Você está na página 1de 1

 O Antigo Oriente como problema histórico

o O principal canal que preservou no tempo (sem interrupção) uma memória


histórica sobre o Antigo Oriente é o Antigo Testamento, que garantiu a
sobrevivência, em meio a um naufrágio generalizado, das literaturas orientais
antigas
 Isso atribuiu-lhe respeitabilidade e um carisma de “verdade”, que
durante muito tempo foram aceitos pela cultura europeia sem revisões
substanciais
 A própria descoberta arqueológica do Antigo Oriente dá-se
inicialmente, e sobretudo, como tentativa de recuperar dados e
imagens do “ambiente histórico” do Antigo Testamento. Tentou-se
provar que “a Bíblia tinha razão”
 A maior parte dos estudiosos envolvidos foi inicialmente estimulada
pelo fato de serem judeus, pastores protestantes, e em menor
número, sacerdotes católicos. Ou seja, não eram “imparciais”, nem
indiferentes aos resultados de suas pesquisas, que podiam confirmar
ou negar os próprios fundamentos de sua visão de mundo [abordagem
secular]
o Outro canal de sobrevivência de dados e imagens sobre o Antigo Oriente são
os autores clássicos, representantes de um mundo (helênico, seguido pelo
helenístico e pelo romano) contemporâneo e, de certa forma, contraposto às
civilizações orientais em sua fase mais recente
 O Oriente ficava consolidado como polo oposto do “nosso” Ocidente,
logo consolidando os mitos do despotismo oriental (oposto à
democracia ocidental), do imobilismo tecnológico e cultural (oposto ao
progresso cumulativo do ocidente), da sabedoria oculta e mágica
(oposto à ciência leiga e racional dos gregos e seus herdeiros)
 Lembrar que justificamos as pirâmides como obras de E.T.s por algum
tempo
o Porém, com a intensificação do conhecimento, outros mitos substituíram os
antigos, como a versão moderna do mito das origens que consiste em ver o
Antigo Oriente como o “berço” da civilização, o lugar que primeiro promoveu o
uso de instrumentos tecnológicos e operativos e as formas de organização
dessa elevada cultura, que chegou até nós
 O Antigo Oriente foi generalizado como um dos componentes
privilegiados de um eixo basilar da história universal em perspectiva
eurocêntrica, seguida pelo mundo grego, mundo romano, Europa
medieval cristã e Europa Ocidental moderna
 Isso dá um sentido unitário e acabado ao desenvolvimento histórico,
mas implica na inevitável marginalização de outras experiências
históricas que permanecem como que eliminadas, e consideradas
irrelevantes e sem consequências
 [CONTINUA NO VERMELHO DA PÁGINA 2 NO CADERNO]

PÚBL
ICA

Você também pode gostar