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Edição Especial - Diversidade por Democracia
sociais no âmbito das negociações e se somam em uma dramática constitutivos desta organização.
EDITORIAL sindicais em favor da equidade de
oportunidade de renda e partici-
movimentação ideológica na in-
cessante calcificação de uma so-
Contudo, a nossa ação sin-
dical pode acelerar as mudanças
pação social sem distinção de gê- ciedade desigual, é necessário que sociais apoiando as macropolíticas
nero e raça de quem ocupa os mudemos esta realidade com afirmativas nas esferas do Estado
espaços de maior prestígio no tra- nosso dinamismo para reafirmar e através dos instrumentos norma-
balho. nossas práxis anti-homofobia e tivos celebrados com empregado-
Somos signatários dos mo- pró-democracia, por meio de in- res deste setor de presença
vimentos sociais e sabemos dos tervenções teóricas, mobilizações maciça da população LGBT+ den-
desafios para que ocorram trans- e proposições de pautas de reivin- tre outras populações vulnerabili-
formações profundas nas relações dicação que interseccionem a luta zadas pela discriminação social,
socioeconômicas no país. de classe com a luta por equidade como um contraponto às necro-
Entendemos que a luta de gênero e raça, considerando políticas que estabelecem o mo-
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contra a discriminação de gênero que as desigualdades sociais pos- delo de exploração de classe e a
é interseccional, relacionando-se suem os mesmos princípios de significação dos corpos a partir da
desta forma com as demais lutas darwinismo social a partir da clas- hegemonia patriarcal e que ainda
sociais pela democratização dos sificação e subalternização de uma balizam condições de existência e
espaços da sociedade, que por parcela da sociedade. morte de uma pessoa nos espaços
Marco Aurélio C. de Oliveira sua vez produzem também de As formas de organização em que convive socialmente.
Presidente do Sintratel
forma interseccional as desigual- social a partir do patriarcado Queremos que nossas aná-
Queremos que nossas propos- dades econômicas e formas de foram impostas por meio da força, lises e proposições possam apon-
tas possam apontar novos ca- violência social. em um processo histórico violento tar novos caminhos para a
minhos para o combate à Diante da persistente nega- no qual a vitória inicial do opressor fomentação de medidas efetivas
discriminação em todos os es- ção do direito jurídico da liberdade conferiu as condições materiais e de combate à discriminação e de
paços da sociedade de ir e vir estabelecida há décadas ideológicas para impor a sua nar- participação equânime da popula-
O Sintratel tem desenvol- pela Constituição do país, e das ar- rativa sobre a organização da so- ção LGBT+ em todos os espaços
vido ações com o intuito de fo- ticulações cotidianas das formas ciedade e significação de gênero, da sociedade."
mentar a produção das políticas de discriminação que se alternam classe e raça como elementos

Stonewall Inn, a origem da parada do orgulho LGBT


O movimento LGBT+ ce- conhecido por Ferros’s Bar,
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lebra quase seis décadas de ficou conhecido como "O pe-


luta contra a homofobia e a queno Stonewall Inn" brasileiro.
transfobia, desde a Revolta de A primeira Parada da Di-
Stonewall em 1969, que foi mo- versidade ocorreu na capital de
tivada pela violência policial São Paulo em 1997, durante a
contra frequentadores LGBT+ celebração do projeto de lei 1151
em um bar nos Estados Unidos. da então deputada federal
A partir daí, o movimento Marta Suplicy, que instituiu a
ganhou força e se espalhou união homoafetiva.
pelo mundo. Em 2004, a Parada de
No Brasil, as manifesta- São Paulo foi considerada como
ções do Orgulho Gay chegaram a maior do mundo.
durante a ditadura através da Em 2015, o bar Stonewall
resistência sindical. Inn em Nova York foi declarado
Em 1980, um grupo um monumento histórico da ci-
LGBT+ se uniu à classe traba- dade e, em 2016, o ex-presi-
lhadora em um ato do movi- dente dos Estados Unidos,
mento sindical em São Barack Obama, decretou que
Bernardo do Campo (SP). seria o primeiro monumento
No ano de 1983, um forte nacional aos direitos civis dos
protesto em um bar localizado LGBT+.
na região central de São Paulo,
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2 Opinião Sintratel | junho de 2023
Qual o sentido da violência do machismo? - Por Valmira L. da Silva | Diretora do Sintratel
três pilares; normas jurídicas, con- sociedade, e a justificativas para as taram o aumento da violência con-

Imagem: Divulgação
ceitos culturais e princípios religio- penalidades e violências múltiplas tra a população LGBTQIA+, se-
sos, a violência foi legitimada para aqueles que segundo os gundo pesquisa da organização
como forma de educação sobre os ofensores não se portam como de mídia Gênero e Número, com o
valores impostos pela ideologia homens nesta sociedade patriar- apoio da Fundação Ford.
machista colonial. cal. Portando, as múltiplas vio-
De acordo com narrativa de A violência também é justi- lências sejam; moral, patrimonial
Helena Vieira, mulher trans, escri- ficada pelo machismo como pena- ou físicas são formas de materiali-
tora e pesquisadora pela USP em lidade para quem não se portam zação da interpelação machista
Gestão de Políticas Públicas sua como mulheres, logo indignas de contra os corpos considerando
palestra na SP escola de Teatro: estarem na sociedade, e não dissidente dos padrões sociais,
sendo passíveis de alguma afeti- como meio de expurgá-lo destes
“Segundo o ordenamento patriar- vidade, sociabilidade ou mesmo espaços, e confiná-lo em situação
cal ser binário (hétero) era na- segurança física.” de subordinação e invisibilidade
O ordenamento social bra- tural, bem como qualquer outra Este esquema perverso de social.
sileiro, a exemplo de outras nações possibilidade de existência tor- controle também fomenta o É urgente que nos levante-
herdeiras do colonialismo, estrutu- nou-se, abjeta por se tratar de avanço dos índices de estupros mos em favor da resistência por
rou a identidade social e econô- algo, doentio ou desvio de cará- corretivos que vitimam em espe- todos os meios ao machismo que
mica da nação, a partir do ter , logo a coerção violenta con- cial as lésbicas e homens trans, as extermina física e socialmente os
patriarcado, com rígido ordena- tra a população de identidade ações policiais violentas, com o corpos subalternizados pela discri-
mento socioantropológico, no qual de gênero diversa e aquela não sistemático extermínio de pessoas minação.
se naturalizou a existência de ape- binária, lésbicas, gays mulheres e com identidades diversas de gê- Portanto, a ordem do dia é
nas 2 gêneros, com atribuições e homens trans e afins, foi institucio- nero ou não binárias, em especial a luta pela construção de políticas
acepções devidamente reservadas nalizada como meio “corretivo” de baixa renda, logo, suscetíveis a públicas de proteção a liberdade
a cada fosse na vida privada ou para a recondução destas pessoas violação de direitos e garantias de gênero como meio de assegu-
pública. ao seu suposto destino de gênero fundamentais, fazem parte deste rar nossa legítima garantia de exis-
Este ordenamento pautou determinado por sua genitália in- esquema de escalonamento per- tir neste mundo.
as condições sociais nas quais as dependente de sua real identi- verso. A ressignificação dos valo-
pessoas deveriam viver, vestir, tra- dade de gênero. De acordo com a Associa- res da sociedade atual precisa par-
balhar educar e conviver nos espa- Ao nos defrontarmos com ção Brasileira de Gays, Lésbicas, tir de outros pilares como a
ços sociais, com ou sem as violências físicas e morais sofri- Bissexuais, Travestis e Transexuais liberdade, igualdade e fraterni-
determinados prestígios e privilé- das por gays e mulheres e homens (ABGLT) aponta que cerca de 20 dade, a fim de que possamos inde-
gios, e por fim, se terão o direito de trans impostas pelo machismo, milhões de brasileiras e brasileiros pendentemente de como nos
viver ou serão exterminadas. percebemos que este comporta- (10% da população), se identificam identificamos em matéria de gê-
Diante da opressão de gê- mento obedece determinadas sig- como pessoas LGBTQIA+, e em nero, conviver democraticamente
nero estruturada na sociedade em nificações do que é ser homem na média 92,5% dessas pessoas rela- nos espaços sociais.
Mortes violentas de LGBT+ no Tipificação das mortes violentas de
Brasil, por segmento LGBT+ no Brasil Expediente
Sintratel - Sindicato dos Trabalha-
dores (as) em Telemarketing.
Rua Dr. Frederico Steidel, 255 - Vila
Buarque, São Paulo - SP.

Presidente:
Marco Aurélio Coelho de Oliveira

Diretora de Administração e Finan-


ças - Pauta, Pesquisa e Textos:
Valmira Luzia da Silva
Para uma me- xual e da identidade de A pesquisa de 2022 mortes por arma de fogo,
lhor compreensão das gênero. identificou diversos tipos 48 mortes por esfaquea- Diretor de Promoção de Políticas
mortes ocorridas em São eles: gay; de violência LGBT, como mento, 130 mortes em pe- de Igualdade nas Relações de Tra-
2022, com base no lésbica; bissexual; tra- agressões físicas e verbais, ríodo noturno, 18 suicídios balho, Benefícios:
dossiê de mortes e vio- vesti e mulher transe- negativas de fornecimento por pessoas trans, 118 mor- Paulo César Martins
lências contra LGBT+ xual; homem trans e de serviços e tentativas de tes no Nordeste e 71 no Su-
no Brasil, agrupamos pessoa transmasculina; homicídio. Houve uma deste. Diretor de Relações Institucionais,
as vítimas em seis pos- e outras pessoas viti- maioria de mortes LGBT Todas essas violên- Sindicais, Imprensa e Comunica-
síveis segmentos madas pela LGBTIfo- provocadas por terceiros: cias contra LGBT foram ção:
LGBT+, pensados a bia, identificadas como 228 homicídios, represen- perpetradas em diferentes Marcísio Mendes de Moura
partir da orientação se- “Outros Segmentos”. tando 83,52% do total, 30 ambientes – doméstico, via
Quais estados mais matam LGBT+? suicídios, que correspon- pública, cárcere, local de Jornalista:
deram a 10,99% dos casos trabalho etc. Luís Carlos Nunes
Dentre os esta- tanto, se considerado o e outras 15 mortes, 5,49%. Porém, é impor- MTb/SP 86845
dos com o maior nº de nº de vítimas por mi- Além disso, alguns tante ressaltar também
vítimas, o Ceará apa- lhão de habitantes, o destaques dos dados di- que houve um nº significa- Projeto Gráfico, Edição de Ima-
rece no topo do levan- ranking da violência vulgados pelo dossiê, são: tivo de suicídios, com 30 gens e Diagramação:
tamento, com 34 LGBTIfóbica é liderado 159 travestis e mulheres casos registrados (10,99%). Ágora - Editora e Comunicação
mortes; seguido por por Ceará, com 3,80 trans mortas, 97 gays mor- Mais uma evidencia dos
São Paulo, com 28 mortes; Alagoas, com tos, 91 vítimas pretas e par- danos causados pela CNPJ: 15.333.492/0001-04
mortes; e Pernambuco, 3,52 mortes e Amazo- das, 94 brancas, 91 vítimas LGBTfobia estrutural na
com 19 mortes. Entre- nas, com 3,29 mortes. entre 20 a 29 anos, 74 saúde mental das pessoas.

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Sintratel | junho de 2023 Feminismo 3
Feminismos diversos ou barbárie
Por Valmira L. da Silva - Diretora do Sintratel
Os movimentos feminis- mundo que conhecemos a partir por meio da promoção dos mo-

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tas diversos, se articulam em de estratégias e articulações vimentos, podemos contribuir
compasso com as variadas per- promovidas por elas. com a batalha do movimento
cepções vivenciadas dos corpos Tais movimentações favo- trans feminista em favor do
estigmatizados pela discrimina- receram as mudanças ou as cha- igualdade de gênero em todas
ção de gênero nesta sociedade, madas rupturas históricas no as suas vertentes, reforçando a
multicultural, multirracial e com campo jurídico, social e econô- ideia de luta pela valorização do
traços profundos de desigual- mico, assim, alterando a conjun- feminino em todos os espaços
dade econômica. tura e obrigando o patriarcado a sociais.
A partir da concepção de recuar diante das conquistas Diante da promoção da
luta por liberdade de identidade promovidas pela luta delas. igualdade de gênero os corpos
de gênero, desenvolvida por Estes desdobramentos considerados dissidentes terão
elas, foram se articulando as va- sempre nos pareceram revolu- no feminino o eixo de desenvol-
riadas vertentes do feminismo, cionários por estarem muito vimento da luta por outro mo-
habilitando diferentes protago- além de seu tempo, e serem ca- delo de sociedade pautado na
nistas em seus lugares de per- pazes de promover a evolução democracia, na qual a ascensão
tencimento e de fala, igualados nas relações socioeconômicas identitária na qualidade de ho-
pela luta contra a discriminação de maneira duradoura alcan- mens trans que partem deste fe-
e assenhoradas de sua própria çando as gerações futuras vide minino e a ascensão identitária Nossa evolução humana
existência como meio de resis- as conquistas do artigo 5° da na qualidade de mulheres trans depende da capacidade
tência social. constituição de 1988, Lei Maria que seguem em direção a este de nos indignarmos contra
O transfeminismo é uma da Penha 2006, e recentemente feminino podem unificar forças as injustiças e violências
destas vertentes, assim, como o a tipificação da discriminação no combater a discriminação cometidas contra as mu-
feminismo negro ambos vieram de gênero enquadrada como por meio das práxis feminista, lheres em torno do mundo
se constituindo como articula- forma de racismo lei 7716/89 em para estancar a barbárie social
ções distintas do feminismo 2019 pelo Supremo Tribunal Fe- promovida pelo machismo pa- pelos direitos destes diversos
clássico eurocêntrico, inclusive deral. triarcal. femininos.
por vivenciarem outras formas Contudo, as feministas Considerando que a Afinal, nossa evolução
de violência e atravessarem mo- não se articulam na sociedade opressão social nasce da opres- humana depende da capaci-
mentos distintos de luta e resis- com a finalidade de tomá-la são de gênero a vitória da luta dade de nos indignarmos contra
tência a discriminação. para si, mas para compartilhar a por igualdade social passa pela as injustiças e violências come-
O feminismo enquanto sua organização com os demais libertação do feminino em todas tidas em torno do mundo, e
concepção ideológica produziu sujeitos históricos. as suas feições. utilizarmos nossos corpos dissi-
uma práxis feminista, fomen- Partindo da centralidade Assim, é necessário bus- dentes como condutores de
tando ao logo do tempo lineari- deste feminino para articular as carmos a unidade de ação entre vida, e articuladores do bem
dades e rupturas históricas, lutas por equidade social da po- todas nós feministas, mantendo viver rumo a uma sociedade na
capazes de gerar mudanças no pulação não binária e diversa forte o elo da corrente de luta qual seremos apenas iguais.

Homenagem ao corajoso João W. Nery Mais sobre João Nery


tenha o direito ao reconhecimento toda pessoa poderá solicitar a reti- Falecido em 25 de outu-
Imagem: Divulgação

de sua identidade de gênero, ao ficação registral de sexo e a mu- bro de 2018, aos 68 anos. Psicó-
livre desenvolvimento de sua pes- dança do prenome e da imagem logo e ativista, ele foi o primeiro
soa conforme sua identidade de registradas na documentação pes- homem trans a fazer uma cirur-
gênero e a ser tratada de acordo soal, sempre que não coincidam gia de redesignação sexual no
com sua identidade de gênero. O com a sua identidade de gênero Brasil no ano de 1977.
projeto de lei propõe a alteração do auto-percebida. Para isso, é neces- Realizada em plena dita-
artigo 58 da Lei 6.015 de 1973, que sário ser maior de 18 anos e apre- dura militar, o procedimento era
trata sobre os registros públicos, sentar uma solicitação escrita em considerado mutilação de um
João Nery faleceu em 25 de ou- para incluir a questão da identidade cartório, na qual deve manifestar humano. Em uma de suas
tubro de 2018, aos 68 anos. Foi de gênero. que, de acordo com a presente lei, últimas entrevistas, concedida
Psicólogo e ativista, em 1977 De acordo com o artigo 2º requer a retificação registral da cer- para a série #Colabora
foi o primeiro homem trans a da proposta, identidade de gênero tidão de nascimento e a emissão de “LGBT+60: Corpos que Resis-
fazer uma cirurgia de redesig- é definida como a vivência interna uma nova carteira de identidade, tem”, João Nery deixou uma
nação sexual no Brasil e individual do gênero tal como conservando o número original. linda mensagem:
Foi apresentado em 18 de cada pessoa o sente, a qual pode Não será necessário passar por in- “Eu não me arrependo de nada
novembro o Projeto de Lei corresponder ou não com o sexo tervenção cirúrgica de transexuali- do que eu fiz na minha vida. O
3213/2021, de autoria dos deputa- atribuído após o nascimento, in- zação total ou parcial, terapias importante é viver cada dia, por-
dos Jean Wyllys e Érika Kokay, que cluindo a vivência pessoal do corpo. hormonais, qualquer outro tipo de que é realmente o presente que
busca garantir o direito à identidade O exercício do direito à iden- tratamento ou diagnóstico psicoló- você vive”.
de gênero no Brasil. A proposta é tidade de gênero pode envolver a gico ou médico ou autorização ju- Semanas após a entrevista, Nery
uma homenagem ao psicólogo e modificação da aparência ou da dicial para alterar o prenome. anunciou que o câncer havia
escritor João Nery, nascido no Rio função corporal através de meios A legislação representa um chegado ao cérebro e contou
de Janeiro em 1950 e falecido em farmacológicos, cirúrgicos ou de imenso avanço para a proteção dos que seguiria escrevendo seu
Niterói em 2018, que foi um defen- outra índole, desde que isso seja li- direitos civis das pessoas trans no próximo livro: “Velhice Trans-
sor dos direitos das pessoas trans. vremente escolhido, e outras ex- Brasil, uma vez que reconhece e as- viada”. João aproveitou para
João Nery foi o primeiro homem pressões de gênero, inclusive segura o direito a identidade de gê- deixar um recado aos jovens:
trans que se tem registro no Brasil. vestimenta, modo de fala e manei- nero para todas as pessoas, “Não se acovardem. Ser o que
A lei tem como objetivo rismos. independentemente da sua identi- somos não tem preço. Viver
principal garantir que toda pessoa O texto também prevê que dade de gênero. uma mentira nos enlouquece”.

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4 Cultura & Serviços Sintratel | junho de 2023

Bandeiras do Sintratel para a aplicação de


políticas em prol da equidade de gênero
femininos independentes de mens trans em todos os órgãos dade humana;
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sua identidade de gênero, raça da Administração Pública Muni- d) Tratar a partir das nor-
ou classe social, requeremos: cipal Direta e nas autarquias, mas de isonomia e cidadania
a) A incisiva aplicação da fundações, empresas públicas e previstas na legislação quais-
lei Maria da Penha em situação sociedades de economia mista quer formas de discriminação
de agressões e demais violên- municipais. Cabe às UBS o no acesso a renda, permanên-
cias domésticas de qualquer dever de fixar em local visível cia e desenvolvimento no
natureza; cartaz que comunica o direito ambiente de trabalho;
b) Aplicação das normas ao nome social. e) Estimular parceiros,
jurídicas em compasso com a Para fins de equidade fornecedores e tomadores de
NR específica na qual fica esta- em matéria de emprego e serviço a adotarem políticas in-
belecido a garantia de tratativa acessão profissional: clusivas em interface com os
em situação de assédio sexual a) Disponibilizar progra- ambientes de trabalho;
no ambiente de trabalho; mas de aprimoramento profis- f) Fomentar programas
c) Aplicação das normas sional e processos seletivos em interface com o estado, en-
jurídicas de combate à discrimi- cuja finalidade seja ampliar a tidades sociais que tenha como
nação em locais públicos no renda e oportunidade desenvol- efeito estimular as ações in-
qual no Município de São Paulo, vimento na profissão; clusivas e de valorização da ci-
Paulo Cézar Martins - Diretor em 16 de maio de 2018, publi- b) Manter equilíbrio in- dadania no ambiente de
de Promoção de Políticas de cou o Decreto nº 58.228/2018 tersecional (gênero e raça) na trabalho e por consequência na
Igualdade nas Relações de que permite o uso do nome so- composição de cargos de co- sociedade;
Trabalho, Benefícios cial e o reconhecimento da mando; g) Garantia da utilização
Para fins da garantia de identidade de gênero de traves- c) Manter o ambiente do nome social nos ambien-
integridade física e moral dos tis, mulheres transexuais e ho- profissional receptivo a diversi- tes de trabalho.

Serviços: Centros de referência de saúde e especialidades na transição de gênero


• Centros de Cidadania LGBTI; CRADI (Polícia Civil); de Referência Especializado de e Cidadania da Cidade de São
• Centro de Referência e Defesa • Delegacias de Defesa da Mulher Assistência Social (CREAS); Paulo – Coordenação de Políticas
da Diversidade (CRD); (DDM); • Controle Social (Conselho Mu- para LGBTI;
• Defensoria Pública Estadual – • Rede de Atendimento à Mulher; nicipal de Políticas LGBT, Conse- • Secretaria da Justiça e Cidada-
Núcleo de Especializado de De- • Centros de Referência Especia- lho Estadual dos Direitos da nia do Estado de São Paulo –
fesa da Diversidade e da Igual- lizados para População em Situa- População LGBT de São Paulo, Coordenação de Políticas Para a
dade Racial (NUDDIR); ção de Rua (Centro POP); Conselho Nacional de Combate à Diversidade Sexual.
• Delegacia de Crimes Raciais e • Centros de Referência de Assis- Discriminação LGBT);
Delitos de Intolerância - DE- tência Social (CRAS) e Centros • Secretaria de Direitos Humanos

Espaço Cultural

Viagem Solitária conta a história O filme Elisa & Marcela conta a


de João W. Nery, o primeiro tran- história do primeiro casamento
sexual masculino de que se teve entre duas pessoas do mesmo
notícia no Brasil. Especialmente de- O livro Transfeminismo: Teorias Mulheres, raça e classe, de Angela sexo na Espanha.
dicado a todas as pessoas que se e Práticas se apresenta como Davis, é uma obra fundamental Em 1885, Elisa Sánchez e Marcela
reinventam para achar um lugar no uma "literatura de fronteira", que para se entender as nuances das Garcia se conhecem na escola e
mundo, narra a infância triste e aprofunda reflexões dessa novís- opressões. Começar o livro tra- se apaixonam.
confusa do menino tratado como sima linha de pensamento e tando da escravidão e de seus Anos depois, elas desejam se
menina, a adolescência transtor- ação, reconhecendo as contribui- efeitos, da forma pela qual a mu- casar. Para driblar as regras lo-
nada, iniciada com a “menstrua- ções pragmáticas dos movimen- lher negra foi desumanizada, nos cais, Elisa forja documentos de
ção” e o crescimento dos seios – tos sociais e as observações do dá a dimensão da impossibilidade um homem morto, corta o cabelo
que fazia de tudo para esconder. meio acadêmico, propondo co- de se pensar um projeto de nação e veste roupas masculinas.
Viagem solitária é um livro tecido nexões que, para além de esti- que desconsidere a centralidade Assim, elas enganam a comuni-
de dor e de coragem e que anun- mular diálogos e estudos, da questão racial, já que as socie- dade e se casam em 1901, na
cia, talvez, um mundo menos soli- subsidiam iniciativas políticas dades escravocratas foram funda- Igreja de São Jorge, na Galícia.
tário para os “diferentes”. fundamentadas. das no racismo. Assista na plataforma Netflix.
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