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Her Bear

Livro 3
Série Silver Shifter

Por Katherine Bogle & Alexa B. James


Staff

Envio: Área 51 Traduções – Equipe Power


Tradução: Louvaen Duenda
Revisão Inicial: Vivi Ladywhip
Revisão Final: Diana
Leitura Final: Aline Fraser
Formatação: Sariah Stonewiser
É S E MP RE B O M L E M B R A R Q U E …
Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e
apenas com o intuito da leitura de livros que não têm qualquer previsão de
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Nota da Revisora
By Lady

Neste livro, as autoras conseguiram amarrar muito bem a história,

Ariana é uma mocinha bastante fodona, não tem medo das

responsabilidades de ser a Silver Shifter, e seus companheiros irão aprender,

ainda que de forma bastante dolorosa, a dividi-la. É um livro emocionante,

do início ao fim.

Vamos nos emocionar com a firmeza de caráter e determinação de seus

companheiros Maximus, Owen e Cash em recuperá-la, em como o amor

tudo supera e conquista. Vamos odiar um personagem com todas as forças

do nosso ser, e ainda assim, ser surpreendidos em várias situações.

Uma ótima leitura!


Sinopse

Ariana foi sequestrada.

Ela esperava nunca mais experimentar os horrores de viver em cativeiro

novamente. Mas acorda para se encontrar uma prisioneira mais uma vez, e

ninguém pode salvá-la dessa vez. Seus captores ligaram suas bestas dentro

dela, seus companheiros não sabem onde ela está, e uma traição quebra sua

última esperança.

Logo ela aprende a terrível verdade. Seus captores planejam usar seu

sangue para exterminar vampiros. Presa em um experimento científico

infernal, Ariana não tem como escapar.

Mas há duas coisas em que seus captores não contaram. O sangue dela

faz mais do que transformar vampiros em humanos. E ninguém sabe

exatamente do que Ariana é verdadeiramente capaz – nem ela mesma.

Este é um romance paranormal de harém reverso que apresenta uma mulher forte

e seus quatro companheiros shifters. Contém violência, romance médio, conteúdo

sexualmente explícito, magia, vampiros e muita ação. Para maiores de 18 anos.


Nota da Revisão

O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras

Ortográficas, entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida,

a revisão pode sofrer alterações e apresentar linguagem informal em vários

momentos, especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem da

nossa comunicação comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos

que não estão em conformidade com a Gramática Normativa.


Capítulo Um

OWEN

Deus eu amava essa mulher.

Na manhã depois de fazer amor com Ariana pela primeira vez, eu desejei

tê-la convencido a me deixar ficar. Eu queria senti-la em meus braços, seu

corpo pequeno e quente pressionado contra mim. Gostaria de ter perguntado

se eu poderia ligar mais tarde. Ana, um apelido só meu, ou o que ela gosta no

café da manhã, ou o que ela gostava de fazer pela manhã. Mas eu entendi por

que ela não ficou. Ela queria causar uma boa impressão na minha família, e

isso significava não descer para o café da manhã cheirando a sexo.

Suspirei e rolei de costas, olhando para o teto. Eu não acho que Ariana

poderia causar uma impressão melhor na minha família. Eles a amaram

imediatamente, especialmente mamãe.

Um sorriso puxou meus lábios. Eu não pude evitar. Ver Ariana entre meu

clã estava me satisfazendo de uma maneira totalmente nova. Ela pertencia

aqui. Seria uma incrível companheira e uma mãe incrível um dia. Mesmo que

nossos filhos não fossem meus por sangue, qualquer filho de Ariana seria

meu. Os amaria da mesma maneira que eu amava a mãe deles.


A batida de passos em toda a casa me disse que era hora de subir. Estava

acostumado a acordar cedo. Para comandar um clã, você precisava ser um

madrugador. Meu pai tinha me ensinado isso. Levante-se com o dia e abrace-

o como se fosse o seu último.

Eu balancei minhas pernas para o lado da cama e me levantei. Depois de

um banho rápido e mudar de roupa, desci as escadas. Meu batimento cardíaco

acelerou quando entrei na cozinha, o cheiro de bacon e ovos me atraindo. Eu

inalei, e meu estômago resmungou. Meu urso rosnou em concordância,

pronto para ser alimentado.

Mesmo que eu tenha dito a Ariana para dormir, esperava que ela

estivesse acordada. Não podia esperar para vê-la hoje. Eu queria beijá-la e

puxá-la contra mim, queria sentar e tomar café da manhã com ela e minha

família, para bloquear o resto do mundo por enquanto.

Mas minha companheira não estava em nenhum lugar quando entrei na

cozinha. Mamãe inclinava-se sobre o fogão, grelhando sobras de batatas da

noite anterior e fazendo ovos mexidos enquanto minhas sobrinhas corriam ao

redor de suas pernas.

Eu ri quando mamãe balançou o filho mais novo de Kimberly de sua

perna pela segunda vez.

— Você está com as mãos ocupadas esta manhã. — Disse enquanto tirava

Ben do tornozelo da mamãe.


Ela olhou por cima do ombro, alívio piscando em seus olhos enquanto eu

pegava Ben no colo.

— Obrigada, Owen. Kimmy está limpando do lado de fora e deixou as

crianças comigo essa manhã.

— Que boazinha. — Pisquei um sorriso, e mamãe me deu um tapinha

com sua espátula.

— Você sabe que eu poderia te mandar ajudá-la. — Ela ameaçou.

Levantei uma sobrancelha.

— Então, quem iria ajudá-la com as crianças?

— Touché. — Mamãe apertou a espátula e se virou para encarar o fogão,

deixando que eu cuidasse de Ben e Samantha enquanto ela terminava o café

da manhã.

Encurralei as duas crianças indisciplinadas na sala de jantar. Eles

correram em volta de meus pés, enquanto eu colocava a mesa para dez

pessoas. Meus irmãos costumavam tomar café da manhã com suas esposas,

mas Kimberly sempre veio com as crianças. Papai se juntaria a nós em breve,

e depois viriam os nossos visitantes. Teríamos uma sala de jantar completa

hoje, como mamãe adora.

Uma batida rápida na porta da frente me fez parar, pratos na mão. Antes

que eu pudesse responder, a porta se abriu.


— Bom dia. — Disse Maximus na entrada.

Coloquei os pratos na mesa e me inclinei pela porta da sala de jantar.

— Bom dia. — Eu disse. Olhei por cima do ombro do lobo alfa e saí pela

porta da frente. Nenhum sinal de Ariana. Droga.

— Bom dia, querido. — Disse mamãe. — Como você dormiu?

— Bem, obrigado. — Maximus disse, mudando desajeitadamente. Seu

olhar percorreu a cozinha, em seguida, a sala de jantar, procurando a mesma

pessoa que eu estava esperando, Ariana deve chegar a qualquer momento.

— Ela não está aqui ainda. — Eu disse.

Sua expressão desapontada refletia a minha.

— Qualquer coisa que eu possa fazer para ajudar?

— Tenho tudo sob controle. — Eu terminei de classificar os talheres antes

de voltar para a cozinha. Se Ariana não estava com Max, então ela tinha que

estar com Cash. Espero que eles cheguem logo.

— O café da manhã está pronto. — Mamãe cantou. — Por que você não

chama Kimberly e papai no quintal?

— Claro que sim. — Agachei-me na frente de Ben e Samantha, ambos me

olharam com seus enormes olhos azuis, parecendo exatamente versões mais
jovens de Kimberly. — Por que vocês não vão brincar de luta com o tio

Maximus enquanto chamo sua mãe e vovô?

Ben sorriu de orelha a orelha enquanto Samantha olhava para o lobo alfa

com um brilho travesso nos olhos dela. Antes Maximus poderia pará-los, mas

as duas crianças tinham grudado em suas pernas, seus braços gordinhos

segurando os joelhos com força de urso.

— Owen. — Maximus gemeu. Ele balançou enquanto tentava remover

Ben e Samantha, mas peguei uma sugestão de um sorriso em seus lábios. —

O que eu devo fazer?

Eu ri quando abri a porta dos fundos.

— Apenas observe-os por um minuto.

Antes de ouvir a resposta de Maximus, saí, deixando a porta fechar atrás

de mim. Kimberly e papai estavam recolhendo restos de lixo da festividade

da noite anterior, ocasionalmente jogando uma lata de cerveja amassada para

a área do outro quando eles não estavam olhando.

Meu peito inchou com a visão da minha família. Eu não estava em casa o

tanto quanto eu gostaria nas últimas semanas, mas foi bom ver que nada tinha

mudado. O lar sempre me esperava quando eu voltava. Eu sentia muito

conforto naquilo.

— O café da manhã está pronto! — Chamei.


Eles pararam o que estavam fazendo e se viraram. As bochechas de

Kimberly ficaram vermelhas de vergonha por ter sido pega. Ela foi a última a

jogar uma lata de cerveja. Papai riu enquanto ele girava a rampa que eu

construíra para o lado da varanda. Segurei a porta aberta para papai e

Kimberly, que pararam um momento para colocar o saco de lixo meio cheio

na lateral da casa.

— Cheira muito bem, mamãe. — Disse Kimberly ao entrar na casa.

Fechei a porta atrás de nós e segui-os para a sala de jantar.

Maximus sentou-se em um lado da mesa, Samantha em seu colo e Ben

saltando para cima e para baixo na cadeira ao lado dele. Cash sentou do outro

lado da mesa, um largo sorriso no rosto.

Minhas sobrancelhas franziram quando eu inalei, procurando pelo cheiro

de jasmim de Ana. Poderia sentir, mas fraco, provavelmente de ontem.

Maximus e Cash levaram um segundo para olhar ao redor da sala antes

de enrijecerem ao mesmo tempo que eu. Todos nós sabíamos quem estava

faltando, nossa companheira.

Me virei e caminhei de volta para a cozinha.

— Mãe, você viu Ariana esta manhã?

Mamãe olhou para cima, a testa enrugada em confusão.

— Não, ainda não.


Eu me virei para minha irmã quando meu coração começou a bater.

— Kimberly?

— Não desde a noite passada. — Disse Kim.

— Não se preocupe, querido. — Disse mamãe. — Provavelmente está

dormindo. Tenho certeza que ela precisa descansar.

Maximus e Cash estavam de pé e na cozinha em instantes.

— Quem a viu pela última vez? — Maximus perguntou, um grunhido

afiando sua voz.

— Eu não a vejo desde ontem à noite no churrasco. — Disse Cash.

Ambos olhavam para mim. Eu inclinei meu queixo ligeiramente. Não

havia razão para sentir vergonha de dormir com minha companheira.

— Eu vi Ana no quarto dela ontem à noite, mas saí pouco depois da meia-

noite.

Maximus estreitou os olhos e rangeu os dentes, mas Cash simplesmente

assentiu. Não havia julgamento em seus olhos, sem raiva ou ciúme. Cash já

estava pensando à frente, não pensando no que havia acontecido.

— Ela não estava em seu quarto quando eu me levantei. — Disse

Kimberly, juntando-se a nós com Ben em seu quadril.


— Então onde diabos ela está? — Maximus estalou. Eu entendia o motivo

de sua preocupação. Podemos não ter sido amigos de infância como Jett e

Cash, mas Maximus e eu tínhamos muito em comum. Cada um de nós

assumiu nossos respectivos clãs em tenra idade, e nenhum de nós estava

pronto para isso. E agora nós temos algo mais em comum, um instinto

irresistível para proteger nosso cônjuge.

Respirei fundo, tentando conter o terror que acelerou meu coração. Ela

poderia ter saído para uma caminhada. Talvez ela não saiba encontrar o

caminho para nossa casa. Ou quem sabe, ela tivesse dormido.

— Kimberly, verifique sua casa, por favor. — Eu disse. Este não era o

momento de entrar em pânico, mas era a hora da ação. Um plano rapidamente

se formou na minha cabeça enquanto eu latia ordens. — Maximus, verifique

a área ao redor. Cash, verifique minha casa.

Mal consegui pronunciar as palavras antes que Maximus e Cash saíssem

porta afora e Kimberly estava deixando Ben aos pés da nossa mãe.

— Tenho certeza que ela está bem, Owen. — Disse Kimberly. Colocando

uma mão gentil no meu braço. — Eu volto já.

Balancei a cabeça e tomei algumas respirações calmantes, me centrando.

— Já irei te encontrar.
Kimberly levantou as sobrancelhas, mas não disse nada, apenas assentiu

enquanto caminhava para a porta. Eu segui em seus calcanhares, mas cinco

minutos depois, ficou claro que, Ariana não estava na casa de Kim.

Bati meu punho no balcão da cozinha enquanto Kimberly descia as

escadas de volta ao primeiro andar.

— Onde ela está?

As narinas de Kimberly se alargaram quando passou por mim. Ela

cheirou o ar na cozinha, ao redor da geladeira, e então caminhou para o

recanto de café da manhã raramente usado. No pequeno banco da janela

estavam vários pedaços de frango e um copo de água que tinha caído, que

pingou da saliência no chão, formando uma pequena poça.

— Ela estava aqui. — Disse Kimberly, apontando para o peitoril da janela

e depois continuou a testar o ar. — Eu não sinto cheiro de mais ninguém, mas

há algo... Aqui...

Eu me juntei a ela entre a copa e a ilha da cozinha, inalando

profundamente. Clorofórmio. Meu coração disparou enquanto eu examinava

o chão, a água gotejando do banco da janela, os pedaços de frango. Isso,

juntamente com o cheiro de clorofórmio confirmou isso para mim. Alguém

levou minha companheira.

— Avise a todos. Precisamos investigar cada centímetro da propriedade.

— Mal consegui pronunciar as palavras antes de sair correndo pela porta dos
fundos. Havia pegadas na sujeira com sulcos profundos, tipo de bota de

caminhada.

— É para já! — Kimberly gritou enquanto corria de volta para a casa de

mamãe e papai.

Maximus correu ao meu encontro, seu peito arfando.

— Você a encontrou?

Eu balancei a cabeça.

— Havia sinais de luta.

Os olhos de Max brilharam dourado e um grunhido retumbou em sua

garganta.

— Os vampiros a levaram. Vou matá-los.

Agarrei o braço de Maximus antes que ele pudesse fugir.

— Nós não temos certeza. — Eu disse. Apesar do pânico rodando dentro

de mim, tentei respirar e pensar racionalmente. Alguém tinha que fazer. —

Você sente o cheiro de algum vampiro?

Maximus fez uma pausa, com a boca entreaberta para discutir. Então ele

fez uma careta e sacudiu a sua cabeça.

— Então vamos seguir o cheiro de Ariana. Talvez tenhamos algumas

respostas. — Eu disse.
Maximus me olhou por um longo momento antes de concordar.

Usando ambos os nossos sentidos de olfato, seguimos o rastro de Ariana,

do jardim de Kimberly até a borda da floresta.

Cash correu para nos alcançar, parando para recuperar o fôlego quando

nos encontrou.

— Alguma pista?

— Estamos seguindo o rastro dela. — Eu disse. — Vamos.

Conduzi o caminho para a floresta. As pegadas ajudaram, levando o

caminho para dentro das árvores até que uma pequena clareira se abriu. Eu

derrapei até a borda.

Meia dúzia de pares de pegadas pisoteavam a terra em volta de um

conjunto de marcas de pneus. Alguém havia levado nossa Ana e alguém iria

pagar.
Capítulo Dois

MAXIMUS

Olhei para as impressões de pneus na terra, e minha mente correu com

mil possibilidades e arrependimentos. Eu deixei Ariana ir na noite anterior,

tinha deixado ela ter seu espaço contra o meu melhor julgamento. Agora ela

se foi. Pensei em como deve estar se sentindo, sozinha e assustada em algum

lugar. Meu lobo explodiu em direção à superfície da minha mente, raiva

alimentando-o quando ele tentou assumir o controle. Ele estava certo, poderia

farejá-la, encontrar seu elo de matilha e rastreá-la. Nós a seguiríamos até o fim

do mundo e mataríamos a porra do covarde que tinha a roubado no meio da

noite.

— Maximus. — Disse Owen, colocando uma enorme pata no meu braço.

— Agora não é hora para perder o controle.

— É o momento exato para perder o controle. — Eu rosnei. — Você não

se importa que eles tomaram Ariana? Precisamos encontrá-la agora mesmo.

Owen piscou para mim, seus olhos escuros de angústia.

— Claro que me importo. — Ele disse. — É por isso que precisamos fazer

isso racionalmente. Então todos nós podemos pegar nossa companheira de

volta.
Pela primeira vez desde que Ariana me disse as palavras, elas não

picavam. Isto não era pessoal agora. Ela ter três companheiros não foi uma

rejeição de mim e meu Lobo. Foi a nossa melhor esperança. Ter quatro

companheiros era a maior vantagem que ela tinha nesse momento. Esses

homens não tentariam recuperá-la porque ela poderia unir nossos clãs e trazer

paz política. Eles lutariam até a morte por sua companheira, assim como eu.

Meu olhar se moveu entre os outros dois homens, o pelo ondulando ao longo

de meus braços e garras se estendendo da ponta dos meus dedos.

— Então deixe-me rastreá-la. — Eu disse, meus dentes doendo enquanto

ameaçavam alongar em presas. Não conseguia lembrar a última vez que

cheguei tão perto de perder o controle do meu lobo. Ele parecia determinado

a se libertar do meu aperto e correr como um animal selvagem, caçando nossa

companheira e os vermes que a levaram.

— Mantenha sua cabeça. — Disse Owen. — Não podemos nos comunicar

com você em forma de Lobo.

Era isso. Eu poderia me comunicar com Ariana. Fechei meus olhos,

desejando que meu lobo se acalmasse para que eu pudesse ouvi-la.

— O que ele está fazendo? — Cash perguntou. — Se ele não pode ir atrás

dela, eu vou.

— Apenas cale a boca e deixe-me ver se eu posso encontrá-la através do

nosso vínculo. — Rosnei, renovando minha concentração.


Finalmente, senti-a. Era fraco, como se ela estivesse longe de mim. Mas o

nosso vínculo não poderia ser quebrado. Nós reivindicamos um ao outro. Ela

era minha. Não havia como ela apagar o vínculo de seu corpo agora. A única

coisa que poderia cortar o vínculo era a morte.

— Ela está viva. — Respirei, meu peito explodindo de alívio. Os outros

dois homens pareciam tão nervosos quanto eu me sentia, enquanto

esperavam por mais. Eu queria dizer a eles que ela estava bem e não muito

longe. Eu queria compartilhar algo de bom com eles. Em vez disso, tive que

sacudir a cabeça. — Eu não posso sentir mais nada. Ela está viva, mas não há

reações. Ela deve estar dormindo.

— Ou nocauteada. — Disse Owen. — O clorofórmio...

Dei um aceno rápido. Era verdade. Eu podia senti-la lá, mas não consegui

ler um único pensamento. Era o padrão usual para alguém inconsciente.

Infelizmente, não havia maneira de saber se era o sono ou algo mais sinistro

que estava mantendo minha companheira subjugada.

Nossa companheira.

Percebi o olhar torturado de Owen e o frenético de Cash.

— Não há como saber. — Admiti, controlando meu lobo novamente. —

Mas mesmo que esteja apenas dormindo, isso não ajuda. Ela poderia ter se

esgotado lutando a noite toda. Com certeza não foi de bom grado.
— Ariana nunca faria. — Owen rugiu, um pequeno sorriso triste

puxando seus lábios.

— Vou voar e ver se consigo ver para onde vai essa estrada. — Disse

Cash. — Talvez eles não estejam longe demais. Nós não sabemos quando eles

a levaram.

— Esta estrada serpenteia por um bom caminho. — Disse Owen, coçando

a barba. — Todo o caminho através do vale. Eles não podem dirigir rápido,

também. É cascalho o caminho inteiro.

Talvez, apenas talvez, houvesse esperança. Cerrei meus punhos,

desejando que fosse verdade, torcendo para ela ficar bem, Ariana teria que

ficar bem. Minha mente cambaleou com os pensamentos de tudo o que não

tínhamos feito ainda. Eu esperei dez anos por minha companheira, e eu mal

a reivindiquei antes que ela fosse tirada de mim. Só fiz amor com ela uma vez.

Nós nunca tivemos a chance de correr como lobos ou caçar juntos. De nos

identificarmos. Imaginei uma longa vida com ela, uma cheia de filhotes e

risos. Eu queria baixar minha guarda com ela, para deixá-la entrar.

Mas não fiz.

Na noite em que passamos juntos como companheiros, ela me disse que

me amava e eu nem sequer disse o mesmo.


Enquanto eu estava meditando sobre a minha perda, Cash tirou suas

roupas e espalhou suas asas, decolando antes de acabar de mudar para a

forma de dragão.

— Eu tenho que fazer alguma coisa. — Eu disse, pegando minha cabeça

com as duas mãos como se pudesse sacudi-la através do nosso vínculo. — Eu

não posso ficar aqui enquanto a porra de um vampiro está mantendo minha

companheira como refém.

— Pode ser Dante. — Disse Owen. — Já que não sentimos o cheiro de

vampiros, talvez seu mestre voltou para ela.

A raiva inchou dentro de mim e meu lobo ondulou em direção à

superfície novamente. Dante a manteve prisioneira por anos, forçando-a a

lutar por sua vida para seu entretenimento. Ele machucou minha

companheira, quase a quebrou, antes que eu a salvasse de suas garras. Eu

deixei ele fugir daquela vez. Se ele tivesse entrado e a roubado na calada da

noite, eu não iria cometer esse erro novamente. Quando a encontrei, eu estive

tão ansioso para levá-la a segurança que não fui atrás dele. Ela foi minha

prioridade número um desde o momento em que pus os olhos nela.

Isso pode mudar na próxima vez que eu vir o bruxo.

— Devemos verificar tanto Dante quanto os vampiros. — Eu disse. —

Podemos chamar Jett para verificar os vampiros. Ele tem todas essas conexões

e espiões.
Nesse momento, Cash apareceu sobre as copas das árvores e derrapou

até parar em meio a uma nuvem de poeira e seixos, mudando parcialmente,

suas asas ainda estendidas.

— Eu a perdi. — Ele rosnou. — A trilha termina quando a estrada de terra

encontra a rodovia. Muitos carros passaram desde que ela foi levada.

— Então deve ter sido em algum momento da madrugada. — Disse

Owen. — Não há muito tráfego naquela rodovia. Meia dúzia de carros podem

passar em uma hora.

— Mais ou menos quatro ou cinco horas... — Eu disse, pensando em

todos os carros que tinham afastado o cheiro dos pneus que precisávamos.

Carros que passaram, seus ocupantes alheios ao que eles estavam fazendo.

Nós apenas teríamos que achá-la de outra maneira. Seja o que for preciso,

faríamos. Nós nunca pararíamos até termos nossa companheira de volta. Eles

apagaram o rastro de Ariana, mas não importa o que alguém fizesse à ela ou

para nós, eles nunca poderiam apagá-la de nossos corações.


Capítulo Três

ARIANA

O clique suave de uma porta rompeu a neblina do sono me envolvendo.

Desloquei o metal duro cavando em minha espinha. Eu tentei trazer a mente

lembranças do que aconteceu, mas as batidas no meu crânio mexeu nelas

como ovos. Minha língua estava pesada na minha boca, que foi preenchida

com um gosto desagradável de cobre. Minha garganta doía junto com as

minhas têmporas, batendo no ritmo de meu coração.

Gemi e segurei minha cabeça, agarrando meu cabelo quando uma

pontada de dor correu através dela. Lentamente, eu me enrolei de lado para

esperar a dor e o esquecimento.

Depois do que pareceu uma hora, mas provavelmente tinha sido apenas

alguns minutos, arrisquei a abrir meus olhos. Uma luz brilhante iluminou

meus olhos. Apertei minhas pálpebras fechadas e trouxe as palmas das

minhas mãos contra meus olhos. Algo sobre isso era familiar. Flashes de um

rosto humano com uma barba áspera e corado, lágrimas derramaram em meu

rosto.

Os seres humanos.
Meu coração pulou e meus olhos se abriram. Os humanos eram os

responsáveis, todo esse tempo, pensamos que tinha sido apenas vampiros

atrás de mim, mas os humanos estavam participando do jogo agora também.

Merda.

Um grunhido retumbou na minha garganta. Meus punhos se apertaram

e a raiva ardeu através do meu peito. Quando me mudei para sentar, percebi

que a névoa em minha mente não estava ajudando. Embora a minha raiva

normalmente acordasse meu animal de seu sono, ela estava silenciosa. Meu

coração disparou enquanto eu procurava minha loba, mas ela também

permaneceu distante.

— Que diabos? — Assobiei. O pânico me agarrou. Eles não poderiam ter

ido embora. Estavam tão separados de mim quanto meus braços ou pernas. E

ainda assim, quando chamei por eles, senti o mais fraco dos meus animais em

minha mente.

Rangendo meus dentes, finalmente me sentei. Eu estava em uma sala de

metal que parecia mais uma cela. Havia um espelho de um lado, quase a

metade do tamanho da parede e uma porta do outro lado. Além de uma

pequena cômoda no canto, a sala era por falta de um termo melhor, estéril.

Fui capturada novamente. Eu passei quase toda a minha vida em uma

jaula, e agora estava de volta em uma. Ao contrário da minha estadia anterior,

pelo menos eu podia levantar e me mover ao redor sem meus ombros

pressionando contra barras de aço. Deslizei da mesa para o


centro da sala. O metal frio encontrou meus dedos e eu recuei. Eles

tiraram meus sapatos e minhas roupas. Em vez do pijama em que fui dormir,

estava vestida um top branco e uma calça larga de algodão branco.

Alguém me vestiu. O que significa que alguém tirou minhas roupas.

Minha pele pinicou e meu corpo ficou frio. Me sacudi e esfreguei o arrepio

dos meus braços. Eu não queria considerar o quão vulnerável eu tinha estado.

Eles poderiam ter me matado, ou pior. Pelo menos eu estava viva. Isso

significava que precisavam de algo de mim.

Me preparando, saí da mesa. Eu preciso encontrar uma saída.

Meu coração batia em meus ouvidos enquanto corria ao redor do

pequeno quarto. Eu senti ao longo das bordas da porta, procurando por uma

fissura onde eu poderia escorregar minhas unhas, mas não encontrei nada.

Em seguida, inspecionei o que parecia ser um teclado ao lado da porta, estava

muito apertado na parede, e eu não conseguia segurar a parte de baixo da

caixa de metal.

Um grunhido irritado roncou na minha garganta, ecoando na sala

silenciosa, tentei o espelho ao lado, mas estava embutido na parede. Depois

de uns bons quinze minutos inspecionando minha nova prisão, me resignei

ao fato de que não havia saída.

Quem me queria, fez um bom trabalho. Mas o que os humanos querem

com um shifter?
Fechei meus olhos e inalei lentamente, tentando me acalmar e pôr minha

cabeça no lugar. Não era hora de surtar, por mais tentador que fosse.

Mais uma vez, uma imagem do humano na parte de trás da van passou

pela minha mente. O que ele disse? Eles estavam procurando por mim há

muito tempo. Mas por quê? Rangi meus dentes, tentando lembrar.

Antes que eu pudesse, um clique ecoou pela sala.

Meu coração pulou. Instintivamente, escorreguei para o outro lado da

sala, colocando a mesa que estava ancorada no chão entre mim e meu captor.

A porta deslizou na parede como uma espécie de filme de ficção

científica. Uma mulher com o cabelo branco amarrado em um coque

bagunçado apareceu do outro lado. Ela usava óculos com aro de metal

equilibrados na ponta do nariz, mal segurando em seu rosto. Ela olhou para

a prancheta em suas mãos, quando passou por cima do limiar em minha cela,

e finalmente olhou para cima. Olhos azuis encontraram os meus e alargaram

com prazer.

— Ariana. Você está acordada. — Ela disse, sua voz ofegante. — Vocês,

shifters, são mais resistentes do que eu suspeitava.

Estreitei meus olhos para a pequena mulher me olhando com uma

mistura de admiração e intriga erudita.

— Quem é você? — Eu exigi. Mais uma vez, eu alcancei as bestas dentro

de mim, mas elas estavam estranhamente quietas.


Seus lábios se separaram em um surpreso 'o'.

— Oh, me perdoe. Que rude por não me apresentar!

A mulher deu um passo à frente, segurando a prancheta no peito. Ela

usava um longo jaleco branco, então eu assumi que ela era uma espécie de

cientista ou médica. O que um médico humano queria comigo?

— Sou a doutora Muriel Siegfred, pesquisadora chefe da Associação de

Conservação Humana, ou HCA. Minha especialidade são em espécies e

fenômenos sobrenaturais.

Pisquei lentamente para ela. Nada disso fazia sentido para mim. Uma

enxurrada de perguntas encheram minha mente, mas em primeiro lugar, por

que diabos eles tinham me sequestrado?

Os lábios de Muriel pressionaram juntos em uma linha firme.

— Desculpe, Ariana. Tenho certeza que isso tudo é muito avassalador.

Nós não quisemos assustá-la, mas a sobrevivência da raça humana está em

jogo aqui.

— O que eu tenho a ver com isso? — Levantei uma sobrancelha.

Ela assentiu gravemente.

— Sobrenaturais de todas as espécies têm crescido exponencialmente nos

últimos cem anos, tenho certeza de que, em reação à nossa população

crescente. — Muriel deu outro passo para dentro. — O HCA foi criado para
avaliar e pesquisar o mundo sobrenatural, enquanto também guarda o

segredo da população humana. Você pode imaginar se a notícia que shifters

e vampiros são reais se espalha? Haveria histeria em massa.

Eu estreitei meus olhos.

— Novamente, o que isso tem a ver comigo?

O olhar de Muriel se iluminou.

— Isso, minha querida, é a questão principal. Primeiro, permita-me

explicar. Enquanto shifters e bruxas nunca se opuseram diretamente aos

humanos, vampiros se alimentam da nossa espécie. — Seu aperto aumentou

em sua prancheta. Parecia que Muriel gostava de vampiros tanto quanto eu.

— Venho procurando uma cura para o vampirismo nos últimos vinte anos,

sem sucesso. Então, eu recebi a notícia de que vampiros haviam atacado um

jovem shifter e que tinham voltado ao seu estado humano natural. Não pude

acreditar nos meus ouvidos, até que vi um com meus próprios olhos.

Quanto mais ela falava, mais rápido meu coração batia. Não gostei do

olhar de prazer em seu rosto ou do brilho louco em seus olhos.

— Você quer me usar. — Eu disse sem rodeios.

Claro que sim. Eu não fiquei tão surpresa com a explicação dela. Fui uma

mercadoria na maior parte da minha vida. Apenas Maximus me salvou disso.

Só ele e meus outros companheiros me queriam como algo mais do que uma

arma em seus jogos.


— Essa não é uma maneira muito legal de colocar isso. — Muriel

pigarreou e ajustou seus óculos. — Mas, de certa forma, sim, queremos usar

seu sangue para curar o vampirismo de uma vez por todas.

Eu podia ver o futuro que Muriel falou. Eu ficaria trancada nessa cela,

forçada a doar sangue ou medula óssea ou o que diabos eles queriam até

morrer. Como um shifter, eu curaria rapidamente com cada agulha na minha

veia. Isso não era vida para mim, apenas uma morte longa e torturante. E para

quê? Para curar um monte de vampiros que provavelmente queriam

permanecer o que eram, tanto quanto os humanos queriam ser humanos?

Eu não gostava nem um pouco de vampiros, mas esses humanos queriam

aniquilar uma espécie inteira. Quem seria o próximo? Meu peito apertou

dolorosamente. E quanto aos meus companheiros, seus clãs e suas famílias?

Será que os humanos também tentariam destruí-los? Talvez os lobos não

quisessem beber o sangue deles, mas queriam seu território. O que aconteceria

quando os humanos decidissem que estamos invadindo sua terra, ou que eles

queriam construir um empreendimento no maravilhoso Bosque dos Ursos?

Balancei a cabeça. Não podia deixar eles fazerem isso. Eu tenho que sair

daqui.

Dei um passo à frente e Muriel instantaneamente recuou. Em algum

momento a porta se fechou atrás dela. Eu inspecionei seu jaleco branco até

encontrar um cartão de identificação de plástico preso ao bolso. Havia um


código de barras ao longo de um lado. Talvez ele funcionasse no painel ao

lado da porta.

Meu pulso acelerou quando me aproximei da médica. Muriel

empalideceu, olhos arregalados ela recuou contra a parede.

— A-Ariana? O que há de errado?

Bati minha palma contra a porta, a centímetros de sua cabeça.

— Eu sou uma prisioneira, isso é o que está errado. Agora, você vai me

deixar sair daqui, doutora.

— Eu não posso fazer isso.

Meus lábios se afastaram em um rosnado. Em algum lugar no fundo da

minha barriga, a besta em mim, despertou de seu sono.

— Resposta errada.

Peguei o cartão do casaco de Muriel.

Ela pegou o cartão, mas segurei sua mão antes que ela pudesse piscar. Eu

puxei com força, arrancando a médica de seus pés. Ela caiu no chão quando

me lancei para o painel.

Passei seu cartão de chave sobre a pequena caixa de metal, alívio caindo

através de mim quando piscou em verde e buzinou alegremente. Meu coração

pulou quando a porta rangeu ao abrir.


— Espere! — Muriel chamou.

Muito tarde.

Eu já estava pulando pela porta e indo direto para um corredor cheio de

guardas armados. Minhas narinas chamejaram quando o cheiro de humanos

encheu minha cabeça. A besta ressoou dentro de mim e o calor consumiu meu

peito.

Não tinha ideia de onde estava ou como ia sair, mas foda-se que iria ficar.

Eu ia dar o fora enquanto a coisa estava boa.

Quando uma dúzia de rifles de assalto se ergueu em minha direção,

deixei minha raiva me encher. Minha besta rugiu para a vida, suas escamas

se formando em meus braços e fumaça enchendo minha boca.

A dor bateu no meu crânio, impedindo minha transformação. E caí no

chão com um grunhido. Escuridão salpicou as bordas da minha visão, me

puxando para a inconsciência.

— Você está bem, Dra. Siegfred? — Alguém perguntou.

Muriel suspirou e se agachou sobre mim.

— Estou bem, mas parece que nossa paciente não será tão cooperativa

quanto pensamos. Plano B.

Plano B?
Minha mente correu para entender o que eu acabara de ouvir, mas antes

que eu pudesse assimilar, dor aguda perfurou meu ombro quando uma

agulha espetou minha pele, e mais uma vez, a escuridão me ultrapassou.


Capítulo Quatro

ARIANA

Estava agachada em uma árvore, observando meus companheiros

correndo na floresta abaixo, chamando meu nome. Abri minha boca, doendo

para respondê-las, mas eu não conseguia fazer um som.

Sabia que estava sonhando. Eu não tinha escalado uma árvore há anos.

A maioria dos lobos não gostam de escalar, preferindo manter os pés no chão,

mas eu sempre amei. Queria ter tido a chance de escalar uma árvore quando

era criança, e meus pais assistiam minhas travessuras com tristeza em seus

olhos por não me compreender. Na minha tentativa de manter a atenção deles

e apagar a tristeza resignada que via nas pessoas que eu amava, cresci e me

tornei uma demolidora.

Mas no sonho, eu não estava sendo ousada e imprudente, balançando no

alto, ou me ajoelhei e chamei alguém para me olhar. Em vez disso, estava

congelada, pânico arranhando minha garganta. Por que não consigo falar?

Procurei pelo vínculo de companheiro, achando-o forte quando Maximus

chamou meu nome, apenas alguns metros de distância. E porque era um

sonho, meus pais estavam lá também. Todos estavam chamando. Encontrei o

sinal Alpha de Maximus e tentei conectar com ele.


— Maximus. — Gritei na minha cabeça. — Eu estou bem aqui. Ajude-me!

Acordei sobressaltada, respirando fundo e tentando me erguer.

Laços fortes seguravam meus braços, e eu jurei quando percebi onde

estava.

Porra. Eu estava em um laboratório onde os humanos planejavam fazer

experimentos em mim. Como se isso não fosse ruim o suficiente, agora

estavam me tratando como uma criminosa, me acorrentando a cama. Eu

empurrei o mais forte que pude contra as correias segurando meus braços e

pernas. Embora estivessem acolchoados para não queimarem minha pele,

sabia que eles eram de prata, pois eu não conseguia nem começar a me libertar

deles.

Algo mais estava errado, no entanto. O que fizeram comigo? Eu me sentia

tão fraca. Menos de um minuto de esforço contra minhas amarras me deixou

um pouco ofegante e minha garganta queimava toda vez que eu engolia. E

por que eu estava tão cansada?

É assim que os humanos se sentem quando ficam doentes? Shifters não

ficam resfriados ou tem outras doenças humanas, e se era assim que eles se

sentiam, eu não queria isto.

Um choque passou por mim quando uma ideia surgiu. Se meu sangue

pudesse tornar vampiros humanos, e se o sangue deles pudesse me tornar


humana? Será que os médicos injetaram sangue em mim, para ver o que

aconteceria, e agora eu sou humana?

— Maximus. — Sussurrei, dor agulhando minha garganta quando

sussurrei. Me lembrei do meu sonho, no entanto. Eu poderia usar o vínculo

de parceria. Chamei o Lobo dentro de mim, mas ela estava encolhida de

medo. Ainda assim, fechei meus olhos e me concentrei, enviando vibrações,

alcançando meu alfa. Onde ele estava? Não podia estar perto, porque não

consegui encontrar nem um sussurro de sua assinatura. Havia apenas silêncio

onde meu bando estava.

Abrindo meus olhos, puxei as correias novamente, deixando escapar um

grito furioso apesar da dor que esfaqueou minha garganta quando eu fiz isso.

Como se convocada pelo grito da minha banshee, a porta se abriu e a

médica apareceu novamente.

— Ariana. — Disse ela, parecendo um pouco mais cautelosa desta vez do

que antes. — Você está acordada. Estou feliz em ter você de volta conosco.

— Eu aposto que sim. — Eu rosnei. — Agora me deixe ir, ou você vai

pagar por isso. Meus companheiros vão me encontrar. Eles não vão parar de

procurar até que eles me encontrem, e então você vai se arrepender.

— Eu sinto muito. — Muriel disse com um suspiro resignado. — Não

quero que seja assim. Se apenas cooperasse, não teríamos que restringir você.

Eu mostrei meus dentes para ela.


— Colaborar? O que isso significa? Te dar meu sangue até eu ficar fraca

e indefesa? É por isso que me sinto tão fraca, não é? Você tem tirado meu

sangue.

— Por enquanto, estamos apenas realizando alguns testes. — Disse ela.

— Então o que você fez comigo? — Eu exigi.

— Que tal isso. — Disse ela. — Responderei suas perguntas se você

responder as minhas.

Estreitei meus olhos para ela.

— Quais questões?

Eu duvidava seriamente que eu soubesse qualquer coisa que pudesse

ajudá-la, mas eu não estava disposta a desperdiçar minha chance de conseguir

algo em troca. Se ela achava que eu sabia alguma coisa, eu não iria corrigi-la

a menos que isso me tirasse de lá.

— Nós só queremos saber algumas coisas sobre de onde você veio. —

Disse ela.

— Eu sou de Nova York. — Disse. — E eu não preciso de respostas.

Preciso de liberdade. Agora desamarre meus braços.

— Você pode ser mais específica?


— Você pode tirar a corrente de prata do braço direito primeiro e depois

do braço esquerdo.

Ela deu um leve sorriso.

— Eu quis dizer de onde você era.

— Já respondi.

— Nós já sabíamos disso. — Disse ela. — Estamos atrás de novas

informações.

— Tudo bem. — Falei. — Se você desatar meus braços, lhe darei toda a

minha história de vida.

— E você não vai me atacar quando a soltar?

— Não. — Eu disse. — Não sou um animal. Posso me controlar.

— Muito bem. — Disse ela. — Prossiga.

— Meus pais pertenciam a um bruxo, o pai de Dante Ryse. Talvez

você já ouviu falar dele. Ele é uma verdadeira joia.

Muriel puxou uma caneta do bolso e arranhou algo em sua prancheta.

— Você nasceu em cativeiro?

— Sim. — Eu disse. — Seus filhotes fizeram parte do acordo.


Quando eu era jovem, não entendia a tristeza que vi em meus pais.

Como adulto, eu entendi tudo muito bem. Eles não quiseram trazer uma

criança para o mundo, sabendo que eu seria de propriedade de magos, assim

como eles. Mas então eu apareci, e eles me amaram apesar da minha existência

não planejada.

— Você tem algum irmão?

Baixei meus olhos em direção ao meu braço e empurrei meu queixo para

ele. Muriel suspirou e puxou por baixo do braço da cadeira para abrir minha

algema. Ela pulou para trás como se eu pudesse atacá-la com apenas um braço

livre. Eu não era tão louca.

— Esqueceu de algo? — Disse, acenando minha mão esquerda.

— Responda a pergunta primeiro.

— Não. — Falei. — Eu não tenho irmãos. Meus pais não queriam filhos,

mas acho que eles escorregaram uma vez. Sorte a minha.

— Sorte, de fato. — Disse Muriel, anotando algo em sua prancheta.

— Mão esquerda.

Ela soltou minha outra mão e esfreguei meus pulsos em pura alegria. Eu

estava quase livre.


— O que você pode me dizer sobre seus pais? — Ela perguntou. — Eles

também tinham essa propriedade especial no sangue deles?

— Eu não sei. — Disse. — Tanto quanto eu sei, eles não tinham. Vampiros

não costumam morder lobos, exceto em uma briga. Eles não gostam do nosso

sabor, mais do que nós do gosto deles. Eles não se alimentam de nós, a menos

que eles estejam tentando nos enfraquecer ou nos matar.

— Então, seus pais pertenciam a esse feiticeiro, e quando ele morreu, você

passou para seu filho Dante pelas leis da herança de propriedade

sobrenatural.

— Sim. — Gritei. Eu não tinha pensado muito sobre esse momento.

Liberdade nunca tinha sido uma opção. Agora que tive um gostinho disso,

percebo que o resto do mundo não viveu por essas leis.

— E seus pais. — Disse ela. — Eles não estão mais conosco?

— Não. — Eu disse. — Desculpe, você não pode encontrá-los e colher seu

sangue, doutora. Agora que você descobriu tudo, acha que pode desamarrar

meus pés?

— Sua história pode ser muito importante. — Disse Muriel. — Isso

poderia nos levar a te conhecer melhor, e saber se tem mais alguém lá fora

como você.

— Observe como não estou pulando para participar de seu pequeno

plano louco? — Eu disse.


— Você acha que vou ajudá-la a encontrar alguém para sequestrar e

envenenar lentamente com prata?

— Bem, se você cooperasse, não teríamos que usar esse método para te

subjugar. — Ela atirou de volta.

Cruzei meus braços sobre o peito e olhei.

— Acho que eu te dei informações o suficiente para garantir mais

algumas algemas removidas, não é?

— Sinto muito por ouvir sobre seus pais. — Muriel disse quando

desabotoou meus pés.

— Deve ter sido um momento solitário em sua vida.

— Foi. — Admiti com um encolher de ombros. — Quando Dante nos

herdou, ele colocou meus pais nos poços. Eles eram bons lutadores, mas

eventualmente, todo mundo morre lá. Não é uma questão de se. É uma

questão de quando.

— Sinto muito. — Muriel disse novamente, afundando no pé da cama

como se estivéssemos nos acomodando para uma pequena conversa. — Sei

que isso parece suspeito, mas não queremos manter você prisioneira. Na

verdade, nós adoraríamos que se juntasse a nós.

— Juntar-me a vocês? — Fiquei de boca aberta para ela. — É assim que

você recruta pessoas para se juntar ao seu exército de luta contra vampiros?
— Nós não temos um exército. — Disse ela. — Infelizmente. Você tem

que entender que estamos desesperados, Ariana. Vampiros mataram

milhares de humanos. Eles são aqueles com um exército, fazendo guerra

contra uma população que é praticamente indefesa.

Me mexi da cama e fiquei de frente para ela, envolvendo meus braços

com força em torno de mim.

— Você parece muito capaz para mim.

— A peste vampira não está apenas nos machucando. — Disse ela. —

Eles atacaram você e sua escolta várias vezes esta semana. Eles atacam shifters

de todos os tipos não só aos seres humanos. Eles são uma ameaça à vida na

terra. Nós adoraríamos nos juntar aos clãs shifters para lutar contra a sua

presença.

Eu tinha que admitir que ela estava certa sobre isso. Todos os vampiros

que conheci eram malignos. Mas isso não significava que todos eram. Não é?

— Nós só queremos tirar um pouco de sangue. — Disse ela. — Se

pudermos isolar o antídoto que cura o vampirismo, é possível que possamos

fabricar um sintético alternativo. Nós não queremos ter que confiar em um

único shifter para curar todos em Nova York.

— E se eu não concordar? — Falei, pressionando minhas costas contra a

parede. — E se eu não deixar você tirar meu sangue para clonar o que quer

que seja para se livrar dos vampiros?


— Esperávamos que não chegasse a isso. — Disse ela. — Você não quer

proteger seu bando e os outros clãs desses predadores?

Eu queria. Mas, ao mesmo tempo, queria minha liberdade. E que fosse

minha escolha. Tanto na minha vida tinha sido decidido por mim.

— Não desse jeito. — Eu disse. — Deixe-me ir, e então podemos ter uma

negociação real.

Ela suspirou e tirou uma seringa do bolso do jaleco.

— Temo que isso não seja possível, Ariana. Vou perguntar mais uma vez.

Posso retirar outra amostra?

— Não. — Eu disse. — Você não pode.

Ela não se moveu da cama nem puxou um telefone para sinalizar, mas no

próximo segundo, a porta se abriu e quatro homens volumosos entraram na

sala e vieram para mim. Rosnei, mostrando meus dentes e pulando neles,

chamando meu lobo para sair e lutar. Ela me traiu, nem mesmo mexendo

dentro de mim antes que os homens tivessem me abordado e me

pressionando de volta na cama. Empurrei e agitei, mas um deles seguraram

meus ombros para baixo. Outro envolveu uma mão grossa ao redor da minha

mandíbula, forçando minha boca aberta. Um grito sufocado arrancou da

minha garganta enquanto ele segurava um frasco de spray em meus lábios.

Ele pressionou, e senti uma explosão de fogo em minha garganta. Gritei de

novo, convulsionando em agonia dessa vez.


— Prata coloidal. — Disse a Dra. Siegfred. — Sinto muito, Ariana. É a

única coisa que mantém você subjugada para extrairmos o que precisamos.

Os humanos têm que confiar nessas coisas quando se lida com shifters. Nós

não temos as vantagens naturais que você tem. — Com isso, pegou a seringa

e mergulhou a agulha na minha veia. Eu assisti meu sangue rodopiar na

câmara, enchendo-a cada vez mais, assim como minha própria raiva inchou

dentro de mim.

— É para o bem do mundo, se não para o seu próprio. — Continuou ela.

— Ainda estamos esperando que você aceite a verdade. Enquanto isso,

estudaremos seu sangue e tentaremos isolar o fator que afeta a mudança de

vampiro para humano. Se conseguirmos encontrá-lo, deixaremos você sem

mais danos.

Quando saíram da sala, me inclinei para o lado da cama, tossindo

arfando. Eu queria expelir a prata, mas já podia senti-la se infiltrando em

minhas veias, fazendo meu corpo e minha mente ficarem lentos e sem energia.

Não é de admirar que minha pobre Loba não lutaria. Eles a estavam matando

lentamente, e ela estava fraca demais para reagir.

Sem mais danos, minha bunda.

Mesmo se a Dra. Siegfred me soltasse, só eu não seria mais prejudicada.

Mas, e os vampiros? Meu único consolo era que eu não estava exatamente

matando os vampiros. Meu sangue apenas os tornava humanos novamente,

de volta ao seu estado original. Será que é tão ruim assim?


Deitei na cama, tentando envolver minha cabeça com o que ela queria.

Em torno do que realmente significava ser uma cura para o vampirismo. Eu

não era apenas uma boa lutadora. Eu era uma arma biológica.
Capítulo Cinco

CASH

Olhei para o meu companheiro no banco do passageiro. Maximus olhou

para o luzes de freio piscando diante de nós, uma expressão sombria em seu

rosto. Seus punhos balançaram em seu colo, seu lobo tão perto da superfície

que eu quase podia sentir o cheiro de cachorro no meu carro.

— Eu juro, no momento em que vir aquela pequena doninha, vou matá-

lo. — Maximus rosnou entre os dentes.

— Você precisa se acalmar, Max. — Eu disse. Meus dedos se apertaram

ao redor do volante quando fui forçado a mais uma vez desacelerar no

semáforo. — Você não pode matar Dante antes de obtermos respostas.

Maximus resmungou algo que não consegui decifrar, mas pelo menos

começou a tomar respirações uniformes.

— Prometi que ela nunca teria que voltar aos poços, Cash. E que Dante

nunca mais a machucaria.

Meu peito se apertou dolorosamente, e foi a minha vez de lutar pelo

controle. Calor correu através de mim, e mordi minha língua quando faixas
de fumaça subiram de minhas narinas. Maximus não era o único próximo a

mudar.

— E você vai manter sua promessa. — Eu disse. — Vamos pegá-la de

volta.

Maximus apenas assentiu. Eu podia ver o arrependimento em seus olhos,

mas neste momento, não havia nada que eu pudesse fazer para impedi-lo de

colocar a culpa em si mesmo. Ele se sentiria culpado até que tenhamos Ari de

volta em nossos braços. Quando ela estivesse segura, tudo seria perdoado.

— Como você acha que Owen e Jett estão se saindo? — Perguntei,

esperando nos distrair.

Nós ligamos para Jett e o informamos do que havia acontecido, depois de

investigarmos a casa de Owen no vale. Já que não podíamos ter certeza se era

Dante ou vampiros que tinham tomado Ariana, nós nos separamos. Enquanto

Maximus e eu fomos atrás de Dante, Owen e Jett estavam atrás dos vampiros.

Maximus rosnou.

— Não estou preocupado com eles. — Um pequeno sorriso puxou meus

lábios. — Jett provavelmente está chateado que nós o afastamos do que estava

fazendo. Ele parecia ocupado no telefone.

— Foda-se ele. — A porta do passageiro rangeu onde Maximus segurou

o braço da cadeira. — Ele está sempre 'ocupado'. Talvez Ariana estivesse certa

sobre ele. Qual é a sua conexão com os vampiros?


Meu sorriso escapou pela amargura no tom de Maximus. Ele nunca foi

um grande fã do meu amigo de infância.

— Ele parece estar preocupado atualmente. — Eu concordo. — Mas se

alguém odeia vampiros, é Jett.

Maximus grunhiu de acordo. Mesmo ele não podia negar que Jett tinha

um ódio pessoal por vampiros. Eles mataram seu pai, afinal.

Nós dirigimos em silêncio pelos próximos minutos até que uma placa de

néon piscou diante de meus olhos. O pardal preto. Os lobos de Maximus

haviam rastreado Dante para este clube. De acordo com suas descrições,

parecia que Dante estava de volta aos seus velhos truques de novo. O fedor

de lobos raivosos e shifters desolados pendia pesado sobre o lugar.

— É aqui. — Disse Maximus. — É onde ela deveria estar.

Eu cerrei meus dentes só de pensar nisso. Minha companheira estava lá,

sendo submetida ao dragão, ou só Deus sabia que tipo de inferno.

— Você está fumaceando. — Maximus murmurou.

Eu inalei bruscamente. Com certeza, os vestígios da minha respiração

esfumaçada iriam desaparecer.

Do outro lado da rua, as janelas do clube estavam cheias de vampiros,

shifters, bruxas e sobrenaturais de todos os tipos. Eles conversavam, bebendo

copos de licor ou sangue, parecendo que não tinham uma preocupação na


vida. Atrás deles, luzes piscavam e tinha um bar mal iluminado interior. Do

lado de fora havia uma linha de um quilômetro e meio a espera para entrar.

Parecia que ‘O pardal preto’ era um local popular.

— Vamos. — Disse Maximus, desafivelando o cinto de segurança.

— Ariana deve estar em apuros. Se ela estiver aqui, está sedada de

alguma forma. Eu não posso senti-la através do nosso vínculo.

Dei um aceno rápido antes de deslizar em um lugar, estacionando em

frente ao clube. Nós saímos, Maximus bateu na porta com tanta força que

alguns pedestres nos deram olhares preocupados. Eu sorri e corri para

alcançar o lobo alfa.

— Não cause uma cena. Lembre-se, precisamos chegar a Dante. O que

significa agir normalmente.

Maximus cruzou os braços, escondendo as garras que se estendiam de

seus dedos. Ele estava se esforçando tanto contra o paletó dele, que jurei poder

ouvir os pontos se rasgando.

— Controle. — Avisei. Maximus era um pouco maior que eu, e ficaria

engraçado ver um homem entrar em um lugar como aquele vestindo roupas

mal ajustadas. Não importando a dificuldade, teríamos que subornar os

shifters de elite, para ver uma luta nos poços. Nos próximos minutos, não

éramos companheiros de Ari, éramos apenas dois

caras procurando um bom tempo.


Antes de ir em direção ao clube, tranquei as portas do carro e meu

Mercedes apitou em resposta. Coloquei meu melhor sorriso de babaca e dei

uma cotovelada em Maximus para lembrá-lo de fazer o mesmo.

— Boa noite. — Disse quando chegamos ao segurança.

— Atrás da linha. — O grande homem grunhiu antes mesmo de dar uma

olhada em nós.

As pessoas na linha de frente se agitaram, resmungando sobre nós

tentando furar a fila. Limpei minha garganta para chamar a atenção do

segurança. Quando o homem suspirou e se virou para encontrar meu olhar,

puxei duzentos dólares de dentro da minha jaqueta e coloquei-as em sua mão.

— Tenho certeza de que isso será o suficiente para nos levar para dentro.

— Eu disse.

Quando o segurança olhou para as notas na mão, seus olhos ficaram

cheios de cobiça. Ele recuou e segurou a porta aberta para nós, mesmo quando

um coro de gemidos veio a partir da fila.

— Obrigado, senhor. — Disse ele. — Por aqui.

Dei a ele um sorriso arrogante antes de entrar, Maximus colado aos meus

calcanhares.
— Onde devemos começar primeiro? O bar? — Quando meu

companheiro não respondeu, olhei para trás por cima do meu ombro. — O

que há de errado?

Maximus ficou rígido, os olhos iluminados de raiva.

— Posso sentir o cheiro do bastardo. — Ele rosnou através de seus dentes.

Suas palavras foram cortadas, distorcidas pelas presas formando na boca dele.

— Maximus, acalme-se. — Agarrei o braço dele e puxei-o para um canto

sombreado perto da entrada. — Nós nunca vamos chegar a Dante se você

deixar seu lobo sair.

— Eu sei. — Maximus retrucou.

— Você fareja Ariana? — Eu tentei, levantando as sobrancelhas para dar

ênfase. — Não. Porque provavelmente, ela não está aqui. Então, precisamos

chegar a Dante e descobrir se ele a tem.

Os ombros de Maximus afundaram uma fração.

— Bom ponto.

Eu sorri.

— Como sempre.

Maximus me olhou com raiva.

— Você pode estar se divertindo, mas agora não é hora de foder comigo.
Eu ri quando me virei para encarar o resto do bar. Depois de uma rápida

varredura, notei outro segurança em frente a uma porta nos fundos do bar. O

segurança só permitia a entrada de um par de vampiros de aparência rica, no

tempo em que fiquei de olho.

— Tem que ser ali. — Disse Maximus.

— Imagino que sim. — Eu disse. — Vamos lá.

Maximus franziu a testa.

— O que aconteceu com sermos discretos?

— Isso foi só até encontrarmos a entrada. Agora, temos que agir como se

fazemos parte. — Balancei a cabeça para a porta. — Siga o meu comando.

Eu deslizei através da multidão, Maximus seguindo. Coloquei meu

sorriso sarcástico, funcionava bem para a intimidação, mas a partir do

estreitamento dos olhos do segurança, ele não foi enganado.

— Boa noite. — Eu disse, parando em frente à porta que poderia nos levar

a Ari. Meu batimento cardíaco acelerou com o pensamento. Embora eu não

tenha sentido o cheiro dela, eu não tinha sido capaz de sentir o cheiro de quem

a levou também. Talvez Dante tivesse algum tipo de magia que poderia

esconder seu perfume.

— Senha? — O segurança roncou.

Eu arranquei algumas notas.


— Esta é a senha correta?

O segurança nem piscou.

— Não.

Eu ri e escorreguei um pouco mais da carteira no bolso da minha jaqueta.

— Que tal agora?

O segurança apenas balançou a cabeça.

Maximus deu um passo à frente, enviando um tiro de frio direto no meu

intestino. Merda.

Não estrague tudo!

— Escute, nós somos velhos amigos de Dante, e ele nos disse para vir

aqui, e encontrá-lo. — Disse Maximus. — Se você perguntar a ele, tenho

certeza de que ele vai garantir nosso acesso.

Os olhos do segurança se transformaram em pires, e seu comportamento

frio se desvaneceu em medo.

— Amigos do chefe? Minhas mais profundas desculpas, cavalheiros. Eu

não queria segurá-los. — O homem se afastou e segurou a porta vermelha

grossa aberta para nós entre em uma escadaria estreita que levava ao poço.

— Não é um problema. — Eu sorri quando coloquei as notas que

segurava no bolso da jaqueta, antes de seguir Maximus até a escada.


Assim que a porta se fechou atrás de nós, dei um suspiro de alívio, só

para ter meus pulmões cheios com o fedor de raiva e medo. Minha pele se

arrepiou quando o almiscarado perfume passou pela minha cabeça,

ameaçando me afogar.

— Estamos definitivamente no lugar certo. — Disse Maximus.

Quando eu vi o músculo em sua mandíbula se contorcer, em uma

expressão de dor, repentinamente me lembrei onde ele encontrou Ari. Eu

tentei imaginar a angustia eu teria sentido se tivesse visto minha companheira

neste lugar, uma escrava forçada a matar para viver. Um novo nível de

respeito brotou dentro de mim, e eu senti por Maximus de uma maneira que

eu nunca antes havia sentido.

Ele já havia começado a descer as escadas, então corri para segui-lo. Eu

tive que respirar pela minha boca para combater o fedor esmagador. Nós

descendemos os degraus por um bom minuto antes de chegar a um quarto de

pedra elegante. Ao contrário da caverna que Maximus havia descrito, esse

novo espaço estava cheio de móveis de metal, bancadas de vidro para o bar e

luzes brilhantes por trás de garrafas aninhadas contra a parede atrás do bar.

No centro do grande espaço estava uma gaiola gigante. Eu podia sentir o

crepitar da magia no ar. O que quer que essas barras eram feitos, tinham que

ser encantados. Tive a sensação de que, qualquer raça de Shifter tocasse

aquelas barras, seriam queimados com magia.


Um leão da montanha rondou uma borda da enorme gaiola enquanto um

minúsculo coiote foi empurrado através de uma entrada escura, esculpida na

parede de pedra solitária. O coiote shifter gritou e procurou

desamparadamente até que seus olhos pousaram no leão da montanha.

— Foda-se. — Amaldiçoei.

A multidão subiu em direção à gaiola, gritando, gritando e gritando pelo

sangue do coiote. O leão da montanha rosnou e assobiou para o coiote, só

estimulando os gritos da multidão.

— Que a batalha comece. — Anunciou um homem do outro lado da sala.

Mesmo quando Maximus endureceu e puxou meu braço, fiquei

enraizado no chão. Todas essas pessoas, sejam elas bruxas, shifters, vampiros

ou qualquer outra coisa, iriam assistir isso. Eles prosperariam na energia da

luta entre esses dois shifters. Como eles poderiam assistir a isso, quanto mais

tolerar?

— Cash. — Maximus apertou meu braço com tanta força que estremeci.

— Sei que é difícil, mas você tem que esquecê-los no momento. Nós vamos

voltar e libertar todos eles, mas agora Ariana é a prioridade.

Ari. Nós estávamos aqui pela nossa companheira. Eu me sacudi.

— Certo.
— Vamos. — Disse Maximus quando me puxou através da multidão em

direção ao lado oposto da sala. — Sinto o cheiro de Dante.

Lentamente, me afastei do sentimento desolado, deixado dentro de mim

ao ver os Shifters engaiolados. Não importa o que, eu ia pôr um fim nisso.

Mas Maximus estava certo. Nossa companheira vinha primeiro.

Quando escorregamos pela multidão, uma seção VIP apareceu. Atrás de

uma corda de veludo vermelho, estava uma pequena plataforma erguida do

chão de pedra. Sofás de couro circularam a plataforma e uma mesa de vidro

estava no centro. No maior sofá sentava-se um homem com o cabelo penteado

para trás e um grande sorriso no rosto enquanto apertava os ombros das

mulheres sentadas em ambos os lados dele. Ele se inclinou para sussurrar algo

em seus ouvidos, e a garota riu, golpeando-o de brincadeira.

— É ele. — Maximus rosnou.

— Dante. — Respirei o nome como o calor enrolado no meu estômago.

Meu dragão acordou, com fome e pronto para queimar o lugar todo.

Maximus assumiu a liderança, jogando para trás a corda de veludo e

subindo para a plataforma.

— Dante. — Ele rosnou.

Dante olhou para cima, as sobrancelhas franzidas em confusão.

— Eu conheço você?
— Nós voltamos. — Maximus deu a volta na mesa e olhou para as duas

garotas até elas se levantarem.

Eu me aproximei do outro lado, e assim que as meninas saíram dos

assentos, encurralamos Dante.

— Nós não tivemos o prazer. — Eu disse. — Meu nome é Cash, e você

tem algo que nos pertence.

Dante olhou entre nós com os olhos apertados. Eu pude ver o suor

formando em sua testa e ouvir sua garganta engolir, ele tentou esconder. Mas

estávamos no modo Fodão.

— E o que poderia ser isso? — Ele perguntou cuidadosamente.

— Ariana. — Disse Maximus. Ele colocou um braço nas costas do sofá,

inclinando-se perto de Dante, até que o bruxo foi forçado a recuar.

— Onde ela está?

— O lobo shifter? — Entendimento iluminou nele, e ele sentou-se

empertigado. — Você é a porra do lobo que fechou meu poço!

Maximus agarrou a nuca de Dante e apertou até o homenzinho gritar.

— É isso mesmo. — Maximus disse, sua voz dura e fria. — Agora me diga

onde ela está, e farei sua morte indolor.


Dante rosnou e começou a levantar a mão. Antes que ele pudesse dizer

um feitiço, Maximus apertou o pescoço novamente, e a magia lambendo o ar

piscou.

— O que você quer com ela? — Dante guinchou.

Eu não aguentava mais. Agarrei o joelho de Dante e deixei meu fogo

arder. Ele rangeu os dentes enquanto minha palma queimava suas calças e

depois sua pele. O cheiro de carne queimada encheu o ar, acre e repugnante.

Meu estômago rolou, mas forcei a náusea para baixo.

— Não brinque conosco. Onde ela está?

Dante choramingou de dor, mudando para tentar se afastar de nós dois.

— Eu não a tenho.

Olhei para cima para encontrar o olhar de Maximus. Ele parecia pronto

para cometer assassinato.

— Como podemos acreditar em você? — Ele perguntou a Dante.

— Não a vejo desde que você a levou! — Dante retrucou.

— E o homem que você enviou ao meu território para recuperá-la? —

Maximus rosnou.
— Eu a queria de volta para meu novo show. — Disse Dante. — Mas

então eu encontrei a Leoa da Montanha. Ela é brilhante. Muito superior a essa

loba magra.

Minha mão ficou mais quente.

Se Maximus não tivesse agarrado a garganta de Dante, o grito dele teria

virado cada par de olhos no quarto em nós.

— Você vai libertar todos os shifters que tem, ou voltaremos.

— E você não vai fugir da próxima vez. — Ameacei.

Dante engoliu em seco e assentiu. Maximus esperou um momento até eu

puxar minha mão de volta antes de libertar Dante também. Nós soltamos ao

mesmo tempo, enquanto Dante dobrou-se apertando seu joelho queimado.

Eu dei ao bruxo um último olhar antes de sair da área VIP.

— Não podemos simplesmente deixar essas pessoas aqui. — Lancei um

olhar carregado para Maximus enquanto voltamos para as escadas.

— Não vamos. — Disse Maximus. — Vamos dar a Dante a chance de

fazer o que é certo enquanto encontramos Ariana.

Balancei a cabeça em concordância. Subimos os degraus de volta ao ‘O

pardal negro’, e deixamos o clube o mais rápido que pudemos. Apenas

quando estávamos de volta ao meu carro, consegui respirar de novo.


— Devemos ver como Owen e Jett se saíram. — Eu disse, puxando meu

celular do meu bolso.

— Boa ideia. — Disse Maximus, encostando-se no banco e esfregando a

testa. O desespero em sua voz torceu no meu peito e, novamente, senti uma

afinidade com este lobo, que eu passei a maior parte da última década

alfinetando a cada oportunidade. Talvez eu deva dar uma folga a ele.

Mas agora não era hora de descobrir nossas diferenças. Coração

correndo, eu liguei para o número de Owen. Enquanto segurava o telefone no

ouvido e ouvia tocar, só podia torcer que eles tenham encontrado nossa

companheira, e que ela estivesse segura.


Capítulo Seis

OWEN

— Clube de vampiros ricos? — Perguntei, inclinando-me para olhar pelo

para-brisa o enorme arranha-céu diante de nós. Não podia acreditar quão alto

o edifício era. Como iríamos encontrar Ariana ali dentro? Levaria dias se não

conseguíssemos encontrá-la pelo cheiro.

— Sim. — Disse Jett. — É isso aí.

Olhei para o alfa das panteras. Ele estava agindo estranho desde que o

peguei. Eu não conhecia Jett bem o suficiente para saber o que poderia estar

incomodando, então tive que supor que era preocupação com Ariana. Ele não

a aceitou como companheira como o resto de nós, mas isso não significava

que ele não estava preocupado. Se nada mais, ela era a Silver Shifter, aquela

que deveria trazer a unidade dos nossos clãs. Que beneficiaria as Panteras de

Jett, tanto quanto o resto dos nossos clãs.

Olhei para trás pela janela, esticando o pescoço para ver o topo do prédio

projetando-se no céu noturno acima da cidade.

— Como entramos? — Perguntei.

Jett suspirou.
— Bem, nós não podemos simplesmente passar pela porta da frente,

então vamos pelos fundos.

Balancei a cabeça com a resposta esperta dele, e liguei o carro, um sedã

preto e indefinido, que a minha família não usava mais. Meu caminhão

sempre seria meu modo preferido de transporte, mas era impossível nas ruas

de Nova York.

Entrei no trânsito e cortamos a parte de trás do prédio, estacionando em

uma vaga, antes de entrarmos em um beco próximo.

— Você acha realmente que os vampiros têm Ariana? — Jett perguntou.

Dei de ombros.

— Se não, só pode ser Dante. Já que não ouvimos nada de Cash ou

Maximus, estou assumindo que eles não a encontraram.

Jett grunhiu algo que soou como um acordo, e foi isso. Nós ficamos em

silêncio enquanto deslizamos pelo beco e atravessamos a rua até a parte de

trás da Sede dos vampiros. Minhas narinas se alargaram quando nos

aproximamos. Eu expandi meu sentido, procurando o cheiro de jasmim de

Ariana, mas tudo que eu encontrei foi sangue e cinza de cigarro. A área inteira

cheirava a sanguessugas e comida, o que era repugnante.

— Ali. — Jett apontou para uma porta cinza simples com uma alça de

metal.
Eu tentei a maçaneta. Trancada.

Jett revirou os olhos.

— Você achou que eles simplesmente deixariam aberta?

Dei de ombros e parti a alça. Ela quebrou sob o meu aperto forte, e puxei

a porta aberta, antes de apontar a Jett para entrar.

— Depois de você.

Embora fora do prédio fosse uma maravilha de vidro e metal, o interior

era concreto e linóleo ou pelo menos o corredor dos fundos era.

— Qual é o plano? — Perguntou Jett. Ele não tinha estado no vale quando

discutimos, então o coloquei a par.

Agora parei no meio do caminho. Honestamente, eu não tinha um plano

além de destruir o prédio até encontrar Ariana. Não havia precedentes para

isso, não havia jeito para planejar a pior coisa do mundo, que está para

acontecer.

— Nós vamos andar por andar. — Eu disse depois de pensar por um

minuto. — Nós farejaremos cada andar, tentando pegar o cheiro de Ariana.

Se não encontrarmos, vamos para a cobertura.

— Você realmente quer descobrir quem está dirigindo Nova York,

sabendo que Ariana matou seu rei? — Jett zombou.


— Vai valer a pena se a encontrarmos.

— Nós teremos sorte de sair vivos. — Jett respondeu.

Suspirei e olhei para a pantera.

— Se eles nos matarem, significaria guerra. Eles podem ser vampiros,

mas não são tão estúpidos.

Jett encontrou meu olhar, acho que eu estava testando sua paciência.

— E sobre todos os ataques de vampiros ultimamente, o que faz você

pensar que os vampiros se importam sobre ir à guerra com os clãs? Eles

também podem ter enviado uma mensagem com firma reconhecida dizendo:

‘não damos a mínima’.

Odiava admitir isso, mas ele tinha razão.

— Vamos apenas esperar que, quem está no comando saiba que, a Silver

Shifter é valiosa o suficiente para mantê-la viva. — Entramos no corredor, em

direção a uma porta com o número um pintado.

Jett correu para me acompanhar.

— Você falou sério?

— Estou rindo? — O que quer que fosse, nós estávamos pegando nossa

companheira de volta. Apesar de Jett não aceitar Ariana como sua

companheira, eu tinha visto o jeito que ele a olhava, como se pudesse ser a
sua salvação ou sua destruição, só não sabia qual. Eu esperava que ele tirasse

a cabeça para fora de sua bunda a tempo suficiente para descobrir.

Assim que chegamos à porta, eu sabia que tínhamos encontrado o que

procurávamos. Através de uma pequena janela, podia ver um conjunto de

escadas, empurrei a porta da saída de emergência e vi um mapa do edifício.

Nós tínhamos cerca de cinquenta andares antes de chegarmos à cobertura.

— Você tem que estar brincando comigo. — Jett rosnou.

— Eu espero que você esteja pronto para fazer exercícios. — Mostrei uma

careta e iniciei os primeiros passos com uma mão no corrimão até chegarmos

ao segundo andar. Jett seguiu, seus resmungos ecoando na escada.

Quando chegamos à porta do segundo andar, enfiei a cabeça, inalei

profundamente e depois fechei a porta.

— Sem sinal da nossa Ana.

Jett não grunhiu em resposta enquanto eu liderava o caminho até o

próximo andar, ao próximo e depois o seguinte. Logo, eu estava encharcado

de suor, mas nenhum de nós reclamou. Eu tinha certeza de que Jett estava

preocupado também, estando em negação ou não.

Quarenta e nove andares depois, ainda não havia sinal de Ariana.

— Só falta mais um. — Eu ofeguei.

— Perda de tempo do caralho. — Disse Jett.


Subimos o último lance de escadas até uma porta de ferro com um teclado

pesado ao seu lado. Minhas sobrancelhas franziram enquanto inspecionava,

encontrando um scanner de impressões digitais. Antes que eu pudesse dar

uma boa olhada nisso, peguei um flash vermelho através da pequena janela

ao lado direito da porta.

Olhei através do vidro para encontrar uma sala luxuosa com piso de

madeira escura e cortinas de cor vinho penduradas em todas as superfícies

disponíveis. A decoração poderia ser agradável, não fosse pelos corpos

cobertos de sangue, contorcendo-se em cima dela.

— Merda. — Jett respirou.

— Isso é que eu acho? — Perguntei.

— Orgia de sangue?

— É exatamente isso.

Náusea virou meu estômago enquanto eu assistia vampiros se

alimentarem de humanos, sangue escorrendo nos seios nus de uma mulher

que poderia ter tido um cabelo loiro, mas agora estava manchado de

vermelho.

— Nós não deveríamos estar aqui. — Disse Jett.

— Eles podem ter Ariana. — Argumentei.

— E Ariana vale a pena, se perdermos nossas vidas? — Jett assobiou.


— Sem dúvida. — Minhas mãos em punhos ao meu lado. Eu queria tanto

quebrar abra a porta e entrar, exigir que eles me digam para onde levaram

nossa companheira. Mas se eu fizesse isso, poderíamos estar mortos em

minutos. Não, nós teríamos que jogar isso de forma inteligente e esperar até

que a festa acabar. Poderíamos nos esconder na escada por algumas horas e

voltar quando o quarto estiver claro.

Jett resmungou enquanto eu observava pela janela por mais alguns

instantes. Quando não aguentei mais, desviei o olhar. Pelo menos eu não

podia sentir o cheiro de todo o sangue. Do que quer que essa porta fosse feita,

estava fazendo um ótimo trabalho em manter a laia de vampiros dentro.

O guincho de outra porta se abrindo em algum lugar abaixo nos fez pular.

Trocamos um olhar desesperado antes de voltar escada abaixo. Se alguém

surgisse, não havia onde se esconder. Só podemos rezar para que estivessem

indo para baixo.

Jett deu um tapa no meu braço, o som como uma bomba explodindo no

silêncio mortal. Olhei para o shifter, mas ele apontou para a janela na porta.

Segui seu olhar para ver que, todas as cabeças na cobertura tinha girado

em nossa direção. Merda. Os vampiros sabiam que estávamos aqui.

— Corra. — Jett latiu.

Um arrepio se arrastou pela minha pele, e antes que pudéssemos nos

mover, estávamos cercados por vampiros.


— Correr? Por que você faria uma coisa dessas? — Uma mulher com

cabelo preto e uma voz alta sorriu para nós dois. — A patroa quer vê-los,

bateu o código no teclado, e depois de uma varredura rápida, o selo na porta

se abriu com um golpe de ar.

O cheiro de cobre encheu meu nariz e minha boca. Dois vampiros nos

empurraram através da porta, e mal consegui manter o equilíbrio no chão

escorregadio lá dentro.

Os vampiros se alimentando nos encararam, sibilando e cuspindo. Eu

tentei ficar calmo e segurar a náusea enquanto fui empurrado para dentro do

quarto. Eu não tinha notado antes, mas na parte de trás da sala comprida, o

que pode ter sido um jantar, se as xícaras cheias de sangue e os talheres

descartados fossem alguma pista, havia uma plataforma com um trono

dourado. Lá estava uma mulher incrivelmente bonita com cabelo loiro

cacheado, pele de marfim e olhos azuis brilhantes.

Me senti confuso. Vampiros tinham olhos vermelhos, não azuis. Mas

julgando pela mulher deitada sobre o colo e o braço encharcado de sangue

contra sua boca, isso é o que ela tinha que ser. Apenas alguns poucos

demônios bebiam sangue, e vampiros não se associavam a eles.

Meus olhos se arregalaram e meu coração gaguejou quando percebi

quem eu estava olhando no alto.

— A Rainha Lamia. — Disse Jett, expirando.


A rainha de todos os vampiros do mundo inteiro, estava sentada diante

de nós, um olhar curioso em seus olhos e sangue em seus lábios. Lentamente,

ela abaixou o braço de sua vítima de sua boca e lambeu seus lábios.

— Quem se atreve a interromper minha alimentação? — Ela perguntou.

Sua voz cresceu com poder, algo que eu nunca encontrei em um vampiro

antes. Embora ela parecia ter não mais que vinte e cinco anos, eu podia ver

sua idade em seus olhos. A Rainha Lamia era velha. Um dos vampiros mais

antigos atualmente em existência e provavelmente a mais poderosa, ela tinha

o poder de vampiros e bruxas.

O que diabos ela estava fazendo em Nova York?

— Esses dois shifters, Minha Senhora. — A vampira de cabelos negros

nos empurrou para a frente antes de mergulhar em uma reverência. —

Estavam se escondendo na escada.

Os vampiros atrás de nós agarraram nossos ombros e nos obrigaram a

ficar de joelhos. Rangi meus dentes enquanto minha mente corria para bolar

um plano. Certamente a Rainha Lamia não nos mataria. Ela era a chefe do

conselho para a Sociedade de Sobrenaturais. Havia leis que ela tinha que

respeitar.

— Vocês são alfas. — Disse a Rainha Lamia, seus olhos se movendo entre

Jett e eu. — Do clã de Nova York?


Troquei um olhar preocupado com Jett. Como ela sabia disso só de olhar

para nós?

— Responda! — Ela comandou, levantando o queixo.

— Sou Jett. — Disse meu companheiro, erguendo o queixo de volta para

a rainha. — Alfa das panteras de Nova York.

— Eu vejo. — O olhar da rainha mudou para mim. — E você?

— Owen, o Alfa dos Ursos de Nova York.

O sorriso da rainha se contorceu e cresceu.

— Dois alfas na minha casa. Quanta honra.

Os vampiros ao nosso redor riram de seu óbvio sarcasmo.

— Estamos aqui apenas para lhe fazer uma pergunta, e depois vamos

embora. — Eu disse.

A rainha franziu a testa ao mesmo tempo em que o vampiro atrás de mim

golpeava minha cabeça.

— Você vai abordar sua majestade corretamente.

— Sua Majestade. — Corrigi, deslocando meu peso sobre os joelhos.

— Chame-me de Helena. — Disse a rainha. Ela se levantou, deixando o

humano em seu colo cair no chão. Helena passou por cima do corpo imóvel
para vir mais perto de nós. — Estou curiosa, alfas. Que pergunta você poderia

fazer? O que há para me perguntar?

Ela parou na minha frente e se inclinou para agarrar meu queixo e me

encarar nos olhos. Minha pele se arrepiou com o frio de sua pele e o monstro

em seus olhos.

— Estamos procurando a Silver Shifter. — Disse Jett. — Nós sabemos que

você a tem.

Helena levantou uma sobrancelha loira perfeita quando desviou o olhar

de aço de mim para Jett.

— A Silver Shifter? — Diversão cintilou em seus olhos. — Você perdeu

seu precioso presente dos deuses?

A rainha ficou de pé, sua saia preta girando em torno dela. Ela se virou e

caminhou de volta ao seu trono.

— Você está com ela? — Eu exigi. Meu urso subiu à superfície de repente.

Ele reconhecia uma provocação quando via uma. Helena estava brincando

conosco. Ela deliberadamente evitou a pergunta de Jett.

Helena fez uma pausa.

— Por que diabos você acha que eu iria pegar a pequena loba e deixá-la,

a cura para o vampirismo, viva?


Foi quando vi vermelho. Um grunhido arrancou da minha garganta,

profundo como um trovão, que retumbou através do espaço, silenciando os

vampiros que riam e forçando Helena a olhar para mim.

— Você se atreve a ameaçar nossa companheira?

— Nossa companheira? — Os olhos de Helena brilharam demoníacos.

— Oh, então a lobinha tem vocês dois enrolados em volta do dedo

mindinho dela. Ou tem mais? Não consigo imaginar que o lobo alfa deixaria

vocês roubarem sua companheira dele.

Bem, foda-se. Eu não deveria ter dito nada a Rainha Lamia. Nós

estávamos aqui para obter informações, não dar.

— Apenas nos diga. Você a tem ou não? — Jett retrucou.

Eu sabia que precisava me acalmar, mas com a vida da minha Ana em

jogo, estava ficando cada vez mais difícil não arrancar minha pele e meu urso.

Helena zombou.

— Minha pergunta permanece sem resposta. Por que, se eu tivesse sua

loba, eu a deixaria viva? Ela poderia ser o fim do meu povo. Se existisse uma

pessoa que poderia destruir seu povo com apenas seu sangue, você a deixaria

respirando?

— Ouça Rainha Vadia, deixe-nos sair daqui. — Rosnou Jett.


Helena brilhou diante de nós em um piscar de olhos. Um tapa ecoou no

espaço. Antes que eu pudesse seguir seus movimentos, ela estava a poucos

metros de distância e a bochecha de Jett estava ficando vermelha.

— Você vai falar comigo corretamente, ou eu vou te jogar fora de minha

varanda, gatinho. Está claro?

Jett apertou a mandíbula e não disse nada.

— Sua Majestade. — Eu disse. Teria que controlar a mim e esta situação,

ou nós dois iríamos morrer. — Perdoe Jett. Ele nunca foi de conversa fiada.

Helena assentiu, um pequeno sorriso retornando aos lábios.

— Se eu estivesse interessada em homens, você seria bem-vindo no meu

harém. Infelizmente, já tive o suficiente disso para uma noite. Você é livre

para sair. Vá em frente e encontre sua companheira.

Pelo brilho em seus olhos, ela queria que nós encontrássemos Ariana.

Nós estávamos livres para sair e levá-la direto para nossa companheira, para

que ela pudesse roubá-la debaixo de nossos narizes e destruir todos os

vestígios de uma cura para o vampirismo.

Mas isso significava...

— Você não a tem. — Disse baixinho.

A sobrancelha de Helena se contraiu, e seus olhos brilharam com fúria

mal controlada.
— Remova-os da minha vista.

Os vampiros atrás de nós nos manobraram aos nossos pés e através da

cobertura para o elevador. Depois de um passeio muito tranquilo no hall,

fomos escoltados para a rua. Assim que nosso guarda voltou ao prédio,

agarrei o braço de Jett, excitação percorrendo minhas veias.

— Eles não a têm. — Eu disse.

Jett se soltou do meu aperto e me deu um olhar parecido como se visse

uma tempestade se formando.

— Eu tenho que ir.

Derrapei até parar.

— O que?

— Eu tenho mais o que fazer. Se Ariana não está aqui, então tenho certeza

de que Cash e Maximus a encontraram. Não posso esperar a noite toda por

sua ligação. — Jett enfiou as mãos nos bolsos e deu um passo atrás.

— Jett, você não pode nos deixar na mão agora. Ariana precisa de você.

Jett zombou.

— Posso fazer o que diabos eu quiser, Owen. Eu não faço parte do

pequeno harém de Ariana.


Estreitei meus olhos, mas antes que eu pudesse discutir mais, meu

telefone tocou. Puxei para fora e verifiquei o identificador. Cash.

Meu coração disparou com esperança. Talvez eles tenham encontrado

Ariana.

Eu olhei para compartilhar minha empolgação com Jett, mas ele se foi.

Droga, panteras e seu dom para desaparecer da vista.

Limpando a palma da minha mão em meu jeans, atendi a chamada, meu

coração acelerado.

— Vocês a encontraram?
Capítulo Sete

JETT

Quando deslizei para o banco de trás do táxi, relaxei. Deixei sair a agonia,

e pensei que, se tivesse opção, nunca mais queria ver a Rainha Lamia na

minha vida. Agora que estava fora da Sede dos vampiros, conseguia respirar

com mais facilidade. Eu poderia ter usado meu próprio carro, mas os táxis

eram o modo de transporte mais discreto. Cash pode gostar de mostrar sua

riqueza, mas eu preferia o anonimato dos táxis.

Peguei meu telefone e mandei uma mensagem, murmurando meu

destino para o taxista. Neste momento, Owen estaria a caminho de se juntar

aos outros alfas e discutir seu plano. Eles provavelmente teriam uma ou duas

coisas para dizer sobre o meu comportamento também. Precisava juntar tudo

e parar de agir de forma errática. Se eu não tivesse cuidado, eles pegariam o

que eu estava fazendo. Conhecendo-me tão bem, Cash já deveria ter

percebido, mas como de costume, ele estava muito ocupado desejando um

pedaço de bunda, para olhar em volta dele.

Me perguntei o que Owen teria a dizer aos outros quando ele voltasse.

Eles provavelmente estariam no telefone comigo em minutos, exigindo saber

por que eu não queria encontrar a Silver Shifter tanto quanto eles. Se eles

soubessem. Eu queria ter certeza de que ela estava bem tanto quanto eles,

provavelmente mais. Mas ela não era minha companheira. Apesar da


insistência da minha irmã em contrário, eu não precisava de uma

companheira.

Os outros aparentemente não compartilhavam minha opinião. Eu ainda

podia sentir as ondas de agitação que Owen emitiu o tempo todo que

estivemos na Sede Vampiro, e não era apenas estar cercado por sanguessugas.

Ele estava sofrendo por sua companheira, tanto que quase me fez sentir o

mesmo. Eu não conhecia Owen bem, mas podia dizer que, dos quatro alfas

do clã, ele era o melhor de nós. Pergunte a qualquer outra pessoa e eles

provavelmente diriam que eu era o pior. Depois de algumas coisas que fiz

ultimamente, estava começando a pensar que eles estariam certos.

Odiava mentir para Owen, mas não tive muita escolha. Parecia que cada

vez mais, eu não tinha muita escolha sobre as coisas que eu tinha que fazer.

Quando eu tinha uma escolha, as opções eram entre ruim e pior ainda.

Apontei para o prédio abandonado do armazém, e o táxi percorreu o

estacionamento quase deserto para a guarita ao lado do portão até parar.

— Que tipo de lugar é este? — O taxista perguntou, parecendo mais do

que um pouco assustado quando ele viu o fuzil semiautomático apontado

para nós.

— Lugar nenhum. — Eu disse, pagando a corrida, deslizei para fora do

carro e bati a porta antes que ele pudesse fazer mais perguntas. Acenei para

ele ir, e depois de um segundo o carro saiu em disparada. Me virei para o

guarda, segurando as duas mãos.


— É apenas eu. Jett.

— Mostre a identidade. — O guarda latiu, mantendo sua arma apontada

para mim.

Parei no teclado perto do portão, longe o suficiente da estação de guarda,

evitando que ele atirasse em mim, caso eu tivesse alguma ideia. Ele parecia

um pouco nervoso, embora o pequeno estande tinha todos os tipos de feitiços

de proteção. Os humanos não tinham ideia de tudo o que os sobrenaturais

podem fazer, e eu não os culpo por tomar precauções.

Em vez de digitar um número ou escanear minha impressão, escorreguei

no dispositivo preto e prateado que parecia um par de fones de ouvido de alta

tecnologia. Um impostor pode roubar um número de identificação ou copiar

tudo sobre uma pessoa, até suas impressões digitais e retinas. Mas ninguém

poderia fingir as ondas cerebrais de um shifter.

Apertei as tecla ligar, e esperei que os médicos dessem ao meu cérebro o

selo de aprovação.

— Vê alguma coisa que te atrai? Perguntei depois de um minuto, sabendo

que eles me ouviriam através do fone de ouvido.

— Você parece agitado. — Veio a resposta.

— Estou bem. — Eu disse. — Você pode ler minhas ondas cerebrais,

Doutora, não minha mente.


Eu substituí o fone de ouvido e saudei o guarda, que apertou um botão

para destravar o portão. Andei e deslizei minha carteira para fora, inseri meu

cartão-chave e esperei que os bloqueios se abrissem. Duas câmeras apontaram

para mim de cima da porta, mas mantive meus olhos voltados para a frente.

A médica já tinha visto muito de minha excitação, e eu não queria dar-lhe

mais munição. Quando ouvi o clique das fechaduras, virei a maçaneta e entrei

no prédio baixo de metal.

No momento em que entrei, estava cercado por luzes fluorescentes e

brilhantes, pisos de linóleo polido e tetos industriais. Lá fora, podia parecer

um armazém, mas por dentro, parecia um hospital. Eu sabia que as aparências

enganam em ambas os lados.

Comecei a descer o corredor, movendo-me mais rápido do que deveria.

Eu não queria ser pego em teorias e adivinhações antes de a ver.

— Jett. — Chamou uma voz de um corredor lateral.

Ignorando, corri para a sala de observação.

— Jett. — A voz chamou novamente. A médica estava ao meu lado em

instantes, agarrando-se ao meu cotovelo como uma sanguessuga.

Lembrei-me de que ela era uma das pessoas boas. Nós estávamos no

mesmo lado, o que odiava vampiros.

— Alguém está com pressa. — Disse Siegfred, me olhando.


— Quero ver a paciente, isso é tudo. — Eu disse. — Não posso esperar

para ouvir sobre o seu progresso.

Quando ela não mostrou sinais de sair do meu lado, decidi deixar que me

seguisse. Eu não ia ser parado até que meus olhos estivessem no prêmio.

— Você realmente deveria ouvir o que eu tenho a dizer, antes de ir lá. —

A médica disse quando cheguei à porta da sala de observação.

Ignorando-a, girei a maçaneta e entrei na comprida sala retangular com

uma parede de vidro. Com vista para um quarto grande com uma cama e

várias máquinas de equipamentos médicos. Meu peito apertou quando

avistei uma leve figura amarrada na cama, o cabelo prateado espalhado pelo

travesseiro.

Inconsciente de que estava sendo observada, ela torceu a cabeça de um

lado para o outro, depois tentou se sentar, lutando contra suas restrições.

— Ela tem sido um participante menos do que ideal. — Disse Muriel,

tocando a prancheta. — Nós tentamos dar a ela mais liberdade,

recompensando-a por bom comportamento, mas ela nos mostrou muito

pouca cooperação, mesmo quando explicamos que estamos trabalhando para

erradicar a ameaça dos vampiros.

Eu mal a ouvi. Meus olhos ficaram presos na mulher na cama, seu olhar

voando para o relógio e suas lutas se intensificando. Eu sufoquei, tentando

controlar minha pantera, que subitamente subiu em fúria amotinada,


gritando para ser livre e ir para a mulher que ele achava que era sua

companheira. A partir do momento em que colocamos os olhos nela, ele a

reivindicou como sua, mas isso não me impediu de traí-la.

Eu era mais que um animal, no entanto. Meu lado humano era racional e

podia pensar além de mim mesmo. Isso era para o bem maior, uma

necessidade, na verdade. Quando os vampiros deixassem de existir, o resto

do mundo poderia respirar. Só então seria seguro para nós aceitarmos

companheiros e ter filhos. Só iríamos ter certeza de que viveríamos para ver

nossos filhos crescerem e terem suas próprias famílias.

— Estamos extraindo uma amostra de seu sangue a cada dia. — Disse

Muriel. — Seria melhor se ela ajudasse, se tivéssemos sua cooperação.

Esperávamos que você falasse com ela e...

— Eu? — Perguntei incrédulo. — Por que ela me ouviria?

Bem, nós assumimos que você a conhecia pessoalmente, ela disse, me

olhando desconfiada.

— Você a entregou para nós.

Soou muito pior quando ela colocou assim. Era verdade, no entanto. Por

mais que eu odiasse admitir, eu merecia cada pedaço da ira de Ariana.

— Desculpe desapontá-la doutora, mas Ariana me odeia. E eu nunca a

tive em minha posse, então não poderia entregá-la a você.


— Você nos disse onde e como encontrá-la. — Dra. Siegfred continuou,

me avaliando com um olhar exasperado e curioso. Ela estava obviamente

morrendo de vontade de conhecer a complexidade do nosso relacionamento,

mas eu não estava prestes a entrar nisso com ela. Eu ainda não tinha entrado

com a minha irmã.

— Se você precisa de alguém para falar Ariana, desculpe, mas não vou

ajudar você em nada. — Eu disse.

— Bem, se não conseguirmos a cooperação dela, teremos que fazer da

maneira mais difícil. — Muriel disse. — Pode levar mais tempo, mas com

exames de sangue suficientes, vamos descobrir tudo o que ela poderia nos

dizer e depois precisarmos isolar os componentes do sangue dela que pode

curar vampiros. Se soubéssemos porque o sangue dela pode fazer isso,

tornaria o processo mais rápido, mas conseguirei isso, cedo ou tarde.

Não gostei do que ouvi. Meus ouvidos estavam tocando com um grito de

pantera que só eu podia ouvir, mas me mantive controlado, não deixando ela

me intimidar. Ela não via com seu cérebro primitivo, mas eu podia ver. Ariana

não era nossa companheira, era nossa salvadora. Ela ia garantir que nenhuma

pantera cresceria sem pais por causa de parasitas sanguessugas.

— O que ela está fazendo essencialmente é trazê-los de volta à vida. —

Dra. Siegfred disse. — Não os mata, mas transforma de monstros em

humanos. É extraordinário, na verdade. Nós estávamos esperando que você

pudesse enquadrar a questão de tal forma que Ariana veja que ela é a solução.
Isso beneficia todos os shifters, todos quatro clãs. Esse é o trabalho de um

Silver Shifter, não é? Nós esperávamos que ela fosse uma participante

entusiasta. Eu não posso imaginar qual shifter não estaria, especialmente

depois do que eles fizeram com ela.

— Você não está a machucando, não é? — Perguntei, subindo e descendo

a pequena sala, meus braços cruzados firmemente sobre o peito, me

mantendo contido.

— Claro que não. — Disse Muriel. — Estamos apenas mantendo-a

subjugada até que possamos determinar as propriedades específicas que

fazem a transformação de vampiros possível, para que possamos fabricar

esses aspectos e não confiar em um paciente relutante.

— Farei o meu melhor. — Eu disse, meu coração dolorido com a visão da

garota assustada torcendo na cama abaixo. Não achei que ela ouviria uma

única palavra que eu tivesse a dizer, mas eu teria que pelo menos tentar. Tanto

dependia dessa garota. Tudo dependia dela.

— Estamos tão determinados quanto você, Jett. — Disse Muriel. —

Queremos formar uma aliança que é mutuamente benéfica para os seres

humanos e shifters. Para tornar o mundo seguro para todos nós.

A única maneira de fazer isso era erradicar os vampiros, e a única

maneira de fazer isso era usar o presente da Silver Shifter. Continuei dizendo

a mim mesmo, até que a porta do quarto de Ariana abriu e uma enfermeira

entrou. Ariana começou a rosnar, os olhos arregalados com terror. Apertei


minhas mãos em punhos, minhas garras se estendendo e perfurando a carne

das minhas mãos. Meus dentes estendidos também, e eu mal me segurei de

saltar através da janela de vidro.

Minha pantera não dava a mínima para isolar componentes e fabricação

de aspectos, sobre argumentos persuasivos ou até mesmo unir os clãs. Ele só

queria ir até a companheira dele, para libertá-la e protegê-la de quem quer

que seja, até de mim mesmo.


Capítulo Oito

ARIANA

O veneno lentamente se infiltrou da seringa em minha veia, senti minha

força se esvaindo. Eles não apenas tiraram meu sangue para me enfraquecer.

Eles me davam algo, que esfriava o calor da minha Dragão e a colocava para

dormir, então eu não podia nem ouvi-la dentro de mim.

Minha loba, no entanto, compensou o silêncio. A prata nos colocou em

um estado de dor constante que embotou minha mente e a deixou chorando

por alívio. Eu queria rasgá-los em pedaços com minhas mãos humanas nuas,

por ferir minha loba desse jeito. Eles não tinham ideia. Era doloroso viver com

essas criaturas dentro de mim, que confiaram em mim para cuidar delas e

mantê-las segura, e falhar tão miseravelmente. Eles não tinham que ouvir seu

gemido incessante e lastimável, e saber que eram impotentes para protegê-la.

E eles não tinham ideia do que estavam fazendo comigo. Algo dentro de

mim estava crescendo nos meus momentos de lucidez, como um trovão

distante, crescendo a cada dia. Quando eu soltar isso...

Eu ia matar cada um deles, impiedosamente e metodicamente. Eu só

tinha que encontrar um jeito...


Quando a prata penetrou em mim, até minha determinação enfraqueceu.

Afundei de volta na cama, a queimadura gelada da injeção subindo pelo meu

braço, pelas minhas veias. Meus olhos se fecharam quando o gelo invadiu

minha mente, enchendo-a com pensamentos redondos e confusos.

Talvez se eu cooperasse eles parariam de injetar veneno em minhas veias,

ou tudo o que eles estavam colocando em mim para subjugar minha dragão.

Talvez eles parassem de pulverizar prata pela minha garganta. Eu tremi sob

os cobertores finos, querendo enroscar-me, para manter o meu calor e oferecer

a minha loba o consolo que ela tirou de minha forma humana. Mas meus

braços e pernas estavam amarrados na cama, me mantendo de oferecer até

mesmo aquele pequeno conforto.

Fechei meus olhos. Quando os abri, ouvi um grito no corredor, a porta se

abriu como um olho e, de repente, um dos meus companheiros estava em

cima de mim.

Não era nenhum dos meus companheiros.

Jett.

Eu sabia que devia estar sonhando. Jett não me visitaria no hospital.

— Ariana.

Meus olhos se abriram. Ele ainda estava lá, se inclinando sobre a cama,

me avaliando, uma mão em cada borda, seu rosto perto do meu. Por um

segundo, eu só podia olhar em seus olhos de veludo preto. Minha loba gemeu
lamentavelmente, tentando se conectar com seu companheiro, pensando que

ele estava aqui para nos resgatar.

Mas este não era um hospital onde eu fui levada para curar. Jett não iria

me visitar em um hospital comum, mas aparentemente, me visitaria no tipo

de hospital que prende você a uma cama e tortura seu animal interno.

Eu cutuquei minha loba, sabendo que mais uma vez, ela ficaria

desapontada com um humano. Desta vez, não fui eu, no entanto. Quando a

realização do que isso significava, meus lábios puxaram para trás dos meus

dentes, embora minha loba estivesse muito fraca para sair e lutar.

— Jett. — Eu rosnei, uma voz saindo de mim que jamais ouvi, atada com

dor que beirava o ódio.

Um pequeno sorriso puxou o canto dos lábios carnudos de Jett, mas

nunca alcançou seus olhos.

— Um prazer, como sempre. — Disse ele, endireitando-se.

— Você fez isso? — Exigi, lutando contra minhas restrições. — Eu sabia

que era você. Todo esse tempo, pensei que estava conspirando com os

vampiros. Mas isso... Isso é pior. — Um grunhido retumbou em algum lugar

dentro de mim, e Jett deu um passo atrás, parecendo incerto. Mesmo eu não

sabia de onde vinha essa força que alimentou minha raiva. Minha dragão

dormiu e minha loba foi envenenada por prata não podia lutar. Algo ventilou
minha raiva, porém, empurrando para cima dentro de mim como um

maremoto de construção.

— Mantenha a calma. — Disse Jett, seus olhos quase implorando. — Você

não falou sério.

— Porra, não me diga o que quero dizer. — Eu disse com os dentes

cerrados.

Jett levantou as duas mãos.

— OK, tudo bem. Você quis dizer isso. E eu não te culpo. Não era isso

que eu tinha em mente quando me disseram o que queriam.

— Quem? — Perguntei.

— Dra. Siegfred. — Disse ele. — O HCA.

— Importa quem me mantém? — Perguntei. — Poderia ser Dante me

mantendo em uma gaiola e forçando-me a lutar, ou vampiros me mantendo

trancada para que ninguém possa me usar contra eles, ou esses idiotas. São

todos iguais para mim.

— Você entendeu tudo errado. — Disse Jett. — O HCA é o oposto dos

vampiros. Eles querem ajudar as pessoas, não machucá-las.

— E ainda assim, eles me tratam como prisioneira, alguém menos que

humana. Não há nenhuma diferença para mim, qual tipo de monstro me

captura. Eles são todos monstros.


Os lábios de Jett se apertaram e seus olhos se separaram dos meus.

— Eu vou mandar desamarrarem você. — Ele murmurou.

— Isso é tudo que você tem a dizer? — Eu perguntei, quase engasgada

com incredulidade.

— Não. — Ele disse, sua mandíbula enrijecendo. — Eles não deveriam

ter te mantido assim, mas o que eles estão fazendo não está errado, Ariana.

Eles estão livrando o mundo de uma praga. Talvez eles não tenham feito isso

da maneira certa, mas pelo que ouvi, você não deu-lhes muita escolha.

Pisquei para ele, minhas mãos em punho, raiva batendo nas minhas

têmporas.

— Você está delirando, Jett? Você acha que eu não lhes dei escolha, senão

me atacar repetidamente, para me seguir para o território de meu cônjuge,

invadir a casa no meio da noite e me sequestrar? Mas eu acho que você vai me

dizer que foi tudo para o meu bem. Eu não lhes dei outra escolha senão me

sequestrar, me drogar, envenenar e me acorrentar a uma cama, afinal de

contas.

Jett suspirou e passou a mão pelo rosto.

— Você está dificultando Ariana, tudo o que queremos é impedir que um

grupo de assassinos em massa mate. Sim, é infeliz, mas agora você é a única

coisa que temos que pode detê-los.


— E você não pensou em apenas vir até mim e perguntar? — Eu rosnei.

— Você não quer pará-los? — Jett perguntou. — Como você pode

defender vampiros? Eles também não tiraram tudo de você?

Nossos olhos ficaram presos e, por um longo momento, nenhum de nós

falou. Minha mente pegou a última palavra.

Claro que isso era pessoal. É por isso que Jett estava tão determinado, por

que ele traiu os outros clãs, arriscando sua vida e uma guerra que poderia

acabar com todo o seu clã. Para ele, valia a pena acabar com os vampiros. O

que poderia fazê-lo os odiar tanto, que ele sacrificaria tudo para erradicá-los?

Não era apenas uma antipatia por sanguessugas, o inimigo natural dos

shifters. Era outra coisa.

— Vampiros não tiraram tudo de mim. — Eu disse devagar. — Eles

tentaram, naquele telhado. Mas a maior parte da minha vida, eram os bruxos

que me possuíam, que me faziam lutar. Vampiros não eram nada além de

seus capangas nos poços.

A mandíbula de Jett se apertou, mas ele não falou.

— Mas eles tiraram tudo de você. — Eu disse. — Não é mesmo? Este é o

motivo para você trair todos os quatro clãs. Então, quem eles levaram?

— Ninguém. — Disse Jett, com os olhos fixos na parede além da minha

cama.
— Você não trairia o seu próprio povo por ninguém. — Eu disse. — Você

não está apenas traindo-os, porém, Jett. Você está traindo sua cônjuge e, pior

que isso, sua pantera.

Seus olhos finalmente voltaram para os meus, a fúria piscando lá.

— Você não é minha companheira. — Ele rosnou. — Eu não tenho

companheira. E não posso arriscar formar um vínculo de parceria quando a

qualquer momento, os vampiros poderiam entrar e tirá-la de mim ou eu dela.

Meus olhos se estreitaram. Eu já tinha aprendido que meus

companheiros viveram vidas muito diferentes da minha, mas não sabia muito

sobre a vida de Jett. Sabia que os lobos normalmente só tinham um

companheiro, pelo menos tinham até mim. Mas talvez as panteras tinham

mais.

— Eles levaram sua companheira? — Eu perguntei.

Uma dor inesperada se formou no meu peito, não com o pensamento de

Jett tendo outra companheira, mas com o pensamento de alguém machucá-lo

dessa maneira. Mesmo depois de ter feito isso para mim, ele ainda era uma

pessoa, e uma pessoa com dor sempre puxaria meu coração. Pena que não foi

para os dois lados.

— Não foi minha companheira. — Disse Jett. — Levaram meu pai.

— O que aconteceu? — Eu sussurrei, querendo pegar sua mão, mas

incapaz. Minhas próprias mãos ainda estavam amarradas.


— Eles o levaram, foi o que aconteceu. — Disse Jett, cruzando os braços

sobre o peito. — Eles o sequestraram e o mantiveram, exigindo que

cooperássemos com eles no ataque aos outros clãs. Eles sabiam que seu

sucessor não estava pronto para assumir ou tomar decisões assim, e eles

pensaram em me pressionar.

— E você não aceitou? — Eu sussurrei.

Jett afundou na cama aos meus pés, de costas para mim e seus ombros

caíram.

— Não. — Disse ele. — Deixei Cash me convencer... — Ele fez uma

pausa, então balançou a cabeça. — Não, eu escolhi não negociar com eles.

Cash e eu fomos atrás deles, mas também estávamos atrasados. Eles

descobriram que estávamos vindo para eles e o mataram.

— Sinto muito. — Eu disse, mal conseguindo engolir.

Jett endureceu.

— Eu sei que você quer ver o melhor em todos, manter o equilíbrio, mas

não há bons vampiros.

— Você não pode saber disso. — Eu disse. — Eles podem pensar o mesmo

sobre shifters.

Ele se levantou e se virou para mim.


— E se eles tivessem a chance, você realmente acha que eles hesitariam

em matar cada um de nós, começando com você?

— Eu acho que se você vai erradicar uma espécie inteira, usando uma

relutante arma para fazer isso, eles podem não ser os bandidos.

As sobrancelhas de Jett baixaram, seus olhos escurecendo.

— O que você está dizendo?

— Eles não são os monstros aqui, Jett. — Eu disse. — Você é.


Capítulo Nove

MAXIMUS

Bati meus dedos contra o copo de cerveja na minha mão, olhando para

cima, toda vez que a porta se abria. Meu pulso disparou e suor escorria pela

minha espinha. Eu precisava juntar tudo, mas a cada segundo sem saber se

Ariana estava segura me colocava louco.

— Respire fundo, Maximus. — Disse Cash, nivelando-me um olhar

preocupado. — Owen estará aqui a qualquer momento.

— Eles não encontraram Ariana. — Eu disse. Assisti a condensação

escorrer pelo vidro e contra minha pele. O frio enviou um arrepio pela minha

espinha. Nós não tínhamos encontrado Ariana com Dante, e parecia que

Owen e Jett não tinham a encontrado com os Vampiros. Ela poderia estar com

qualquer um.

O som da porta tilintou e Owen entrou, seu olhar varrendo o bar e

encontrando o meu. Ele acenou com uma saudação rápida antes que ele

andasse através do bar shifter lotado e deslizou para o estande ao lado de

Cash.

— Hey. — Cash cumprimentou o shifter urso. — Jett não veio com você?
Uma carranca escureceu a expressão de Owen enquanto ele esfregava sua

bochecha barbuda.

— Não. Ele desapareceu logo depois que fomos expulsos da Sede dos

vampiros.

— Chutados para fora? — Eu levantei minhas sobrancelhas para o

homem imponente. Ele quase esmagava Cash na parede, ocupava muito

espaço. Estava feliz por tê-lo do lado de Ariana e ao meu lado, percebi. Entre

a cabeça quente de Cash e minha vontade de destruir Nova York até que eu

encontrasse minha companheira, poderíamos ter explodido tudo na busca se

não fosse Owen nos manter centrados.

— Sim. — Disse Owen. — Os vampiros nos surpreenderam e nos

soltaram antes... — Ele parou, um tremor tremendo através de sua estrutura

maciça.

— Antes de quem? — Cash perguntou.

— A Rainha Lamia.

— O quê? — Eu lati. Meu aperto espremeu convulsivamente, e pedaços

de vidro voaram. Eu quase não senti isso quando minha mente correu para

chegar a uma razão pela qual a Rainha dos Vampiros tinha vindo para Nova

York. Isso não poderia ser bom. Os vampiros tinham que estar se preparando

para algo grande se a rainha estava na cidade. Com tudo mais acontecendo,
não poderia ser uma coincidência que Ariana tinha desaparecido, quando a

rainha vampira chegou. Poderia?

Owen detalhou sua reunião enquanto uma garçonete parou com um

pano para limpar a bagunça. Pedi desculpas profusamente por quebrar a

garrafa e molhar a mesa e chão de cerveja, mas ela deu de ombros, dizendo

que acontecia o tempo todo.

— E ela simplesmente deixou você ir? — Cash perguntou a Owen quando

ele terminou sua história.

— Também suspeitei. — Disse Owen. — Eu pensei que eles devem estar

planejando nos seguir e deixar que façamos todo o trabalho de encontrá-la.

Notei algo me seguindo de uma distância segura a caminho daqui, parece que

eu estava certo.

— Então eles não a têm. — Disse em voz alta. — Se a tivessem, por que

mandariam um espião?

Os olhos de Cash se arregalaram quando a percepção o atingiu.

— Certo. — Owen retumbou. — Eles enviaram um esquadrão de

vampiros atrás de mim, esperando que eu eventualmente, os levaria para

Ariana.

Um grunhido arrancou da minha garganta.

— Se os vampiros não a têm, então quem a levou?


Cash e Owen trocaram um olhar.

— Eu não sei. — Admitiu Cash. — Estou bastante certo Dante estava

dizendo a verdade.

— Se os vampiros não a têm... E Dante não a tem... Então onde está ela?

— Owen perguntou.

Essa era a pergunta que todos nós queríamos responder. Quando olhei

para os outros dois rostos à mesa, percebi que estavam tão perturbados

quanto eu. Pelo menos eu sabia que Owen estava. Suas bochechas estavam

abatidas e seus olhos estavam cheios de olheiras depois dois dias de busca

infrutífera. Eu não sabia ler Cash também. Ele teve um século para dominar

como esconder suas emoções. Pelo que eu sabia, ele era responsável pelo

trabalho de resgatar Ariana.

Apertei meus olhos e enterrei meu rosto em minhas mãos. Ariana não

tinha ido embora desta vez, como naquele primeiro dia na minha casa. Ela

tinha três companheiros agora, três homens que morreriam para encontrá-la,

três homens que ela amava. Pelo menos ela disse que me amava. Por que eu

não disse de volta? E se eu nunca tivesse a chance agora?

Não, eu não poderia pensar assim. Eu contaria a ela quando a visse.

Porque haveria uma próxima vez. Apesar do pouco de estranheza no lugar

de Owen, Ariana parecia mais feliz do que eu já a tinha visto. E eu ia passar o

resto da minha vida trazendo essa felicidade em seus olhos mais e mais.
Levantei minha cabeça. Ela foi levada contra sua vontade por alguém que

não deixou um perfume. Quem não deixa um perfume?

— Devemos retornar à cena do crime. — Eu disse.

Os punhos de Cash estavam enrolados em cima da mesa.

— Você está certo. Talvez tenhamos perdido alguma coisa.

Owen assentiu com a cabeça, a esperança acendendo em seus olhos.

— Boa ideia.

— Devemos ligar para Jett. — Acrescentou Cash. — Precisamos de todos

nós presentes.

Eu troquei um olhar cauteloso com Owen. Ao ver o olhar do urso alfa, vi

que ele tinha as mesmas reservas sobre Jett que eu. Mas como poderíamos

dizer a Cash, amigo de infância de Jett, que tínhamos a sensação de que Jett

tinha algo a ver com o desaparecimento de nosso cônjuge?

Antes que qualquer um de nós pudesse dizer uma palavra, Cash sacou o

celular e atingiu um botão. O telefone tocou algumas vezes antes que a voz

de Jett falasse.

— O que houve?

— Estamos voltando ao território do Clã dos Ursos para verificar a área

onde Ari foi sequestrada novamente, ver se perdemos alguma coisa. O que
quer que você esteja fazendo, largue e nos encontre lá. Não pode ser tão

importante quanto nossa companheira. — Disse Cash em uma corrida de

palavras.

Eu ouvi um leve suspiro da outra linha antes que a voz de Jett chegasse

novamente.

— Eu não posso. — Disse Jett. — Estou ocupado. Me escreva se precisar

de alguma coisa.

Com isso, a linha ficou muda. As sobrancelhas de Cash franziram quando

ele abaixou o telefone de sua orelha.

— Isso foi... abrupto. — Disse ele.

Eu resmunguei uma afirmação, não exatamente pronta para

compartilhar minhas suspeitas com Cash, embora o telefonema tivesse

definitivamente confirmado alguns dos meus medos. Jett estava nos evitando.

Pode ser algo a ver com o clã dele. Talvez houvesse política Pantera em jogo,

que ele não tinha compartilhado. Mas agora, não deveria haver nada mais

importante que Ariana. Ela era a Silver Shifter. Essa era a questão de clã mais

importante possível. Sem mencionar que ela era sua companheira também,

mesmo que ele se recusasse a reivindicá-la.

O pensamento me parou por um segundo. Quando eu comecei a pensar

nela como nossa, não minha? Quando eu comecei a acreditar que mesmo um
não reclamado, não cooperativo era seu companheiro, embora ele se recusasse

a admitir, só porque ela disse assim?

Talvez quando eu comecei a confiar na loba de Ariana tanto quanto o

meu, como um companheiro deve. Talvez quando percebi que poderia perdê-

la, parara de importar os muitos companheiros que ela teve. Isso não mudou

o amor que cresceu entre nós, o amor que iria salvá-la.

***

POUCAS HORAS DEPOIS, chegamos de volta na casa da irmã de Owen.

Nós dissemos um rápido olá para sua irmã e seus filhos antes de inspecionar

a cozinha. Não havia cheiro novo. Nenhuma nova pista para nos levar a

Ariana. Eu tinha a maior sensibilidade no farejar perfumes e até eu não

consegui achar nada. Jett definitivamente não esteve lá.

Me arrastei pela porta dos fundos e fui direto para a floresta.

— Maximus, nós já tentamos rastreá-los pela floresta. — Cash chamou da

casa.

— É para isso que estamos aqui, não é? — Eu gritei por cima do meu

ombro. Se nós fossemos brincar de detetive, teríamos de procurar toda a área,

incluindo as faixas no bosque. Isso pode nos levar a lugar nenhum, mas eu
teria que tentar. Esta era a única coisa que nós poderíamos fazer. Depois disso,

não havia mais opções. Nós teríamos esgotado todos as nossas ideias, e Ariana

continuaria faltando.

Nós temos que encontrar algo. Nós vamos encontrar algo.

Segurei esse pensamento enquanto seguia o caminho para a floresta.

Após um minuto, o barulho dos passos de Cash e Owen se seguiram, e logo

estávamos andando lado a lado na pequena clareira onde marcas de pneus

marcavam a terra.

Antes que alguém pudesse me parar, eu estava tirando minhas roupas e

jogando-as em um arbusto nas proximidades.

— O que você está fazendo? — Cash perguntou.

Eu mal dei um olhar antes de alcançar dentro de mim o meu lobo. Ele

estava rosnando e pronto para ser solto, arranhando minha pele por

liberdade. Ele queria encontrar Ariana tanto quanto eu.

— Vou inspecionar a área. — Eu disse, minhas palavras confusas quando

soltei a fera.

Quando pisquei, estava de quatro, meus sentidos aumentaram e o

mundo em torno de mim afiado. Eu balancei, meu pelo farfalhando levemente

quando meu lobo se estabeleceu ao meu redor.


Novos cheiros e visões se abriram diante dos meus olhos. Abaixei meu

nariz mais perto do chão e respirei profundamente. Eu podia sentir o cheiro

da queimadura de pneus de borracha e o fedor acre do asfalto preso nas rodas.

Havia também o cheiro de terra da floresta e um aroma metálico que eu não

conseguia localizar.

Eu fiz uma varredura da clareira, procurando por qualquer pista do

paradeiro de Ariana. Mas além de seu doce perfume de chuva e do veículo,

eu não conseguia distinguir o cheiro dos seus captores. Parei perto de uma

das trilhas mais profundas do pneu, amassando ansiosamente no chão com

minhas patas maciças.

Isso não estava certo. Como alguém poderia esconder seu perfume tão

completamente? Isto não fazia o menor sentido.

— Você encontrou alguma coisa, Max? — Owen perguntou, uma

esperança na sua voz.

Um gemido rastejou da minha garganta antes que eu pudesse pará-lo.

Tristeza dividia o olhar esperançoso de Owen, e ele assentiu solenemente.

Com mais nada para procurar, eu me movi de volta e rapidamente

coloquei minhas roupas, e meu lobo ressoou dentro de mim, infeliz por ter

sido enjaulado tão cedo. Eu tentei lembrar quando foi a última vez que eu

mudei para uma caçada, ou mesmo uma corrida no bosque, mas desde que

Ariana apareceu na minha vida, eu estava tão consumido cuidando dela e

protegendo-a desses ataques que não tive tempo de cuidar bem do meu lobo.
Silenciosamente prometi a ele uma verdadeira caçada assim que tivéssemos

nossa companheira de volta.

— Vamos seguir os rastros. — Disse Owen.

Cash deu a Owen um olhar de pena. Ele pensava que Ariana tinha ido

embora, que nunca a encontraríamos. Cerrei meus punhos e olhei para ele.

Do jeito que ele estava agindo, talvez ele e Jett estivessem nisso. Virando as

costas, segui as faixas em fúria silenciosa. Eu não estava pronto para desistir,

mesmo se Cash estivesse, mesmo que ele fosse responsável por isso e não

queria que a encontrássemos. Eu a encontraria mesmo se andasse ao redor da

porra do globo para fazer isso.

Meus colegas alfas seguiram em silêncio até chegarmos à estrada. Era

uma rodovia de pequeno porte, com apenas uma pista em ambos os lados da

estrada, o pavimento estava áspero e rachado, e vários buracos tinham

perdido o enchimento através do asfalto. Eu respirei fundo e encontrei o

mesmo cheiro dos pneus, junto com o cheiro metálico que não era familiar

para mim.

Não havia mais nada aqui. Eu esperava, além da esperança, que talvez

Ariana tivesse tido a chance de largar alguma coisa ou nos deixar algum tipo

de mensagem. Mas toda esperança foi perdida. Minha companheira se foi.

Meu lobo uivou dentro de mim, um som triste e desolado que enviou

uma dor espiralando em meus ossos. Eu queria me enrolar e confortar meu

lobo machucado, para nunca mais ver o sol. O que seria a vida sem minha
companheira? Eu esperei tanto tempo por ela. Só a encontrei por um breve

momento no tempo. E agora ela se foi.

— Owen, onde você está indo? — Cash gritou.

Olhei para cima e encontrei Owen correndo pela lateral da estrada.

Minhas sobrancelhas franzidas enquanto o observava ir. Com cada passo sua

velocidade aumentou até que ele estava quase um borrão.

— Ele encontrou alguma coisa? — Perguntei. Meu coração batia forte,

ousando ter esperança que talvez nem tudo estivesse perdido.

— Eu não sei. — Disse Cash.

Juntos nós corremos para alcançar o alfa urso até que eu visse o que Owen

tinha visto. Luzes de trânsito.

No final da estrada havia um semáforo. Eles brilhavam verde, um farol

de sinalização, que tenha minhas pernas bombeando e meu pulso acelerado.

Se havia semáforo, tinha uma boa chance de haver também câmeras de

tráfego. Nós ainda podemos ser capazes de descobrir quem levou Ariana.

Eu deslizei ao lado de Owen. Ele sorriu enquanto apontava para as

câmeras montadas nas sondagens de metal içando as luzes sobre o

cruzamento.

Cash passou por mim e agarrou o rosto de Owen em suas mãos antes de

plantar um beijo em sua bochecha.


— Seu bastardo brilhante!

Owen olhou para o dragão alfa.

— Obrigado?

Esperança inchou dentro de mim até que eu não pude deixar de sorrir

para o que parecia ser a primeira vez na minha vida. Cash e Owen sorriram

comigo, saltando animadamente de pé para pé.

— Nós vamos encontrá-la. — Eu disse.

— Droga, pode ter certeza. — Cash concordou.

— Que “Mané” texto, Pantera imbecil. — Eu disse. — Precisamos dessa

filmagem.

Cash assentiu, o telefone já na mão. Ele digitou uma mensagem rápida

antes de começarmos a caminhada de volta para casa. Parece que demorou

uma eternidade, mas com a excitação batendo em minhas veias, eu tive que

me impedir de correr o caminho inteiro.

O telefone do dragão alfa tocou no segundo em que entramos na cozinha

de Owen.

— Ele enviou.

Abracei Cash de um lado enquanto Owen pegou o outro. Nós dois

apertamos para dar uma olhada nas imagens que Jett nos havia enviado na
pequena tela do celular de Cash, que apertou o botão play e depois de alguns

minutos de avanço rápido, encontramos.

De longe, nós poderíamos apenas ver uma van saindo da via expressa na

estrada principal. Ele derrapou na pista distante antes de voltar para a estrada

e rasgar o cruzamento. Meu coração disparou enquanto assistíamos.

— Volte. — Disse Owen.

Cash reverteu o clipe, depois parou para reproduzi-lo novamente e

depois novamente. Na terceira vez, ele parou quando a van atravessou o

cruzamento, nos dando uma boa olhada nas duas figuras sentadas nos

assentos dianteiros em equipamento militar preto completo.

— A placa do carro. — Owen apontou para ele, e eu tive que me conter

de arrancar o telefone das mãos de Cash.

— Um amigo da polícia de Nova York me deve um favor. — Disse Cash.

Ele capturou a placa e mandou uma mensagem para seu amigo policial.

Alguns segundos depois, seu telefone tocou novamente.

— Ele está visualizando as placas agora, mas pode demorar um pouco

para nós retornar. — Cash disse.

Minha pele zumbiu com os nervos, e eu tive que apertar meus punhos

para evitar pegar algo e atirar em frustração. De repente eu estava cheio de

energia pronto para ir, e nós tivemos que esperar. Eu perguntei a Owen se eu
poderia dar uma corrida rápida em seu vale para apaziguar o meu lobo,

embora eu não desrespeitaria os ursos caçando em sua terra. Uma corrida

confortaria meu lobo e usaria um pouco da minha energia, me acalmando e

me colocando no centro do grande desafio. Nós teríamos nossa companheira

volta. Eu estava pronto para destruir qualquer um que estivesse no meu

caminho. Ninguém poderia parar-me uma vez que eu a encontrasse. Minha

companheira estaria de volta em meus braços em breve, e, eu não hesitaria

em dizer exatamente como me sentia.


Capítulo Dez

ARIANA

Depois do meu discurso, Jett saiu da sala sem outra palavra. Eu ouvi

alguns gritos e palavrões vindo da direção do corredor, e alguns minutos

depois, a médica apareceu escoltada por dois guardas enormes.

— Parece que você estaria mais confortável se não fosse contida. — Disse

Muriel.

— Você acha? — Resmunguei. Até cheguei a sentir gratidão por Jett ter

feito uma cena com a médica, por me acorrentar como uma criminosa, mas

foi rapidamente sufocada pela lembrança de que, Jett era realmente o

responsável por eu estar aqui.

— Podemos ter sido excessivamente cautelosos sobre nossa própria

segurança. — Disse Muriel, os guardas removeram as correias que seguravam

meus pés. — Mas o importante é que, você está segura.

Segura, mas fraca demais para fazer qualquer coisa, além de deitar na

cama como uma inválida.

— Então, deixe-me ver se entendi. — Eu disse. — Acho que percebi tudo,

agora. Jett disse a vocês sobre meu sangue curar vampiros, e você decidiu que
sou a cura mágica que estava procurando. Jett mandou seus capangas

humanos me sequestrarem para que, você possa fazer experimentos comigo,

tentar replicar meu sangue e exterminar os vampiros.

— Oh, não. — Disse Muriel. — Nós não trabalhamos para Jett. Apenas

tivemos sorte de um shifter concordar com a nossa organização. E estávamos

esperando que você fosse mais cooperativa, considerando sua conexão com

ele.

Estreitei meus olhos. Certamente ele não contaria que sou sua

companheira.

— Qual conexão?

— Ele sabia sobre o seu sangue. — Disse ela. — Tenho certeza que não é

algo muitas pessoas saberiam. Os vampiros certamente não iriam contar à

ninguém.

— Ok. — Então Jett está conspirando com humanos para destruir os

vampiros, pensei em voz alta... — E eu sou apenas o peão. Legal.

Por alguma razão, quase doía mais do que ele me colocar em seu plano

de forma calculada, do que porque ele tinha uma vingança pessoal contra

mim. Ele nem sequer se importava o suficiente para me odiar. Eu era apenas

um meio para sua conquista, uma ferramenta para ser usada em algo que ele

queria muito antes de eu aparecer.


— Nos avise quando estiver pronta para cooperar. — Disse Muriel,

sacudindo sua seringa antes de me espetar novamente. — Por enquanto,

concordamos com a exigência de Jett que você não seja contida. Infelizmente,

isso significa que temos que aumentar sua dose para manter todos seguros.

Eu mostrei meus dentes para ela, sentindo meu instinto de sobrevivência

chutando, fechando outros pensamentos. A traição de meu cônjuge não

importava. Nada importava, além de viver assim como nos poços. Então, eles

me deixaram forte, me fizeram trabalhar para eles. Aqui, eles me queriam

fraca, que eu deitasse e fosse passiva, enquanto eles pegavam o que queriam.

No final, não importa o quão diferente fosse, era tudo a mesma coisa. Eu não

era minha. Eu era uma prisioneira e teria que sobreviver. Isso era tudo o que

importava.

Quando a médica e seus guardas partiram, eu estava tão fraca que mal

conseguia ficar de pé. Cheguei até a parede onde a porta sempre aparecia,

mas tudo que eu podia fazer era deslizar abaixo e descansar. Quando alguém

trouxe o jantar, eu mal consegui levantar a colher para

minha boca para comer a sopa antes de adormecer.

A próxima vez que acordei, minha cabeça clareou por um momento. Isso

significava que o veneno estava acabando e a enfermeira voltaria para me

injetar logo. Sentei-me, meu corpo inteiro tremendo, algo dentro de mim

mexeu insistentemente, pressionando na minha consciência, incitando-me a

lutar embora eu não tivesse energia.


— Bom dia, bem-me-quer. — Disse uma voz profunda e arrastada. Virei

ao redor para ver Jett sentado em uma cadeira ao lado do espelho.

— O que você está fazendo aqui? — Eu rosnei.

— É bom ver você também. — Disse ele com um sorriso.

— Por que seria bom te ver? — Perguntei. — Você está drenando minha

vida apenas para destruir os vampiros que tanto odeia.

Jett revirou os olhos.

— Você vai citar Nietzsche novamente?

— Quem?

— Nietzsche. — Disse ele, me olhando como se estivesse faltando

algumas células cerebrais em mim. — Você sabe, o cara niilista que você citou

na noite passada? — A luta não é com monstros, mas, para que você não se

torne um monstro. Aquele cara.

— Parece muito inteligente. — Eu disse, encolhendo os ombros. — Não

o conheço.

Jett balançou a cabeça.

— Está certo. Você foi criada por vampiros. Você sabe ler?
— Sim, eu sei ler. — Retruquei. — Caso você tenha esquecido, meus pais

morreram quando eu tinha doze anos. Talvez soubesse ler antes mesmo de

você.

Jett sorriu.

— Então, o último livro que você leu deve ser... O que aos doze anos de

idade as meninas gostam de ler? Crepúsculo? Não é de admirar que você

pense que vampiros podem se redimir.

— Na verdade, essa é a segunda vez que te ouço mencionar esse livro.

Parece que você gosta dele. — Eu levantei ambas as mãos. — Sem

julgamentos.

— Prefiro Friedrich Nietzsche. — Disse ele, parecendo irritado.

Cruzei meus braços sobre o peito e apertei meus lábios para um lado, o

estudando.

— Então, você lê coisas cultas. Interessante, não te via como o tipo

inteligente.

— Sou um homem de muitos talentos. — Disse ele, olhando-me com um

olhar apreciativo, que fez um tremor completamente inadequado despertar

dentro de mim.

— E com toda essa leitura, você nunca aprendeu a não sequestrar uma

menina e começar uma guerra?


— Começar uma guerra? — Ele perguntou, olhando.

— Sim. — Eu disse. — Você não acha que os outros clãs vão ficar

chateados, quando descobrirem que você sequestrou sua companheira e a

envenenou com prata? Você realmente não acha que, vai se safar dessa, não

é?

— Nós não vamos matá-la. — Disse Jett. — Os fiz desamarrar você, e não

estamos te machucando. Iremos deixá-la ir, assim que descobrirmos como

replicar artificialmente o que seu sangue contém. Os outros clãs terão prazer

em ser livrar dos vampiros também.

— Uau. — Eu disse, balançando a cabeça. — Posso estar um pouco

atrasada na minha leitura, mas pelo menos não sou completamente delirante.

Jett cruzou os braços, sua postura espelhando a minha, seus bíceps

salientes por dentro sua camiseta roxa.

— Eu não posso decidir se eu gosto mais de você quando está me

insultando, ou, me implorando para acasalar com você.

Minha boca caiu aberta em indignação. Finalmente, gaguejei.

— Eu jamais implorei.

— Ah sim. — Disse Jett, mostrando os dentes brancos em um sorriso. —

Você me chamou para acasalar com você.

— Eu não pedi, implorei ou exigi nada. — Disse com os dentes cerrados.


— Falei apenas que, você era meu companheiro. Obviamente, isso não

vai acontecer depois disso. Mesmo se, fosse o único companheiro que eu

tivesse, e eu não tivesse outros três, nunca serei capaz de confiar em você

novamente.

Os lábios de Jett se comprimiram e ele se balançou para trás, olhando

para a parede acima da minha cabeça.

— Você não pode nem olhar para mim. — Eu disse. — Deveria se sentir

culpado, e adivinha, Jett? Eu tenho os outros três. Eles vão me encontrar, e

vão conseguir me tirar daqui. E quando eles forem atrás de você, para pagar

pelo que fez, irei pará-los.

O olhar de Jett voltou para o meu, as sobrancelhas levantadas em

surpresa.

— Isso mesmo. — Eu disse. — Eles vão querer te matar por isso, mas irei

te perdoar. Será o suficiente que eu saiba, que tenho três companheiros que

me amam. E que o único companheiro que você terá para o resto da vida, é o

arrependimento.

Os olhos de Jett endureceram.

— Você está sendo irracional. — Disse ele. — Tudo o que te pedimos, é a

sua cooperação. Quando os vampiros se forem, você verá que valeu a pena.

— Se você estivesse pedindo minha cooperação, eu teria uma escolha. —

Disse. — Poderia recusar, e você respeitaria isso. Você não está perguntando,
Jett. Está pegando o que quer se eu concordar ou não. Está transformando

vampiros em humanos, se eles concordam com isso

ou não. Talvez eles gostem de ser vampiros tanto quanto gostamos de ser

shifters. Será que você gostaria se alguém tirasse sua pantera?

As narinas de Jett se abriram e ele olhou para mim.

— Posso ver que não vamos conseguir chegar à qualquer lugar esta

manhã. — Disse ele. — Venho te visitar mais tarde. Espero que tenha chegado

a seus sentidos até então, e você verá que, esta é a única maneira que os

shifters vão encontrar a paz. Não sei como não percebeu isso duas semanas

atrás. Os vampiros nunca vão parar de atacar até que você esteja morta,

Ariana. Eles nunca vão deixá-la viver agora que sabem o que você pode fazer.

Você é uma arma biológica para o seu povo. Ou nós os exterminamos, ou eles

te matam. Há apenas uma escolha para fazer aqui, você ou eles?


Capítulo Onze

CASH

“Você ligou para Jett. Deixe um recado."

Eu rosnei e desliguei a chamada em meu telefone. Devo ter ligado para o

alfa das panteras cem vezes, mas ele ainda estava nos evitando. A inquietação

se apoderou de mim, inchando em uma bola de pavor no fundo do meu

estômago. Eu vi no caminho, Maximus e Owen trocarem um olhar

desconfiado toda vez que Jett não respondia. Vi o lampejo de suspeita em seus

olhos, mas não podia relacioná-lo com o homem com quem eu cresci. Jett e eu

podemos não estar tão próximos quanto fomos uma vez, mas eu ainda

gostava de pensar em nós como amigos. Um amigo não iria me trair.

Fechando os olhos, respirei fundo antes de abri-los novamente. Olhei

para o céu noturno escuro cintilando com estrelas. Você não teria esse tipo de

visão na cidade.

— Nenhuma resposta? — Maximus perguntou.

Suspirei.

— Não.
Eu não precisava me virar para saber que os alfas estavam mais uma vez

trocando um olhar. Eles pensavam que Jett não estava fazendo nada bom, e

eu estava começando a concordar com eles. Fazia horas desde que Jett

atendeu seu telefone. Ou algo tinha acontecido com ele, ou ele estava

tramando alguma coisa.

Eu esperava que fosse o primeiro, apesar do fato de que isso significava

que ele estaria em apuros.

— Vou tentar Cassandra. — Eu disse. Abri minha lista de contatos e rolei

até encontrar a irmã de Jett. Embora ela fosse alguns anos mais nova que Jett,

sempre seguiu Jett e eu quando éramos amigos. Ele era apenas um

adolescente, e eu mais ou menos... algo parecido, em anos de dragão. Jett

sempre tentava largar sua irmã, gritando para ela nos deixar em paz, mas não

me importava com ela. Quem se importava se sua irmã mais nova nos seguia

para a floresta enquanto eu esticava minha asas e Jett suas patas?

— Boa ideia. — Disse Owen. — Talvez ela tenha falado com ele.

Digitei o número da irmã de Jett, segurei o telefone no ouvido e ouvi o

zumbido por apenas meio segundo antes que ela atendesse.

— Olá? Jett, é você? — Perguntou Cassandra. Sua voz estava alta com

desespero, puxando meu coração.

— Você não salvou meu número? Estou ferido. — Eu disse, um sorriso

puxando meus lábios. Na verdade, ela provavelmente me odiava mais que


Jett. Após a morte de seu pai, Jett me culpou, e cortou a amizade. Claro que

isso significava que eu não tinha falado com Cassandra desde então. Ela

cresceu de uma irmã traquina seguindo seu irmão para uma poderosa,

respeitada segundo em comando naquela época, mas ela sempre seria a

pequena Cassie para mim. Para ela, eu provavelmente seria sempre o idiota

que tinha feito seu irmão querer abandoná-la e sair com um dragão legal e

mais velho. Sem mencionar que ela poderia me culpar como Jett fez. Afinal,

eu era muito mais velho e mais experiente que Jett, e dei a ele o conselho que

era melhor para seu clã e pior para sua família. Na época, pensei que estava

fazendo a coisa certa. Fiz o que meus pais gostariam que eu fizesse naquela

situação. Só mais tarde, percebi que o relacionamento de Jett com seu pai

totalmente diferente do que eu tinha com meu pai. Não havia resposta certa

nessa situação. De qualquer forma, algo horrível teria acontecido. De

qualquer jeito, Jett precisaria de alguém para culpar e eu era a escolha mais

fácil.

— Você. — Disse Cassandra, interrompendo meus pensamentos

amargos. — Porra, não ouço esse sotaque há algum tempo. Onde você esteve?

Meus olhos se contraíram involuntariamente.

— Já estive melhor. — Eu disse, não queria mentir para a irmã de Jett,

mas também não podia transmitir minhas suspeitas para ela. — Ouça, eu não

posso explicar tudo agora, mas você tem notícias de seu irmão problemático?
Um silêncio ponderado permaneceu na linha por longos momentos,

fazendo um suor nervoso umedecer minhas palmas.

— Cassandra? — Perguntei.

— Estou aqui. Desculpe. — Mais uma vez, ela fez uma pausa. — Estava

esperando que você estivesse ligando porque tinha notícias dele. Eu não vi ou

ouvi falar dele em dois dias.

— Essa não é uma atitude comum dele. — Eu disse. Ele e Cassandra eram

muito próximos.

— Certo? — Cassandra suspirou. — Se você falar com ele, diga para me

ligar. Nós precisamos dele com urgência.

A curiosidade levou a melhor sobre mim.

— Há algo de errado com as panteras?

— Você sabe que eu não posso te dizer isso, Cash. Nem pergunte.

Droga.

— Bem, pelo menos eu tentei.

Cassandra riu sem entusiasmo.

— Sério, no entanto, precisamos dele. Se vocês o encontrarem, diga a ele

que Cassie disse para levar sua bunda estreita para casa.
Eu sorri.

— Eu direi.

— Obrigada, tenho que ir, o dever chama.

— Falo com você depois, Cassie. — Eu disse.

— Até outra hora. — A linha foi morta e eu soltei o suspiro que mantinha

preso em meu peito.

— Ela não ouviu falar dele, também? — Owen adivinhou.

Voltei-me para a sala de estar. Owen sentou-se para a frente no sofá

aninhado junto à lareira, com os cotovelos nos joelhos e as mãos cerradas.

Balancei a cabeça.

— Não.

Maximus levantou de repente, um grunhido retumbando de sua

garganta.

— Não acredito que foi aquele felino bastardo.

— Não devemos tirar conclusões precipitadas. — Eu disse. Defenderia

meu velho amigo até que eu tivesse certeza que algo estava errado. Embora

minha conversa com Cassandra tivesse confirmado que algo estava

acontecendo com as panteras, parecia que Jett os estava ignorando também.

O que isso significava?


Onde você está Jett?

Owen sentou-se no sofá de couro.

— Vamos nos acalmar. Nós não sabemos o que está acontecendo com Jett.

Estamos apenas irritados por causa da espera.

Eu gemi internamente. A espera, era agonizante. Passaram horas, desde

que enviei uma mensagem à meu amigo policial e ainda nada. Eu sabia que

tinha que ser paciente, mas estava ficando cada vez mais difícil.

— Acho que todos nós sabemos o que está acontecendo. — Maximus

retumbou.

Minhas sobrancelhas franzidas.

— O que?

— Jett está envolvido nisso de alguma forma. De que outra forma, você

explica sua súbita ausência ou sequência de comportamentos suspeitos?

— Pode haver uma centena de coisas acontecendo agora. — Argumentei.

Se não fosse Ariana, eu poderia argumentar que Jett tinha uma nova mulher

em sua vida, e ele estava se esgueirando para ficar com ela. Mas embora o alfa

das panteras não quisesse admitir isso, vi o olhar em seu rosto quando ele viu

Ariana pela primeira vez. Ele era tão dela quanto qualquer um de nós. Ele só

não tinha aceitado ainda.


— Claramente, algo está acontecendo. — Disse Owen. Ficando de pé,

segurando as mãos para cima em um gesto tranquilizante. — Mas não

queremos acusar Jett de nada ainda. Certo, Maximus? — O urso alfa estreitou

os olhos para o lobo.

Eu nunca tinha visto alguém mais dominante que Maximus, mas no

segundo que o vi com os ombros caídos e se sentando, olhei para Owen

maravilhado. Será que ele percebe o que acabou de fazer?

— Vamos todos nos sentar e ficar calmos. Tenho certeza que vamos ouvir

de seu amigo a qualquer minuto, Cash. — Owen sentou-se de novo, com o pé

quicando ansiosamente apesar da calma em sua voz.

— Você está certo. — Eu disse. Escorreguei ao redor do sofá e me juntei

à Maximus no longo sofá de três pessoas. — Qualquer minuto.

Owen sorriu com firmeza e assentiu.

— Qualquer minuto.
Capítulo Doze

ARIANA

Será que eles...

As palavras de Jett ecoaram em meus sonhos, junto com um filme sem

fim dos ataques de vampiros. Assisti impotente quando cada um dos meus

companheiros era morto, e eu era tudo o que restava. Quando as lágrimas

finalmente pararam e minha besta interior queimava por vingança, não

importava o quanto eu tentasse, eu não podia pará-la. Eles foram todos

embora. Meu animal. Minha loba. Eles foram arrancados de mim e fiquei fraca

e sozinha. Para todos os efeitos, eu era humana.

Isso é o que Jett queria que eu fizesse aos vampiros, e depois de

testemunhar meus Companheiros sugados até secar diante dos meus olhos,

eu estava tentada a deixar isso acontecer. Deixar que os Vampiros sejam

apagados desta terra. Se eles matarem meus amigos, eu não teria razões para

viver.

Mas antes que eu pudesse ser libertada dos meus pesadelos, havia uma

última coisa que meu subconsciente queria que eu visse: as consequências de

minhas ações. Se eu não ouvisse Jett, a Dra. Siegfred e os humanos, não só

meus companheiros seriam levados de mim, mas também seus clãs. Os ursos
seriam eliminados. A família de Owen. A matilha de Maximus, os lobos que

me acolheram em sua casa, seriam mortos. Todo o Conselho dos Dragões

queimaria e os shifters de Nova York seriam apagados da história.

Apertei meus olhos e gritei, colocando pra fora a frustração que sentia em

meus pulmões, até minha garganta doer e eu não conseguir mais respirar. Só

então apareceu uma luz no fim do túnel, meu nome sussurrado na brisa. Me

buscando... me chamando...

Luz explodiu diante dos meus olhos quando finalmente acordei dos

meus pesadelos. Estava coberta de suor e ofegante como se tivesse acabado

de correr uma maratona. Eu puxei minhas pernas até meu peito, respirando

profundamente até que as batidas no meu peito diminuíssem, e as imagens

sangrentas sumissem de minha mente.

Eu estava exausta. Parecia que estava correndo a noite toda. Como era

possível eu estar mais cansada agora do que antes de dormir? Suspirei e fechei

meus olhos.

— Ariana.

Eu pulei, meus olhos arregalaram quando corri para fora da cama. O piso

de metal queimando meus dedos com frio, e eu pisquei surpresa com a Dra.

Siegfred ao lado da minha cama.

— Bom dia. — Muriel disse, um sorriso divertido no rosto. — Não queria

te assustar.
— Bem, mas assustou. — Respondi, minha garganta doendo. Essa prata

coloidal era uma verdadeira cadela.

— Desculpas. — Disse Muriel. — Mas tenho uma surpresa para você.

Olhei para a médica e vi uma cadeira de rodas ao lado da porta aberta.

Dois guardas estavam de cada lado e eu podia ver mais através da porta.

— Onde estamos indo? — Eu perguntei. Isso tinha armadilha escrita por

toda parte.

— Como eu disse, tenho uma surpresa. — Muriel sorriu e fez sinal para

que me sentasse.

Olhei entre a médica e os guardas. Embora gostasse de pensar que aceitei

a opção de sentar na cadeira de rodas e deixá-los amarrar meus tornozelos e

punhos a ela, não havia escolha. Ou eu fazia o que eles disseram, ou ficaria

nesse pequeno quarto de laboratório e voltaria para meus pesadelos.

— Boa menina. — Murmurou Muriel. Ela pegou as alças da cadeira de

rodas e me virou para a porta, empurrando-me para fora enquanto os guardas

andavam alguns passos para trás. — Eu quero que você tenha uma ideia

melhor do que fazemos aqui e para que estamos trabalhando. Eu sei que você

vai concordar, mesmo que leve tempo. Talvez isso ajude a te mostrar a direção

certa.

Revirei meus olhos. Eu não pude evitar. Todos eles queriam que eu

brincasse de rolar e fingir de morto. Queriam que eu fosse sua cachorrinha


boa, assim como Dante. Meus dedos apertaram os braços da cadeira até que

eles rangeram.

Eu não sou animal de estimação de ninguém.

Enquanto vivesse e respirasse, lutaria pela liberdade. Mas por agora, eu

ia colaborar. Meus companheiros nunca desistiriam. Eles estavam vindo para

mim. Eu só teria que sobreviver até lá.

Muriel parou e ouvi um clique quando ela trancou as rodas da cadeira,

andou em volta até ficar na minha frente.

— Eu quase me esqueci. — Ela pegou uma pequena garrafa de spray no

bolso da blusa. Não chegava ao tamanho de um tubo de batom, mas tinha

mais poder do que o meu corpo shifter.

Recuei com a visão e desesperadamente chamei meu lobo. Eu ouvi o mais

fraco dos choramingos antes de um dos guardas agarrar minha cabeça e forçar

minha boca aberta. Muriel borrifou na minha boca uma vez e depois recuou.

A dor passou através de mim e desceu pela minha garganta como fogo

líquido. Gemi quando drenou em meu estômago, me deixando nauseada.

— Desculpe querida. Medida de precaução. Você entende. — Muriel

destravou a cadeira e continuou me empurrando pelo corredor branco liso,

com guardas em todas as outras portas. — Estamos testando seu sangue. —

Continuou Muriel como se eu não estivesse em pura agonia. — Os resultados

são muito interessantes. Nós queríamos ver o que aconteceria com o sangue
de um vampiro se ele entrasse em contato com o seu, e garota, fiquei surpresa.

Quando você dá uma olhada no seu sangue e no do vampiro através de um

microscópio, o seu ataca as células vampíricas, consumindo e substituindo-as

com novas células vivas. É extraordinário.

Minha cabeça girou quando meu corpo se aclimatou à prata. Lentamente,

o mundo endireitou em si e a agonia na minha garganta se transformou em

uma dor surda.

— Agora, nós não sabíamos como seu sangue reagiria ao sangue shifter,

veja, já que suas células ataca os outros. — Continuou ela.

Eu bloqueei a maioria das divagações de Muriel até ela mencionar a

experimentação com sangue shifter. Meu corpo ficou frio enquanto pensava

em outros shifters sendo mantidos aqui só para ser injetado com o meu

sangue. Isso era doente. O pior foi a Dra. Siegfred falar como se fosse a coisa

mais excitante do mundo.

— Mas quando misturado com o sangue de seu amigo, nada aconteceu.

Seus olhos azuis brilhavam de excitação. — Literalmente nada. Eu não pude

acreditar.

Muito obrigada inferno.

— Sangue do meu amigo? — Eu perguntei. Meu cérebro ainda estava

processando lentamente, o nevoeiro que se instalava toda vez que me

atingiram com prata.


— Seu amigo pantera, Jett.

Então Jett estava permitindo que eles experimentassem sobre ele agora

também? Eu me arrepiei. "E ele escolheu isso? ”Apesar do fato de que Jett

tinha me colocado aqui, parte de mim se preocupava que eles mudaram de

ideia sobre trabalhar com ele e o jogaram numa gaiola em algum lugar.

Ele merecia totalmente, mas eu não era tão insensível a ponto de desejar

isso ao meu pior inimigo.

— É claro. — Disse Muriel, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Suspirei. Claro. Muriel continuou seu pequeno discurso enquanto me

levava por um longo corredor que se transformou em outro. De repente,

ocorreu-me que estava fora do meu quarto. Eu estava um passo mais perto da

liberdade.

Meu coração disparou e meus dedos se apertaram nos braços da cadeira.

Eu tentei respirar fundo e relaxar através do monólogo sem fim que Muriel

tinha preparado. Eu inspecionei o corredor quando trouxe de volta à mente a

rota que tínhamos percorrido. Nós tínhamos apenas virado duas vezes, e eu

não tinha visto nenhum sinal de saída ou janelas. Isso significava que

estávamos no subsolo? Ou eles estavam apenas mantendo sua Base dos Super

Vilões sem janelas, então eu não tentaria pular para fora na primeira que

visse?
— Estamos aqui! — Muriel parou ao lado de uma porta idêntica a todas

as outras do longo corredor branco. Ela passou o cartão-chave sobre o painel

ao lado da porta, que se abriu. A médica entrou, me empurrando primeiro

enquanto os guardas se aglomeraram atrás de nós.

As luzes piscaram em nossa entrada para revelar outro quarto

semelhante a um laboratório. Pisquei através das manchas brancas dançando

na frente dos meus olhos até que eu pudesse enxergar duas células diferentes

do outro lado da sala. Ambas eram como cubículos de vidro com outro

pedaço de vidro entre eles. Havia uma cômoda no canto de cada um, e um

pequeno berço do outro lado.

— Isso é o que eu queria mostrar para você. — Muriel disse, sua excitação

aumentando.

Balancei a cabeça.

— Eu não entendo.

— Vou explicar em apenas um momento, querida. — Muriel trancou as

rodas na minha cadeira, deixando-me diretamente entre os dois quartos para

que eu pudesse dar uma boa olhada em seus habitantes.

Olhei para duas pessoas: as duas mulheres, uma humana e uma vampira.

A vampira da esquerda parecia doente, com pele acinzentada e olhos

encovados. Ela respirava fortemente, algo que tinha certeza nunca ter visto

um vampiro fazer antes. Seu cabelo cacheado castanho caía sem vida ao redor
de seus ombros e na frente de seu rosto. Ela olhou para Muriel, seus olhos

vermelhos cheios de ódio.

Eu olhei para a humana, uma jovem mulher com cabelo laranja claro,

sardas e olhos verdes vívidos. Ela se aconchegou na esquina da cama, com os

braços finos embrulhados em torno de suas pernas. Ela não parecia doente

como a vampira, mas ela estava pálida e tremia da cabeça aos pés.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntei. Quanto mais eu olhava as

duas mulheres, mais preocupada ficava. O medo frio reuniu-se na boca do

meu estômago, me deixando ansiosa.

Muriel virou-se para me encarar, uma espécie de controle em uma mão e

uma prancheta dobrada debaixo do braço.

— Você conhece Jade, Ariana? A mulher humana.

Minhas sobrancelhas franzidas. Eu a conheço? Olhei de volta para a

mulher frágil que finalmente se virou para nós com olhos largos e suplicantes.

— Acho que não.

— Não importa. — Disse Muriel. Ela ficou ao meu lado, com um sorriso

estampado no rosto. — Você virou essa mulher. Jade costumava ser um

vampiro.

Eu ofeguei involuntariamente e girei minha cabeça para encarar a

mulher. Seus olhos verdes encontraram os meus, milhares de emoções


rolando através de sua expressão, o mais vívido deles me fazendo estremecer.

Ódio. Essa mulher nem me conhecia mas me desprezava. Ela realmente

amava tanto ser um vampiro?

— Você sabe o que acontece com um vampiro curado se eles forem

mordidos de novo? — Muriel perguntou.

Meu sangue gelou. Ambas as mulheres enjauladas ficaram tensas, medo

escrito em seus rostos.

— Você não iria. — Eu disse. Finalmente entendi. Doutora Siegfred

trouxe-me aqui como testemunha. Ela queria que eu assistisse a sua pequena

experiência científica, para que visse como meu sangue afetaria aqueles que o

consumiram.

— É tudo pela ciência, Ariana. — Disse a médica. — Demorou semanas

para encontrar um dos vampiros que te atacaram, e foi ainda mais difícil

capturá-la. Agora, estamos prontos para responder a uma das perguntas que

tem sido insistente em minha mente.

Lentamente virei meu olhar das gaiolas, para ver o olhar maníaco nos

olhos de Muriel. Ela não tinha ideia do que aconteceria, assim como não tinha

ideia ao misturar meu sangue com o de Jett. Isso tudo poderia dar errado.

Posso não ter lido muito, mas conhecia a história de Frankenstein. Este era um

jogo perigoso, que a médica estava brincando.

— Estas são pessoas. — Eu rosnei. — Você está as machucando.


Muriel zombou.

— Elas estão seguras enquanto estiverem conosco. — Cortando meu

próximo argumento com um movimento de sua mão. — Existem três

possibilidades que eu acredito ter mais relevância. Um, o humano que é

mordido será transformado em um vampiro. Dois, o vampiro que morde o

humano também se tornará humano. E três, o vampiro vai morrer.

Antes que eu pudesse processar o que ela disse, Muriel segurou o

controle na mão dela e apertou o botão. Um clique ecoou na sala, e a parede

de vidro entre as gaiolas recuaram para a parede do fundo.

Os olhos do vampiro se arregalaram e ela se levantou.

— Por favor, não faça isso. Não quero machucá-la.

Eu recuei de surpresa. O vampiro não queria ferir um humano?

— Petra. — Muriel repreendeu. — Nós conversamos sobre isso.

O vampiro, Petra, agachou contra a parede, o mais longe da humana que

ela podia. Sua respiração ficou ainda mais irregular quando as presas a

cutucaram no lábio inferior. Ela gemeu e fechou os olhos, batendo a cabeça

contra a parede.

— Você é um maldito monstro. — Ela gritou.

— Vamos lá. — Muriel cutucou. Ela parecia estar gostando da agonia de

Petra.
O vampiro segurou seu estômago e cobriu o nariz. Eu percebi que ela

estava tentando bloquear o cheiro de Jade.

— Você deve estar com sede, Petra. — Continuou Muriel. — Nós não te

alimentamos há semanas. Como você pode resistir ao seu jantar?

— Jantar? — Jade guinchou.

Petra olhou para cima. Seus olhos vermelhos estavam com fome e sua

pele estava pálida. Nunca vi vampiros parecerem tão... feios.

Muriel riu alegremente.

— Ela está prestes a desmoronar!

Eu estremeci, lutando contra a vontade de pular e ir em defesa de Jade

quando Petra finalmente desistiu. Em um borrão, ela voou pela sala e pulou

em cima do humano. A garota gritou quando Petra afundou suas presas na

lateral do pescoço de Jade, o vampiro deu alguns puxões antes de pular para

trás, batendo na parede de vidro. Ela engasgou e cuspiu, vomitando sangue

no chão.

— Ela tem gosto de morte. — Petra sussurrou.

— Vamos lá, agora, Petra. — disse Muriel. — Você sabe que não é tudo o

que você deveria fazer. Transforme-a.

— O que? — Eu estalei. Meu coração disparou quando puxei minhas

restrições.
— Transforme-a. — Muriel disse novamente, com mais força desta vez.

Petra olhou de Muriel para a garotinha gemendo em sua cama.

— Eu não posso. — Ela respondeu. — Eu prometi nunca transformar

ninguém a força.

— Petra. — Muriel rosnou. — Transforme-a, e nós lhe daremos um

humano de verdade. Não faça, e nós vamos apenas ter um participante mais

disposto a substituí-la.

Petra empalideceu. Eu entendia sua dor e medo. Se ela se recusasse, eles

poderiam usar alguém violento que não se importava com humanos para

fazer o trabalho, e sua relutância seria por nada.

— Por favor, deixe-me ir. — Jade chorou. Lágrimas escorriam por suas

bochechas, pingando do queixo dela. — Por favor. Não vou contar a ninguém.

Eu só quero ir para casa.

Os lábios de Petra se separaram silenciosamente. Eu não pude acreditar

no que estava vendo, isso não era justo, para ninguém envolvido.

— Faça isso, Petra. — Muriel estalou.

Petra segurou o cabelo dela, segurando a cabeça com as duas mãos.

Muriel estalou o nome dela mais uma vez, antes de Petra voar pela sala. Ela

rasgou seu pulso com os dentes, enviando sangue através do vidro. Então,

forçou a ferida na boca do humano.


Todos nós assistimos em silêncio enquanto Jade lutava. Uma lágrima

respingou na bochecha de Petra, e ela finalmente se afastou. Pressionando

seus lábios perto do ouvido de Jade, ela sussurrou um pedido de desculpas.

A humana caiu contra a parede, os olhos fechados. Isso era o que eu

temia, e que as teorias de Muriel não explicavam e se o vampiro matasse o

humano? Lágrimas picaram a parte de trás dos meus olhos. Como poderiam

fazer isso? Até quando eles poderiam se safar disso? A garota era humana

pelo amor de Deus. Claro, ela tinha sido um vampiro, mas ela era um deles

agora! Era assim que os humanos tratavam seu próprio tipo?

Jade empurrou o berço. Petra deu um passo para trás e apertei os braços

da minha cadeira.

Por favor, esteja viva...

O berço inteiro tremeu quando o humano se agarrou de repente,

tremendo na cama, espuma pingando de seus lábios.

— Ela está morrendo. — Petra chorou, caindo de joelhos ao lado da cama.

— Ajude-a. — Eu retruquei.

Muriel nem olhou para nenhuma de nós. Seus olhos estavam colados a

Jade quando uma rachadura ecoou no espaço oco. Eu congelei, meu pulso

batendo nos meus ouvidos.


A pele pálida e sardenta da humana ficou cinzenta e dura. Fios do seu

cabelo laranja começaram a cair de seu couro cabeludo, lentamente a

princípio, e depois em grandes aglomerados. Suas mãos agarraram as bordas

de metal do catre, seus dedos torcendo e suas unhas escurecendo antes de se

transformar em garras.

Minha boca se abriu quando a menina uma vez frágil se transformou em

um monstro diante de meus olhos. Era como assistir a um velho filme de

terror sobre Drácula, exceto que Dracula foi subitamente misturado com A

Coisa. A criatura diante de mim não era humano, mas não era vampiro

também. Era uma coisa cinzenta, sem pelos, com olhos negros e dentes

alongados grandes demais para a boca. Seu corpo foi remodelado até seus

ossos se projetavam, e ele se arqueava, a vértebra se projetando para baixo de

sua espinha.

Petra foi a primeira a se mover. Ela voou de volta para sua própria cela,

um grito rasgando da garganta dela. O monstro virou os olhos para Petra, um

filme branco e fino como uma pálpebra extra piscando de lado sobre seu olhar

sem vida.

O monstro recuou em suas patas traseiras, que pareciam quase

quebradas e torcidas para trás no joelho. Ela abriu bem os braços e gritou,

desnudando várias fileiras de dentes para nós.

— Feche a porta! – Exclamou Petra, encolhida no canto.


Eu olhei entre o vampiro e o monstro enquanto girava em direção a Petra,

um grunhido retumbou de sua garganta.

— Feche! — Eu gritei, puxando contra minhas restrições.

Dra. Siegfred piscou como se estivesse fora de um estupor e levantou o

controle remoto, acertando o mesmo botão que tinha antes. O portão apareceu

lentamente da parede, para fechar as células umas das outras.

A besta gritou novamente, o som rangendo contra meus ouvidos e me

fazendo estremecer. Ele se agachou, pronto para saltar, e então se lançou na

parede de vidro, rosnou, assobiou e cuspiu, ajeitando suas garras enormes no

vidro, tentando calçar as mãos entre as células. Mas a porta não parou e o

monstro foi forçado a recuar.

Minha respiração irregular finalmente diminuiu, quando a parede de

segurança se encaixou, bloqueando Petra do monstro. Ainda assim, continuei

boquiaberta, incapaz de acreditar no que acabara de acontecer.

Muriel se virou das gaiolas, os olhos ainda inchados.

— Bem, não foi o que eu esperava.


Capítulo Treze

ARIANA

A Dra. Siegfred mal parecia notar que eu estava na cadeira, enquanto

corria de volta ao meu quarto. Procurei por saídas todo o caminho, finalmente

vendo uma, ao longo do corredor que estava mais mal iluminado que o resto

do laboratório.

— Isso foi extraordinário. — A médica meditou, mas eu não poderia dizer

se ela estava falando comigo, com os guardas ou consigo mesma. — Me

pergunto se fará o mesmo com todos, nunca vi uma criatura assim.

Eu tentei acalmar meu coração martelando, estremecendo com a

memória daquela fera atirando-se contra o vidro. Fosse o que fosse, com

certeza não era humano, e não era um vampiro também. Não pude deixar de

ficar ainda mais aliviada por meu sangue não ter feito nada à Jett. Não

significa que me importo com ele, já lutei com muitos shifters, e nunca tinha

escapado ilesa. Além disso, eu era um shifter, então é claro que meu sangue

não afetaria minha própria espécie.

O julgamento de Muriel para ver se funcionaria em shifters me

preocupou mais do que os resultados. Ela me prometeu no primeiro dia que,

só queria transformar vampiros em humanos, mas e se algo pudesse


transformar os shifters em humanos também? O que iria acontecer quando

sua organização decidisse que outra espécie era uma ameaça? Eles estavam

realmente tentando erradicar todos os sobrenaturais ou pelo menos manter a

possibilidade em seu poder?

Ela me depositou no meu quarto e prontamente saiu, ainda se

maravilhando com a transformação que causamos. Eu tremi com o

pensamento e, em seguida, com a imagem do monstro grotesco que meu

sangue criou. Mesmo que a médica tenha definido e executado o plano, eu

não podia negar que tinha feito um papel, mesmo sem querer. Meu sangue

era... Algo pior que tóxico. Meu sangue tinha poder para fazer isso com

vampiros, quer eu queira ou não. Não os fazia humanos, os tornava

monstruosos.

Sim, os vampiros que trabalhavam para Dante tinham sido idiotas, mas

então, eu trabalhava para Dante também. Ninguém sob seu escrutínio tinha

muita escolha no assunto. Eles me insultaram cruelmente, mas foi pior do que

eu fiz? Matei por ele, às vezes pessoas da minha própria espécie.

Comecei a andar pela sala, embora mal tivesse energia. A adrenalina

sozinha alimentou minha agitação. Sim, vampiros nos atacaram várias vezes.

Eu os matei para me proteger e meus companheiros. Mas não odiava todos

eles. Depois de ver Petra, era óbvio que nem todos eram maus. E depois de

ver o monstro criado com meu sangue...

Me senti mal com o conhecimento do que corria pelas minhas veias.


A porta se abriu e Jett entrou. Meu lobo despertou e ganiu,

lamentavelmente, não entendendo porque nosso cônjuge não estava nos

salvando desse inferno.

Antes que eu pudesse detê-las, as palavras saíram da minha boca.

— Jett. — Disse com a voz embargada. — Você sabe o que a médica está

fazendo? Ela é louca. Você tem que me tirar daqui.

Surpresa brilhou em seu rosto.

— O que aconteceu?

— Ela transformou um vampiro em... em ... — Minha respiração engatou

quando o horror da cena tomou conta de mim novamente, e meus joelhos

ameaçaram ceder.

— Ariana. — Disse Jett, usando o meu nome pela primeira vez. Ele correu

para a frente, suas mãos fechando em volta dos meus braços, me segurou

próximo à seu peito, e me encontrei querendo puxá-lo para mais perto, para

enrolar em seus braços fortes. — O que houve? — Perguntou. — Você está

bem?

Por um longo momento, ficamos nos encarando. Meu batimento cardíaco

parecia difícil e engraçado, mas meu olhar permaneceu trancado nos olhos

quentes e marrons de Jett. De repente, não tinha certeza se era apenas a prata

me deixando fraca.
Ou eu sendo idiota. Este homem não era meu companheiro. Ele era o

inimigo.

— Claro que não estou bem. — Eu disse, afastando-me. — Estou sendo

envenenada, lembra? E falando em veneno, meu sangue transforma vampiros

em... monstros. Não apenas em humanos. Eu sou literalmente letal.

Os lábios de Jett pressionaram juntos.

— Tenho certeza de que não é verdade.

— Porque você não viu. — Eu disse, afundando na beira da cama. — Você

provavelmente pode, no entanto. Aposto que a médica está mantendo-a lá

para tentar mais de suas experiências sádicas com ela. Ela era humana, Jett. E

então ela virou... — Um estremecimento me impediu de terminar.

— Não foi sua culpa. — Disse Jett, sentando-se ao meu lado e esfregando

uma mão suavemente nas minhas costas. — Nenhum de nós pode mudar o

sangue que corre em nossas veias. Você não pode evitar isso, mais do que você

pode deixar de ser uma loba, ou eu possa deixar de ser uma pantera.

— Você está certo. — Disse, afastando a mão dele. — Não é minha culpa.

É sua.

Eu olhei para Jett e sua expressão preocupada começou a endurecer. Meu

lado shifter idiota, sentiu uma ponta de decepção, querendo nada mais do que

se conectar a ele novamente, da maneira que estivemos no momento anterior.


— Eu vou falar com a doutora. — Disse Jett, em pé e se afastando da

cama, dando as costas para mim. — Ela não deveria ter feito você testemunhar

isso. Não há necessidade disso.

— Não há necessidade de eu saber o que você está fazendo com o meu

sangue?

— Não imaginei que faria isso. — Disse Jett. — Eu só estou tentando fazer

o que é certo, igual a você.

Eu bufei.

— Me mantendo prisioneira e me administrando veneno é o que é certo?

Nossa, Jett Sua bússola moral nunca deixa de surpreender.

— Ainda bem que posso impressioná-la. — Disse Jett, parando na porta

e virando de volta para mim. — E às vezes, Ariana, o que é certo para o bem

maior não é beneficiar uma ou duas pessoas ao longo do caminho. Nem todo

mundo pode ganhar todas as vezes.

— Acho que sou a perdedora então. — Eu disse. — Obrigada pela valiosa

lição. Irei dizer a minha loba da próxima vez que ela chorar, porque alguém

está empurrando veneno em nossa garganta.

A mandíbula de Jett se apertou e uma expressão de dor atravessou seu

rosto.

— Se você apenas colaborasse...


— Não serei cúmplice do que ela está fazendo. — Eu disse. — De jeito

nenhum. Ela está fazendo algo dez vezes pior que um vampiro. Vá ver por si

mesmo, caso não acredite em mim.

— Eu poderia fazer isso. — Disse Jett.

— Tudo bem. — eu disse. — Tire a prova dos nove.

Balançando a cabeça, ele se virou e saiu pela porta, desaparecendo no

corredor do lado de fora do meu quarto.


Capítulo Quatorze

JETT

Saí do corredor sentindo-me o maior idiota que já existiu.

Sim, Ariana estava sendo um pouco infantil, mas eu não estava melhor.

Caí direto na armadilha de chegar a esse nível e discutir como uma criança. E

pior, a porra de minha pantera estava ficando louca com alguma besteira

instintiva sobre salvá-la.

Não. Salvamos o mundo primeiro. Então a garota.

Mesmo se eu a deixasse ir, sabia que Ariana não veria nada nobre em

minha atitude. E por que ela iria? Depois do que eu fiz, depois de ajudar os

humanos a trazê-la aqui, ela não tinha razão para confiar em mim ou ver algo

de bom em mim. E eu não tinha razão para querer isto dela.

Fiquei dizendo a mim mesmo, até que o meu telefone tocou no meu bolso

mais uma vez. Eu o deslizei para fora e verifiquei a tela. Tinha pelo menos

uma dúzia de mensagens, a maioria de Cash. Porra. Vi um par de chamadas

perdidas dele também, mas eu não quero lidar com eles ainda. Tinha uma

mensagem de Cassie que parecia uma boa alternativa, então segurei o telefone

no ouvido enquanto me dirigia para o consultório da Dra. Siegfred.


— Sério, Jett? Você vai me deixar na mão, agora? — Cassie exigiu em vez

de uma saudação. — O clã está deliberando sem você, espero que saiba disso.

Até você voltar, eu estou tomando todas as decisões, e não estou me

desculpando. — Ela parou para respirar. — Além disso, os outros clãs

panteras têm perguntado sobre nossa intenção de participar da Aliança das

Panteras Americanas. Estava esperando você voltar antes de dar-lhes uma

resposta, mas desde que, não sei quando será isso, eles provavelmente nos

deixarão de fora.

— Porra. — Murmurei.

— Ou talvez eu apenas decida por nós. — Cassie continuou a mensagem.

— Este é meu trabalho como seu segundo, depois de tudo. Divirta-se na

cidade maluca ou onde quer que você tenha fugido.

Ela desligou sem um adeus. Eu cheguei ao consultório da médica, mas

pausei para tocar um texto rápido antes de entrar.

Diga-lhes que estamos dentro. Não posso sair ainda, mas voltarei em

breve. Obrigado por cuidar das coisas enquanto eu estiver fora.

Enviei a mensagem e cometi o erro de tocar na mensagem de Cash. Havia

pelo menos uma dúzia de mensagens. Eles queriam saber onde eu estava e

porque eu não estava vindo para ajudar. Eles estavam a caminho de encontrar

Ariana, tinham rastreado a van.


Porra. Claro que eles tinham. Uma pequena parte de mim deveria saber

que eles iriam, até queria que eles o fizessem. Por que mais eu teria dado a

eles a filmagem?

Ainda assim, eu achava que a médica já seria capaz de replicar o que quer

que houvesse no sangue da Silver Shifter, que mudava vampiros em

humanos. Estava contando com isto. Agora, tudo o que ela tinha era um

monte de amostras, insuficiente para transformar os vampiros em Nova York,

quem dirá os do mundo.

Minha frustração cresceu até que eu quis bater meu punho pela parede.

Em vez disso, chutei a porta da médica. Ela precisava lembrar que eu estava

cooperando com tudo isso, não que eu fosse outro de seus internos. Eu

poderia ir embora a qualquer momento.

Exceto... Ela tinha Ariana. Se eu fosse embora, não poderia levá-la

comigo, os humanos a levaram. Eu disse a eles onde encontrá-la.

Muriel pulou e se virou para mim, longe de um filme que ela estava

assistindo em suas telas duplas de computador. No vídeo, pude ver duas

camas configuradas, e nelas uma mulher, em cada.

— Jett. — Disse Muriel, saltando para seus pés. — Estou tão feliz por você

estar aqui. Você não vai acreditar no que o sangue do shifter fez para aquele

vampiro que se tornou humano.


— Ilumine-me. — Eu gritei, cruzando os braços e franzindo a testa para

ela. Muriel pode ser a responsável aqui, mas também era apenas uma

humana.

Ela que não parece se lembrar que eu poderia quebrá-la ao meio como

um galho se eu quiser. Que eu era literalmente um predador na minha outra

forma, e ela era a presa. Seus olhos brilhavam com uma excitação maníaca

quando agarrou meu braço e me arrastou mais perto de sua mesa.

— Eu não consigo parar de assistir. — Disse ela. — É incrível! É algo além

do que eu imaginava. Não é vampiro ou humano, nem shifter ou bruxa, mas

um ser inteiramente novo. Seu sangue... faz mágica, Jett. Ela é como uma

deusa! Colocou uma nova espécie nesta terra.

Não gostei do som disso.

Atrás dela, nas telas, o vampiro atacou o humano patético na outra cela.

Eu desviei meu olhar, enojado.

— Eu trouxe Ariana aqui, para que pudéssemos transformar vampiros

em humanos. — Eu disse. — Então eles não poderiam prejudicar a

comunidade shifter ou a humanidade. Não para criar alguns alienígenas

esquisitos.

— Mas isso é muito maior do que isso. — Gritou a Dra. Siegfred,

apertando as mãos. — Você não vê, Jett? Existem infinitas possibilidades. Nós
não temos ideia do que o sangue dela pode fazer! Por que, eu ainda não injetei

em um humano comum ainda.

O vampiro na tela voltou para a cama, alimentando o humano com seu

sangue para transformá-la de volta em um vampiro.

— E você não irá. — Eu disse. — O trabalho dela é curar o vampirismo,

não ser seu pequeno rato de laboratório pelo resto de sua vida.

— Bem, claro que não. — Disse Muriel. — Mas até que possamos isolar e

identificar a cura, ela vai ter que continuar doando sangue para nós. Você

pode ter começado isso, mas você não pode parar, Jett.

Eu não consegui responder, estava olhando para a criatura alienígena

grotesca que tinha se materializado nas células de vidro nas telas de

computador.

Engoli uma onda de náusea, que endureceu a uma brasa de raiva no

fundo do meu estômago.

— Você forçou Ariana a testemunhar isso? — Eu exigi, me afastando da

cena medonha. — Você é uma merda doente, sabia, doutora?

— Ela não foi prejudicada. — Disse a Dra. Siegfred, fugindo de mim

enquanto minhas mãos enrolavam em punhos. — Sei que ela é sua amiga. Ou

algo mais.
Eu podia sentir meu pulso latejando nas minhas têmporas enquanto dava

um passo mais perto. Minha pantera subiu à superfície, empurrando para ser

libertada neste humano indefeso, para fazê-la pagar pelo que fez à nossa

companheira.

— Como você ousou colocá-la nisso? — Eu rosnei, minhas garras se

estendendo contra as palmas das minhas mãos.

— Eu só... Olha, ela está bem. — Disse a médica, apontando para as telas

onde ela estava levando Ariana do quarto.

— Sabe o que vejo? Que ela não está bem. — Eu explodi, agarrando a

médica pela garganta. Eu a levantei do chão, minhas garras cortando a pele.

Ela gritou, chutando com as pernas e arranhando minha mão. Eu podia

sentir minha pantera brilhando dos meus olhos, e sabia que ela finalmente

percebeu como seria fácil para mim, a matar. O que ela não sabia era o quanto

de controle eu tinha sobre mim mesmo. Minha pantera era exatamente tão

mortal quanto a deixava ser. Se quisesse mostrar-lhe um pouco da sua

presença, eu poderia. Mas eu não tinha perdido o controle dela em quase

quinze anos, desde que meu pai morreu, e não ia começar agora.

Eu queria, no entanto. Oh, sim, eu queria. Desejava esmagar a médica

como o verme doente que ela era. Mas se eu fizesse isso, talvez os humanos

começariam a procurar por alguém que a substituísse. Eu enlouqueceria com

minha pantera presa dentro de mim para sempre. Ela era tão parte de mim

como o meu lado humano.


Mas eu havia aberto uma lata de minhocas e agora não havia como

colocá-las de volta. Se mudar a própria natureza de um ser era uma opção, a

única questão é, quem seria o próximo?

O pensamento apagou minha raiva e deixei Muriel de pé. Ela cambaleou

para trás contra a escrivaninha, a mão na garganta. Eu tinha feito um pequeno

arranhão, mas ela olhou com choque de olhos arregalados para a mão como

se tivesse cortado uma artéria.

— Você, você... — Ela cuspiu.

— Você tem o resto do dia com Ariana. — Eu disse. — Se eu fosse você,

faria seu trabalho até lá, ou vai ter que encontrar outra solução. Estou a

levando comigo, quando eu sair amanhã.

— Nós só temos algumas amostras que não usamos. — Muriel

respondeu, embora estivesse tremendo contra sua mesa.

— Então pegue mais algumas. — Eu disse. — Mas nem pense em fazer

nada com ela, estarei na sala de observação observando você a cada segundo

até então. Se colocar um dedo nela com a intenção de prejudicá-la... Bem. Já

teve um vislumbre do que posso fazer com você.


Capítulo Quinze

OWEN

— Owen, acorde. — Cash rosnou a polegadas do meu rosto.

Pisquei meus olhos abertos. O que diabos estava acontecendo? Quando

eu tinha adormecido? Lentamente me sentei, afastando as mãos de Cash que

estava sacudindo meus ombros. Sentei-me para a frente e esfreguei minha

testa. Eu podia sentir uma dor de cabeça de stress se formando em minhas

têmporas.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei, minha voz grave com o

sono.

— Eles descobriram quem é dono da van. Nós temos um endereço, —

Disse Cash, saindo da sala de estar, para pegar seu casaco preso no cabide ao

lado da porta.

— O que? — Minha respiração saiu do meu peito como se alguém tivesse

pisado em meus pulmões. Meu coração disparou quando imaginei encontrar

Ariana e segurá-la apertada em meus braços. Uma vez que a tenhamos de

volta, eu nunca a deixarei ir.


— Vamos. — Maximus latiu. Ele saltou na sola dos pés ao lado da porta,

seus olhos selvagens de excitação.

Eu fiquei de pé e peguei meu casaco. Maximus tinha acabado de abrir a

porta, quando um estranho aroma floral atingiu meu nariz, forçando-me a

recuar.

Maximus congelou, um rosnado roncando entre os dentes.

— Bruxo.

Cerrei meus dentes. Não era hora. Por que Dante teve que escolher agora

para fazer uma aparição?

— Boa tarde, senhores. — Uma voz britânica comentou do lado de fora.

Dei uma espiada pela porta, para encontrar o lacaio de Dante de pé a

poucos metros. Ele tinha um sorriso desagradável nos lábios, aprofundando

as rugas em sua pele pálida. Seus olhos verdes eram tão escuros e suas pupilas

tão largas que seus olhos estavam quase tão pretos quanto seu terno.

— O que você quer? — Eu retruquei. Me lembro desse cara, da última

vez que ameaçou Ariana. Ele tinha acabado de aparecer no território do clã

dos lobo, passar através de nossas defesas, para nos encontrar na sala

principal. Só que desta vez ele estava em território urso. Se achava que

escaparia, ao ameaçar minha companheira novamente, ele estava totalmente

enganado.
O bruxo, Nevil, eu acho, franziu a testa.

— Que maneira grosseira de cumprimentar um visitante.

— Você não é meu convidado. — Dei um passo à frente, elevando-me

sobre o pequeno velho de cabelos grisalhos. — Acho que nós deixamos

perfeitamente claros da última vez, Ariana não pertence a ninguém além de

si mesma. Você e seu mestre não são bem vindos aqui.

Nevil riu.

— Vocês, shifters, precisam aprender algumas maneiras.

Maximus bateu com o punho contra o batente da porta. Se eu não

estivesse no seu caminho, tinha certeza de que ele teria pousado o punho em

outro lugar, provavelmente bem contra a boca sarcástica de Nevil.

— Escolheu um mau momento para entrar no nosso caminho, bruxo.

A risada de Nevil morreu.

— Foi você que escolheu um mau momento para entrar no meu. — Seus

olhos se estreitaram no lobo alfa. — Parece que você descobriu a localização

da propriedade faltante do senhor Ryse. Se você me entregar essa informação,

seguirei meu caminho.

— Você quer que a gente diga onde encontrar Ari? — Cash perguntou.
— Nem no inferno. — Antes que eu pudesse pará-lo, Maximus me

empurrou, passou por mim e pulou para fora da porta.

A forma de Nevil brilhou e Maximus caiu no chão através da forma do

bruxo. Ele estava lá um momento, sua pele ondulou e o cheiro de lobo encheu

o ar.

— Maximus! — Tentei avisar.

Era tarde demais. Maximus deu lugar a um grande lobo cinzento com

olhos como ouro derretido. Seu rosnado rasgou o quintal silencioso, e então

ele se lançou.

Nevil riu ao se teleportar a alguns metros de distância. Ele reapareceu ao

lado do meu caminhão estacionado na calçada circular.

— Eu planejei conseguir o que eu preciso pacificamente, mas se você

insistir em uma luta, eu ficaria feliz em obedecer.

Um formigamento roçava minha pele, sempre que um usuário de magia

estava chamando seu poder. Um grunhido frustrado arrancou da minha

garganta quando saí da casa e desci os degraus da varanda. Cash me

acompanhou, calor flutuando dele em ondas.

— Você está mexendo com os alfas errados, bruxo. — Cash avisou.


— Deixe o território dos ursos agora e você não sofrerá nenhum dano. —

Ofereci, o bruxo estava apenas nos atrasando. Ariana estava lá fora, e

precisávamos chegar até ela.

O bruxo sacudiu a cabeça.

— É você quem deve ter medo, shifter.

Chamas flamejaram da mão do feiticeiro de repente. Eles lambiam o ar

famintas, crescendo, com quase um metro de altura. A luz laranja cintilou nos

olhos enlouquecidos do feiticeiro. Foi então que percebi que não sairíamos

daqui sem lutar.

Se queria enfrentar três shifters alfa, ok. Ele estaria correndo com

o rabo entre as pernas em minutos.

Nevil deu um passo para trás e jogou suas bolas de fogo em Maximus. O

lobo saltou do caminho das chamas, ganhando terreno com o feiticeiro. O fogo

comeu a grama onde ele ficou de pé. Olhando na direção de Cash, o encontrei

com a mão estendida. Ele puxou o fogo da grama enegrecida em sua mão.

— Você quer brincar com fogo, bruxo? Vamos jogar. — Cash jogou a bola

de fogo de volta. Os olhos de Nevil se arregalaram quando ele piscou para

longe. Quando voltou à vista, o fogo que ele tinha na mão desapareceu.

Meu coração disparou quando percebi o que isso significava. Ele pode

ser capaz de se teletransportar em todo o meu território, mas não conseguia


invocar outro feitiço enquanto ele faz isso. Se quiséssemos vencer, teríamos

que pegá-lo logo depois que ele se teletransportasse.

— Você pode lidar com o fogo, certo, Cash? — Perguntei. Meu urso

roncou para a vida ao meu chamado, sua forma maciça empurrando as

fronteiras da minha mente. Ele estava tão pronto quanto eu, para derrubar

esse bastardo de uma vez por todas.

— Entendi. — Cash gritou.

Eu sorri. Cash era um cara inteligente. Ele descobriu o trunfo que eu tinha

na manga.

— Cubra nossas costas e o pegue desprevenido. — Não podia explicar

nada mais e arriscar arruinar o plano. Então, ao invés disso, abaixei as paredes

que usei para manter meu urso por dentro. Meu urso atirou para frente ao

meu comando, seu pelo envolvendo minha pele e garras empurrando das

minhas unhas.

Soltei um rugido feroz quando caí em quatro patas maciças. Balancei,

deixando meu Urso se acomodar ao meu redor como um segundo conjunto

de pele.

Maximus e Nevil estavam presos em uma batalha constante de

teletransporte e ataque. Toda vez que Maximus pulava para a frente, tentando

morder o bastardo que se atreveu a ameaçar nossa companheira Nevil piscou

para fora da existência e reapareceu a poucos metros de distância, uma risada


em seus lábios. Mas o segundo rugido do meu urso foi liberado, e meu clã

viria correndo. Embora não fosse exatamente o mesmo que os lobos de

Maximus compartilhavam, eu podia sentir o calor de sua raiva quando

finalmente sentiram o perigo em nosso meio.

Nevil se teletransportou novamente, mantendo distância entre ele, e o

lobo alfa desta vez. Eu carreguei, minhas garras rasgando o gramado

enquanto corria para ele. O feiticeiro piscou uma vez, depois duas vezes,

enquanto Maximus saltava para ele. No terceiro piscar, ele reapareceu na

varanda, e com fogo queimando para a vida em suas mãos.

— Estou ficando cansado disso. — Disse Nevil secamente.

— É nós também. — Cash estalou, lançando uma bola de fogo no bruxo.

Mais uma vez, Nevil se teleportou para longe. Cash retirou suas chamas

a tempo de não arruinar minha casa. Eu era grato, minha mãe nunca me

deixaria viver se perdemos aquela casa. Estava na família há gerações.

Quando o feiticeiro voltou desta vez, eu estava pronto. Carreguei, um

rosnado subindo dentro de mim. Dei uma olhada em Maximus enquanto ia,

e o lobo alfa apoiou suas patas separadas, prontas para pular.

Quando Nevil desapareceu desta vez, eu derrapei até parar e me joguei

ao redor para enfrentar a direção oposta.

Maximus saltou ao mesmo tempo que eu. Assim quando Nevil

reapareceu, o lobo Alfa atingiu-o com força e ambos caíram no chão. Maximus
ajuntou suas garras no peito do bruxo, e eu agarrei uma das suas pernas no

meu maxilar robusto, mordendo com tanta força quanto pude reunir.

Um grito saiu da boca do feiticeiro, e então ele piscou para fora da

existência mais uma vez.

Esperei, ofegante enquanto examinava o jardim.

Quando o bruxo não voltou depois de vários momentos, abaixe minha

perna e olhei para os dois outros alfas.

— Acho que ele se foi. — Disse Cash. — Esse foi um bom plano.

Balancei a cabeça desajeitadamente com a cabeça grande. Sempre era

estranho fazer coisas de humano em forma animal. Eu fiz a varredura do

quintal uma última vez antes de enviar uma rápida mensagem para o meu clã

ou mais como um sentimento no nosso caso. Eles estavam seguros agora, mas

devem permanecer em alerta máximo apenas no caso.

Maximus foi o primeiro a recuar, gemendo enquanto se levantava. Ele

voltou para o alpendre e escorregou no jeans, onde haviam caído.

— Maldito bruxo. — Murmurou enquanto pegava os restos rasgados de

sua camiseta preta.

Me mexi de volta, meu urso escorregou da minha pele como água. Eu me

endireitei e estiquei meu pescoço.

— Que covarde. — Cash bufou.


— Concordo. — Eu disse. — Mas ele se foi agora e temos que ir.

Os outros alfas congelaram. À medida que a adrenalina se desvanecia, a

compreensão apareceu em seus rostos. O bruxo acabara de ser uma distração.

Agora nós temos que encontrar nossa companheira.

— Vamos! — Gritou Cash ao correr para o carro estacionado no final da

entrada de automóveis.

Maximus foi rápido em seguir.

Corri para dentro e peguei a primeira camiseta e calça jeans na minha

cômoda, desde que minha roupa tinha desfiado quando mudei para urso.

Peguei uma camiseta para Maximus, antes de sair pela porta e me juntar aos

outros. Quando deslizei para o banco de trás, joguei a segunda camisa para

Maximus que começou a se vestir.

— Vamos encontrar nossa companheira. — Eu disse. Meus dedos

enrolaram em torno dos encostos dos dois alfas, quando me inclinei para

frente.

O motor rugiu para a vida, e Cash agarrou o volante com tanta força, que

os nós de seus dedos ficaram brancos. Ele saiu da garagem, fazendo o cascalho

voar sob suas rodas. Chegamos à estrada momentos depois, indo muito acima

do limite de velocidade. Cash dirigiu-se para a cidade.

Em breve, Ariana. Nós teremos você de volta em breve.


Capítulo Dezesseis

ARIANA

O grito em meu sonho, me acordou. Apesar dos pesadelos, eu sabia que

o grito não tinha vindo de mim. O gemido subiu e caiu em um zumbido

incessante.

Sentei, mal conseguindo me manter firme. Algo dentro de mim estava

esforçando-se para sair, quando uma das minhas feras despertou. Mas

quando estendi a mão para o minha loba, ela estava tão fraca e ferida como

eu estava, e minha dragão continuava a dormir.

Os eventos do dia anterior voltaram para mim, e imediatamente me

perguntei se aquela besta desumana que a Dra. Siegfred criou, finalmente se

libertou. Deslizei minhas pernas da cama e dei alguns passos, meus joelhos

tremendo de fraqueza e frio. Cheguei até a parede onde a porta sempre

aparecia, mas não havia saída deste lado. Merda. E se a coisa tivesse

incendiado o prédio? Eu estava presa, apenas com a esperança de que Muriel

me achasse muito valiosa para perder.

E que ela não tivesse sido a primeira pessoa que a besta atacou quando

se libertou.
Bati na parede, embora meus gritos fossem tão patéticos quanto os

gemidos da minha loba, por enquanto.

Para minha surpresa, a porta deslizou de volta. Eu estava apoiando meu

peso nisso e quando desapareceu, colidi com uma parede sólida de músculo.

— Ei, Bem-me-quer. — Disse Jett, pegando-me em seus braços fortes.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei, o choque de acordar com as

sirenes e a névoa das drogas fazendo meu peito se contrair de medo. Meus

dedos se fecharam, agarrando ao redor dos braços de Jett. — A coisa escapou?

— Eu não sei. — Disse Jett, puxando-me e acariciando meu cabelo

prateado para trás. Minha loba tremeu de alívio, com esse pequeno conforto

que havia sido retido dela por tanto tempo. Nosso último companheiro

finalmente veio para ajudar.

— Você tem que me tirar daqui. — Eu disse. — É nossa única chance, Jett.

Se você não fizer isso agora, a Dra. Siegfred nunca me deixará ir.

— Não posso te levar ainda. — Disse Jett. — Mas irei em breve. Eu

prometo. Seus braços apertados em volta de mim.

— Quando? — Perguntei. — E se ela se virar contra você também?

— Ela não ousaria. — Disse Jett, sua voz ameaçadora.

— Ela iria. — Eu insisti com um arrepio. — Você não viu o quão louca ela

ficou quando viu aquele humano se transformar em... O que quer que seja.
— Vou tirá-la em breve. — Disse Jett. — Por enquanto, não sei o que está

acontecendo lá fora, ou porque os alarmes estão disparando. Estou aqui

apenas para te proteger caso algo dê errado.

No caso de algo dar errado?

Raiva retumbou dentro de mim, junto com aquela sensação

desconfortável que tive antes, como se algo dentro de mim quisesse sair. Ele

estava brincando comigo? Tudo já tinha dado errado. Nada disso estava

correto desde o primeiro dia. Então percebi o que eu estava fazendo, que

estava me agarrando a Jett como se ele fosse meu salvador

em vez do meu inimigo.

Foda-se isso.

Estava prestes a me afastar quando uma compreensão ocorreu através da

meu cérebro cheio de drogas. Jett ia e vinha como quisesse. Ele deve ter um

cartão que dê acesso ao meu quarto. O que significava que talvez eu pudesse

sair hoje à noite depois de tudo.

Em vez de afastar Jett, virei meu rosto para o dele.

— Prometa que você vai me proteger? — Perguntei.

Eu podia sentir uma leve vibração em algum lugar no fundo do peito

dele, um sinal de sua honestidade, como o ronronar de um deus. Uma


resposta instintiva correu através de mim ao som de prazer, da pantera do

meu companheiro.

— Vou protegê-la. — Disse Jett, sua voz baixa, suave. Seus dedos se

arrastaram ao lado do meu rosto, seus olhos intensos nos meus. Eu queria

ficar lá, em seus braços, recebendo esse carinho que eu tinha desejado por

tanto tempo. Eu não tive que fingir o prazer que seu toque me deu. Fechei

meus olhos e aninhei-me contra a palma dele, deitando minha bochecha em

sua mão e virando meu rosto para ele.

Sua respiração ficou presa, e depois de um segundo, seus lábios quentes

roçaram os meus. Eles eram tão suaves que por um segundo, só pude

desmaiar contra seu corpo duro, cada pensamento em minha cabeça

desaparecendo como vapor. Minha boca respondeu à dele, alcançando para

cima, buscando o conforto, calor e conexão de um companheiro de ligação.

Calor irradiou através do meu corpo frio, alojando-se entre as minhas coxas,

e eu gemi contra a boca de Jett. Sua mão pressionou minhas costas na parte

inferior, segurando meu corpo contra o dele e sua língua deslizou entre meus

lábios.

O calor de sua boca me trouxe de volta à realidade, e percebi que estava

em pé no meu quarto beijando o inimigo, enquanto o prédio pode estar

queimando a nossa volta.

A raiva que se mexeu dentro de mim rugiu para a vida novamente, e

recuei ligeiramente, quebrando o beijo com um pequeno suspiro. Antes que


Jett pudesse falar, juntei toda a força daquela raiva e dirigi minha cabeça o

mais forte que pude, batendo minha testa na dele.

Fiquei chocada com a força do golpe. Eu me sentia fraca, como se mal

pudesse me chocar contra sua cabeça, mas ele voou para trás, batendo no chão

de costas. Minha cabeça latejava, mas corri para frente agachando sobre Jett.

Verifiquei seu pulso. Estável

Ele estava frio, com o corpo jogado no chão e a cabeça inclinada para o

lado. Meu coração bateu em meu peito e meus membros tremeram, alguma

energia profunda e primitiva, corria ao longo dos meus braços, como se fosse

magma subindo à superfície do meu ser. Como diabos chamei energia

suficiente para derrubar um homem enorme e jogá-lo três metros para trás no

processo?

Eu teria que considerar isso mais tarde. Agora, tinha outras coisas para

me preocupar. Enquanto a energia continuasse a ressoar dentro de mim, eu

poderia ter uma chance. Eu tateei nos bolsos de Jett, encontrando seu telefone

em um e suas chaves no outro. Puxei as chaves, mas não havia fechadura na

minha porta. Alcançando debaixo dele, deslizei minha mão no bolso de trás e

tirei a carteira. Abrindo-a, encontrei um golpe de boa sorte, pela primeira vez

desde que cheguei a este lugar. O cartão estava bem na frente, como se ele

tivesse acabado de usá-lo, o que obviamente tinha. Eu deixei cair o resto da

carteira e corri para a porta. Depois de procurar por um minuto, meu coração

estava prestes a explodir. Não havia slot para o cartão!


Finalmente, segurei-o, agitando lentamente através do scanner de metal

ao lado da porta. Depois de um minuto, um bipe silencioso soou e a porta

deslizou de volta para a parede.

— Obrigada inferno. — Eu murmurei, saindo para o corredor.

A sirene estava ainda mais alta aqui, subindo e descendo com cada

gemido. O brilho de luzes fluorescentes, que tinham acendido os corredores

antes, tinham sido apagadas, deixando o tom vermelho das luzes de

emergência, piscando em uníssono com as sirenes. Um calafrio correu pelos

meus braços enquanto eu olhava para cima e para baixo nos corredores

escuros e sombrios. Respirando fundo, comecei na direção que tínhamos ido

mais cedo, lembrando da saída de emergência solitária que eu tinha marcado

em meu caminho para o laboratório.


Capítulo Dezessete

ARIANA

O lugar era um maldito labirinto.

Caminhando pelo corredor na ponta dos meus pés, diminuí a velocidade

para olhar ao redor do corredor adjacente. Nada. Não só este lugar era um

maldito labirinto, mas também estava sem guardas. Normalmente, eu acharia

isso reconfortante, mas hoje, me assustou muito.

Um arrepio frio percorreu minha espinha e arrepiou meus braços. Eu

esfreguei-os por calor, mas o frio em meus ossos não desaparecia. Alguma

coisa estava errada. A última vez que atravessei esses corredores eles foram

alinhados com guardas. Patrulhas haviam marchado e um homem ou mulher

vestido de preto estava em quase todos as portas de entrada. Mas agora? Era

como uma cidade fantasma.

Suspirei e inspecionei o corredor uma última vez antes de passar de volta

na direção que eu achava que era o laboratório onde testemunhei a criação de

um monstro.

Embora eu esperasse que fosse apenas um incêndio, ou algum tipo de

perigo químico que disparou o alarme, eu sabia melhor. Juntamente com os


guardas desaparecidos, só poderia supor que o monstro havia escapado e

estava causando estrago. O que eles esperavam? É um maldito monstro. Eu

nunca tinha visto nada parecido antes, e nunca mais queria ver.

Continuei andando, até chegar a outro corredor. Desta vez, eu congelei

antes que eu tivesse a chance de dar uma olhada. Cobre agrediu minhas

narinas. Era um cheiro suave e fresco, definitivamente humano.

Inalei bruscamente e me forcei a olhar. Sangue salpicava as outrora

brancas paredes. Meia dúzia de corpos estavam em posições variadas no

laminado, seus olhos cegos e cortes rasgados por suas roupas e carne. A bile

queimou de repente, minha garganta seca, e lentamente dei um passo para

trás.

Não havia dúvida para mim que a criatura fizera isso. Os cortes eram

profundos e esfarrapados, como se um animal os cortara. Sangue escorrendo

das feridas e reunidos no chão. As feridas eram frescas.

Parei, meu coração batendo irregularmente no meu peito. Se as feridas

fossem frescas, esse monstro não poderia estar longe. Meu olhar voltou pelo

caminho que eu vim, e depois do outro lado do corredor mais uma vez. Nada

mudou.

Eu estava segura pelo menos no momento. Respirei fundo, tentando

acalmar meu coração disparado. Tinha que lembrar onde estava a saída. Era

a minha única chance. Fechei os olhos por um minuto e me encostei na parede.

Empurrando a exaustão, tentei recordar cada passo da minha jornada de


ontem. O problema era, eu tinha andado pouco aqui, para prestar atenção nos

detalhes do caminho para o laboratório. Assim em vez disso, tentei recordar

a viagem de volta. Eu estava chocada, mas muito mais alerta do que antes.

Nós continuamos no corredor principal, mas desviamos várias vezes.

Houve uma esquerda e uma direita e outra esquerda... pensei.

Gemi e abri meus olhos. Apenas tenho que continuar me movendo. Eu

encontraria em breve.

Enfrentei o corredor com todos os cadáveres e lentamente fiz o meu

caminho em direção a eles. O sangue dominou meu olfato e rodou dentro da

minha cabeça, tanta morte desnecessária, e tudo por uma cura que os

vampiros não queriam.

Prendi a respiração e, lentamente, pisei o primeiro corpo e depois o

segundo. Antes de chegar ao final do corredor, percebi que não havia maneira

de contornar todo o sangue. Suspirei. Eu teria que passar por isso.

Rangendo meus dentes, pisei do segundo para o último corpo. Líquido

quente esmagou entre os dedos dos pés e me arrepiei.

Segurei meus braços ao meu lado, desesperada para manter o equilíbrio.

Dando um passo, e depois outro, tentei ignorar o sangue contra os meus pés.

Quando finalmente pisei no último corpo, só então, olhei para trás.

Pegadas vermelhas seguiram o caminho que eu tinha tomado até o final

do corredor, terminando abruptamente atrás de mim.


Quando olhei para cima dos cadáveres antes de mim, eu forma grande

pegou meu olho. Congelei e meu sangue gelou. O monstro estava no final do

corredor, seus lábios se afastaram para revelar fileiras e fileiras de dentes. Ele

abriu a boca mais larga, uma respiração longa e sibilante subindo de sua

garganta.

Merda.

Meus olhos se arregalaram, e meu batimento cardíaco acelerou enquanto

eu olhava para o meu destino. Não há como eu lutar contra isso. Não sem

minha loba, ou minha dragão.

Desesperadamente procurei em minha mente por elas. Minha loba

choramingou lamentavelmente, e minha dragão nem se mexeu. Estava

sozinha sem meus animais. E eu ia morrer, porra.

O monstro levantou os braços e soltou um grito estridente.

Bati minhas mãos sobre meus ouvidos, estrelas voando através da minha

visão. Meus tímpanos vibraram com o som, até que eu pudesse sentir em

meus ossos. Lágrimas picaram em meus olhos, quando dor, dividiu meu

crânio e, assim que começou, pararam. Eu ofeguei e abri meus olhos, não

percebendo que os fechei. O monstro atirou para frente de repente, quase

borrando com sua velocidade.

Gritei e recuei, escorregando em sangue e aterrissando duro na minha

bunda.
— Merda!

A criatura voou sobre mim. Por algum milagre, perdi sua investida.

Mexi aos meus pés e fiz a única coisa que podia, corri como o inferno.

Meus pés molhados golpearam o linóleo enquanto eu corria pelo corredor de

volta pelo caminho que vim. Pulei sobre os corpos e deslizei para o corredor

a esquerda, quando outro grito estridente ecoou atrás de mim.

Merda, merda, merda! Me virei para o próximo corredor e corri com cada

grama de energia que eu tinha. Por favor, animais, me ajude! Chamei minha

loba e liguei para a minha dragão, mas nenhuma delas poderia me ajudar.

Meus punhos fechados, unhas cavando nas palmas das mãos das minhas

mãos.

Eu não tinha sobrevivido anos após anos de cativeiro e tortura apenas

para ser morta nas mãos de alguma criatura de um filme de terror. Eu queria

lutar, matar e livrar o mundo da monstruosidade. Mas como poderia quando

meus animais ficaram em silêncio e minha parte humana era tudo o que

restava?

Um grunhido de frustração saiu dos meus lábios. Calor queimando

dentro do meu peito e um barulho desconhecido ecoou profundamente

dentro de mim, um que eu estava sentindo por vários dias, incitando-me a

lutar embora não tivesse força. Meus passos vacilaram e deslizei em uma

parede. Dor atravessou meu ombro, mas quase não senti.


Algo mais havia despertado nas profundezas da minha mente,

respondendo ao meu chamado desesperado. Só que o barulho não era

familiar, foi como quando eu reconheci minha dragão na primeira vez em que

ela apareceu. Outro animal tinha acordado para se juntar aos outros dois, e

ela estava chateada.

O som das garras raspando o chão me trouxe de volta à realidade a tempo

de rolar para longe da criatura que se lançou para mim.

Pulei de volta para os meus pés e abri minha mente e corpo para minha

terceira besta.

— Vamos matar essa cadela.

Meu corpo humano foi arrancado e, em seu lugar, uma espessa camada

de pele se estendeu sobre a minha. Um grito voou dos meus lábios enquanto

meus ossos e músculos se moviam em algo estranho. Quando a dor diminuiu,

fiquei olhando para a criatura que era quase o dobro do meu tamanho.

Tinha enormes patas marrons com ponta de garras afiadas. Eu era uma

ursa. UMA porra de ursa! Não pude acreditar.

O monstro gritou e olhei para cima. Um rugido empurrou da minha

garganta, mas o monstro não vacilou. Se qualquer coisa, um desafio brilhou

em seus olhos.

Pode vir. Se eu morresse hoje, iria morrer lutando.


As patas traseiras da criatura se agruparam, prontas para atacar.

Instintivamente, levantei minhas pernas traseiras, meus braços estendidos.

Ele pulou, navegando pelo ar, direto para meu peito.

Sua força me empurrou de volta, mas rolei para o meu lado enquanto o

ligava ao meu peito. Usei minhas pernas traseiras para agarrá-lo enquanto

meus dentes afundavam em seu ombro, o monstro gritou e lutou contra meu

aperto, torcendo com força surpreendente. Essa coisa era mais forte que um

urso? Que carga de merda.

Rosnei e segurei o mais forte que pude, mas estalou um braço e cortou

através da minha bochecha. Meu aperto afrouxou quando a dor cortou

através de mim. A coisa se contorcia o tempo todo do meu aperto, e cavou

seus dentes na minha nuca espessa.

Outra fatia de dor queimou meu pescoço, mas não foi tão ruim quanto a

primeira. Minha pele era grossa, e demoraria muito para essa coisa cavar e

encontrar minha garganta.

Recuei, puxando para fora de seu aperto e bati minha enorme pata no

lado da sua cabeça. A criatura voou para a parede, seu crânio se quebrou

contra ela. A parede desabou da força e o gesso espanou o ar. Recuei, ficando

em minhas patas, quando o monstro saiu da parede.

Meu peito roncou com uma ameaça. Se não recuasse, eu iria matá-lo. Mas

o monstro não hesitou. Qualquer criatura deveria ter entendido meu aviso,
mas não este. Era como se Jade fosse obrigada a continuar atacando ou talvez

simplesmente não se importasse.

Ele abriu a boca e sangue escuro, quase preto escorreu de entre seus

dentes, escorrendo pelo queixo e no chão. Por alguma razão, eu quase

esperava que meu sangue fizesse alguma coisa para isso. Talvez mudar de

volta ou matar. Mas embora tivesse um bocado do meu sangue, não parecia

mais fraco.

Rosnei outra ameaça. Eu sabia que minha força não duraria muito mais.

Mesmo que esta nova besta tivesse adrenalina trabalhando para isso, eu

cansaria em breve e me transformaria de volta. A ursa Ariana pode ser capaz

de levar essa coisa, mas Ari humana estaria morta em segundos.

— Por aqui! — Gritou uma voz distante.

Congelei ao mesmo tempo que o monstro. Passos trovejaram nas

proximidades, parecia que os guardas haviam se reunido finalmente.

Algo brilhou nos olhos do monstro. Fome. Ia matá-los se eu não o

parasse. Embora essas pessoas tivessem me enjaulado, abusado de mim e

roubado meu sangue para suas experiências, todos eles mereciam morrer nas

mãos desta criatura?

Balancei a cabeça, tinha certeza que alguns deles tinham famílias, e eu

não queria tirar o pai ou a mãe de uma criança, não como Dante fez comigo.
Corri para frente e bati meu ombro no peito do monstro, o

desequilibrando. Enquanto balançava para trás, agarrei seu braço em meus

dentes e o joguei com toda a minha força na parede.

O monstro torceu no ar, seus pés com garras batendo na parede antes de

usar o momento para voar de volta para mim. Bateu no meu pescoço com a

força de um trem, dirigindo-me através da parede em que parecia ser algum

tipo de escritório.

Ele arranhou meu estômago e mordeu meu pescoço. Eu bati com as

minhas pernas traseiras até o afastar de mim. Desta vez, bati meu peso de

corpo inteiro contra ele, esmagando-o no chão, enquanto enterrei meus dentes

em sua garganta.

O gosto de cinzas explodiu na minha língua, mas continuei pressionando

até seus movimentos diminuírem e finalmente cessarem.

Levantei o corpo de Jade. Não mexeu. Com um suspiro pesado, eu

recuei. Meu corpo estava pesado, e já podia sentir minha ursa lentamente

recuando.

Ainda não, eu insisti. Ignorando os guardas no corredor ao lado, virei e

corri, tão rápido quanto minha ursa poderia ir. Nós demos duas voltas antes

de um sinal me chamar a atenção. Saída.


Alívio correu através de mim tão intenso que perdi meu aperto na minha

ursa, e ela fugiu de volta à minha mente. Desmoronei em minhas mãos e

joelhos, tomando algumas profundas respirações antes de subir para os meus

pés. Eu estava quase lá. Logo ficaria livre.

Me forcei a avançar um pé de cada vez até que pudesse bater minhas

mãos contra a porta. Abri a porta, o ar frio da noite empurrou meu cabelo

prateado sobre meus ombros. Eu respirei em avidez quando deixei a porta

fechar atrás de mim.

Congelei quando um cheiro familiar tocou meus sentidos. Lágrimas

brotaram dos meus olhos. Não era apenas um perfume familiar, mas três.

Meus companheiros vieram para mim.


Capítulo Dezoito

CASH

Embalando uma Ariana adormecida em meus braços, segurei-a com

força em meu peito com tudo que eu tinha. Abaixei meu nariz no cabelo dela,

fechando os olhos e inalei seu suave perfume de jasmim. Meu dragão quase

ronronou com a proximidade de nossa companheira. Nós quase a perdemos.

No segundo em que minha pequena Ari escapou do armazém onde ela

foi mantida, nós sentimos seu cheiro. Sabíamos que ela estava perto. Corri o

mais rápido que pude para ela. Não havia criatura na terra que pudesse me

impedir de chegar a minha companheira naquele momento. Assim que a vi,

o alívio havia sido evidente em sua face. Ela desabou em meus braços, mal

conseguindo murmurar algumas palavras antes de desmaiar.

Mas as que disse, foram suficientes, e ecoavam repetidamente em minha

mente. Tinha certeza de que elas me assombrariam pelo resto dos meus dias.

Jett nos traiu.

Havia lágrimas nos olhos dela, que escorregaram em suas delicadas

bochechas. Não disse nada para Maximus e Owen até voltarmos ao carro e

voltar a estrada. Eles me perguntaram várias vezes o que ela disse. Queriam
abraçá-la também, mas meu dragão não a deixava ir. Eu não a deixaria ir.

Ainda não.

Sua respiração suave aqueceu meu peito. Eu a apertei mais forte, mas ela

não se mexeu. O que quer que eles tivessem feito com ela, estava

absolutamente exausta. Sentia o cheiro de prata nela, e outra substância algo

estranho que fez meu Dragão assobiar e cuspir quando ele a cheirou. Estavam

a drogando o tempo todo. Isso explicava o fato de Maximus não poder

alcançá-la através do vínculo de parceria.

Suspirei e tirei um fio de cabelo do rosto dela. Seus lábios de pelúcia

foram separados levemente, e seus cílios tremulavam como se estivesse

sonhando. Sua pele era tão macia e delicada. Era incrível que não a quebrei,

quando a tocava.

— Cash. — Maximus rosnou.

Olhei para cima, pegando seus olhos brilhando como ouro derretido no

espelho retrovisor. Nós estávamos voltando para minha cobertura. Mas

depois de uma rápida discussão, ambos concordaram que o ponto mais

seguro para Ariana, era o mais próximo. Ela precisava descansar em um

ambiente familiar. Nós decidiríamos o que fazer quando Ari estivesse se

sentindo melhor.

Antes disso, preciso criar coragem para contar a eles. Eu estava errado.

Magoado em admitir isso, e não apenas por causa do meu próprio orgulho.

Eu tinha sido uma espécie de mentor para Jett quando éramos mais jovens.
Embora ele tivesse me cortado de sua vida, eu ainda acreditava em sua

bondade. Agora, me sentia totalmente responsável. Os outros desconfiaram

que ele tinha algo a ver com o sumiço de Ari, mas eu não. E os impedi de ir

atrás de Jett, apaziguando, quando disseram que ele estava envolvido. Se eu

não tivesse o defendido, poderíamos ter ido atrás dele mais cedo.

Suspirei, fechando os olhos e respirando o perfume de Ariana até o calor

espalhar-se por mim. Me forcei a encontrar o olhar de Maximus no espelho.

— Jett nos traiu. — Eu disse finalmente. As palavras eram como ácido na

minha língua. Mesmo quando disse as palavras, eu queria cuspi-las e rejeitá-

las. Jett nunca nos trairia. Bem, talvez nós, mas não ela. Ariana era sua

Companheira, não importa o quanto ele negasse.

— Eu sabia. — Maximus murmurou. Ele se virou em seu assento,

estreitou seus olhos, quando encontrou os meus.

— Cuidado com a estrada! — Eu bati.

Os olhos de Maximus ainda eram dourados, mas ele lentamente

normalizou, antes de nos deslocarmos no tráfego que se aproximava.

— Foi isso que ela disse? — Owen supôs. Não havia surpresa em seu

rosto. Eu podia ver sua mente trabalhando. Ele sabia o tempo todo. Só acabara

de confirmar.
— Sim. — Disse rispidamente. Desviei o olhar do urso alfa, e de volta

para minha preciosa Ari. Ela ainda estava dormindo profundamente, apesar

da nossa conversa em torno dela.

— O que isso significa? — Owen perguntou. — Eu tive minhas suspeitas,

mas esperava que fossem erradas.

— Você sabe o que isso significa. — Maximus rosnou. O volante estalou

sob seu aperto de ferro. — Isso não pode ficar impune.

Calor agitou dentro de mim. Eu sabia que ele estava certo. Guerra contra

as panteras era a resposta. Seu próprio alfa havia traído a Silver Shifter.

Ninguém poderia conseguir se safar disso, nem mesmo o meu jovem

aprendiz.

— Mas guerra? — Owen suspirou e balançou a cabeça. — Isso é mesmo

necessário? A Silver Shifter serve para impedir as guerras.

Maximus bateu com o punho no painel. Eu endureci, olhando para o lado

de sua cabeça do banco de trás. Sabia que ele estava com raiva, todos nós

estávamos, mas ele precisava se conter. Especialmente no meu carro. — Claro

que ela é, mas não podemos simplesmente deixar ele ir embora como se nada

tivesse acontecido.

— E se o pessoal de Jett não estiver envolvido? — Owen tentou

novamente. Ele era o mais razoável de todos nós, percebi.


Porque não importa o quão loucas as palavras de Maximus parecessem,

eu estava completamente de acordo. Jett não era mais nosso aliado e

certamente não era meu amigo. UM AMIGO não roubaria nossa companheira

na calada da noite, não a manteria afastada de nós por dias e submeteria sua

dragão a só Deus sabe o que.

— Ele está certo, Owen. — Eu rosnei. Minha pele estava quente e coberta

de suor. Raiva me cortou como uma faca, sufocando minhas vias aéreas até

que eu mal podia respirar. Meu dragão lutou sob a minha pele, pronto para

entrar em erupção e arrastar o clã de Jett no chão, por machucar nossa

companheira.

Eu tentei respirar fundo, para acalmar minha besta de saltar para a vida

na parte de trás do meu carro. Nós tínhamos acabado de sair da cidade

minutos atrás, e certamente não longe o suficiente, para me transformar em

um dragão no meio da estrada. Eu estaria nos expondo para o mundo, e o que

é pior, Ariana poderia se machucar no processo.

Mas estava tão zangado. Como Jett poderia fazer isso? Eu o chamei de

meu amigo por décadas, e ele traiu os quatro clãs de Nova York, por quê?

Dinheiro? Vingança? Eu não tinha ideia do que Jett estava tirando disso. Me

sentia culpado. Eu deveria saber, deveria ter visto isso antes. Minha amizade

com Jett tinha ficado no caminho do meu pensamento racional. Isso me cegou

para sua traição. Mesmo agora, tudo que eu queria fazer era dar desculpas

para ele. Mas não podia, não mais.


— Cash?

Eu congelei, então lentamente olhei para baixo. Os olhos de Ariana

estavam ligeiramente abertos, encapuzados do sono, mas estava acordada.

— Ari. — Dei um suspiro de alívio e segurei-a apertado em meu peito.

Suas mãos enrolaram em volta de meu bíceps, agarrando-se a mim

enquanto eu me agarrava a ela.

— Você está quente.

Eu ri, não pude evitar.

— Você realmente não está tão mal.

— Cash. — Ela repreendeu sem entusiasmo. — Você está queimando.

O silêncio no carro era ensurdecedor. Eu era muito mais velho do que

qualquer outra pessoa neste veículo. E não deveria estar perdendo a calma,

mas não pude evitar, não depois de quase perder Ariana.

Limpei minha garganta.

— Desculpa.

— Você não vai mudar, vai? — Maximus perguntou, me olhando no

espelho retrovisor. Seus olhos já não eram dourados. Até ele havia se mantido

controlado.
Eu evitei seu olhar, em vez disso, segurando o de Ariana. Lentamente,

ela estendeu a mão colocou sua mão em concha na minha bochecha. Um

sorriso suave curvou as bordas de seus lábios. Ela ainda estava meio

adormecida quando se inclinou e colocou um beijo suave e puro em meus

lábios.

— Estou bem, Cash. — Ela sussurrou. — Diga ao seu dragão isso. Diga a

ele que eu estarei bem.

Balancei a cabeça, arrebatado pelo seu olhar arrebatado. Respirei fundo e

fechei meus olhos, inclinando minha testa contra a dela. Ela está bem, eu disse

ao meu dragão. Nossa Ari está bem.

Recebi um bufo de demissão antes de sentir o calor recuar da minha pele.

Quaisquer escalas que se formaram desapareceram e, quando abri os olhos,

Ariana estava dormindo mais uma vez. Beijei sua testa suavemente e me

inclinei para trás em meu assento.

Nossa Ari estava a salvo. Finalmente. Foi pensar no que aconteceria a

seguir que me preocupou.


Capítulo Dezenove

ARIANA

Quando chegamos na casa de Cash, ele ordenou que Maximus puxasse o

SUV para dentro da garagem e fechasse as portas antes de me permitir sair.

Fiquei um pouco surpresa que Maximus não se arrepiou em receber ordens

do alfa dragão, mas fez como Cash mandou sem comentários. Na verdade,

ele mal disse uma palavra desde que saímos do laboratório.

Owen começou a me pegar em seus braços, mas Cash me pegou primeiro.

Ele deslizou do carro, pegando-me e procurando no meu rosto com óbvia

preocupação.

— Você tem certeza que está bem?

— Estou bem. — Eu assegurei a ele. — Só um pouco fraca, mas posso

dizer que está passando.

Estremeci ao saber que, se ainda estivesse no laboratório, uma das

enfermeiras voltaria para me drogar novamente em uma hora.

Não desta vez, pensei sombriamente. Eu estava livre graças aos meus

companheiros e a minha ursa.


Minha ursa. Puta merda, eu tenho uma ursa. Era ela que estava mexendo

dentro da minha mente grogue, essa fúria primitiva querendo me libertar,

lutar. Olhei para Owen, mas antes que eu pudesse dizer uma palavra para ele,

Cash me levou para o elevador.

Lá dentro, ele apertou o botão para fechar as portas, deixando Maximus

e Owen para subir as escadas ou esperar.

— Alguém está sendo um pouco possessivo hoje. — Disse, sorrindo para

deixar Cash saber que, realmente não me importei. Nem tanto. Na verdade,

eu queria estar perto de todos os meus companheiros agora, mas um deles era

bom, se eu não pudesse tê-los todos.

Um deles que não estava me mantendo refém e subjugando a força minha

loba, de qualquer maneira.

— Quando me machuquei, você cuidou de mim. — Disse Cash. — Estou

devolvendo o favor. A última coisa que você precisa é de um monte de alfas

ansiosos exigindo sua atenção. E acredite em mim, todos nós estaríamos

fazendo isso.

— Em vez disso, eu recebo apenas um. — Eu disse, beliscando o nariz de

brincadeira.

— Não. — Disse ele. — Vou insistir que você descanse como você fez

para mim.

— Isso não é divertido. — Eu disse com um beicinho.


— Agora você sabe como se sente. — Disse Cash com uma risada

enquanto me carregava para fora do elevador.

— Eu posso andar. — Indiquei, mas não fiz nenhum movimento para me

separar do meu companheiro. Queria estar perto deles tanto quanto eles

queriam estar comigo.

— Você foi envenenada por uma semana consecutiva. — Disse Cash. —

Você precisa de toda a sua energia para se curar.

— Certamente você pode adiar me colocar na cama por alguns minutos.

— Eu disse, brincando com os botões da camisa dele.

— Vou reservar uma noite inteira para você. — Disse Cash quando abriu

a porta do quarto. — Depois que você estiver curada. Não quero que sinta que

estou me aproveitando de você.

— Você não está. — Eu disse, colocando meus braços em volta do seu

pescoço e sorrindo para ele.

— Você está certa. — Cash disse, inclinando-se para me deitar

suavemente na cama. — Definitivamente, eu não estou.

Ele se inclinou, roçando seus lábios macios nos meus.

— Sou forte o suficiente para mais. — Eu disse, lembrando o quanto Max

tinha melhorado depois do nosso primeiro acasalamento. Me pergunto se


funcionaria da mesma forma em mim. Se eu levar um dos meus companheiros

para a cama, acordaria curada pela manhã?

— E você vai conseguir. — Cash ronronou. — Quando tiver uma noite

para se recuperar. Acredite em mim, estou tão ansioso quanto você, para ficar

sozinho contigo. Mas precisamos que você se cure e esteja em plena força, Ari.

Não sabemos o que o amanhã trará.

Suspirei. Às vezes, ser a Silver Shifter era uma merda. Infelizmente, não

podia escolher, quando a responsabilidade seria minha.

— Você está certo. — Admiti.

— Claro que estou. — Disse Cash, aninhando-se contra o meu pescoço e

inalando o meu aroma. Deixei minha cabeça cair para trás, suspirando

quando seus lábios roçaram minha pele, enviando um arrepio através de

mim. O caloroso cheiro de fogueira de Cash me cercou e eu suspirei

novamente, desta vez em contentamento.

Mas muito cedo, ele estava recuando e se levantando da cama. Ele sorriu

para mim quando ele colocou os dedos no cós da minha calça de moletom.

— O que você vai fazer? — Perguntei, minha respiração ficando mais

rápida.

— Vou te foder. — Ele disse, lentamente deslizando minhas calças para

baixo. Eu tentei engolir, mal conseguindo conter a dor da fome crescendo

dentro de mim.
— Isso é tudo? — Eu perguntei.

— Isso mesmo. — Disse Cash com um sorriso arrogante. Ele jogou

minhas calças em um cesto no canto e peguei minha camisa.

— Você é mau. — Eu disse enquanto ele deslizava sobre a minha cabeça.

— Eu sei. — Disse ele, seu olhar descendo pelo meu corpo nu

dolorosamente lento. Quando alcançou meus dedos, ele deixou seus olhos

viajarem pelas minhas pernas, entre minhas coxas, até que tive que pressionar

meus joelhos juntos para parar o calor insuportável de me fazer explodir.

— Seja boa. — Cash disse com uma risada. Ele puxou os cobertores ao

meu redor, inclinou-se para beijar minha testa, colocando a mão por baixo dos

cobertores, massageando lentamente meu mamilo enquanto seus lábios

permaneciam na minha pele.

— É melhor você parar. — Eu disse. — A menos que planeje ficar.

— Amanhã, vou te foder tão duro. — Sussurrou. Com um sorriso,

endireitou-se e disse: — Boa noite, Ari. — Ele andou a passos largos até a

porta, depois olhou para trás, com a mão pairando no interruptor de luz. —

Ah, e mais uma coisa.

— Que seria? — Perguntei quando ele não continuou.

Seus olhos verdes brilhavam enquanto ele sorria para mim.


— De agora em diante, toda vez que você dizer que só tenho uma coisa

em mente, vou te lembrar deste momento, em que fui um verdadeiro

cavalheiro.

— Tudo bem. — Eu disse, revirando os olhos. — Mas agora, vou te odiar

por alguns minutos.

— Contanto que não dure o resto de nossas vidas.

Eu não pude deixar de sorrir quando ele apagou a luz e fechou a porta

atrás dele. Afundei nos travesseiros, totalmente exausta apesar da minha

excitação. A nebulosidade em meu cérebro tinha desaparecido, mas meu

corpo parecia que tinha sido atropelado por um trator. Repetidamente.

Minha dragão estava dormindo, minha loba estava usando toda a sua

energia para curar, e minha ursa estava cansada da luta. Meu corpo humano

passou muito tempo dormindo ultimamente, mas ainda estava drenado da

provação. Fechei meus olhos e me aninhei na cama macia, sentindo meus

companheiros por perto, embora eu mal pudesse ouvi-los

conversaram na sala de estar. Me deixei cair em um sono confortável.

Acorde Ariana. Meu coração estava acelerado e meus membros pareciam

pesados apesar da explosão de adrenalina disparando através deles. Pisquei

na escuridão, tentando acalmar minha respiração ofegante. Minha loba

choramingou dolorosamente, temendo o momento em que ela seria

envenenada novamente.
Não tem ninguém aqui. Estamos a salvo.

Deitei na cama, tirando os cobertores. Eu estava suando de nervosismo,

do pesadelo que eu não conseguia lembrar. Eu sabia o que tinha sido apesar.

Deveria ser o horário que a enfermeira vinha forçar a medicação, e meu corpo

havia despertado em antecipação à tortura.

Enquanto eu estava lá tentando não entrar em pânico, de repente uma

onda quente de amor fluiu em mim, como se tivéssemos sido dosados com o

antídoto para o envenenamento por prata. Minha loba instantaneamente

relaxou, recostando-se e absorvendo a sensação maravilhosa.

— Maximus. — Sussurrei, fechando os olhos e segurando os lençóis.

Um segundo depois, a porta se abriu e depois silenciosamente se fechou.

— Ariana. — Maximus disse, levantando o lençol e deslizando ao meu

lado. Ele usava calças de pijama e uma camisa, mas mesmo através de suas

roupas, seu toque era mágico. Cada parte de mim foi instantaneamente

desperta e desejo, não, necessidade dele. Foi um desejo que não tinha

entendido totalmente quando Cash me deixou, mas agora que as drogas

estavam deixando o meu sistema, entendi. Eu precisava dos meus amantes,

precisava que eles me curassem. Minha loba estava brincando em direção à

superfície, exigindo tempo com Maximus, mas segurei-a em cheque.

— Cash vai ficar louco por você estar aqui. — Sussurrei, pressionando

meu coração martelando ao dele.


— Você acha que eu dou a mínima sobre isso? — Maximus perguntou,

sua voz roncando baixa e calmamente. — Eu ouvi sua loba chorando. A única

maneira de impedir meu lobo de responder ao seu chamado, é me matar.

— Sua conversa suja é tão sexy. — Sussurrei em um suspiro suave,

envolvendo meu corpo tão firmemente em volta de Maximus que nem ele

poderia nos separar. E ele não estava tentando. Ele rolou em minha direção,

pressionando seu corpo contra o meu, enterrando seu rosto no oco do meu

ombro e inalando profundamente. Um arrepio de excitação fluiu através de

mim, florescendo entre as minhas coxas como uma flor.

— Sua loba foi enfraquecida e ferida. — Disse Maximus. — Nosso vínculo

irá alimentá-la e fortalecê-la

— Me sinto tão vazia sem sua força. — Eu admiti, lentamente, movendo

meus quadris contra o seu. — Encha-me Maximus. Quero você dentro de mim

novamente. Preciso de todos vocês desta vez.

— E você vai conseguir. — Maximus rosnou, guiando meus quadris

enquanto ele se mudou. A umidade saltou para a vida entre minhas coxas.

Ele inalou bruscamente quando encharcou através do tecido fino de suas

calças, para seu pênis, e no segundo seguinte eu estava abaixo dele.

— Max. — Eu respirei. — Faça amor comigo. Sem preservativo. Pele

contra pele.
— Ariana... — Ele disse, seus olhos procurando os meus no escuro. —

Você não está no cio, está?

— É seguro agora. — Eu disse. — Não é a hora certa. Eu não vou

engravidar, mas preciso sentir você, só você, dentro de mim.

Seu pênis pulsou contra mim, e eu arqueei, apertando seus quadris com

meus joelhos.

— Eu também quero. — Disse ele, com a voz rouca de luxúria. — Quero

te sentir em meu pau e encher você com meu esperma.

— Faça isso. — Sussurrei, e no momento seguinte, ele levantou e

empurrou sua calça para baixo. Deslizei minhas mãos por baixo da camisa

dele, maravilhada com os sulcos dos músculos sob sua pele quente. Ele

pressionou a cabeça de seu pênis na minha abertura escorregadia, desejo

tremendo através de seu corpo e do meu.

— Ariana. — Ele sussurrou, sua voz quase um suspiro quando afundou

em mim.

Isso era o que eu estava querendo, o que eu estava precisando. Não

descansar e estar sozinha, mas estar com meus amantes, estar perto deles de

uma maneira que eu nunca estaria com mais ninguém. Quando os braços

fortes de Maximus me enroscaram, seu corpo se moveu ao ritmo do meu, eu

sabia que isso iria me recarregar de uma forma que nada mais poderia. Minha

loba finalmente estava à vontade, e minha ursa estava rosnando por mais. Até
minha dragão tinha começado a despertar de qualquer toxina que eles

estavam usando para subjugá-la.

Eu estava perdida no movimento do corpo de Maximus sobre o meu,

seus quadris fortes flexionando quando ele empurrou para dentro de mim, os

músculos tensos em seus ombros enquanto ele se segurava sobre mim, a

colisão de sua pele quente contra a minha. Só quando ouvi a porta, chorei do

prazer que me dominava. Meu corpo ficou tenso instintivamente na presença

de outra pessoa, e Maximus sugou uma forte

respiração enquanto minhas paredes se apertavam ao redor dele.

— Você está acordada, Ana? — A voz baixa de Owen roncou quando a

porta se trancou atrás dele.

Ana

Owen nunca usou um apelido para mim antes, mas eu amei

instantaneamente.

— Dê o fora. — Maximus rosnou.

— Oh, merda. — Disse Owen, dando um passo em direção à porta.

— Não. — Eu disse rapidamente. — Fique.

Por um segundo, ninguém falou. Mesmo eu não podia acreditar que

tinha dito isso. Mas eu sabia, no momento em que as palavras deixaram minha

boca que elas estavam certas. Eu precisava dos meus companheiros, todos
eles. Quanto mais melhor. Eu curaria muito mais rápido com Owen aqui

atendendo a minha ursa.

— O que? — Maximus perguntou, olhando para mim de onde ele estava

apoiado em seus punhos. Seu pênis estava grosso e nu dentro de mim, me

estendendo até que eu pudesse dificilmente aguentar. Mas, queria tanto

Owen, no entanto. Depois de hoje, eu sabia que o acasalamento havia

despertado minha ursa e agora precisava dele.

— Eu preciso de você, Maximus. — Disse, chegando a acariciar sua

bochecha. — Mas preciso dele também.

— Posso esperar. — Disse Owen, demorando-se na porta.

— Não. — Eu disse. — Não saia. Eu preciso tanto de você dentro de mim.

— Pude ouvir Maximus engolir. — Ao mesmo tempo?

— Sim. — Eu disse. — Você concorda com isso?

Depois de um longo momento, Maximus assentiu.

— Qualquer coisa que seja boa para o minha companheira me deixa feliz.

Se você se preocupa com eles, então me preocupo com eles.

— E você? — Perguntei, pegando Owen.

Ele se aproximou da cama lentamente, sua forma enorme uma sombra na

escuridão. Sua mão enorme e forte envolveu a minha e deu um aperto suave.
— Eu sempre quero você, Ana. Todos os dias, todos os sentidos. Sempre

e quando você me quiser, eu estarei aqui.

Eu tremi ao som de seu novo apelido para mim, algo que era apenas

nosso.

— Deixe-me prová-lo do jeito que você me provou. — Ru disse. Abaixei

a mão dele e passei meus dedos pelos cumes de seu abdômen.

— Você tem certeza disso? — Ele perguntou.

— Tenho certeza.

Quando Owen deslizou para fora de suas roupas, Maximus se inclinou

para me beijar.

— Deixe-me virar você. — Ele sussurrou.

Ajoelhei-me na cama, inclinando-me para pegar o pau grosso de Owen

na minha mão, já começando a endurecer ao meu toque, ficou mais e mais

duro, até que não conseguia fechar a mão em torno dele. Maximus agarrou

meus quadris, posicionando-se na minha entrada. Quando levei Owen na

minha boca, Maximus empurrou para dentro de mim por trás. Gemi com a

sensação incrível de ambos os homens me enchendo até a borda de uma vez.

As mãos fortes de Owen massagearam meus ombros, acariciaram meu cabelo,

e um gemido de prazer lhe escapou quando afundei minha boca sobre seu

incrível comprimento, levando-o para o fundo da minha garganta.


Quando movi minha boca sobre o pênis de Owen, Maximus começou a

bombear para dentro de mim mais rápido. Arqueei minhas costas,

espalhando meus joelhos, gemendo a cada deliciosa pitada de dor quando ele

atingiu minha profundidade. Balancei para cima e para baixo, maravilhando-

me com a suavidade da pele de Owen contra a minha língua, e na aspereza

das estocadas de Maximus.

— Eu vou gozar. — Disse Owen de repente, apertando o punho no meu

cabelo. Em vez de me afastar, murmurei um sim e chupei mais forte. Ondas

de prazer ondularam através de mim, e minhas próprias paredes se apertaram

em torno do eixo quente de Maximus, quando líquido salgado encheu minha

boca. Eu ofeguei, uma carga erótica atirando direto mim. Um orgasmo

agarrou meu corpo, e Maximus gemeu, batendo em mim e segurando-me

presa contra ele enquanto ele inundava meu núcleo com sua própria

liberação.

Por um segundo, permanecemos como estávamos, trancados juntos.

Quando o último tremor deixou meu corpo, e lambi limpando Owen,

Maximus lentamente puxou para fora, eu rolei para meu lado na cama. Owen

foi buscar uma toalha no banheiro privativo, enquanto Maximus e eu nos

enrolamos juntos na cama. Quando Owen voltou, ele me limpou sem dizer

uma palavra, então deslizou para a cama ao meu lado.

— Posso ficar? — Ele perguntou.

— Claro. — Eu disse, puxando-o para mais perto. — É o que você quer?


Eu não queria nada além de me enrolar entre meus dois companheiros

em completa felicidade e adormecer. Mas não tinha certeza do que eles

queriam, no entanto. Convidando Owen para juntar-se a nós tinha sido um

impulso, uma decisão do momento, que eu achava estar certo, mas não sabia

quanto mais ele ou Maximus estavam dispostos a dar. Depois de ficar

sozinha, não tendo nada a dizer sobre o que aconteceu comigo, pedindo a

atenção deles imediatamente parecia exigente demais. O que tinha sido tão

natural no momento que Owen entrou na sala, tão natural que eu não tive

nenhuma dúvida sobre isso no momento, era subitamente estranho no

rescaldo.

— Então, isso é aconchegante. — Murmurei enquanto me aconchegava

entre os dois homens.

— Ariana. — Disse Owen com um suspiro profundo e satisfeito. — Você

é incrível.

E assim, eu soube que não estava sozinha em meu contentamento com o

arranjo. Me aconcheguei mais perto de sua estrutura maciça, me sentindo

segura e protegida com ele e Maximus de ambos os meus lados.

— Eu acho que posso dizer com segurança o mesmo para você. — Disse.

— Aos dois.

— Quero te dizer uma coisa. — Disse Maximus, sua voz séria. — Antes

de você ser levada, disse que me amava e eu não disse de volta. Eu não quero

passar outra noite sem te dizer que te amo.


— Oh, Max. — Eu disse, minha garganta de repente apertada enquanto

descansava uma mão contra a bochecha dele. Sua barba era agradavelmente

áspera contra minha palma macia, e mal pude conter minha própria emoção

enquanto embalava seu rosto em minha mão. De todos os meus

companheiros, ele foi o mais reticente, e eu nunca esperei que ele confessasse

seus sentimentos na frente de outro alfa. Mas ele precisava me dizer mais do

que precisava para parecer forte no momento. O fato de que ele poderia

mostrar sua vulnerabilidade na frente de Owen fez que o amasse ainda mais.

Talvez, apenas talvez, nós realmente pudéssemos ser uma grande família. De

alguma forma, essa coisa de quatro companheiros poderia funcionar, afinal.

— Também te amo. — Eu disse, com lágrimas nos olhos. — Mas você não

tem que dizer, para eu saber que você me ama. Você me mostrou em cada

coisa que você fez, desde o momento em que nos conhecemos.

Levantei meu queixo e Maximus se inclinou e pressionou seus lábios

quentes nos meus, apertando a mão em volta da minha cintura.

— Exceto quando ele te jogou naquela jaula. — Disse Owen do meu outro

lado. Eu pensei que Maximus ia pular em cima de mim e matar meu outro

companheiro, mas apertei a mão contra o peito dele.

— Exceto quando você me jogou naquela jaula. — Eu disse, sorrindo para

que ele soubesse que não tinha ressentimentos sobre isso. — Nunca vou

deixar você esquecer disso.


— Acho que você quer uma desculpa, para me chantagear. — Ele

resmungou, rolando de costas.

— Estou brincando. — Eu disse, inclinando-me para beijar sua bochecha

eriçada. — Te perdoei. E se isso vai funcionar, não vou estar guardando erros

ou rancor contra ninguém.

— Só não faça isso de novo. — Disse Owen. — Ou eu posso ter que te

matar.

— Há. — Eu bufei. — Não conte com isso. Se algum de vocês alguma vez

tentar me trancar novamente, serei a única a matar.


Capítulo Vinte

JETT

Sentei e quase me dobrei da dor que sentia na minha testa. Minhas mãos

voaram para o galo, por conta da colisão, que Bem-me-quer me deixou como

um presente de despedida.

— Droga. — Murmurei, passando minha carteira do chão ao meu lado e

checando para confirmar minha suspeita. Eu já sabia que ela tinha ido

embora, a sentiria no quarto comigo. Me certifiquei que, o cartão-chave sumiu

antes de guardar minha carteira, no entanto.

Deveria saber que ela estava me enganando. Eu era a última pessoa nesta

terra que Ariana iria querer beijar, a entreguei a esses humanos afinal. E não

podia esperar os benefícios que vinham com ser seu companheiro depois que

me recusei a aceitar esse papel. Mas maldição, eu queria beijá-la. Quase valeu

a pena a concussão.

Foda-se isso. Valeu muito a pena.

Me virei para a porta, apenas para perceber que estava trancada. A ironia

não estava perdida em mim. Bati na porta, gritando até ouvir passos no

corredor. A porta escancarou-se e dois guardas piscaram para mim. Passei


por eles e desci o corredor. Eu não sei quanto tempo eu estive fora, mas as

sirenes pararam, e o corredor estava no caos. Corpos espalhavam-se pelo chão

e poeira de gesso descia de buracos na parede e cerrei sob meus sapatos.

— O que diabos aconteceu aqui? — Eu exigi.

Dra. Siegfred correu em minha direção, seu cabelo uma bagunça

emaranhada e seus olhos selvagens.

— Ela fugiu. — Disse.

— Entendi. — Tocando o caroço na minha testa. — Quando? Onde ela

foi?

— Alguns outros shifters a levaram. — Disse Muriel. — Eles devem ter

informações sobre o sangue dela, e talvez estivessem com medo que isso

também funcionasse neles.

— Merda. — Eu jurei sob a minha respiração. Sabia exatamente quais

shifters vieram para Ariana, e eles não poderiam se importar menos com o

laboratório. Eles vieram por sua Silver Shifter

— Quando ela veio correndo... — Muriel começou, então balançou a

cabeça. — Você não me disse que ela era uma ursa! Nós só tivemos seu lobo

e dragão subjugados.
— Um urso? Hã. Eu também não sabia que ela era, isso significa que ela

muito provavelmente é uma pantera, também... — Minha pantera ronronou

de acordo, me mostrando quão atraente, ele achou essa ideia.

— O que? Por quê? — Muriel perguntou, parecendo confusa.

— Por nada. — Eu disse com um encolher de ombros. — Ela parece ser

qualquer tipo de shifter quiser.

Dependendo do metamorfo que seja seu companheiro.

Talvez seja assim que funcione, ela não pode virar uma pantera até que

eu a reivindique como minha companheira. Não que isso importasse agora.

Ariana estava com o resto dos alfas, o que significa que ela já deve ter contado

tudo a eles. Porra. Meu clã estava prestes a entrar em guerra... contra todos os

outros clãs de Nova York de uma vez.

Um dos guardas se mexeu e limpou a garganta.

— Você gostaria que nós continuemos a varredura, senhora, ou que

façamos a sua escolta pessoal?

— Continue a busca. — Muriel disse antes de se virar para mim. — Outro

pequeno problema, estou com medo.

Cruzei meus braços, apertando meus punhos para conter minha

frustração.
— Pequeno? Porque se não é da maior importância, eu tenho algumas

coisas para fazer na sede do meu clã.

— Bem, veja, aquela mulher vampira alterada, ela estava em uma cela de

observação de vidro.

— E?

— E foi quebrada durante a fuga de sua amiga.

— Então, agora temos um shifter que cura vampiros em perigo, pois eles

não vão querer deixá-la viva. Pelo menos aqui, ela estava protegida. Nós

nunca iremos ter outra chance com ela. — Minha pantera me avisou sobre seu

descontentamento com essa teoria gemendo como um gatinho.

— Temos muitas amostras extras de sangue dela. — Disse Muriel. —

Acho que é o suficiente para manter a pesquisa.

— Não me importo com o sangue dela. — Disse, minhas garras se

estendendo da ponta dos meus dedos. — Me preocupo que irão encontrá-la e

matá-la.

— Oh. — Disse Muriel. — Bem, claro. Tem isso também.

— Ela tem três super poderosos companheiros, e eles vão protegê-la

depois de seu rapto. — Eu disse. Não mencionei que eles ficariam

especialmente irritados comigo.


— Estaremos seguros aqui. — Disse Muriel, mas ela olhou em volta como

se lamentando ter dispensado seus guardas.

— E nós temos essa estranha criatura híbrida de vampiro Nosferatu

correndo em Nova York. — Terminei. — Não temos ideia do que essa coisa

quer, o que é capaz de fazer, ou até mesmo o que é. Acho que é seguro dizer,

seu esquema para proteger os seres humanos não foi um sucesso. Agora, se

você me der licença, eu tenho um clã para proteger agora. Se você precisar de

mim, sabe onde me encontrar.

Fiz uma saudação fingida e saí pelo corredor. Ariana tinha deixado o meu

telefone, então, liguei quando pisei em seções desmoronadas da parede e fiz

meu caminho para fora do prédio. As luzes do estacionamento iluminavam

meu carro. Bem, pelo menos eles não estavam tão obcecados com a vingança

que cortaram meus pneus.

Ainda assim, me aproximei com cautela, farejando o ar para ter certeza

de que ninguém estava escondendo-se debaixo dele ou pronto para me

emboscar por trás do edifício. Quando eu não encontrei nada suspeito, subi

no carro e agarrei o volante. Depois de um segundo, inclinei-me para a frente

e bati meu crânio contra o volante, o que eu fiz? Só queria me livrar da ameaça

ao nosso clã, mas, consegui fazer inimigos em todos os clãs em Nova York,

incluindo o meu.

Em vez de unir os clãs e trabalhar com a Silver Shifter, eu a sequestrei e

fiz experimentos nela. O experimento falhou espetacularmente, e eu


provavelmente fodi todos nós no processo. Meu clã não estaria a salvo dos

Vampiros. Não só os vampiros ainda estavam aqui, mas eu não teria o apoio

dos outros três clãs de Nova York, para me ajudar a lutar contra eles na

próxima vez que eles atacarem.

A gravidade da situação afundou em mim, pesando-me até que mal

conseguia levantar a mão para colocar as chaves na ignição. Mas não poderia

fugir disso. Eu era o alfa do clã, e era hora de ir para casa e encarar meus erros.

As consequências podem ser terríveis, posso ter que mandar algumas das

famílias embora, para os outros clãs não aniquilarem nossa população. Os

outros alfas lutariam contra meu bando se ficassem em Nova York, mas eles

não os caçariam para matá-los se eles foram embora. Exceto eu. Eles

provavelmente me caçariam.

E com uma boa razão, pensei enquanto descia meu carro pelas ruas de

Nova York. Eu não ia correr. Nova York era minha casa. Eu nasci aqui e

morreria aqui. Em vez de me esconder, morreria lutando, como meu pai. Mas

primeiro tinha que tirar as outras panteras daqui. Esta não era sua luta ou seu

erro. Se os outros clãs atacassem, haveria baixas, provavelmente muitas.

Juntos, os outros três clãs poderiam nos eliminar. Não era justo perguntar às

panteras para lutar contra os outros clãs, para arriscarem suas vidas, por um

erro que seu alfa tinha cometido. Claro, alguns deles fariam isso. A maioria

deles se eu perguntasse. Isso era o que os clãs faziam. O que os alfas faziam

era proteger seus clãs. Falhei com a ideia de exterminar os vampiros, mas não

falharia desta vez.


Quando cheguei de volta ao meu apartamento, não fiquei nem um pouco

surpreso ao ver a luz acesa. Abri a porta e entrei, minhas mãos já levantadas

em sinal de rendição. Para meu alívio, não era Cash aqui para arrancar minha

garganta, embora isso foi quase tão ruim quanto o que eu encontrei.

Cassandra estava sentada na minha cadeira reclinável suas unhas artificiais

na mesa enquanto ela olhava diretamente para mim.

— Antes de dizer qualquer coisa, preciso da sua ajuda. — Eu disse.

Isso derreteu a careta do rosto dela.

— O que? — Ela perguntou, sentando-se em linha reta. — Isso deve ser

sério. O que aconteceu? Tudo certo?

— Não. — Eu disse, afundando na borda do sofá. E então disse a ela tudo,

desde o momento em que conheci Ariana e minha pantera começou a insistir

que ela era minha companheira, até o momento em que avisei aos humanos

sobre sua localização, quando ela me bateu na cabeça e me deixou

inconsciente. Despertando, olhei as minhas mãos algemados.

— Eu pensei que poderia me livrar deles de uma vez por todas. — Disse.

— Por todos os shifters em Nova York, mas especialmente pelo papai.

Cassie ficou em silêncio por um longo momento. Por fim, ela se sentou

na cadeira, balançando sua cabeça.

— Cara, você é tão burro.


— Já sei. — Eu disse. — Mas acho que seria melhor se você liderasse o

resto do clã e fosse embora agora.

— Não vamos deixá-lo sozinho em Nova York, Jett. — Disse ela. — Não

importa quantas decisões idiotas você tomou, continua sendo nosso alfa.

— Exceto que você não deveria ter que ficar ao meu lado, quando tomo

decisões como essa. — Eu disse. — Não era do interesse do clã.

Ela apertou os olhos para mim.

— Sim, mas do seu próprio jeito idiota, você pensou que era. Não é como

se você deliberadamente planejasse ferir o clã.

— Sim. Mas os machuquei.

— Sim. — Ela disse lentamente. — Você cometeu um erro. Todo mundo

está sujeito a isso, Jett. Mesmo os alfas.

— Você não teria cometido esse erro. — Eu disse, meus ombros caídos

em derrota. — Nem o que perdeu o último alfa.

Cassie olhou para mim, estreitando os olhos.

— Eu não teria cometido esse erro, isso é verdade. — Disse ela. — Mas

negociar com os vampiros por um refém? Sim, Jett, eu teria tomado a mesma

decisão que você.

Meus olhos se levantaram para encontrar os dela.


— Realmente?

— Claro. — Disse ela. — Essa batalha estava perdida, a partir do

momento em que papai foi capturado, nós já perdemos. Se o tivéssemos

recuperado, e lutado ao lado dos vampiros, nós teríamos perdido muito mais

do que apenas papai. Você tomou a decisão que um alfa deve fazer. Você

coloca o clã acima de suas necessidades pessoais, até mesmo da sua família.

— Não posso acreditar que você não está lutando para tirar minha

colocação como alfa. — Resmunguei. — Estou praticamente implorando para

você assumir o clã e tirá-los de Nova York.

— E eu estou dizendo não. — Disse ela. — Você está sendo um bom alfa,

e eu estou sendo uma boa segundo. Meu trabalho é falar com você sobre suas

ideias malucas. Se você me desse ouvidos, não estaríamos nessa situação.

— Você está certa. — Eu gritei. — Então, agora estou pedindo conselhos,

ao meu Segundo.

— Você não precisa do meu conselho. — Disse ela. — Já sabe o que fazer.

Nós precisamos dos quatro clãs para lutar contra os vampiros. Você é o alfa.

Faça acontecer.

— Não há como eles falarem comigo agora. — Ru disse. — Mesmo que

eu peça desculpas, eles não vão ouvir.

— Bem, você tem um instrumento que deveria trazer os quatro clãs

juntos. — Disse Cassie. — Então, sugiro que você comece por aí. Sem
mencionar que ela é sua companheira. Não que eu me importe com isso,

porque não me importo. Se você não quiser tomar uma companheira, não é

da minha conta. Mas ela é a Silver Shifter, então é melhor você estar pronto

para enxugar seus lábios, pois vai ter que chupar como nunca fez antes.

— Ariana não vai me querer mais como seu companheiro. — Apontei. —

Não depois do que eu fiz. Ela nunca vai confiar em mim.

Cassie revirou os olhos.

— Nós dois sabemos que não funciona assim. Se ela é sua companheira,

seus gatos não vão parar até que você compartilhe o vínculo de parceria.

Marque minhas palavras, Jett. Deixe suas panteras liderarem o caminho, e isso

vai acontecer.
Capítulo Vinte e Um

ARIANA

Na manhã seguinte, deitei na cama entre Maximus e Owen, minha cabeça

embalada no braço de Owen. Eu não acho que poderia ficar mais feliz. Minha

loba e minha ursa estava cochilando em êxtase dentro de mim, e meu humano

estava mais do que feliz, deitado entre esses dois homens incríveis. O lençol

estava sobre nossos três corpos, o que dificultava para mim, levantá-lo e

espreitar por baixo novamente. Não podia acreditar que isso era real, que eu

poderia me sentir bem novamente depois do que tinha acontecido comigo na

semana passada.

Quando viu que eu estava me mexendo, Owen se aninhou em meu

pescoço, sua barba fazendo cócegas em minha pele. Maximus estava de frente

para mim, seus dedos traçando círculos lentos ao redor da minha barriga,

enviando arrepios de cócegas através do meu corpo satisfeito. Para meu

alívio, me sentia muito mais forte do que na noite anterior. Como sempre,

minhas bestas tinham percebido o que eu precisava antes que meu cérebro

humano pudesse.

— Há quanto tempo vocês estão acordados? — Perguntei, olhando de um

para o outro.

— Nós não quisemos acordá-la. — Disse Owen.


— Ou deixá-la. — Disse Maximus. — Você precisava descansar.

— Então, como você está se sentindo? — Eu perguntei finalmente.

— Você não está chateado em me compartilhar com Owen?

Os olhos sérios de Maximus procuraram os meus.

— Eu sei que nem sempre faço o certo ou demonstro da maneira certa,

mas sempre quero o melhor para você, Ariana, quero que você esteja segura

e feliz acima de tudo.

— Você ainda está descontente com a coisa de quatro amantes?

— Não. — Disse ele. — Quando você se foi, vi o quanto significa para os

outros. Tanto quanto você significa para mim. E sei que não falamos, mas isso

não significa que não me importo com você.

Meu coração se encheu de amor, e levantei minha mão e coloquei-a

suavemente contra a sua bochecha.

— Eu sei disso, Max, nunca duvidei disso.

— Bom. — Disse ele, inclinando-se para pressionar os lábios nos meus.

— Eu também. — Disse Owen. — Eu te amo, Ariana. Você é minha

companheira e eu faria qualquer coisa por você. Adoro ver você feliz, não

importa com quem você está. E especialmente amo que sou um dos homens

que podem fazer você se sentir bem.


— Sim, você fez. — Eu disse, aconchegando-se contra o seu corpo enorme

e nu. Maximus entrou, me colocando entre ele e Owen. Apenas quando eu

pensei que nós iríamos começar tudo de novo, um toque soou na porta.

Antes que pudéssemos responder, o rosto sorridente de Cash apareceu.

— Ari, eu estava apenas indo a...

Sua voz cortou no meio do pensamento quando ele avistou nós três

descansando na cama.

— Oh. — Disse ele, seu sorriso vacilante, substituído por um olhar de

surpresa que era nada menos do que cômico. — Se eu soubesse que você

estava pronta para isso...

— Eu também não sabia que estava. — Eu disse. — Até que aconteceu.

— Entre. — Disse Maximus. — Você não precisa ficar aí fora. Nós todos

queremos estar perto de nossa companheira agora.

— Realmente? — Cash perguntou, seu rosto se iluminando.

Dei a Maximus, um sorriso que estava cheio de toda a gratidão e

felicidade, que senti ao vê-lo assentindo e entendendo que todos os meus

companheiros precisavam de mim tanto quanto ele. Me aconcheguei mais em

seus braços, saboreando a força de seu corpo contra o meu debaixo do lençol.
— Tem espaço aqui. — Disse Owen, afastando de mim o suficiente para

criar um espaço para mais uma pessoa. — Não se preocupe, não vou morder...

desta vez.

Cash pareceu um pouco surpreso quando Owen lhe deu uma piscadela,

e eu não pude evitar mas ri. Depois de um segundo, Cash saltou e se arrastou

para o local ao meu lado, embora ele permanecesse no topo do lençol. Quando

Owen se aconchegou atrás dele, percebi que meus animais estavam errados,

eu poderia ser ainda mais feliz do que tinha sido um minuto atrás.

— Então, eu tive essa teoria. — Cash disse, parecendo não se importar

com quão perto Owen estava ficando. — Talvez você tenha que reivindicar

um companheiro antes que você possa mudar para sua forma.

— Sim, mas tentei me transformar em um urso antes. — Eu disse.

— Huh. — Disse ele, franzindo um pouco a testa enquanto olhava para o

teto. — Isso é verdade.

— Mas eu tenho outra teoria. — Admiti. — Parece que... mudei pela

primeira vez em uma dragão, depois que fizemos sexo. Eu não poderia mudar

para uma ursa, porque eu não tinha dormido com Owen. Mas agora...

— Isso não é surpreendente. — Disse Maximus, apoiando a cabeça na

mão e olhando para mim. — O vínculo de verdadeiro companheiro dos lobos

não é finalizado, até que o par tenha acasalado. Isso faz sentido. Quando você
realmente reivindica um companheiro e forma um vínculo de parceria, você

ganha a habilidade deles de mudar.

— E quaisquer outras habilidades que eles possuam. — Disse Cash. —

Força para o Urso. O link mental e a comunicação que você compartilha com

a Maximus. E fogo do Dragão, aposto que você pode jogar com as mãos em

forma humana, como eu posso, vou te ensinar como.

— A única questão é... — Ponderou Owen. — Qual é o seu dom, Silver

Shifter? A capacidade de mudar para qualquer forma de seus companheiros,

ou a capacidade de transformar vampiros em humanos?

Depois de um minuto de reflexão, nenhum de nós poderia responder a

essa pergunta.

— Não acho que você vai estar mudando em uma pantera tão cedo. —

Maximus rosnou. — Não depois do que Jett fez. É muito triste você não

conseguir o poder de invisibilidade, no entanto. Isso seria útil quando os

vampiros atacarem da próxima vez.

— Claro que não. — Eu disse. — Não posso ter um companheiro que me

traiu assim. — Minha parte animal protestou ao som da minha negação. Ela

não se importava com o que Jett fez. Para ela, ele era nosso companheiro tanto

quanto os outros.

— Ninguém espera isso de você. — Disse Owen, uma carranca

escurecendo sua testa.


Meus animais rosnaram por seu último companheiro novamente, mas

disse gentilmente a eles, para calar a boca, enquanto me dirigi aos

companheiros que realmente se importavam comigo e me protegeram todo

esse tempo.

— O que vamos fazer? — Perguntei. — Ele é um dos quatro novos Alfas

de York, mas obviamente, não está do nosso lado.

— Não podemos deixá-lo escapar com o que ele fez. — Maximus rosnou,

seu braço apertando protetoramente ao redor da minha cintura.

— Concordo. — Cash disse, sua boca definida em uma linha sombria.

— Sério? — Eu perguntei, me afastando para olhar para ele. — Quero

dizer, ele é seu amigo...

— Ele era meu amigo. — Cash corrigiu. — Ele deixou claro, que a

amizade não existe mais, de que lado ele está. Todo shifter sabe que você

nunca mexe com a companheira de outro homem.

— Mesmo que esse companheiro seja seu também. — Owen murmurou.

— Vocês são todos a favor de punir Jett? — Eu perguntei, olhando de um

para o outro.

— Você não é? — Cash perguntou.

— Eu não sei. — Admiti. — O que vocês irão fazer?


— Temos que declarar guerra ao seu clã. — Disse Maximus. — Ele não

nos deixou escolha.

— Ele fez quase a coisa exata que os vampiros fizeram com seu pai. —

Disse Cash.

— Quando eles mataram seu pai, nós unimos forças com o seu clã e

lutamos contra os Vampiros. Agora ele te sequestrou. Ele sabia quais seriam

as consequências.

— O clã dele não é o menor dos clãs shifters em Nova York? — Perguntei.

— Sim. — Disse Owen. — Não seria difícil expulsá-los completamente.

Fiquei pensando por um minuto. Finalmente, balancei a cabeça.

— Não. Eu não quero fazer isso.

— Ariana. — Disse Maximus. — O que você está propondo?

— Meu trabalho é unir os clãs. — Eu disse. — Não excluir um deles. Eu

sei que não podemos confiar em Jett, mas não devemos descontar em seu clã.

Nós não podemos puni-los por serem panteras, só porque seu líder é um

idiota. Isso é tão injusto quanto punir todos os vampiros por serem vampiros.

— Ok, sem guerra. — Disse Owen. — Qual é o plano, então?

Percebi então que ele se importava com o que eu tinha a dizer, todos

sabiam. Eles estavam esperando minha entrada. Eles respeitariam o que eu


queria, valorizariam minha decisão acima de tudo. Se eu quisesse a guerra,

eles a declarariam. Se eu não fizesse, eles não iriam. Tão satisfatório quanto

teria sido, fazer Jett pagar pelo que ele fez, eu sabia que a vingança não era a

resposta. Eu ia ter que ser uma pessoa melhor, e perdoar Jett.

Não estava pronta para fazer isso ainda, mas eu não queria que suas

panteras fossem feridas, ou mortas.

— Quero fazer as pazes. — Eu disse. — Mas não se preocupem, não sou

idiota, nunca mais irei confiar naquele felino.


Capítulo Vinte e Dois

ARIANA

Finalmente, estamos indo para casa. Pisquei de surpresa quando o

pensamento veio através da minha cabeça. Eu não tinha certeza quando o

território lobo começou a parecer ser minha casa, mas depois de tudo que eu

passei na semana passada, eu não queria nada mais do que estar em casa com

os lobos. Algo sobre o clã me passava uma sensação de paz. Assim que

cruzamos as terras das manadas, pude sentir a excitação de nosso retorno

vibrando através do vínculo.

O bando estava feliz por nos receber de volta, o que me surpreendeu um

pouco. A última vez que estive em contato com Shira e os outros, eles me

odiavam. Estavam chateados que Maximus não era meu único companheiro.

Eu entendia isso. Maximus era seu alfa e vê-lo, senti-lo, infeliz foi difícil.

Mas o sentimento de contentamento que encharcou minha mente no

momento em que voltei, contou outra história. Maximus estava bem com a

nossa situação, e eu era bem vinda aqui, fazia parte do bando.

Olhei pela janela até que paramos na frente da cabana principal. Lobos

saíram pela porta da frente antes que Maximus desligasse o carro. Shira foi a
primeira a minha porta, abrindo-a com tanta força que as articulações

gritaram.

— Ariana! — Shira chorou. — Você está bem!

A segunda em comando dos lobos pegou meu braço e me ajudou a sair

do carro antes de me envolver em seus braços. Eu pisquei estupidamente,

totalmente chocada. Shira era a última pessoa que pensei que me

cumprimentaria tão calorosamente. Ela estava com raiva quando a vi pela

última vez.

— Sinto muito. — Ela sussurrou, sua respiração quente contra o meu

ouvido. — Eu sinto muito. Ainda bem que você está bem.

Shira se afastou, segurando-me no comprimento dos braços. Seus lábios

se torceram em um pequeno sorriso cuidadoso, e seus olhos brilhavam com

culpa. Ela achava que isso era de alguma forma sua culpa? Eu entendi porque

ela me evitou. Doeu, mas entendi.

— Obrigada. — Sorri timidamente, não sei como agir. Isso era território

desconhecido para mim.

Shira assentiu e deu um passo para o lado, permitindo que Owen pegasse

meu braço e me guiasse para fora. Filhotes correram em volta dos meus pés

no segundo em que entramos, e eu teria tropeçado se não fosse pelos reflexos

rápidos de Owen.
— Bem-vinda de volta! — Disse uma mulher do bando. Alguns outros se

aproximaram de nós com sorrisos de boas-vindas antes de nos deixar entrar

na sala para sentarmos.

Mesmo depois de um dia de descanso, eu ainda estava cansada. A prata

e tudo o que eles estavam me dando para segurar o animal, estava quase fora

do meu sistema, mas não inteiramente. Maximus disse que a prata deveria

sumir amanhã, e Cash tinha certeza de que eu seria capaz de mudar em modo

de dragão quando eu precisasse. Parecia que eu não estaria recebendo lições

sobre como lançar bolas de fogo tão cedo.

Foi bom ter meus bichos de volta, e eu estava orgulhosa de ter uma

terceira participação em minha pequena tribo. Minha mente estava cheia,

embora meu coração ainda estivesse faltando um pedaço. Jett não cometeu

traição só a mim, ele traiu todos os Clãs de Nova York. Eu não queria fazer

ninguém sofrer, e é exatamente isso que aconteceria, se eu deixasse meus

amantes fazerem o que queriam. Eles queriam sangue. Retribuição. Eu

poderia estar chateada como o inferno com Jett, mas eu não quero que ele ou

qualquer outra pessoa sofra. Ele ainda era meu companheiro, e estas ainda

eram minhas famílias. Estava feliz por eles terem ficado do meu lado no final.

As panteras não sofreriam, mas algo teria que ser feito sobre Jett

eventualmente.

— Que tal nós temos um churrasco amanhã, e deixar Ariana descansar

um pouco hoje? — Maximus sugeriu, sua voz explodindo sobre o tumulto que

o bando estava causando.


Houveram alguns gemidos desapontados, especialmente dos filhotes

choramingando, mas depois de alguns minutos de conversa, os lobos haviam

deixado o prédio. Fiquei com meus três amigos em paz relativa.

Suspirei e encostei a cabeça no ombro de Owen. Nós nos sentamos no

sofá de três pessoas, e Cash imediatamente tomou o lugar ao meu lado. Eu

alcancei através da ligação para ver como Maximus estava se sentindo. Houve

uma pontada de aborrecimento e um pedaço de ciúmes, mas nada mais. Ele

finalmente entendeu. Talvez seja por isso que o bando estava tão feliz em me

ver. Eles sentiram que nós finalmente colocamos o ciúmes para descansar?

— É bom estar em casa. — Eu disse. — Senti tanta falta.

— Nós sentimos sua falta. — Cash roncou, um olhar aquecido em seus

olhos.

Virei meu olhar para ele, minhas bestas se mexendo para a vigília. Eles

entendiam o olhar nos olhos de Cash tão bem quanto eu. Um sorriso curvou

meus lábios, e peguei meu companheiro dragão. Pelo olhar em seus olhos, ele

não tinha esquecido sua promessa para hoje.

Cash pegou minha mão e eu o puxei para frente até nossos lábios se

encontrarem.

Sua pele estava quente sob as pontas dos meus dedos, e seu cheiro me

envolveu. De repente estava cercada pelo cheiro de fogueiras e canela, e o


beijei avidamente. O aperto de Owen no meu ombro aumentou, e ele me

puxou contra seu peito duro, suas mãos deslizando até meus quadris.

Calor começou a crescer no meu núcleo até que um grito rompeu a

quietude da noite.

Todos nós congelamos, nossa respiração irregular era o único som.

— Que diabos foi isso? — Cash perguntou quando se inclinou para trás.

Eu olhei em seus olhos verdes, sua confusão refletindo a minha. Senti

pânico através da ligação de parceria, como um respingo de gelo.

— Algo está vindo. — Maximus advertiu. Ele correu para a porta, no

momento que eu pulei do colo de Owen.

Segui os calcanhares dos meus amigos até o jardim da frente. Árvores

eram mostradas em silhueta contra uma lua brilhante pairando no céu da

noite estrelada. A floresta parecia totalmente imóvel até que um carro veio

voando entre as árvores.

— Espalhe! — Gritou Owen.

Mergulhei para o lado, o sedan quase me atropelou. Ele bateu na grama

além do pórtico da frente, metal retorcendo e vidro quebrando no impacto.

Eu evitei os destroços e espiei as árvores. De onde esse carro acabou de

vir? Um dos outros alojamentos na montanha? Eu esperava que ninguém

estivesse machucado. Através do vínculo, não podia sentir alguém ferido,


apenas em pânico, mas ainda assim, nós temos que proteger a matilha de

qualquer perigo.

— O que está acontecendo? — Cash estalou.

— Quem está na minha terra? — Maximus gritou para as árvores.

Outro grito encheu a noite, de alguma forma triste e enfurecido ao mesmo

tempo. Minha pele se arrepiou e um arrepio desceu pela minha espinha.

— Eu cheiro um vampiro. — Owen amaldiçoou em voz baixa e deu um

passo em meio diante de mim.

Neste momento, eu não tinha certeza de como eu lutaria, com apenas

minha ursa em força máxima, então não protestei.

— Foda-se. — Cash rosnou. — O que deveríamos fazer?

— Eu não vou deixar minha matilha. — Disse Maximus com firmeza.

— Claro que não. — Eu disse. — Sinto o cheiro de um vampiro.

Owen assentiu.

— Apenas um.

— Então eu digo, que venha! — Sorri até que outro grito soou mais perto

novamente.
Através das árvores, uma figura feminina apareceu, alta e esbelta com

selvagens cachos loiros e deslumbrantes olhos azuis rodeados de vermelho.

Fúria torceu o que eu pensava poder ser um rosto bonito, transformando-o

em algo feio.

Owen respirou fundo.

— A Rainha Lamia. Helena.

A boca de Cash caiu aberta.

— Sério?

Eu não tinha ideia do que diabos estava acontecendo, ou quem era essa

rainha.

— Você! — A rainha gritou.

Eu mal pisquei antes da mulher aparecer diante de mim. Ela pegou

minha garganta e me bateu contra o lado da cabine, me atordoando sem

sentido.

— Você fez isso com ela! — Helena gritou. Lágrimas vazaram de seus

olhos injetados, criando rastros em sua pele corada. — Você tirou meu amor

de mim!

De que diabos ela estava falando?


— Deixe-a ir. — Cash exigiu. Eu podia sentir seu calor mesmo a alguns

metros de distância. Ele estava a poucos momentos de se transformar e

queimar este vampiro em uma batata frita.

— Seu sangue é tóxico, — Helena se enfureceu comigo, ignorando Cash

inteiramente. — Eu deveria ter acabado com você muito antes. Foi bobo

pensar que você não era uma ameaça, e agora ela se foi. Seu sangue a

transformou em um monstro!

Meus olhos se arregalaram e meu coração parou. Jade. O humano no

laboratório, o monstro que Petra foi forçada a criar. Ela era a companheira de

Helena?

Eu estou tão fodida.

— Vou te matar por isso! — As mãos de Helena apertaram

dolorosamente.

Um rugido perverso soou nas proximidades, seguido pelo rasgar de

roupas e carne.

Quando olhei por cima do ombro de Helena, Maximus estava em forma

de lobo. Ele pulou nas costas da Rainha Lamia, mas Helena simplesmente

levantou a mão, seus dedos espalhados.

Magia queimava através do ar, e Maximus congelou no meio do salto,

suas mandíbulas abertas. Olhei entre meu companheiro e Helena, meu

sangue gelando.
— Você não vai viver para ver o amanhecer, loba. — Helena sacudiu o

pulso, e Maximus voou para trás. Ela me puxou de volta da parede, e de

repente eu estava voando pelo ar.

Me senti sem peso por um bom momento, meu corpo viajando alto no ar,

pela força do lançamento de Helena. Procurei em minha mente pela minha

dragão, mas ela gemeu em resposta, ainda presa dentro de mim por qualquer

droga que tivesse a envenenado. Tentei girar meu corpo tanto quanto pude,

mas quando vi que o chão estava se aproximando, pensei:

Isso vai doer.

Fim
Para você que chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.
Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para
você!

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