animais de grande porte com ambiente
oral semelhante a humanos (geralmente macacos ou  Fatores de risco do paciente
cães)  Experiência clínica do profissional
Também usados em humanos (ensaio clinico, ou  Planejamento correto
estudo clinico)

Material aplicado num ambiente clinicamente


relevante

Vantagens:

Relevância clinica

Humanos (teste padrão outro)

Desvantagens:

Mais caros

Mais demorados

Muitas questões éticas envolvidas

Complexos

De difícil controle experimental

A biocompatibilidade só é definida quando o material


já foi avaliado nesses 3 testes.

Geralmente são usados em conjuntos.

Testes primários (geralmente testes invitro)

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