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Política Social de

Assistência no Brasil

Prof. Marcelo Gallo

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A Política Social no Brasil
• Antecedentes históricos e teóricos
• O modelo de Proteção Social no Brasil: A Seguridade Social
• A Política de Assistência Social
• O Serviço Social e as diferentes vertentes de entendimento quanto a
Política de Assistência Social

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O Serviço Social e a Política de Assistência Social

• A política social no campo do Serviço Social como objeto de estudo


vem sendo construído um vasto material teórico de bases empíricas
que nos ajuda entender o desenho do modelo de proteção social que
o Brasil adota.
• No entanto há diferenças de entendimento e de analise desta
concepção.

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O Serviço Social e a Política de Assistência Social
• Se por um lado temos a defesa do projeto ético politico profissional
que tem como direção uma outra ordem societária que não a
capitalista, o que faria a Politica Social, se não exercer uma “função
reformadora do capitalismo”?

• E os assistentes sociais em sua prática profissional nas políticas sociais


servem a quem? Ao capital, ou a classe trabalhadora?

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O Serviço Social e a Política de Assistência Social

• Podemos lançar algumas hipóteses para pensarmos esta divisão entre


aqueles que defendem uma outra ordem societária e aqueles que
defendem que estar atuando nos espaços sócio ocupacionais nas
politicas sociais seria campo fértil de construção de politização e de
reflexão critica que poderia em tese, se junto e articulado com os
diferentes movimentos sociais construir um lócus privilegiado de
debates e discussão que pode levar a uma ruptura com o capitalismo.

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• Duas defesas distintas que direcionam muitas analises pautadas única
e exclusivamente em olhar o marco econômico e regulatório do
capitalismos na era neoliberal, sem conseguir se aproximar do
exercício profissional, ou de uma maneira que consiga fazer esta
análise que é de extrema importância e necessidade mas chegar ao
assistente social trabalhador assalariado que esta atuando nas
politicas sociais.

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•Heterodoxia de concepção da
responsabilidade da política pública de
assistência social como proteção social

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Estado Social em um
país de alta
desigualdade social?

Não é walfare
state: construção
da metade do
Possibilidade de
século XX na
uma política social
Europa com outra
nesse contexto?
história socio-
econômica -
cultural

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Sposati vai enfatizar em sua análise

• “É preciso tornar claro que não parto da concepção da política social


como mera estratégia do capital sobre o trabalho e via de mão. A
complexidade histórica exige a incorporação das lutas travadas entre
sujeitos sociais representantes de diferentes interesses de classes,
mesmo que as forças contra hegemônicas possam oscilar, sob
diferentes conjunturas, em seu protagonismo para configurar as
políticas sociais públicas.....

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Sposati vai enfatizar em sua analise
• ...Não enxergo ou conceituo uma política social sob a leitura de uma
armadilha do capital sobre o trabalho. Ainda que na sociedade de
mercado, ocorra a hegemonia dos interesses do capital, nela ocorre,
também, a contra hegemonia do trabalho e das forças sociais que
lutam por novos ganhos na agenda do Estado, incluindo novas
responsabilidades públicas em direção à consolidação de seus
direitos. ...

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Sposati vai enfatizar em sua análise
• A política social é uma construção histórica e, como tal, não está
fadada a ser capturada por um dos lados em que se posicionaram os
sujeitos sociais históricos, mas sim, desde que colocada em
contexto democrático, em ter disputados seus meios e fins entre os
projetos sociais desses sujeitos conscientes e ativos.

• Sposati, 2011, p.105

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Para Couto, 2004
• Os direitos, enquanto constitutivos de um patamar de sociabilidade,
têm jogado papel importante na sociedade contemporânea, que, ao
discuti-los, coloca em xeque as formas de relação que são
estabelecidas, tornando tenso o movimento por vê-los reconhecidos
em lei, protegidos pelo Estado e, mais do que isso, explicitados na
vida dos sujeitos concretos.

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Silva, Yazbek & Giovanni, 2004
• Os modernos sistemas de proteção social não são apenas respostas
automáticas e mecânicas às necessidades e carências apresentadas e
vivenciadas pelas diferentes sociedades. Muito mais do que isso, eles
representam formas históricas de consenso político, de sucessivas e
intermináveis pactuações que, considerando as diferenças existentes
no interior das sociedades, buscam, incessantemente, responder a,
pelo menos, três questões: quem será protegido? Como será
protegido? Quanto de proteção?

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A provisão de proteção social, não resulta tão só da capacidade de
consumo do indivíduo e de sua família implica em condições
concretas:
• do lugar onde se vive,
• de condições relacionais com quem se conta
• de condições reais ofertadas em que o Estado assume
responsabilidade por garantir serviços e benefícios que
garantam as seguranças sociais.

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CARACTERÍSTICAS DO ESTADO BRASILEIRO
• TARDIO
• SELETIVO POR OCUPAÇÃO
• PACTO FEDERATIVO
• EMBATE ENTRE UNIVERSALIDADE E MERCADO
• EMBATE ENTRE ESTADO E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
• FUGA DE DIREITOS SOCIAIS
• INCOMPLETUDE NAS ATENÇÕES
• SELTIVO POR RENDA

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• COMO FICAM AS POLÍTICAS DE PROTEÇÃO SOCIAL E DA DE
SEGURIDADE SOCILA?

• QUAL É A DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL?

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SPOSATI CHAMA ATENÇÃO....
• Os analistas da arqueologia do poder e do saber (de tradição
foucaultiana como Donzelot, 1980; Van Balen, 1983), portanto não a
partir do pensamento advindo do sacral e sim, mas laico, histórico e
cientifico consideram o assistencial uma decorrência da ascensão do
social cuja gênese se dá por volta dos séculos XVII e XIX.
• (SPOSATI, 1986, p. 59).

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SPOSATI CHAMA ATENÇÃO....
• Aplicar esse modo de pensar a assistência social nos leva a entender que ela:
“constitui um campo de domínio híbrido, que tem contornos nebulosos e que se
constitui a partir de uma redistribuição ou expansão de antigos poderes e
saberes ligados ao jurídico e aos educacional”.

O campo de saber, e poder, assistência social estende o judiciário, antes estrito


ao tribunal, e lança a justiça social, recoloca a distinção entre ricos e pobres a
partir da economia social.

Relaciona-se com a medicina e a higiene e induz a criação de um figura híbrida


entre o público e o privado.
(Sposati, 1988, p.59)

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HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

• Pautado na religiosidade, no exercício da compaixão, da caridade,


misturado com a estratégia política do patrimonialismo, do favor
como vínculo de lealdade, e portanto de poder sobre o outro.
Decodificação moral de ajudar quem é pobre, doente, sem condições
de se manter.

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• Modelo paroquial – que tem sua presença até hoje em grupos de
mulheres da Caritas que atua em bairros da paróquia.
A própria comunidade se mobiliza para atender aos moradores
vizinhos em dificuldades por diferentes motivos.

• Modelo das damas de caridade – que mantém até hoje sua ação como
uma irmandade que produz chás, bingos, festas beneficentes para
manter situações pessoais ou associações.

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• Modelo de entidades sociais – que mantém organizações, sendo que
significativo numero é ligado a grupos religiosos para atender a
situações determinadas, segmentos sociais, realizar proteção espacial,
instituições totais, etc.
• Modelo público estatal – tradicionalmente operou e opera por
subvenções a entidades sociais, organizações, considerando que a ação
do estado é de atender as entidades sociais e não os cidadãos como
sujeitos de direitos.
• Mudança fundamental com a criação do SUAS - Sistema único público
estatal social.

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SPOSATI DEMONSTRA QUE
• Vivemos ainda hoje uma superposição dessas
modalidades como se fossem públicas e que portanto
não estão propostas no plano dos direitos dos
sujeitos cidadãos.

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ENTÃO NOS PERGUNTAMOS
• COMO ATUAR EM UMA POLITICA PÚBLICA E GERI-LA NA CONDIÇÃO DE UM
DIREITO SOCIAL A PROTEÇÃO SOCIAL QUE NÃO SE BASEIE NEM NA
PREVIDÊNCIA SOCIAL OU SEGURO E NEM NA CAPACIDADE DE CONSUMO
INDIVIDUAL?

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• A introdução de um campo de atenções públicas no âmbito da
proteção social distributiva sob a denominação de assistência social
contém a possibilidade histórica de visibilizar desproteções sociais a
que estão sujeitos segmentos de classes que vivem do trabalho
considerados tradicionalmente, por conceitos conservadores como
inferiores, incapazes, ignorantes, quase humanos, desde os tempos
coloniais da escravidão indígena, negra.

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• A desproteção social se constitui em uma expressão da questão social
resultante da super exploração do trabalho, e da ausência de
condições dignas de vida a todos os brasileiros sem distinção de cor,
credo, gênero e opções de vida.

A proteção social é relacional e não só resultante de


renda, ela vai além da renda.

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Concepções em conflito em todos os níveis e entes
federativos.
Sentido perverso de menoridade da política.

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Concepção Tradicional
• Histórica e religiosa fundada na benemerência
prática valorativa de caridade,
exercício da compaixão –

exemplos típicos
CF-88= entidades beneficentes de assistência social
• CENSO SUAS 2016 - permanência no país de 28% das gestões
municipais de assistência social realizada por primeiras damas.

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• CONCEPÇÃO frequente
Assistência Social como mediação de políticas sociais, isto é, seu
papel é tornar o cidadão alcançável por outras políticas sociais e
urbanas sem esclarecer o que é alcançável na assistência social como
direito socioassistencial.

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• A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado é política
de seguridade social não contributiva, que provê mínimos sociais
realizadas por um conjunto integrado de ações de iniciativa pública
e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades
básicas.

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• Assistência social organizada como um governo paralelo para os que
não tem condição de consumir no mercado. Seletiva de renda.

• Orientação pela efetivação de direitos humanos e não tem clareza de


que deve construir direitos sociais de proteção social face a
desproteções sociais

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• Proposta liberal que subsidiou a LOAS de1993, a
assistência social não tem condições de garantir a
atenção às necessidades básicas nem de garantir
mínimos sociais.

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• Política de seguridade social de caráter distributivo que provê
atenções de proteção social afiançando a presença quanti-
qualitativa e territorializada de serviços socioassitenciais, de
benefícios continuados, eventuais, e transferência de renda para
assegurar seguranças sociais

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• AFIANÇAR
SEGURANÇAS SOCIAIS.

RESPONSABILIDADE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ÂMBITO


DA SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA.

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• Segurança refere-se à ação de estar em condição de confiança, de
não ter incertezas e inseguranças, estar assegurado de danos e riscos
eventuais.
• Ou seja, “Segurança Social” pode ser entendida como um conjunto
de ações coletivas financiadas ou administradas pelo Estado para
satisfazer as necessidades básicas de famílias e indivíduos pautados
na agenda política do Estado e das políticas sociais que proporcionem
apoio, atenção face às incertezas, desproteções, fragilidades de
indivíduos e famílias frente à intercorrências da vida na lógica de que
o acesso é um direito e o reconhecimento da cidadania.

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• A ampliação da segurança social está colocada no cenário
internacional como alternativa de proteção, portanto, sua análise não
é uma necessidade específica do Brasil em investir num conjunto de
ações que garantam condições dignas de sobrevivência e convivência
humana.

• Segurança social é uma exigência antropológica de todo indivíduo,


mas sua satisfação não pode ser resolvida exclusivamente no âmbito
individual. É também uma necessidade da sociedade que se assegure
em determinada medida a ordem social e se garanta uma ordem
segura a todos os seus membros.
(VILLALOBOS, 2000, p. 58).

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•Seguranças Sociais:
• Acolhida
• Convívio
• Autonomia
• Sobrevivência/renda
• Reconhecimento da Cidadania

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Segurança de Acolhida

acolhida para além de um ato de acolher, receber, abrigar, supõe


efetivar a proteção de assistência social reconhecendo um direito
humano e social. Não pode permanecer no patamar de “ajuda” ou
“caridade”.
Realizar uma acolhida é conseguir exercer a escuta, possibilitar a troca
de informações e conhecimentos e ainda, nesse momento, de acolhida,
para com o indivíduo e a família, aproximar-se da situação vivida por
esses membros que buscam a proteção diante de uma
necessidade/incerteza da vida.”

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Segurança de Convívio
Para além de Segurança Social é um direito Constitucional em que
compete:
[...] ser responsável por impedir o isolamento, o abandono gerando
condições para que o convívio social entre os membros de uma família
conte com apoio principalmente na relação de pais e filhos; estimular
atividades de convívio como exercício de sociabilidade, afirmação da
identidade e do reconhecimento social entre outras formas coletivas de
convívio e sociabilidade; combater o estigma a discriminação e as
diversas formas de exclusão social.
(BRASIL, 2013, p. 64).

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Segurança de Sobrevivência
• A segurança social, a de sobrevivência, é ação ou ato de continuar a
viver ou existir. Na sociedade de mercado em que as condições de
vida dependem também de acessar mercadorias. Ao referir a
segurança de sobrevivência, automaticamente remete-se à renda
pela possibilidade de acesso ao mercado, ou seja, responsabilidade
da política de assistência social. A segurança social de sobrevivência,
todavia expressa para além da renda, “esta segurança implica afiançar
condições básicas de renda, meios materiais e cuidados enquanto
elementos que possibilitam a sobrevivência em diferentes situações
limiares vividas em sociedade [...]”.
(SPOSATI, 2013, p. 65).

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• O acesso à segurança social de sobrevivência, não é sinônimo de
superação da pobreza, pois esta é resultante do processo de
acumulação do capital e a sua não redistribuição.
• Assegurar sobrevivência como segurança social universal é
disponibilizar recursos materiais ou até mesmo de renda, para
situações de contingências da vida humana, que não agrega somente
pessoas e famílias pobres.
• Quando se coloca a sobrevivência como uma segurança, na visão
mais conservadora, são consideradas pessoas ou famílias de baixa
renda que demandam benefícios de transferências de renda o que é
uma visão limitada.

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Segurança de Cidadania
• A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida em sociedade e do
governo de seu povo. Quem não tem reconhecida sua cidadania está
marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões,
ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.

(DALLARI, 1998, p. 14).

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A política de assistência social ,que tem por funções
• proteção social,
• vigilância socioassistencial,
• defesa de direitos,
organiza-se sob a forma de sistema público não contributivo,
ou distributivo, descentralizado, participativo que é
denominado SUAS.

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Uma de suas principais funções
• IDENTIFICAR DESPROTEÇÕES SOCIAIS E PROVER PROTEÇÃO À VIDA,
SUPERAR VITIMIZAÇÕES, REDUZIR DANOS, PREVENIR A INCIDÊNCIA
DE RISCOS SOCIAIS.

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ASSITÊNCIA SOCIAL COMO MITO
• Um debate muito grande dentro do serviço social é entender a
assistência social como mito. Sposati considera que, ao invés de tratar
esse conjunto de questões como um mito da Assistência Social,
temos que considerar a existência de mistificações, no plural, sobre a
Assistência Social, quer as idealistas, quer as niilistas.

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ASSITÊNCIA SOCIAL COMO MITO
• Uso a expressão no plural por considerar que existem mistificações
quer da parte dos que idealizam essa política e atribuem-lhe um
superpoder e uma capacidade que não tem, quer da parte daqueles
que lhe atribuem uma conotação negativa, considerando que a
Assistência Social leva à destruição dos direitos sociais ou, então, que
ela é operadora do desmanche da seguridade social e linha auxiliar da
precarização das políticas sociais universais.

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Um debate muito ainda a ser feito ...
• Os especialistas deste debate devem considerar que o profissional
que atua na politica de assistência

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Um debate muito ainda a ser feito ...
• Os especialistas deste debate devem considerar que o profissional
que atua na politica de assistencial não é responsável pelo desmonte
das politicas sociais, nem corrobora ao ideal neoliberal pelo simples
fato de atuar na politica de assistência social.

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