Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TCC Unip Final-1
TCC Unip Final-1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PARA A VIDA
TABOÃO DA SERRA – SP
2021
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PARA A VIDA
TABOÃO DA SERRA – SP
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS
The current search aim to analyze, reflect, discuss and point lot of ways to
answer questions like “How literate and letter significantly, innovative and for life?”
through the bybliographical analysis of theories educators like Emilia Ferreiro, Paulo
Freire, Maria Montessori, Comenius, Manacorda and the like, concluding so that for a
Literate and Letter for Life its necessary the valorization of the child, all the efforts,
ways and time to learn, your psychomotricity and the use of aid tools to this process like
the new methodologies, playfullness(games, toys and plays), art, music, theater and the
new technologies that help for the improvement and progress of the process.
INTRODUÇÃO
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
1.2 PSICOMOTRICIDADE, AUTONOMIA E EDUCAÇÃO
1.3 O AGENTE TRANSFORMADOR DA REALIDADE
1.4 DIDÁTICA PARA A CIDADANIA E PARA A VIDA
1.5 HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
1.5.1 PRÉ HISTÓRIA
1.5.2 IDADE ANTIGA
1.5.3 A PEDAGOGIA DE JESUS CRISTO
1.5.4 MEDIEVAL E RENASCENTISTA
1.5.5 MODERNA E ILUMINISTA
1.5.6 BRASILEIRA E CONTEMPORÂNEA
1.6 IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO ALFALETRAR
1.7 ARTE, MÚSICA E INCLUSÃO
1.8 TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO
EDUCACIONAL
1.8.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO PARA EDUCAÇÃO
1.8.2 REALIDADE VIRTUAL
1.8.3 GAMEFICATION 29
2. MÉTODO
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
10
A escola reflete a desigualdade social e é comum a criança pobre “fracassar” e a
escola a culpar dizendo que não tem prontidão para alfabetizar ou possui algum deficit
cognitivo. Ferreiro e Teberoski mostram que a classe social não indica que são menos
capazes e estas não possuem deficits cognitivos, pois crianças de todas as classes sociais
possuem percepções e hipoteses prévias sobre a escrita, apropriam-se e reconstroem o
Sistema Alfabético, ou seja reinventam, o que segundo Ferreiro “Os caminhos dessa
reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social” a
diferença é que a de classe média chega na escola quase alfabética e a pobre com
hipóteses primitivas e o processo de Alfabetização é longo para ambas. Esta postura da
Escola Tradicional prejudica a criança, pois segundo Ferreiro(1999):
“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la
a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar.”
(FERREIRO, Emilia. 1999)
A escola precisa criar ambiente alfabetizador para que possam ter as mesmas
possibilidades e respeite estas crianças como sujeitos “cognoscentes”, que aprendem
criticamente e tem curiosidades e questionamentos sobre seu mundo, no que condiz com
alfabetização estes se darão de acordo com a prática social da leitura e escrita que tem
contato, sendo a escola responsável de criar contatos e interações necessários ao sujeito
porque nas palavras de Ferreiro(1999):
O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da
criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo, pensa,
raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social complexo
que é a escrita.
Esse pensamento expressa claramente a corrente da qual Ferreiro e Teberoski
participam, a Psicolinguística Contemporânea, que defende que a criança é um ser ativo
que procura compreender a natureza da linguagem, tem hipóteses, cria sua propria
gramática, sendo um sujeito cognoscente o que segundo Piaget é aquele que procura
ativamente compreender o mundo que o rodeia e a responder os questionamentos que o
mundo traz, sendo a obtenção do conhecimento resultado dessa ação. Ou seja “Ler não é
decifrar, escrever não é copiar” (FERREIRO, 1999) vai muito além e exige diversos
esforços neuropsicomotores e cognitivos das crianças.
Segundo Ferreiro “A escrita da criança não resulta de simples cópia de um
modelo externo, mas é um processo de construção pessoal”, nesse processo de
construção pessoal a criança se depara com conflitos cognitivos que força-a a modificar
seus esquemas assimiladores para que ela possa incorporar o que antes não conseguia,
11
são desafios esses que o sujeito pode superar com ajuda e estes períodos são necessários
para que esta passe pelos períodos de erros construtivos, errando para elaborar hipoteses
próximas de seus conhecimentos prévios.
Ferreiro e Teberoski criticam que “a escola não permite antecipações ou
autocorreções”, quando o erro é entendido de forma equivocada pela escola, o professor
corrige sem deixar o sujeito refletir sobre seus erros e saber o porquê errou, além disso a
escola exige a pronúncia correta, ignorando as variantes linguisticas de cada um, usa
cartilhas ou livros didáticos que utilizam de conteúdos ideológicos e refletem a classe
dominante Segundo Ferreiro(1993):
Para se ensinar a ler e a escrever é necessário utilizar diversos
materiais, textos de atualidade, livros, histórias, jornais,
revistas, calendário, caderno e um conjunto de superficies pela
qual se escreve.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky utilizam a terminologia Níveis Estruturais da
Língua Escrita para explicar as diferenças individuais e ritmos diferentes de escrita das
crianças em 5 níveis: Hipótese Pré Silábica, Intermediária, Silábica, Silábico Alfabética
e Alfabética:
Na Pré silábica não diferencia o desenho da escrita, entende que tanto desenho
como escrita são formas de representação, sendo a fase da garatuja e rabiscos. A criança
já começa a escolher a forma mais familiar, se “letra bastão”, cursiva, porém ainda não
é uma escrita convencional, não reconhecendo relação entre fala e escrita, além disso
ainda supõe que a escrita represente o nome dos objetos e não os próprios objetos(objeto
grande palavra grande e objeto pequeno, palavra pequena) o chamado Realismo
Nominal.
Na Intermediária a criança começa a perceber que existe relação fala e escrita,
desvincula a escrita da imagem dos numeros e das letras, desenvolve hipoteses a partir
do nome. A Silabica supõe que a escrita representa a fala e que a menor unidade da
lingua seja a sílaba, em frases pode escrever uma letra para cada palavra ou silaba e
algumas vezes a palavra completa, faltando uma letra ou trocando de lugar, isso
acontece muito com sílabas complexas.
Silabica Alfabetica já compreende que a escrita representa o som da fala,
combina só vogais ou só consoantes fazendo grafias semelhantes para palavras
diferentes (AO para GATO ou PATO), pode combinar vogais e consoantes numa mesma
palavra para tentar combinar sons, mas sua escrita ainda não é totalmente socializável.
12
Alfabética que a criança passa a entender que escrita tem função social e entende
que cada caractere da escrita corresponde aos valores menores(silabas), faz
correspondência e conhece valor sonoro de todas as letras e pode ainda omitir e misturar
hipoteses alfabeticas com silábicas porém não está ortográfica ainda.
É necessário que a escola e o professor proponham atividades desafiadoras
adequadas a todas as crianças, trabalhar com crianças heterogêneas(diferentes hipóteses
e niveis), levar a criança a raciocinar sobre a escrita, criar ambiente rico em materiais e
provocar interações, deve considerar que o ambiente por si só não é alfabetizador, seu
papel é importante ao criar ambiente rico de interações no qual a criança possa
desenvolver suas hipoteses, permita situações de erros construtivos, antecipações e
autocorreções, falar menos e escutar mais a criança e o mais importante é a criança
utilizar a escrita como forma de expressão, que esse saber e esse ambiente é pensado a
propiciar interações com a lingua escrita mediada por pessoas capazes de ler e escrever,
cabe a escola permitir a todos e a quem precisa esse ambiente alfabetizador.
A criança estando alfabética é importante lembrar que a pontuação e a ortografia
serão trabalhadas gradativamente, respeitando as fases e principalmente o tempo da
criança. A Alfabetização é um Sistema complexo, que não se esgota na 1 série ou aos
7anos(ou até o 2º ano como objetiva o governo brasileiro), se desenvolve ao longo da
escolaridade e no ritmo diferente de uma criança para outra.
13
palavras de Montessori(1987) “Ajude-as a fazer sozinhas”, pois assim esta pode
perceber seus erros e corrigí-los, aprendendo assim a superar obstáculos de acordo com
seu ritmo e tempo.
Outro conceito presente é a Educação Cósmica, onde há a valorização das
relações que a criança tem com seu meio e estas se interessam desde cedo por tudo ao
seu redor, compreendendo através dessas relações até mesmo a ordem e relação das
coisas na natureza e no universo. Sendo assim é necessário despertar e preservar o
encanto e curiosidade das crianças através de histórias, perguntas e pesquisas de acordo
com os interesses delas.
Há também o Ambiente Preparado, que é um conceito chave no Metodo
Montessori, para isso a criança deve ter liberdade, tudo o que for importante ao
desenvolvimento da criança deve estar acessível, estando tudo a altura das crianças.
Estes ambientes também devem ser tranquilos, uma quantidade adequada de
brinquedos, jogos, materiais diversos e acesso a todos os lugares e a limpeza e
organização destes deve ser feita pela própria criança. Sobre a importância de um
ambiente preparado Montessori(1946) diz:
“Para ajudar uma criança, devemos fornecer-lhes um
ambiente que lhes permita desenvolver-se livremente.”
O professor é chamado por Montessori de Adulto Preparado, este deve sempre se
transformar interiormente, deixando o papel de autoridade e imposição caso as crianças
se comportem diferente do desejado e cabe a ele respeitar a criança em todas as suas
necessidades, este é um observador que tem confiança na criança, interagindo e
preparando o ambiente com o necessário para que as crianças superem obstáculos e
precisa dar autonomia para a criança sendo cada vez menos necessário. Para
Montessori(1989):
“A tarefa do professor é preparar motivações para
atividades culturais, num ambiente previamente
organizado, e depois se abster de interferir.”
14
Além dos conceitos descritos, as escolas montessorianas são ricas de materiais,
jogos, instrumentos, estes sempre desenvolvendo a psicomotricidade da criança, além
do raciocínio, a concentração e disciplina, além disso as crianças são mais felizes e tem
total liberdade de escolher o que aprendem e o tempo que aprendem, , mas sempre de
acordo com suas facilidades ou dificuldades, as salas tem poucas crianças e podem ter
crianças mais velhas junto a mais novas, pois toda interação e experiência contribui para
um melhor aprendizado. Sendo assim segundo as palavras de Montessori(2016)”A
prova de sucesso da nossa ação educativa é a felicidade da criança”.
Paulo Freire defende a Educação Libertadora, como ato de se libertar das amarras
da educação bancária, opressora e elitizada da escola tradicional, onde ao aprender a ler
e a escrever o estudante aprenda não só a decodificar o sistema de escrita e ter domínio
da escrita, mas sim ler a sua própria vida e o mundo, escrever sua própria história e do
meio a sua volta e ser um Agente Transformador da Realidade, aquele que intervém de
forma crítica, reflexiva, filosófica, analítica, ativa e direta na transformação na realidade
da sua vida e da própria sociedade, assim como diz Freire(1981):
“Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda.”
Para ele a chamada educação bancária e opressora possui origem na história do
homem e da sociedade, como os períodos de escravidão, regimes autoritários,
civilizações que o centro era a guerra e pensamento intelectual e civil dessas épocas
além da política de dominação. Essa educação reflete a sociedade e os educados apenas
servem de recipientes vazios onde o professor detentor do conhecimento deposita, assim
como numa transação bancária, o conhecimento, porém como nos elenca Freire(1977):
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção.”
A escola opressora e bancária é aquela também na qual os erros são encarados
como fracassos e geram punições e culpa, Freire nos mostra o contrário: “Só, na
verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a
pensar certo”, nesta muitas vezes com tempo, este “oprimido” acaba se tornando o
“opressor”, este mesmo que vivia escrevendo frases sem significado e contexto como
15
“Eva viu a uva”, acaba por fazer o mesmo quando estiver do outro lado, sem importar-
se em “compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem
trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho” ou seja, sem saber o
contexto, a interpretar e a analisar e refletir o que lê.
Para se opor a este tipo de educação Freire apresenta a Educação Libertadora,
onde nesta há total valorização a relação professor e aluno, estes dialogam, agem,
aprendem e ensinam entre si, sendo ambos agentes educacionais, há a estimulação da
criatividade, imaginação, trabalho de equipe, da postura problematizadora e da visão
humanista no processo ensino aprendizagem, concluindo nas palavras de Freire(1977)
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo”.
O método de Alfabetização e Letramento Freiriano segue seu pensamento:
“Educar-se é impregnar de sentido cada momento da vida, cada ato cotidiano”. Baseia-
se na relação interdependente de diálogo e ação, onde são levantadas temas de interesse
dos educandos, de seu cotidiano e da realidade vivida por este e seu meio através de
diálogos com suas experiências e histórias de vida, objetivando o despertar da
curiosidade, interesse e a atenção do educando. Após serem levantados os chamados
“temas geradores”, desses são tiradas sílabas e sons, que formam as “palavras
geradoras”(palavras novas), auxiliando na apropriação da palavra e o Sistema
Alfabético de Escrita, da Linguagem e do mundo que o cerca, sendo assim, Freire(1981)
elenca que:
O diálogo pertence à natureza do ser humano, enquanto
ser de comunicação. O diálogo sela o ato de aprender,
que nunca é individual, embora tenha uma dimensão
individual.
Estes momentos de conversa são os “Círculos de Cultura” onde são realizadas
análises, críticas, reflexivas e até mesmo algumas vezes filosóficas sobre esse temas,
palavras e sons trazendo a consciência do uso social da língua, além da concientização
da realidade, compreendendo o mundo e a sociedade em seus diversos aspectos sociais,
políticos, culturais, tecnológicos, morais, éticos e etc. E a partir dessas noções ajudar
transformando-se e transformando a sociedade, porque Freire nos mostra que:
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o
mundo” e este ato de agente transformador impregna e chama outras pessoas a terem
essa iniciativa de mudarem o mundo através dessa Educação Libertadora,
Problematizadora e Humanista.
16
1.4 Didática para a Cidadania e para a Vida
17
professores e alerta para a grande importância que a família tem no desenvolvimento da
criança e do jovem, pois além de serem os primeiros a socializarem o indivíduo, deviam
instruí-los na conduta, de todos os valores morais e sociais, construindo assim um
adulto de princípios e caráter.
Comenius era contra o uso de castigos, mas a favor da disciplina, para
Comenius(2001) deve-se haver um dialogo de forma a fazê-lo refletir sobre seus erros e
entender o que ou o por que ele errou, ou seja de forma indireta Comenius já
incentivava a questão de Piaget de “erros construtivos”. Comenius ainda propunha uma
escola mais lúdica com livros ilustrados, dança, músicas, brincadeiras, ambientes
coloridos e etc. para a criança, onde ela pudesse passar por todas as etapas do seu
desenvolvimento de forma confortável e eficaz e sendo respeitada sua realidade e
interesses da sua faixa etária. Sobre isso Comenius(2001) afirma que:
Deve todavia que tudo seja adaptado aos espíritos
infantis, os quais são por naturezas inclinados a coisas
agradáveis, jocosas e lúdicas... e aprendê-las com
facilidade e prazer, importa misturar o útil ao agradável.
(COMENIUS, J.A, 2001)
Comenius, a frente de seu tempo enfatiza a função mediadora do professor como
um guia e orientador das escolhas e caminhos ao qual o estudante deve seguir, o que
deve aprender e o fim desse aprendizado e ainda esse deve ser doce, carinhoso, porém
flexível e Comenius(2001) afirmava que “ensinar é uma arte” e nesta é necessário
afetividade entre crianças e professores e através de um ensino de qualidade voltado a
todas as pessoas, democrático e inclusivo que traria uma formação integral, sólida e
plena ao ser humano, transformando assim a sociedade com uma educação para a vida.
18
Na Pré-História a educação utilizada era a informal que é a socialização que
começa no seio familiar assim como diz Luzuriaga (2001):
Uma educação natural espontânea, inconsciente,
adquirida na convivência de pais e filhos adultos e
menores. Sob influência dos maiores o ser juvenil
aprendia as técnicas elementares necessárias à vida:
caça, pesca, pastoreio, agricultura e fainas
domésticas(LUZURIAGA, 2001, p. 14).
Uma educação voltada para aprender as técnicas de sobrevivência necessárias,
sem rigidez, disciplina, mas de forma espontânea e cotidiana, não considerava preceitos
éticos e morais nem o desenvolvimento intelectual. O conhecimento era passado através
de Lideres das tribos com saberes milenares para os mais jovens. Além disso utilizavam
de Pinturas Rupestres que eram desenhos que retratavam a vida sociocultural e intima
destes, se assemelham as primeiras fases do desenho infantil, pois a criança passa
inconscientemente por todas as etapas da história do homem até o domínio da escrita.
Esta é o mais próximo da escrita que conseguem, já que ainda estavam em evolução
estruturas e mecanismos motores e da inteligência.
19
desenhos para se expressar e se comunicar, porém cada letra tem uma função, uso e
significado, ao contrário da pré-escrita infantil que utiliza-os de forma a fácil
compreensão.
A alfabetização no antigo Egito era feita para pessoas da elite, estes eram
ensinados primeiramente a ter a coordenação motora e as habilidades para a escrita
(Como no Ensino Tradicional que não é tão ruim como dizem) e ao contrário da
concepção de que lemos pelos olhos, estes aprendiam ao cantarolar os textos, recitá-los
em voz alta e etc., para internalizá-los e construir noção da língua e do vocabulário,
como descrita na frase Bresciani(1968):
“O teu coração compreende, os teus dedos tem
habilidades e a tua boca tem a capacidade de ler.”
20
crenças e ancestralidade e de Hesiodo para sabedoria e moralidade, com ensinamentos,
conselhos, atitudes, valores, posturas e etc para os camponeses e produtores rurais.
Como diz Manacorda: “Outro conceito é a téchne, construida nos jogos de
gladiadores, a aculturação moral religiosa e patriótica as técnicas de governar, lutar e
produzir, habilidades “das palavras” e “ações”, contemplaram a música (aculturação
moral religiosa e patriótica) e a ginástica(para o guerreiro)”. Ao ouvir as músicas,
histórias, a literatura, ensinamentos, feitos heroicos e sobre a cultura, as crianças
assimilavam a língua, a escrita e a leitura, pois haviam diversas habilidades e
competências adquiridas, assim dava-se a alfabetização e letramento nessa época.
O conceito mais importante a se tratar é a Paidéia (educação), com o advento da
Democracia surge a necessidade de preparar a infância para cidadão adulto de bem. Os
“professores” eram chamados de “choregós”(mestres de coro), existiam os centros de
iniciação e as escolas de filósofos, como a Pitagórica, a educação passa a ser um
“fundamento da sociedade”(Manacorda). Estas escolas com ensino através da
música(mitos, cultos e cantos religiosos), dança, ginástica, aritmética, geometria,
astrologia, ciências da natureza, sagradas ou esotéricas.
A Legislação mostrava o dever dos pais para com as crianças, do direito ao
ensino da leitura e escrita, acesso à escola para todos (a elite estudava com melhores
condições), sobre o ano letivo e sua organização(tempo, número de crianças, atribuições
do corpo docente e etc.). Em Creta e Esparta surgem os pedagogos (condutor da
infância), escravos estrangeiros alfabetizados que passavam um tempo com as crianças,
acompanhava-as a escola e era responsável pela instrução. A Educação
Democrática(“Paideia” que significa Educação) é como um espelho da atualidade,
tradicional e conteudista, Na escola do alfabeto aprendiam o método de leitura do
Alfabeto, Soletração, Silabas e a Palavra e o Texto de forma rígida e muitas vezes
brutal, com treinos repetitivos de escrita e leitura, excesso de músicas e decorar
conteúdo, este sistema era um espelho da época, ou seja, pouco mudou do conceito de
alfabetização e letramento, mesmo com o Construtivismo e o Socio-Interacionismo e
outras Teorias Pedagógicas.
A educação Romana era bem semelhante à dos primeiros períodos da história
grega, como tradição, a formação do guerreiro, ideais, direitos e deveres relacionados a
pátria (código civil) porém busca romper com a cultura grega e possui algumas
mudanças como o aluno era ensinado através de tábuas(códigos de condutas e leis
sociais) que romanos eram superiores a todos os outros povos(civis romanus), a mulher
21
era menos submissa aos homens(mater familias) que controlavam a educação dos filhos
e mandava-os aos pedagogos e educadores da época e o pai (Pater) formar o cidadão e
controlava a vida em geral(social, estudantil e etc.) dos filhos.
Nas escolas eram utilizados manuais e a formação em diversas áreas como
Lingua, Oratória, Literatura, Gramática, Retórica, Matemática, Astronomia e etc e se
dividiam em: Elementares para alfabetização da língua e matemática; Secundárias onde
se ensinavam a cultura romana em geral, Escolas de Retórica para preparar o cidadão
para a vida pública, a vivência, debates e discursos em sociedade e Escola aos Escravos
que tinham pouca organização e pouca infraestrutura, porém ensinavam os ofícios a
serem desempenhados por estes.
22
Quanto a metodologia, ele ensinava através de parábolas que eram histórias que
mostravam episódios do cotidiano do povo, trazendo sempre uma lição moral e
ensinamentos sobre a vida e como ser um verdadeiro cidadão, de como agir de forma
ética e moral diante de diversas situações da vida. A forma como Yeshua ensinava era
tão eficaz que muitas vezes não só fazia a pessoa compreender os ensinamentos como
também as maravilhava e despertava a curiosidade e o interesse desta em seus
conhecimentos e sua sabedoria.
23
Os principais pensadores do Renascimento foram Jan Amos Comenius e Jean Jacques
Rousseau.
24
utilizava algo inovador para a época, o teatro, música e poesia para alfabetização e
letramento, pois nestes se treinava a oralidade e a pronúncia correta das palavras,
contribuindo assim para o aprendizado eficaz da leitura e escrita.
Após os Jesuítas, quando se instituiu as aulas em casa e depois voltaram as
instituições, pouco mudou no processo de alfabetização e letramento, apenas adições de
matérias, como por exemplo gramática e ortografia a prática da leitura e escrita,
matemática e humanidades. Mudanças significativas só vieram após o Manifesto dos
Pioneiros da Educação que instituiram uma escola única(Pois existiam diferentes tipos
como Escolas Normais, Elementares e etc) pública, laica e gratuita. Nesse mesmo
período surgem a Pedagogia Freireana(citada anteriormente) que traz ideias inovadoras
a alfabetização e letramento, mas infelizmente com pouco alcance público de suas
ideias.
Um período que deixou uma marca a posteridade e um retrocesso a educação
brasileira e consequentemente a alfabetização e letramento foi a Ditadura Militar onde
se aprendia palavras seguidas de imagens, fazia a divisão silábica e por fim formava-se
frases e textos, eram ensinados também cálculos matemáticos e hábitos saudáveis,
porém a educação era voltada ao mercado de trabalho, a escrita era mecânica, sem
contextualização e ainda eram dados castigos e surras a quem cometesse erros.
Mesmo que durante esse período ao redor do mundo surgiam educadores como
Maria Montessori, a epistemologia genética de Jean Piaget, o socio-interacionismo com
Vigotsky e Wallon e posteriormente Emilia Ferreiro, estas ideias por causa do regime
militar que se baseava numa educação tecnicista demoraram a chegar e se incorporar na
educação brasileira.
Porém ao serem introduzidas estas transformam a alfabetização e letramento, a
escrita não é mais tratada de forma mecânica e com exercícios exaustivos, mas sim
contextualizada, além disso é valorizada a consciência fonológica, as ideias freireanas
de educação através do cotidiano e ainda o desenvolvimento em geral, o pensamento e
hipoteses de escrita da criança são levadas em consideração, além da ludicidade e
abertura a novas formas de educar e uso novas ferramentas de suporte como a
tecnologia.
25
A ludicidade com jogos, brinquedos e brincadeiras torna-se um recurso cada vez
mais importante em sala de aula, pois além de tornar o aprendizado mais prazeroso,
confortável e muitas vezes menos frustrante, facilita a aquisição do conhecimento e a
prática dos conteúdos ensinados. Segundo Kishimoto(1999)
“O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos
para a relevância desse instrumento para situações de ensino-
aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a
criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções
espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro
com cognições, afetivas, corpo e interações sociais, o brinquedo
desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la” (1999.
p.36).
26
da vida social. Segundo Miranda(1980) O jogo, não é somente um aperfeiçoamento
físico, intelectual e moral. É também um valioso elemento para observação e
conhecimento metódico da psicologia da criança, suas tendências, qualidades, aptidões,
lacunas e defeitos, ou seja cabe ao educador e a escola proporcionar o ambiente e o
planejamento adequado do uso da ludicidade não só como forma de distração, mas no
sentido formativo, de desenvolvimento e principalmente como interessante mediador
das relações e conteúdos educacionais e de sua prática educativa.
27
Além da música, o teatro, a dança e as artes visuais são um interessante
instrumento que pode auxiliar no processo de alfabetização e letramento, pois não só
ajuda na melhoria da expressividade, do controle emocional, vocabulário e usos
linguísticos, como também auxiliam em habilidades e competências necessárias a
alfabetização como a produção de textos ou contação de histórias, desenvolve a
oralidade, dicção e a sociabilidade(algo importantíssimo para crianças de inclusão ou
não).
28
noções básicas de programação, ou Sketchup que através de desenhos, geometria e
medidas transmite noções de arquitetura e engenharia, Celestia onde se pode conhecer
de forma interativa o universo, desde planetas, galáxias, satélites e etc, assim como diz
Saldanha(2017):
“Enquanto estão mexendo em um computador ou
tablet, as crianças desenvolvem a concentração e o
raciocínio lógico.” (Saldanha, 2017)
Pouco também se exploram de novos recursos tecnológicos como a “Realidade
Virtual” e sistemas como a “Gamefication” que se tornaram em países desenvolvidos
grandes aliados a educação, além disso aumentam o interesse e o incentivo ao
aprendizado de diversas faixas etárias de estudantes que vivem nesses países e
continentes assim como diz a Professora Débora Garofalo(2018):
Os jogos são meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual, além de favorecer a apropriação e
interpretação dos recursos linguísticos primordiais na
alfabetização.
29
interativo.”, ou seja, onde ambos podem explorar e interagir com os diversos ambientes
e informações, deixando de ser uma relação de apenas absorção, escuta e fala, para uma
de troca, diálogo e discussão.
Nessas escolas também ensina-se a criar seus aplicativos em realidade virtual,
além disso utilizam óculos de Realidade Virtual para por exemplo conhecerem em
História Geral o Antigo Egito, a história dessa civilização contada por uma Inteligência
Artificial, mostrar a Pirâmide de Gizé, a Dinastia de Faraós e etc., como se estivessem
dentro delas. O nível de ensino destas escolas é elevado, além disso são poucas os
estudantes que não conseguem ter um bom aprendizado e mesmo estes com dificuldades
ou distúrbios de aprendizagem são utilizadas essas tecnologia e que obtém grande êxito
em sanar as dificuldades e realizar um reforço ou apoio pedagógico especializado
diferenciado e inovador.
1.8.3 Gamefication
31
espetáculo, além disso inúmeros ambientes virtuais, profissionais podem ser
transformados com sistemas de pontuação, recompensa, status e progresso, tornando
assim simples atividades em grandes aventuras, as possibilidades são inúmeras e os
resultados obtidos são excelentes dependendo da forma pela qual se é trabalhada.
32
CAPÍTULO II – MÉTODO
33
documentário Leitura e Escrita na Educação Infantil, onde é entrevistada Emilia
Ferreiro e esta discute sobre os processos de desenvolvimento da leitura e escrita nas
crianças e o Documentário Comênio que descreve a vida, obra e como é atual a Didatica
Magna de Comenius para a educação.
No decorrer de 1 ano e meio preparando o Pré-Trabalho (O então chamado
embasamento teórico), além disso uma pesquisa de campo com questionário de 10
perguntas, dissertativas e associativas sobre Alfabetização e Letramento no Município
de Taboão da Serra, onde entrevistei meus colegas de trabalho e profissionais da
educação e ia entrevistar crianças também, entretanto graças as diretrizes e normas
científicas e norteadoras da instituição foi excluido do projeto final.
34
CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO
35
A educação ainda é infelizmente um espelho da sociedade, que é desigual,
segregacionista, elitizada, exclusiva, entre muitos outros pontos, porém é claro notar
que houve sim um pequeno avanço se observarmos a educação antes de Cristo e depois
de Cristo, que deixou de ser uma forma de sobrevivência e ascenção social e de
ancestralidade e passou a ser uma formação do homem, de seu caráter, de valores, de
transmissão de cultura, porém ainda ligada aos interesses das classes dominantes e de
governos, além da captação de mão de obra ao mercado de trabalho e deixaram de lado
a educação para a vida que contempla todas as capacidades, particularidades e
conhecimentos práticos, ligados a realidade e a todo o contexto histórico, cultural,
social, emocional, psiquico e integral da formação de um cidadão e transformador
social.
Até mesmo certas nomenclaturas ainda são ultrapassadas como por exemplo a
palavra “aluno”(do latim “sem luz”), devemos chamar a criança pelo nome e não rotulá-
las ou subestimá-las, pois cada uma é única e especial por tudo que ela é. Além da
palavra professor que também necessita ser reformulada para “Mediador”, apontando de
forma clara para suas funções como Pedagogo, Orientador e Aprendiz.
Para um conhecimento significativo, que vai de encontro a realidade e interesses
da criança é extremamente necessário o uso de Tecnologias da Informação e a
Gameficação em sala de aula, algo que ainda é usado de forma a entreter e distrair,
porém é uma ferramenta de suporte educacional eficaz, além disso uma sala de aula que
utiliza tecnologias e Gameficação traz grandes resultados no processo ensino-
aprendizagem, porque cria um espaço rico para estímulos e desenvolvimento
neuropsicomotor, cultural e social ao educando, além de trazer a realidade e interesses
destes a sala de aula, proporcionando assim uma aprendizagem mais leve, divertida,
significativa, contextualizada, cotidiana e rica em conhecimentos interdisciplinares e
experiências únicas para a relação educador e educando.
Uma alfabetização e letramento, uma educação para a vida pressupõe uma escola
inclusiva, que não subestima ou rotula uma criança com deficiência ou não, mas sim dá
oportunidades para seu desenvolvimento em geral através da arte, música, dança, teatro,
desenho, pintura e todo qualquer tipo de maneiras a motivar e incentivar crianças com
ou sem deficiência. A escola deve ser um espaço que valoriza a criança num todo e
sempre busca o aprimoramento e a formação integral do ser, fazendo-os enxergar todo
seu potencial, suas competências e habilidades e que estes possam se tornar verdadeiros
cidadãos e agentes de transformação da realidade que os cerca.
36
37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
39
NOVA ESCOLA. Entrevista com Emília Ferreiro. São Paulo: TV Nova Escola, 2001.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0YY7D5p97w4&t=9s. Acesso em:
27 de Abril de 2021.
PRICE, J. M. A Pedagogia de Jesus. Prefácio de L.A. Weigle, Rio de Janeiro: J.U.E.R.P,
1980.
SALDANHA, Elaine. Novas Tecnologias contribuem e modificam forma de alfabetizar
crianças. Disponível em: https://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/novas-
tecnologias-contribuem-e-modificam-forma-de-alfabetizar-as-criancas. Acesso 01 de
Maio de 2021.
SATO, Adriana. Game Design e Prototipagem: Conceitos e Aplicações ao Longo do
Processo Projetual. Florianópolis: Universidade Anhembi Morumbi, 2010.
SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa. Rio de janeiro: Quartet, 2000
VENTURINI, Toni. Documentário Paulo Freire Contemporâneo. São Paulo: TV Escola,
2007. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8. Acesso em:
03 de Maio de 2021.
VYGOSTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
40