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UNIVERSIDADE PAULISTA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

MATHEUS MATTOS CHEL BARONI

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PARA A VIDA

TABOÃO DA SERRA – SP
2021
UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

MATHEUS MATTOS CHEL BARONI

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PARA A VIDA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do título de
Pedagogo
Universidade Paulista – Polo Taboão da Serra
Orientação: Kethi Cristina do Rosario Squecola
Alexandre

TABOÃO DA SERRA – SP
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e ao meu Melhor Amigo que me inspiraram a


realizar essa monografia e me orientaram no caminho e tema a seguir. Agradeço
imensamente a meus pais que são meu exemplo, família e amigos que sempre me
incentivaram a fazer o meu melhor e sempre fazer com amor e dedicação e sempre me
deram um incentivo, apoio e etc para me aprimorar cada vez mais como profissional e
ser humano.
A todos meus professores na idade escolar em Especial minha tia Alexandra,
Aurea Regina e Elaine Almeida que me ajudaram a me alfabetizar completamente na
Educação Infantil e aos professores que auxiliei no Infantil e no Ensino Fundamental,
em Especial a Profº Vaneide, Shirley, Lucineia, Daniela, Andrea Oliveira, Patrícia e
Stefenson Costa.
Aos meus antigos colegas que zombavam de mim, mas ensinaram grandes lições
de vida e sem todas essas provas não chegaria aonde estou e a meus amigos intelectuais,
religiosos, pedagogos e psicólogos e a Universidade Paulista UNIP(Funcionários em
Geral), onde pude simplesmente construir a minha Metodologia, Didática e a poder
formar-me um grande professor mediador e com postura interdisciplinar e a conhecer e
aplicar os conhecimentos teóricos e práticos na realidade escolar e aos teóricos e
educadores em especial Paulo Freire, Emília Ferreiro, A Didática Magna de Comenius,
Leandro Karnal e Cortella no qual busco aprimorar e refletir minhas vivências em sala
de aula.
RESUMO

A presente pesquisa visa analisar, refletir, discutir e apontar diversas formas de


responder a questões de como alfabetizar e letrar de forma significativa, inovadora e
para a vida, através da análise bibliográfica das teorias de Pedagogos como Emilia
Ferreiro, Paulo Freire, Maria Montessori, Comenius, Manacorda e etc, concluindo assim
que para uma Alfabetização e Letramento para a Vida é necessária valorização da
criança, de todo o seu esforço, caminhos e do seu tempo de aprender, sua
psicomotricidade e utilização das ferramentas de auxílio a esse processo como as novas
metodologias, a Ludicidade(jogo,brinquedo e brincadeira), Arte, Música, Teatro e as
novas Tecnologias que ajudam a melhoria do andamento desse processo.

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Vida. Agente Transformador.


ABSTRACT

The current search aim to analyze, reflect, discuss and point lot of ways to
answer questions like “How literate and letter significantly, innovative and for life?”
through the bybliographical analysis of theories educators like Emilia Ferreiro, Paulo
Freire, Maria Montessori, Comenius, Manacorda and the like, concluding so that for a
Literate and Letter for Life its necessary the valorization of the child, all the efforts,
ways and time to learn, your psychomotricity and the use of aid tools to this process like
the new methodologies, playfullness(games, toys and plays), art, music, theater and the
new technologies that help for the improvement and progress of the process.

Keywords: Literarate. Letter. Life. Transforming Agent.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
1.2 PSICOMOTRICIDADE, AUTONOMIA E EDUCAÇÃO
1.3 O AGENTE TRANSFORMADOR DA REALIDADE
1.4 DIDÁTICA PARA A CIDADANIA E PARA A VIDA
1.5 HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
1.5.1 PRÉ HISTÓRIA
1.5.2 IDADE ANTIGA
1.5.3 A PEDAGOGIA DE JESUS CRISTO
1.5.4 MEDIEVAL E RENASCENTISTA
1.5.5 MODERNA E ILUMINISTA
1.5.6 BRASILEIRA E CONTEMPORÂNEA
1.6 IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO ALFALETRAR
1.7 ARTE, MÚSICA E INCLUSÃO
1.8 TECNOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO
EDUCACIONAL
1.8.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO PARA EDUCAÇÃO
1.8.2 REALIDADE VIRTUAL
1.8.3 GAMEFICATION 29

2. MÉTODO
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO

Compreender a alfabetização e letramento é algo essencial para se entender a


situação atual da Educação, pois a forma como é tratada a decodificação dos simbolos
de um sistema alfabético e seu uso social faz saber o porquê do grande indice de
analfabetismo e dos péssimos níveis de qualidade do ensino, onde esta é muitas vezes
tratada apenas como o ato de saber ler e escrever, não importando o uso socio-cultural
da escrita e da leitura além da compreensão de textos e uso da lingua em geral e visando
o mercado de trabalho, não a vida.
Pouco é levado em consideração todo o contexto psicossocial, motor, cultural e
muito menos a individualidade de cada criança, sua forma de aprender, seus
conhecimentos prévios, habilidades, competências e seu desenvolvimento em geral,
apenas critérios técnicos, quantitativos e avaliativos.
Por essa razão a pesquisa visa analisar, refletir, discutir e apontar diversas formas
de responder a pergunta “Como proporcionar uma alfabetização e letramento de
qualidade, significativa e inovadora para a Vida?” através de diversos recursos como o
uso da Tecnologia, do sistema de Gameficação, da importância da Ludicidade e a Arte
como recursos para facilitar esse processo, da necessidade de se entender a História e
contexto desse processo, além de considerar a criança e todas as suas características,
contexto e aprendizado num todo e a tornar cidadão e agente de transformação social.
Para isso, a pesquisa será baseada nas ideias de Emilia Ferreiro e Maria
Montessori que discutem o real significado da Alfabetização e Letramento, Paulo Freire
quanto o ato de ler e escrever ser forma de se tornar um agente transformador da
realidade, a Didática Magna de Comenius e sua forma de compreender o processo
educacional e do que ele chama de “ensinar tudo a todos”, Kishimoto sobre a
importância do Jogo, Brinquedo e Brincadeira para o desenvolvimento neuropsicomotor
da criança e na História da Educação por Manacorda.
A metodologia utilizada será de forma qualitativa através da pesquisa
bibliográfica de livros como Didática Magna de Comenius, A Importância do Ato de
Ler de Paulo Freire, Psicogênese da Língua Escrita e Reflexões sobre Alfabetização de
Emilia Ferreiro, História da Educação de Mário Alighiero Manacorda, além de diversos
textos, teses, artigos sobre estes temas, as novas propostas de Alfabetização e
Letramento e sobre Tecnologias da Educação que auxiliam nesse processo.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Psicogênese da Língua Escrita – Emília Ferreiro

A Psicogênese da Lingua escrita é um processo descito por Emília Ferreiro e Ana


Teberosky baseado nas pesquisas de Jean Piaget e ao observar todo o ciclo de
desenvolvimento da escrita e leitura em crianças, nele são analisados os processos
psicomotores, cognitivos, socio-culturais e de desenvolvimento da criança em seu
caminho de aprendizagem, decodificação, domínio e uso social da língua escrita. Emília
Ferreiro no Livro “Reflexões sobre Alfabetização” descreve um pouco desse processo:
Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou
deveria escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um
valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para ser
avaliado. Aprender a lê-las , interpretá-las é um longo
aprendizado que requer uma atitude teórica definida.
(FERREIRO, 1993)
Ferreiro e Teberosky revolucionaram o conceito de Alfabetização e Letramento
com o livro “Psicogênese da Língua Escrita” pois criticaram a postura da Escola
Tradicional que focava apenas em “qual é o melhor método para fazer uma criança ler e
escrever” e não em “como se aprende e como a criança adquire e decodifica o Sistema
de Escrita Alfabético”, estes questionamentos moveram suas pesquisas, teses e trabalhos
em geral e estas mostraram levando em conta as ideias de Piaget(Seu professor e
mentor) e indo além, mostrando de forma aprofundada como ocorre o processo de
Alfabetização e Letramento.
Refletindo sobre a Escola Tradicional, Ferreiro(1999) diz que “A escola reduz a
criança a um par de olhos e orelhas”, sendo o professor o detentor do conhecimento e a
criança de forma passiva, apenas como aquele que ouve e observa, não olha a criança
em sua totalidade, desde seus aspectos de desenvolvimento, cognitivo, neuropsicomotor
e socio-cultural, esquecendo que estas possuem um cérebro, diversas habilidades e
capacidades, além de ter conhecimentos prévios e uma visão da escrita e do seu meio
antes da escolarização, quanto a isto Ferreiro diz:
“A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a
qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos
ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.” (FERREIRO,
Emília, 1993)

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A escola reflete a desigualdade social e é comum a criança pobre “fracassar” e a
escola a culpar dizendo que não tem prontidão para alfabetizar ou possui algum deficit
cognitivo. Ferreiro e Teberoski mostram que a classe social não indica que são menos
capazes e estas não possuem deficits cognitivos, pois crianças de todas as classes sociais
possuem percepções e hipoteses prévias sobre a escrita, apropriam-se e reconstroem o
Sistema Alfabético, ou seja reinventam, o que segundo Ferreiro “Os caminhos dessa
reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social” a
diferença é que a de classe média chega na escola quase alfabética e a pobre com
hipóteses primitivas e o processo de Alfabetização é longo para ambas. Esta postura da
Escola Tradicional prejudica a criança, pois segundo Ferreiro(1999):
“Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la
a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar.”
(FERREIRO, Emilia. 1999)
A escola precisa criar ambiente alfabetizador para que possam ter as mesmas
possibilidades e respeite estas crianças como sujeitos “cognoscentes”, que aprendem
criticamente e tem curiosidades e questionamentos sobre seu mundo, no que condiz com
alfabetização estes se darão de acordo com a prática social da leitura e escrita que tem
contato, sendo a escola responsável de criar contatos e interações necessários ao sujeito
porque nas palavras de Ferreiro(1999):
O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da
criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo, pensa,
raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social complexo
que é a escrita.
Esse pensamento expressa claramente a corrente da qual Ferreiro e Teberoski
participam, a Psicolinguística Contemporânea, que defende que a criança é um ser ativo
que procura compreender a natureza da linguagem, tem hipóteses, cria sua propria
gramática, sendo um sujeito cognoscente o que segundo Piaget é aquele que procura
ativamente compreender o mundo que o rodeia e a responder os questionamentos que o
mundo traz, sendo a obtenção do conhecimento resultado dessa ação. Ou seja “Ler não é
decifrar, escrever não é copiar” (FERREIRO, 1999) vai muito além e exige diversos
esforços neuropsicomotores e cognitivos das crianças.
Segundo Ferreiro “A escrita da criança não resulta de simples cópia de um
modelo externo, mas é um processo de construção pessoal”, nesse processo de
construção pessoal a criança se depara com conflitos cognitivos que força-a a modificar
seus esquemas assimiladores para que ela possa incorporar o que antes não conseguia,

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são desafios esses que o sujeito pode superar com ajuda e estes períodos são necessários
para que esta passe pelos períodos de erros construtivos, errando para elaborar hipoteses
próximas de seus conhecimentos prévios.
Ferreiro e Teberoski criticam que “a escola não permite antecipações ou
autocorreções”, quando o erro é entendido de forma equivocada pela escola, o professor
corrige sem deixar o sujeito refletir sobre seus erros e saber o porquê errou, além disso a
escola exige a pronúncia correta, ignorando as variantes linguisticas de cada um, usa
cartilhas ou livros didáticos que utilizam de conteúdos ideológicos e refletem a classe
dominante Segundo Ferreiro(1993):
Para se ensinar a ler e a escrever é necessário utilizar diversos
materiais, textos de atualidade, livros, histórias, jornais,
revistas, calendário, caderno e um conjunto de superficies pela
qual se escreve.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky utilizam a terminologia Níveis Estruturais da
Língua Escrita para explicar as diferenças individuais e ritmos diferentes de escrita das
crianças em 5 níveis: Hipótese Pré Silábica, Intermediária, Silábica, Silábico Alfabética
e Alfabética:
Na Pré silábica não diferencia o desenho da escrita, entende que tanto desenho
como escrita são formas de representação, sendo a fase da garatuja e rabiscos. A criança
já começa a escolher a forma mais familiar, se “letra bastão”, cursiva, porém ainda não
é uma escrita convencional, não reconhecendo relação entre fala e escrita, além disso
ainda supõe que a escrita represente o nome dos objetos e não os próprios objetos(objeto
grande palavra grande e objeto pequeno, palavra pequena) o chamado Realismo
Nominal.
Na Intermediária a criança começa a perceber que existe relação fala e escrita,
desvincula a escrita da imagem dos numeros e das letras, desenvolve hipoteses a partir
do nome. A Silabica supõe que a escrita representa a fala e que a menor unidade da
lingua seja a sílaba, em frases pode escrever uma letra para cada palavra ou silaba e
algumas vezes a palavra completa, faltando uma letra ou trocando de lugar, isso
acontece muito com sílabas complexas.
Silabica Alfabetica já compreende que a escrita representa o som da fala,
combina só vogais ou só consoantes fazendo grafias semelhantes para palavras
diferentes (AO para GATO ou PATO), pode combinar vogais e consoantes numa mesma
palavra para tentar combinar sons, mas sua escrita ainda não é totalmente socializável.

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Alfabética que a criança passa a entender que escrita tem função social e entende
que cada caractere da escrita corresponde aos valores menores(silabas), faz
correspondência e conhece valor sonoro de todas as letras e pode ainda omitir e misturar
hipoteses alfabeticas com silábicas porém não está ortográfica ainda.
É necessário que a escola e o professor proponham atividades desafiadoras
adequadas a todas as crianças, trabalhar com crianças heterogêneas(diferentes hipóteses
e niveis), levar a criança a raciocinar sobre a escrita, criar ambiente rico em materiais e
provocar interações, deve considerar que o ambiente por si só não é alfabetizador, seu
papel é importante ao criar ambiente rico de interações no qual a criança possa
desenvolver suas hipoteses, permita situações de erros construtivos, antecipações e
autocorreções, falar menos e escutar mais a criança e o mais importante é a criança
utilizar a escrita como forma de expressão, que esse saber e esse ambiente é pensado a
propiciar interações com a lingua escrita mediada por pessoas capazes de ler e escrever,
cabe a escola permitir a todos e a quem precisa esse ambiente alfabetizador.
A criança estando alfabética é importante lembrar que a pontuação e a ortografia
serão trabalhadas gradativamente, respeitando as fases e principalmente o tempo da
criança. A Alfabetização é um Sistema complexo, que não se esgota na 1 série ou aos
7anos(ou até o 2º ano como objetiva o governo brasileiro), se desenvolve ao longo da
escolaridade e no ritmo diferente de uma criança para outra.

1.2 Psicomotricidade, Autonomia e Educação – Maria Montessori

O Método Montessori foi criado através da observação que Maria Montessori


fazia no comportamento de crianças em escolas e ambientes estruturados ou não, tem
como meta auxiliar no desenvolvimento em geral da criança.
Ao observar crianças brincando em liberdade ela deduziu que as crianças
conseguem fazer qualquer coisa sozinha, o conceito de Autoeducação, isso se confirma
pelo fato de as crianças aprenderem sozinhas a falar, andar, reconhcer sons e etc.
Montessori(1987) diz que “Nunca ajude uma criança numa tarefa em que ela se sente
capaz de fazer”, ou seja deve-se confiar na capacidade da criança, além disso tendo um
ambiente rico, favorável e contextos adequados, essa criança consegue aprender de
forma autônoma qualquer ação.
Para essa aprendizagem é necessário que a criança possa observar alguém mais
experiente fazendo a ação, além de poder tentar sem ninguém interromper como nas

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palavras de Montessori(1987) “Ajude-as a fazer sozinhas”, pois assim esta pode
perceber seus erros e corrigí-los, aprendendo assim a superar obstáculos de acordo com
seu ritmo e tempo.
Outro conceito presente é a Educação Cósmica, onde há a valorização das
relações que a criança tem com seu meio e estas se interessam desde cedo por tudo ao
seu redor, compreendendo através dessas relações até mesmo a ordem e relação das
coisas na natureza e no universo. Sendo assim é necessário despertar e preservar o
encanto e curiosidade das crianças através de histórias, perguntas e pesquisas de acordo
com os interesses delas.
Há também o Ambiente Preparado, que é um conceito chave no Metodo
Montessori, para isso a criança deve ter liberdade, tudo o que for importante ao
desenvolvimento da criança deve estar acessível, estando tudo a altura das crianças.
Estes ambientes também devem ser tranquilos, uma quantidade adequada de
brinquedos, jogos, materiais diversos e acesso a todos os lugares e a limpeza e
organização destes deve ser feita pela própria criança. Sobre a importância de um
ambiente preparado Montessori(1946) diz:
“Para ajudar uma criança, devemos fornecer-lhes um
ambiente que lhes permita desenvolver-se livremente.”
O professor é chamado por Montessori de Adulto Preparado, este deve sempre se
transformar interiormente, deixando o papel de autoridade e imposição caso as crianças
se comportem diferente do desejado e cabe a ele respeitar a criança em todas as suas
necessidades, este é um observador que tem confiança na criança, interagindo e
preparando o ambiente com o necessário para que as crianças superem obstáculos e
precisa dar autonomia para a criança sendo cada vez menos necessário. Para
Montessori(1989):
“A tarefa do professor é preparar motivações para
atividades culturais, num ambiente previamente
organizado, e depois se abster de interferir.”

Para Montessori(1946) ao fazer as coisas pelas crianças ou protegê-las e privá-las


de alguma ação que ela consegue fazer estamos atrapalhando o desenvolvimento natural
da criança, o correto é deixá-la se concentrar, se empenhar em atividades interessantes e
desafiadoras, conduzindo-a a autodisciplina, iniciativa, autoconfiaça e independência, se
tornando assim segundo Montessori “uma criança equilibrada”.

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Além dos conceitos descritos, as escolas montessorianas são ricas de materiais,
jogos, instrumentos, estes sempre desenvolvendo a psicomotricidade da criança, além
do raciocínio, a concentração e disciplina, além disso as crianças são mais felizes e tem
total liberdade de escolher o que aprendem e o tempo que aprendem, , mas sempre de
acordo com suas facilidades ou dificuldades, as salas tem poucas crianças e podem ter
crianças mais velhas junto a mais novas, pois toda interação e experiência contribui para
um melhor aprendizado. Sendo assim segundo as palavras de Montessori(2016)”A
prova de sucesso da nossa ação educativa é a felicidade da criança”.

1.3 O Agente Transformador da Realidade

Paulo Freire defende a Educação Libertadora, como ato de se libertar das amarras
da educação bancária, opressora e elitizada da escola tradicional, onde ao aprender a ler
e a escrever o estudante aprenda não só a decodificar o sistema de escrita e ter domínio
da escrita, mas sim ler a sua própria vida e o mundo, escrever sua própria história e do
meio a sua volta e ser um Agente Transformador da Realidade, aquele que intervém de
forma crítica, reflexiva, filosófica, analítica, ativa e direta na transformação na realidade
da sua vida e da própria sociedade, assim como diz Freire(1981):
“Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda.”
Para ele a chamada educação bancária e opressora possui origem na história do
homem e da sociedade, como os períodos de escravidão, regimes autoritários,
civilizações que o centro era a guerra e pensamento intelectual e civil dessas épocas
além da política de dominação. Essa educação reflete a sociedade e os educados apenas
servem de recipientes vazios onde o professor detentor do conhecimento deposita, assim
como numa transação bancária, o conhecimento, porém como nos elenca Freire(1977):
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção.”
A escola opressora e bancária é aquela também na qual os erros são encarados
como fracassos e geram punições e culpa, Freire nos mostra o contrário: “Só, na
verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a
pensar certo”, nesta muitas vezes com tempo, este “oprimido” acaba se tornando o
“opressor”, este mesmo que vivia escrevendo frases sem significado e contexto como

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“Eva viu a uva”, acaba por fazer o mesmo quando estiver do outro lado, sem importar-
se em “compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem
trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho” ou seja, sem saber o
contexto, a interpretar e a analisar e refletir o que lê.
Para se opor a este tipo de educação Freire apresenta a Educação Libertadora,
onde nesta há total valorização a relação professor e aluno, estes dialogam, agem,
aprendem e ensinam entre si, sendo ambos agentes educacionais, há a estimulação da
criatividade, imaginação, trabalho de equipe, da postura problematizadora e da visão
humanista no processo ensino aprendizagem, concluindo nas palavras de Freire(1977)
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo”.
O método de Alfabetização e Letramento Freiriano segue seu pensamento:
“Educar-se é impregnar de sentido cada momento da vida, cada ato cotidiano”. Baseia-
se na relação interdependente de diálogo e ação, onde são levantadas temas de interesse
dos educandos, de seu cotidiano e da realidade vivida por este e seu meio através de
diálogos com suas experiências e histórias de vida, objetivando o despertar da
curiosidade, interesse e a atenção do educando. Após serem levantados os chamados
“temas geradores”, desses são tiradas sílabas e sons, que formam as “palavras
geradoras”(palavras novas), auxiliando na apropriação da palavra e o Sistema
Alfabético de Escrita, da Linguagem e do mundo que o cerca, sendo assim, Freire(1981)
elenca que:
O diálogo pertence à natureza do ser humano, enquanto
ser de comunicação. O diálogo sela o ato de aprender,
que nunca é individual, embora tenha uma dimensão
individual.
Estes momentos de conversa são os “Círculos de Cultura” onde são realizadas
análises, críticas, reflexivas e até mesmo algumas vezes filosóficas sobre esse temas,
palavras e sons trazendo a consciência do uso social da língua, além da concientização
da realidade, compreendendo o mundo e a sociedade em seus diversos aspectos sociais,
políticos, culturais, tecnológicos, morais, éticos e etc. E a partir dessas noções ajudar
transformando-se e transformando a sociedade, porque Freire nos mostra que:
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o
mundo” e este ato de agente transformador impregna e chama outras pessoas a terem
essa iniciativa de mudarem o mundo através dessa Educação Libertadora,
Problematizadora e Humanista.

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1.4 Didática para a Cidadania e para a Vida

A didática magna consiste na máxima de Comenius(2001) “ensinar tudo a todos


e de ensinar com tal certeza que seja impossível não colher bons resultados” mesmo
sendo tão antiga, ao mesmo tempo é muitíssimo atual, pois pressupõe que se pode
ensinar qualquer coisa a qualquer pessoa, de qualquer classe social, sexo ou
característica de forma rápida, confortável e prazerosa e encaminhá-las a uma boa
instrução. Ou seja, ele traz a luz de forma implícita temas atuais e certos tabus que ainda
hoje se perpetuam, como a educação de qualidade para minorias e a questão da censura
ao que se ensina, tudo pode ser ensinado, mas de forma diferenciada pois cada um
aprende de um jeito.
Comenius afirma que é necessário se cuidar bem da infância e juventude, instruí-
los e educá-los para não só o trabalho, mas para a vida, torná-los cidadãos e homens e
mulheres de bem, sendo estes mais preparadas e solicitos ao conhecimento, tendo uma
mente aberta a ser moldada a esse propósito, além disso segundo Comenius(2001)
educar bem os jovens faz com que possamos “curar e transformar a sociedade”. Sobre
isso Comenius(2001):
Educar pois providamente a juventude é providenciar
para que o espírito dos jovens sejam preservados das
corruptelas do mundo e para que as sementes neles
sejam lançadas
Comenius foi o primeiro a defender que deve-se valorizar o pensamento, os
interesses, anseios, possibilidades e limites da criança, isso é explícito a um
questionamento público de Comenius “Por que não se aprende brincando?” e que o
currículo deve se adequar ao interesse de ambos, trazendo a realidade para a sala de aula
e usar a tecnologia disponível como suporte , além de apontar a grande responsabilidade
que pais, professores e a sociedade tem de educar e formar moralmente o jovem e para
ser um bom cidadão. Sobre essa necessidade de trazer a realidade social da juventude a
escola, Comenius(2001) diz:
“As escolas fazendo com que os homens tornem-se
verdadeiramente humanos, são sem dúvida as
oficinas da humanidade”
Outro aspecto bem atual na obra de Comenius é que ele critica a forma como os
pais deixam a educação de seus filhos exclusivamente a cargo da escola e dos

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professores e alerta para a grande importância que a família tem no desenvolvimento da
criança e do jovem, pois além de serem os primeiros a socializarem o indivíduo, deviam
instruí-los na conduta, de todos os valores morais e sociais, construindo assim um
adulto de princípios e caráter.
Comenius era contra o uso de castigos, mas a favor da disciplina, para
Comenius(2001) deve-se haver um dialogo de forma a fazê-lo refletir sobre seus erros e
entender o que ou o por que ele errou, ou seja de forma indireta Comenius já
incentivava a questão de Piaget de “erros construtivos”. Comenius ainda propunha uma
escola mais lúdica com livros ilustrados, dança, músicas, brincadeiras, ambientes
coloridos e etc. para a criança, onde ela pudesse passar por todas as etapas do seu
desenvolvimento de forma confortável e eficaz e sendo respeitada sua realidade e
interesses da sua faixa etária. Sobre isso Comenius(2001) afirma que:
Deve todavia que tudo seja adaptado aos espíritos
infantis, os quais são por naturezas inclinados a coisas
agradáveis, jocosas e lúdicas... e aprendê-las com
facilidade e prazer, importa misturar o útil ao agradável.
(COMENIUS, J.A, 2001)
Comenius, a frente de seu tempo enfatiza a função mediadora do professor como
um guia e orientador das escolhas e caminhos ao qual o estudante deve seguir, o que
deve aprender e o fim desse aprendizado e ainda esse deve ser doce, carinhoso, porém
flexível e Comenius(2001) afirmava que “ensinar é uma arte” e nesta é necessário
afetividade entre crianças e professores e através de um ensino de qualidade voltado a
todas as pessoas, democrático e inclusivo que traria uma formação integral, sólida e
plena ao ser humano, transformando assim a sociedade com uma educação para a vida.

1.5 História da Alfabetização e Letramento

1.5.1 Pré História

A forma com que a Alfabetização e o Letramento é tratada também evidencia a


ineficiência do Sistema Educacional vigente e das mazelas sociais envolvidas. Ao
analisar a História da Educação desde os tempos Primitivos aos atuais pouco mudou e
são pequenas as conquistas comparadas ao que deveria estar, mesmo que durante os
anos busca se reinventar a cada época.

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Na Pré-História a educação utilizada era a informal que é a socialização que
começa no seio familiar assim como diz Luzuriaga (2001):
Uma educação natural espontânea, inconsciente,
adquirida na convivência de pais e filhos adultos e
menores. Sob influência dos maiores o ser juvenil
aprendia as técnicas elementares necessárias à vida:
caça, pesca, pastoreio, agricultura e fainas
domésticas(LUZURIAGA, 2001, p. 14).
Uma educação voltada para aprender as técnicas de sobrevivência necessárias,
sem rigidez, disciplina, mas de forma espontânea e cotidiana, não considerava preceitos
éticos e morais nem o desenvolvimento intelectual. O conhecimento era passado através
de Lideres das tribos com saberes milenares para os mais jovens. Além disso utilizavam
de Pinturas Rupestres que eram desenhos que retratavam a vida sociocultural e intima
destes, se assemelham as primeiras fases do desenho infantil, pois a criança passa
inconscientemente por todas as etapas da história do homem até o domínio da escrita.
Esta é o mais próximo da escrita que conseguem, já que ainda estavam em evolução
estruturas e mecanismos motores e da inteligência.

1.5.2 Idade Antiga

Ao se analisar a educação no Antigo Egito nota-se um avanço significativo em


diversas áreas, porém assim como atualmente a educação de qualidade fica nas mãos de
uma minoria, ou seja, as classes privilegiadas da época, os nobres, escribas e sacerdotes.
Como havia um grande desenvolvimento social do trabalho, a educação era voltada a
este objetivo, infelizmente algo que na atualidade continua, não se importam com o
desenvolvimento completo do ser humano e a formação de um cidadão ativo e
transformador, mas em abastecer o mercado de trabalho e as relações sociais e de poder.
Segundo Manacorda na educação egípcia era ensinada:
A Geometria para medição dos campos, a Astronomia para
conhecimento das estações, a Matemática que é o instrumento básico de
uma e de outra... “escolas intelectuais” para Matemática, Geometria e
Astronomia e também as Ciências Esotéricas e Sagradas e Escolas
práticas dos vários ofícios. E a Literatura Sapiencial feitas de
ensinamentos morais e comportamentais...(MANACORDA,1980?, p.
10 -11).
A escrita era baseada em hieróglifos, de forma rígida e disciplinada com uso de
castigos, mediada pelo escriba ou sacerdote, com conteúdos adequados a elite e ao
povo(com posses e ofícios) numa instituição semelhante a atual escola. Esta se
assemelha a fases da alfabetização onde a criança utiliza de rabiscos, garatujas e

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desenhos para se expressar e se comunicar, porém cada letra tem uma função, uso e
significado, ao contrário da pré-escrita infantil que utiliza-os de forma a fácil
compreensão.
A alfabetização no antigo Egito era feita para pessoas da elite, estes eram
ensinados primeiramente a ter a coordenação motora e as habilidades para a escrita
(Como no Ensino Tradicional que não é tão ruim como dizem) e ao contrário da
concepção de que lemos pelos olhos, estes aprendiam ao cantarolar os textos, recitá-los
em voz alta e etc., para internalizá-los e construir noção da língua e do vocabulário,
como descrita na frase Bresciani(1968):
“O teu coração compreende, os teus dedos tem
habilidades e a tua boca tem a capacidade de ler.”

Já na Grécia Antiga, considerada o “Berço da Democracia”, esta que em nenhum


dos povos da história verdadeiramente conseguiu alcançar, pois assim como nos dias
atuais a desigualdade impera, a alfabetização, o letramento e a consciência cidadã,
infelizmente possuem apenas na definição, pois estes não são colocados em prática,
esses povos influenciaram certos modelos que desde os primórdios da Humanidade se
encontram nas práticas pedagógicas e na metodologia de muitos, são eras diferentes
porém problemas e hábitos semelhantes, mesmo com avanços significativos, ainda
prevalece a democracia para minorias”.
Os Termos Democracia, Cidadania, Filosofia e em especial, a Pedagogia
surgiram na Grécia, como nas palavras de MANACORDA(1990) a educação grega era
para poucos, preparando para as tarefas do poder, “o pensar”, para a vida política “o
falar” e o “fazer”, que são as armas e o poder militar.
Os tipos de educação adotados eram a Educação Homérica e a Educação
Hesiodéica, estas se referem a educação “Heroica” e “Camponesa” respectivamente,
com relação direta ao “grande educador”, nas palavras de Platão, que foi Homero, autor
de Ilíada e Odisseia e o poeta Hesíodo, para bases sociais, morais, culturais,
psicológicas e teóricas do modelo, era uma educação informal, não possuía método nem
instituição, não era para a criança, mas sim para o futuro adulto. O conceito
fundamental é o Areté, com aspectos técnicos, para guerra, esportes, oratória,
movimento e música, éticos e morais, que eram valores, atitudes e ideias dos livros de
Homero, como honra, bondade, beleza e coragem e preceitos de cultura e respeito as

20
crenças e ancestralidade e de Hesiodo para sabedoria e moralidade, com ensinamentos,
conselhos, atitudes, valores, posturas e etc para os camponeses e produtores rurais.
Como diz Manacorda: “Outro conceito é a téchne, construida nos jogos de
gladiadores, a aculturação moral religiosa e patriótica as técnicas de governar, lutar e
produzir, habilidades “das palavras” e “ações”, contemplaram a música (aculturação
moral religiosa e patriótica) e a ginástica(para o guerreiro)”. Ao ouvir as músicas,
histórias, a literatura, ensinamentos, feitos heroicos e sobre a cultura, as crianças
assimilavam a língua, a escrita e a leitura, pois haviam diversas habilidades e
competências adquiridas, assim dava-se a alfabetização e letramento nessa época.
O conceito mais importante a se tratar é a Paidéia (educação), com o advento da
Democracia surge a necessidade de preparar a infância para cidadão adulto de bem. Os
“professores” eram chamados de “choregós”(mestres de coro), existiam os centros de
iniciação e as escolas de filósofos, como a Pitagórica, a educação passa a ser um
“fundamento da sociedade”(Manacorda). Estas escolas com ensino através da
música(mitos, cultos e cantos religiosos), dança, ginástica, aritmética, geometria,
astrologia, ciências da natureza, sagradas ou esotéricas.
A Legislação mostrava o dever dos pais para com as crianças, do direito ao
ensino da leitura e escrita, acesso à escola para todos (a elite estudava com melhores
condições), sobre o ano letivo e sua organização(tempo, número de crianças, atribuições
do corpo docente e etc.). Em Creta e Esparta surgem os pedagogos (condutor da
infância), escravos estrangeiros alfabetizados que passavam um tempo com as crianças,
acompanhava-as a escola e era responsável pela instrução. A Educação
Democrática(“Paideia” que significa Educação) é como um espelho da atualidade,
tradicional e conteudista, Na escola do alfabeto aprendiam o método de leitura do
Alfabeto, Soletração, Silabas e a Palavra e o Texto de forma rígida e muitas vezes
brutal, com treinos repetitivos de escrita e leitura, excesso de músicas e decorar
conteúdo, este sistema era um espelho da época, ou seja, pouco mudou do conceito de
alfabetização e letramento, mesmo com o Construtivismo e o Socio-Interacionismo e
outras Teorias Pedagógicas.
A educação Romana era bem semelhante à dos primeiros períodos da história
grega, como tradição, a formação do guerreiro, ideais, direitos e deveres relacionados a
pátria (código civil) porém busca romper com a cultura grega e possui algumas
mudanças como o aluno era ensinado através de tábuas(códigos de condutas e leis
sociais) que romanos eram superiores a todos os outros povos(civis romanus), a mulher

21
era menos submissa aos homens(mater familias) que controlavam a educação dos filhos
e mandava-os aos pedagogos e educadores da época e o pai (Pater) formar o cidadão e
controlava a vida em geral(social, estudantil e etc.) dos filhos.
Nas escolas eram utilizados manuais e a formação em diversas áreas como
Lingua, Oratória, Literatura, Gramática, Retórica, Matemática, Astronomia e etc e se
dividiam em: Elementares para alfabetização da língua e matemática; Secundárias onde
se ensinavam a cultura romana em geral, Escolas de Retórica para preparar o cidadão
para a vida pública, a vivência, debates e discursos em sociedade e Escola aos Escravos
que tinham pouca organização e pouca infraestrutura, porém ensinavam os ofícios a
serem desempenhados por estes.

1.5.3 A Pedagogia de Jesus Cristo

Para ter um panorama das mudanças na educação e do contexto histórico após


Cristo, como a Educação Medieval será descrita sem questões religiosas, mas
analisando as bases e metodologias, a Pedagogia de Yeshua Netzarim, que mesmo suas
aulas sendo ao ar livre, fora de instituições, este possuia formas inovadoras para aquela
época de ensinar.
Na epoca de Yeshua Netzarim(Jesus de Nazaré) a educação estava nas mãos dos
Judeus, em especial os fariseus que ensinavam em sinagogas ou templos através de
trechos da Bíblia e aos poucos apresentando o alfabeto para assim através da
Torah(escritos bíblicos) conhecer a lingua. Jesus no entanto não ensinava em
instituições, mas em qualquer lugar onde havia necessidade de ensinar, ou seja por onde
ele andava, sejam ruas, aldeias, a beira do mar e etc. Segundo L.A. Weigle(1980):
"Jesus lançou mão do método educativo, e não do método de
força política, ou de propaganda, ou do poder.”
Yeshua ensinava a qualquer pessoa, de qualquer classe social, sem preconceito
ou imposições, sabia ouvir seus alunos, respeitava a pluralidade cultural e de ideias, não
debatia e muito menos criticava, apenas ensinava e este tinha conhecimento de diversos
povos e culturas, facilitando assim com que acreditassem em seus ensinamentos e
sempre buscando concórdia e amor entre as culturas e povos, além de sempre pregar a
igualdade, o respeito a pessoa, as leis e a moral. A seus discípulos este orientava como
ensinar com clareza e convicção, além de prepará-los a trazer mais seguidores ao
Cristianismo.

22
Quanto a metodologia, ele ensinava através de parábolas que eram histórias que
mostravam episódios do cotidiano do povo, trazendo sempre uma lição moral e
ensinamentos sobre a vida e como ser um verdadeiro cidadão, de como agir de forma
ética e moral diante de diversas situações da vida. A forma como Yeshua ensinava era
tão eficaz que muitas vezes não só fazia a pessoa compreender os ensinamentos como
também as maravilhava e despertava a curiosidade e o interesse desta em seus
conhecimentos e sua sabedoria.

1.5.4 Educação Medieval e Renascentista

Com a expansão do Cristianismo no mundo, graças aos esforços de seus


seguidores e discípulos a educação assim como antes de Cristo estava nas mãos de uma
minoria, o clero, composto de padres, bispos e religiosos em geral que ensinavam em
escolas dentro de catedrais e mosteiros disciplinas como gramática, retórica, dialética,
lógica, aritmética, geografia, astronomia e música.
Para alfabetização e letramento, segundo Manacorda(1990) assim como na
educação grega, utilizavam de tábulas penduradas no pescoço ou na cintura com
alfabetos, silabários e diversos textos religiosos ou não a serem lidos, possuiam também
exercícios, discussões em formato de debate entre professores e alunos, haviam
premiações para acertos e severas punições para erros. Estas características não só se
assemelham a escola e alfabetização atual, como esta foi trazida dos elementos da
escola antiga e medieval como o ensino da gramática, a lógica e o estudo da filosofia.
Na época do Renascimento, houve maior preocupação de que as pessoas
soubessem ler e escrever(minorias da elite, antes das ideias de Lutero), as tabuletas de
conteúdos foram substituídas pelos livros e assim inicia-se o uso das cartilhas e das
gramáticas. O ensino infantil era mais lúdico e nas cartilhas eram ensinados os nomes
das letras do alfabeto, decorar listas de palavras, visando o reconhecimento da relação
de letra e som.
A noção de consciência fonológica só era adquirida após decorar o alfabeto na
ordem normal e inversa, depois o mesmo é feito com as sílabas, em alguns países eram
ensinadas palavras do cotidiano da criança e estas aprendiam através do som das letras,
algo extremamente inovador para época e mostra como a educação atual ainda está
muito atrasada e com avanços pouco significativos em relação ao seu passado histórico.

23
Os principais pensadores do Renascimento foram Jan Amos Comenius e Jean Jacques
Rousseau.

1.5.5 Moderna e Iluminista

Na alfabetização moderna, graças as ideias de Friedrich Froebel, o criador dos


Jardins da Infância, temos a presença de jogos psicomotores, auditivos, aritméticos e
sensoriais sendo usados para ensinar a leitura e a escrita, além disso também se
utilizavam de brincadeiras e canções. Nessa época também outro avanço foi a educação
para as minorias menos favorecidas que veio da luta incansável de Johan Heinrich
Pestalozzi.
Porém segundo Araujo(1996) foi na época do Iluminismo que se criou um
método inovador que mudaria completamente a alfabetização e letramento, o Método
Fônico. Este método se opunha a soletração e a posterior relação entre grafemas e
fonemas, neste a criança já era apresentada aos sons das vogais e consoantes, que
podem formar sílabas e palavras, o que ia contra o método de soletração no qual
aprendia-se pelo nome das palavras, assim como muitas escolas ainda ensinam a ler e
escrever, são poucas as que utilizam o método fônico e desperta a consciência
fonológica nas crianças.

1.5.6 Brasileira e Contemporânea

A história da alfabetização e letramento no Brasil segue as tendências


educacionais de cada período da história desde a idade média, porém com algumas
mudanças em certos modelos educacionais.
O primeiro modelo educacional no Brasil foi a Educação Jesuítica que possuia
algumas semelhanças a educação medieval, em especial no cunho religioso, pois visava
a catequisação dos indios no inicio, depois os filhos de colonos e por fim escravos. A
alfabetização era feita através do método de soletração, onde se aprendia o nome das
letras, as sílabas e dessas aprendiam-se palavras e assim poderia conseguir ler os textos
em sua maioria de Escrituras Sagradas da Bíblia, porém o Padre Anchieta também

24
utilizava algo inovador para a época, o teatro, música e poesia para alfabetização e
letramento, pois nestes se treinava a oralidade e a pronúncia correta das palavras,
contribuindo assim para o aprendizado eficaz da leitura e escrita.
Após os Jesuítas, quando se instituiu as aulas em casa e depois voltaram as
instituições, pouco mudou no processo de alfabetização e letramento, apenas adições de
matérias, como por exemplo gramática e ortografia a prática da leitura e escrita,
matemática e humanidades. Mudanças significativas só vieram após o Manifesto dos
Pioneiros da Educação que instituiram uma escola única(Pois existiam diferentes tipos
como Escolas Normais, Elementares e etc) pública, laica e gratuita. Nesse mesmo
período surgem a Pedagogia Freireana(citada anteriormente) que traz ideias inovadoras
a alfabetização e letramento, mas infelizmente com pouco alcance público de suas
ideias.
Um período que deixou uma marca a posteridade e um retrocesso a educação
brasileira e consequentemente a alfabetização e letramento foi a Ditadura Militar onde
se aprendia palavras seguidas de imagens, fazia a divisão silábica e por fim formava-se
frases e textos, eram ensinados também cálculos matemáticos e hábitos saudáveis,
porém a educação era voltada ao mercado de trabalho, a escrita era mecânica, sem
contextualização e ainda eram dados castigos e surras a quem cometesse erros.
Mesmo que durante esse período ao redor do mundo surgiam educadores como
Maria Montessori, a epistemologia genética de Jean Piaget, o socio-interacionismo com
Vigotsky e Wallon e posteriormente Emilia Ferreiro, estas ideias por causa do regime
militar que se baseava numa educação tecnicista demoraram a chegar e se incorporar na
educação brasileira.
Porém ao serem introduzidas estas transformam a alfabetização e letramento, a
escrita não é mais tratada de forma mecânica e com exercícios exaustivos, mas sim
contextualizada, além disso é valorizada a consciência fonológica, as ideias freireanas
de educação através do cotidiano e ainda o desenvolvimento em geral, o pensamento e
hipoteses de escrita da criança são levadas em consideração, além da ludicidade e
abertura a novas formas de educar e uso novas ferramentas de suporte como a
tecnologia.

1.6 Importância da Ludicidade no Alfa-letrar

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A ludicidade com jogos, brinquedos e brincadeiras torna-se um recurso cada vez
mais importante em sala de aula, pois além de tornar o aprendizado mais prazeroso,
confortável e muitas vezes menos frustrante, facilita a aquisição do conhecimento e a
prática dos conteúdos ensinados. Segundo Kishimoto(1999)
“O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos
para a relevância desse instrumento para situações de ensino-
aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a
criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções
espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro
com cognições, afetivas, corpo e interações sociais, o brinquedo
desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la” (1999.
p.36).

Assim sendo o jogo, o brinquedo e a brincadeira são importantes recursos


pedagógicos que auxiliam não só no ensino mas também no desenvolvimento integral
da criança, tanto em sua psicomotricidade, como nas habilidades emocionais, socio-
interativas, no raciocínio lógico, nas noções de regras e na aquisição de habilidades e
competências e etc.
Através da ludicidade as crianças conseguem estabelecer relações e significações
de seu meio e do mundo, além de serem apresentadas ao mundo adulto brincando, seja
no jogo de papéis, na manipulação de objetos, como também as noções, deveres e
elementos desse mundo atrelado aos jogos, brinquedos e brincadeiras. Qunato a essa
relação com o sujeito Kishimoto(1999) diz que:
O brinquedo supõe uma relação íntima como o sujeito, uma
indeterminação quanto a uso, ausência de regras. O jogo pode
ser visto como sistema linguístico que funciona dentro de um
contexto social: um sistema de regras, um objeto.(1999, p. 12)
O eficaz, planejado e organizado uso na alfabetização e letramento da ludicidade,
em especial jogos e brincadeiras pode despertar na criança autonomia, engajamento,
criatividade, imaginação, desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, atenção e
concentração, capacidade de resolução de problemas, além de melhorar a absorção de
conhecimento e a formação de noções de cidadania e convívio social. Sobre essa
contribuição essencial da ludicidade e do brincar Kishimoto(1993, p. 21):
Brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento
da identidade e da autonomia. Desde muito cedo as crianças se
comunicam por gestos, sons e mais tarde a imaginação.
Podemos dizer que brincar é uma atividade natural, espontânea
e necessária para sua formação.
Através dos jogos, brinquedos e brincadeiras a criança tem possibilidades de
buscar, descobrir, experimentar e se envolver em diversas situações de aprendizagem e

26
da vida social. Segundo Miranda(1980) O jogo, não é somente um aperfeiçoamento
físico, intelectual e moral. É também um valioso elemento para observação e
conhecimento metódico da psicologia da criança, suas tendências, qualidades, aptidões,
lacunas e defeitos, ou seja cabe ao educador e a escola proporcionar o ambiente e o
planejamento adequado do uso da ludicidade não só como forma de distração, mas no
sentido formativo, de desenvolvimento e principalmente como interessante mediador
das relações e conteúdos educacionais e de sua prática educativa.

1.7 Arte, Música e Inclusão

A arte é um importante recurso para a alfabetização e letramento, pois ela traz um


conhecimento emocional, íntimo e mesmo psíquico, desperta diversas habilidades e
dons presentes no interior humano, além de proporcionar calma, felicidade e disposição,
desenvolve a atenção, concentração, criatividade e imaginação, além disso é um meio
interessante de gerar a inclusão de pessoas com deficiências de qualquer tipo ou não.
Sobre essa questão interna e emocional da arte, Fischer(1990) diz que:
O homem anseia por absorver o mundo circundante,
integrá-lo a si; anseia por unir na arte o seu “eu”
limitado com uma experiência humana coletiva e por
tornar social a sua individualidade
É histórica a exclusão de pessoas deficientes, elas eram internadas em hospícios
e albergues e mortas, hoje são mais rotuladas e muitas vezes subestimadas em suas
capacidades e além disso são muitas vezes deixadas de lado. Uma excelente forma de
inclusão é utilizar a musicoterapia e a própria educação músical aliada a rotina de sala
de aula, pois aprimora a comunicação, o vocabulário e a noção linguística.
Os psiquiatras Adam P. Fraise(2009) Richard Hudson e R. Frances notaram que
as partituras musicais influenciam a parte fisiológica do corpo e ajudam a regular
algumas funções e ritmos biológicos conforme a aspecto temático e dinâmico da
música, ou seja as ondas sonoras produzidas pelos instrumentos e a harmonização
destas e das melodias penetram no sistema nervoso e trazem benefícios para o
funcionamento do corpo e relaxam, aumentam a percepção, a psicomotricidade, a
absorção de conhecimentos, entre outros; além de atuar nas células, ajudando a curar
células doentes e a destruir células cancerígenas e de efeitos prejudiciais ao organismo.

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Além da música, o teatro, a dança e as artes visuais são um interessante
instrumento que pode auxiliar no processo de alfabetização e letramento, pois não só
ajuda na melhoria da expressividade, do controle emocional, vocabulário e usos
linguísticos, como também auxiliam em habilidades e competências necessárias a
alfabetização como a produção de textos ou contação de histórias, desenvolve a
oralidade, dicção e a sociabilidade(algo importantíssimo para crianças de inclusão ou
não).

1.8 Tecnologia como Instrumento de Transformação Educacional

1.8.1 Tecnologias da Informação para Educação

A maioria das escolas utilizam Laboratórios de Informática ou Sala de Tecnologia


para Alfabetização, porém com foco apenas nas ferramentas e nos jogos, sendo mais
uma forma de distração sem um planejamento, não seguindo o contexto de ensino-
aprendizagem da sala, é pouco utilizada a leitura e a produção de textos aliada a essas
tecnologias, sobre os textos digitais Roger Chartier(2002) mostra que:
É ao mesmo tempo uma revolução da modalidade técnica da produção do
escrito, uma revolução da percepção das entidades textuais e uma
revolução das estruturas e formas mais fundamentais dos suportes da
cultura escrita. (CHARTIER, 2002, p. 24)
Esta grande revolução se não pensada de forma a unir a sala de aula a tecnologia,
pouco torna-se significativo no desenvolvolvimento da Alfabetização e Letramento,
assim como diz Vigotsky(1993) “o desenvolvimento intelectual ocorre a partir de um
intenso processo de interação social, ou seja, quando a criança brinca em seu ambiente,
ela internaliza instrumentos culturais construindo o seu próprio conhecimento .” pois é
uma forma prática e eficaz do conteúdo, além de ajudar a desenvolver diversas
habilidades e competências e mesmo de forma interativa diminuir dúvidas e
dificuldades no uso da escrita, números e operações em geral.
Além disso ainda é limitada a gama de ferramentas, de conhecimentos e
interações que está a dispor do estudante numa Sala de Tecnologia, além de jogar, pode-
se mostrar diversas ferramentas como programação com programas simples como
Sketch por exemplo que um “gatinho” mostra de forma simples e adequada a crianças

28
noções básicas de programação, ou Sketchup que através de desenhos, geometria e
medidas transmite noções de arquitetura e engenharia, Celestia onde se pode conhecer
de forma interativa o universo, desde planetas, galáxias, satélites e etc, assim como diz
Saldanha(2017):
“Enquanto estão mexendo em um computador ou
tablet, as crianças desenvolvem a concentração e o
raciocínio lógico.” (Saldanha, 2017)
Pouco também se exploram de novos recursos tecnológicos como a “Realidade
Virtual” e sistemas como a “Gamefication” que se tornaram em países desenvolvidos
grandes aliados a educação, além disso aumentam o interesse e o incentivo ao
aprendizado de diversas faixas etárias de estudantes que vivem nesses países e
continentes assim como diz a Professora Débora Garofalo(2018):
Os jogos são meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual, além de favorecer a apropriação e
interpretação dos recursos linguísticos primordiais na
alfabetização.

1.8.2 Realidade Virtual

Uma ferramenta muito usada em pouquíssima salas de aula é a Realidade


Virtual, algo que aos olhos das crianças e jovens é magnífico, belo e muito divertido e
interessante, muitas dessas escolas utilizam por exemplo numa aula de Sistema Solar,
um aplicativo de Realidade Aumentada para mostrar os planetas do sistema solar, suas
características, distâncias, propriedades e etc e os alunos podem tocar e interagir com
eles, algo que torna extremamente agradável e significativa uma aula que poderia ser
teórica e monótona. Para Moran(2000):
Educar é colaborar para que professores e alunos-nas escolas e organizações -
transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem... Uma
mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando
conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as
telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais... É
importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar.
Moran (2000).

Esse recurso inovador pode contribuir a construção de uma “sala de aula


interativa”, o que segundo Silva(2000) seria” "A sala de aula interativa seria o ambiente
em que professor interrompe a tradição do falar/ditar, deixando de identificar-se com o
contador de histórias, e adota uma postura semelhante a dos designers de software

29
interativo.”, ou seja, onde ambos podem explorar e interagir com os diversos ambientes
e informações, deixando de ser uma relação de apenas absorção, escuta e fala, para uma
de troca, diálogo e discussão.
Nessas escolas também ensina-se a criar seus aplicativos em realidade virtual,
além disso utilizam óculos de Realidade Virtual para por exemplo conhecerem em
História Geral o Antigo Egito, a história dessa civilização contada por uma Inteligência
Artificial, mostrar a Pirâmide de Gizé, a Dinastia de Faraós e etc., como se estivessem
dentro delas. O nível de ensino destas escolas é elevado, além disso são poucas os
estudantes que não conseguem ter um bom aprendizado e mesmo estes com dificuldades
ou distúrbios de aprendizagem são utilizadas essas tecnologia e que obtém grande êxito
em sanar as dificuldades e realizar um reforço ou apoio pedagógico especializado
diferenciado e inovador.

1.8.3 Gamefication

Os jogos e videogames em si estão muito presentes no cotidiano de muitas


crianças e estes tornam-se uma proposta interessante, agradável, significativa e
inovadora para utilizar não só na Alfabetização e no Letramento, mas na Educação em
geral, porque os jogos além de divertir e entreter desenvolvem funções cerebrais e o
raciocínio lógico, além de terem um rico repertório de competências e habilidades que
podem ser trabalhadas em sala de aula.
Um exemplo é da Franquia “Crash Bandicoot”, além de ter um cenário com
diversas cores que podemos muito bem trabalhar reconhecimento de cores na fase,
ainda há diversos elementos do cenário que pode-se utilizar para por exemplo trabalhar
letras iniciais de objetos, sílabas, criar listas ou mesmo frases com estes o nome desses
objetos, além disso há diversos elementos que podem ser quantificados e ao terminar a
fase tem uma quantidade de caixas a atingir, logo pode-se trabalhar questões de
subtração, adição, multiplicação e mesmo divisão, pois tem caixas que estão divididas
de 5 em 5, 2 em 2 e etc. Segundo a professora Garofalo(2018):
Os jogos são meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual, além de favorecer a apropriação e
interpretação dos recursos linguísticos primordiais a
alfabetização” Garofalo(2018).

De um simples jogo pode-se trabalhar diversos conteúdos, habilidades e


competências, além de gerar situações problemas e exercícios de acordo com a
30
experiência das crianças com o jogo, inventar histórias deste e de outros e até mesmo
criar personagens ou elementos do jogo com recicláveis entre outros, as possibilidades
são amplas. Smart (1996) cita várias categorias de aplicações explorando o uso de
ambientes virtuais:
Desenvolvimento de tarefas no mundo real através de teleoperação,
treinamento virtual de tarefas que mais tarde serão realizadas no mundo
real, aprendizagem e aquisição de conhecimento, projeto cooperativo,
diversão, comunicação e exploração das capacidades perceptual e
motora dos homens. (Smart, 1996)

Existem escolas na Europa e na América do Norte que utilizam da Gameficação


como metodologia e prática permanente no ensino através não só de jogos de
videogame, mas utilizando o RPG em situações cotidianas, encenações de batalhas
históricas, jogos de cartas e tabuleiro e etc., segundo essas escolas as crianças e jovens
desenvolvem senso estratégico, raciocínio lógico, espontaneidade, resolução de
problemas, a oralidade, a corporeidade e diversas habilidades do currículo escolar de
forma divertida e significativa. O nível de evasão escolar e desinteresse é mínimo nessas
escolas, pois as crianças e jovens se sentem felizes ao aprender com coisas de seu dia a
dia, vão motivadas e realmente aprendem através da prática algo que parecia difícil se
tratado da forma tradicional.
Porém a Gamefication não se limita a ambiente de jogo, qualquer tipo de local
pode se transformar em ambiente gameficado, mas deve ser um ambiente não só com
tecnologias ou de forma virtual, mas que incorpore as mecânicas de games, como
exemplo em sala de aula seria dar recompensas e elogios para o esforço e as conquistas
do estudante, deixar seu progresso sempre disponível sem esperar avaliações, colocar
desafios de acordo com as dificuldades e limites do estudante, influenciar a autonomia
de escolhas e decisões do estudante, de qual caminho seguir ou colocar em teatros e
histórias elementos de RPG.Sobre isso Murray(1997) explica que:
“Todo jogo pode ser vivenciado como um drama
simbólico e games nada mais são do que mídias
contadoras de estórias”
Com a gameficação uma simples história, dramatização ou performance pode se
transformar em ambiente rico em elementos de RPG, tornando assim a atividade mais
prazerosa, através da criação e desenvolvimento de personagens, enredos, missões,
metas e objetivos que serão traçados e cumpridos durante a encenação ou contação de
histórias, além de adição de ambientação sonora para total imersão da platéia no

31
espetáculo, além disso inúmeros ambientes virtuais, profissionais podem ser
transformados com sistemas de pontuação, recompensa, status e progresso, tornando
assim simples atividades em grandes aventuras, as possibilidades são inúmeras e os
resultados obtidos são excelentes dependendo da forma pela qual se é trabalhada.

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CAPÍTULO II – MÉTODO

O presente estudo tratou sobre a Alfabetização e Letramento para a Vida, onde


foram elencadas formas de trabalho significativas e inovadoras e que tenham como foco
a criança e seu cotidiano, para isso foi realizada pesquisa qualitativa com levantamento
bibliográfico em obras literárias, artigos científicos e acadêmicos, documentários,
vídeos e filmes relacionados ao tema.
Foram levantadas publicações nacionais e internacionais através de textos, artigos,
livros, documentários, filmes, entrevistas e vídeos sobre a Alfabetização e Letramento,
para critério de pesquisa foram pesquisados os que datam de 1980 até 2021 para maior
credibilidade das informações, além de serem mais recentes(com excessão dos livros de
Maria Montessori e Paulo Freire).
A busca levantou 8 autores e 15 livros com o tema de Alfabetização e Letramento,
após a leitura dos livros, foram selecionados apenas aqueles que mais se associavam ao
tema, além de condizer com autores estudados no decorrer do Curso de Pedagogia,
selecionando assim 6 autores e 9 livros, sendo assim 7 livros nacionais, 1 em língua
inglesa e 1 em português de Portugal.
Quanto a esse critério foram selecionados os seguintes livros: Psicogênese da
Lingua Escrita e Reflexões sobre Alfabetização de Emília Ferreiro, A Importância do
Ato de Ler, Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, Didática Magna de Comenius, The
Montessori Method de Maria Montessori, História da Educação da Antiguidade aos
nossos dias de Mario Alighiero Manacorda, Jogo Brinquedo, Brincadeira e a Educação
de Tzuko Morchida Kishimoto.
Os autores pesquisados foram escolhidos pois tratam de forma inovadora dos
processos de Alfabetização e Letramento, onde a criança não é tratada apenas como ser
aprendente, mas sim ator do processo de ensino-aprendizagem e para esses autores é
levada em consideração todo o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, além de
seu contexto social e histórico.
Quanto aos artigos, foram selecionados 2 artigos internacionais sobre a
Gamefication na educação e 6 artigos nacionais sobre a Psicogênese da Lingua Escrita,
o Método Montessori, e sobre Jogos, Brinquedos e brincadeiras.
Com relação aos documentários foram assistidos no Youtube e selecionados 3
documentários: Paulo Freire Contemporâneo, que descreve a vida e a obra de Paulo
Freire, além das características do Método Freiriano e da Educação Libertadora, o

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documentário Leitura e Escrita na Educação Infantil, onde é entrevistada Emilia
Ferreiro e esta discute sobre os processos de desenvolvimento da leitura e escrita nas
crianças e o Documentário Comênio que descreve a vida, obra e como é atual a Didatica
Magna de Comenius para a educação.
No decorrer de 1 ano e meio preparando o Pré-Trabalho (O então chamado
embasamento teórico), além disso uma pesquisa de campo com questionário de 10
perguntas, dissertativas e associativas sobre Alfabetização e Letramento no Município
de Taboão da Serra, onde entrevistei meus colegas de trabalho e profissionais da
educação e ia entrevistar crianças também, entretanto graças as diretrizes e normas
científicas e norteadoras da instituição foi excluido do projeto final.

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CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO

A escola atualmente pouco mudou de seu passado histórico, houveram avanços


significativos porém continua sendo uma educação de qualidade para as minorias, onde
ainda há muita exclusão e onde ainda se prendem a sistemas, metodologias e imposições
sociais como nas escolas das Idade Antiga até a Escola Tradicional, uma educação ainda
voltada as relações de poder e ao mercado de trabalho, onde as novas ideias ainda
demoram a serem aceitas, respeitadas e utilizadas de forma eficaz.
Grandes e inovadoras ideias de diversos educadores como Paulo Freire, Emília
Ferreiro, Maria Montessori, Piaget, Vigotsky e Wallon por exemplo são até hoje
interpretadas de forma errada e impositiva, um exemplo são as ideias de Piaget,
Montessori e Emília Ferreiro com relação a criança ir construindo seu desenvolvimneto
aos poucos, muitos professores acham erroneamente que não devem intervir e nem
mesmo auxiliar em nada que as crianças façam, algo equivocado pois ambos apontam a
grande importância do meio e dos mediadores da aprendizagem, que devemos sim
respeitar o tempo da criança e valorizar o esforço, conquistas e incentivar a autonomia,
além de respeitar a criança num todo e nunca subestimá-las seja lá qual for sua origem.
Outro grande equívoco é com as ideias de Paulo Freire e Comenius, onde muitos
dizem que possuem ideias extremamente sonhadoras e criticam as alusões que Freire faz
a Marx e a relação da educação com a política e religião, no entanto Paulo Freire cita
muitas vezes Marx pelos ideais da minoria que Marx estudava, que deve-se usar a
educação e a política como forma de transformar a sociedade e que ambas estão
conectadas. Freire não faz idolatria ao Marxismo, mas assim como Comenius são
educadores que valorizam uma educação transformadora, democrática e para a
felicidade geral, onde todos são atores sociais e todos tem capacidade de mudar todas as
realidades sociais, pela qual as pessoas podem ser educadas para a vida presente e
futura.
As escolas e muitos de nós professores ainda ficamos ora presos, ora criticando
metodologias e teóricos. Porém ao contrário todo método deve ser valorizado, aplicado
de acordo com a necessidade e realidade de cada criança e todo o contexto de sala de
aula, não tem melhores ou piores, se são tradicionais ou construtivistas, a real
importância é como o professor o utiliza, ou seja a didática que é empregada. A escola
deve ter postura reflexiva, analítica, construtiva e mesmo filosófica quanto a diversidade
de saberes da prática pedagógica e incentivar a multiplicidade de ideias e metodologias.

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A educação ainda é infelizmente um espelho da sociedade, que é desigual,
segregacionista, elitizada, exclusiva, entre muitos outros pontos, porém é claro notar
que houve sim um pequeno avanço se observarmos a educação antes de Cristo e depois
de Cristo, que deixou de ser uma forma de sobrevivência e ascenção social e de
ancestralidade e passou a ser uma formação do homem, de seu caráter, de valores, de
transmissão de cultura, porém ainda ligada aos interesses das classes dominantes e de
governos, além da captação de mão de obra ao mercado de trabalho e deixaram de lado
a educação para a vida que contempla todas as capacidades, particularidades e
conhecimentos práticos, ligados a realidade e a todo o contexto histórico, cultural,
social, emocional, psiquico e integral da formação de um cidadão e transformador
social.
Até mesmo certas nomenclaturas ainda são ultrapassadas como por exemplo a
palavra “aluno”(do latim “sem luz”), devemos chamar a criança pelo nome e não rotulá-
las ou subestimá-las, pois cada uma é única e especial por tudo que ela é. Além da
palavra professor que também necessita ser reformulada para “Mediador”, apontando de
forma clara para suas funções como Pedagogo, Orientador e Aprendiz.
Para um conhecimento significativo, que vai de encontro a realidade e interesses
da criança é extremamente necessário o uso de Tecnologias da Informação e a
Gameficação em sala de aula, algo que ainda é usado de forma a entreter e distrair,
porém é uma ferramenta de suporte educacional eficaz, além disso uma sala de aula que
utiliza tecnologias e Gameficação traz grandes resultados no processo ensino-
aprendizagem, porque cria um espaço rico para estímulos e desenvolvimento
neuropsicomotor, cultural e social ao educando, além de trazer a realidade e interesses
destes a sala de aula, proporcionando assim uma aprendizagem mais leve, divertida,
significativa, contextualizada, cotidiana e rica em conhecimentos interdisciplinares e
experiências únicas para a relação educador e educando.
Uma alfabetização e letramento, uma educação para a vida pressupõe uma escola
inclusiva, que não subestima ou rotula uma criança com deficiência ou não, mas sim dá
oportunidades para seu desenvolvimento em geral através da arte, música, dança, teatro,
desenho, pintura e todo qualquer tipo de maneiras a motivar e incentivar crianças com
ou sem deficiência. A escola deve ser um espaço que valoriza a criança num todo e
sempre busca o aprimoramento e a formação integral do ser, fazendo-os enxergar todo
seu potencial, suas competências e habilidades e que estes possam se tornar verdadeiros
cidadãos e agentes de transformação da realidade que os cerca.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início da pesquisa constatou-se que há uma grande necessidade de se


entender sobre a alfabetização e letramento para não só compreendê-la como o ato de
ler e escrever, mas sim para uso social e cultural, como forma de tornar-se cidadão e de
interferir na realidade que cerca o individuo, tornando-se um autor da própria realidade
que o cerca.
Para isso a pesquisa respondeu a pergunta inicial de como se ter uma
alfabetização e letramento de qualidade, significativa e para a vida a luz de diversas
teorias, metodologias, práticas e recursos pedagógicos como sendo aquela que considera
a criança num todo, valorizando toda a sua realidade, seus interesses e que não só ensina
a ler e escrever, mas a ler o mundo que a cerca e a transformar sua realidade através de
uma Pedagogia que vise o desenvolvimento completo da criança.
A metodologia aplicada de análise bibliográfica, selecionando textos, artigos,
livros, documentários, filmes, entrevistas e vídeos que em sua maioria datam de 1980
até 2021 foi necessária para validação e confiabilidade, além disso a seleção de livros
descrita auxiliou na organização dos temas e a relacionar a teoria ao contexto
educacional atual.
Houveram certas limitações quanto ao tempo e a conteúdos como por exemplo a
“História da alfabetização e letramento” que por conterem poucos detalhes e
informações específicas e um maior foco em contextos históricos nas fontes pesquisadas
não puderam ser melhor explicados e aprofundados.
Como complementação e aprofundamento da temática da pesquisa seria
interessante futuramente conhecer sobre a Neurociência da Alfabetização, pois é
interessante ao educador entender os processos cerebrais que envolvem a alfabetização
e letramento, além de entender como a criança aprende.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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