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CAMPUS DE CURITIBA II – FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ

CURSO DE BACHARELADO EM CINEMA E AUDIOVISUAL

GABRIEL MONT’SERRAT VIEIRA PINTO

Disciplina: Narrativa Audiovisual


Professor: Fábio Pinheiro

Relatório Aula 4 - Narrativa Pós-Moderna e Pós-Clássica


Para definir a narrativa pós-moderna é preciso antes entender o que é a moderni-
dade que ela pretende superar. É somente compreendendo as mudanças profundas pelas
quais passaram as artes, e o cinema especificamente, no ocidente pós guerra, mudanças
essas que deram forma ao que entendemos por narrativa moderna, e nova vida aos ar-
quétipos da narrativa clássica, é que se torna possível analisar e apreciar as liberdades
pós-modernas.
A narrativa pós-moderna quer o poder de comunicação popular da narrativa clássi-
ca sem abrir mão do direito de inserir referências e imagens não pertencentes na cadeia
de causa e efeito. A narrativa perde espaço em prol da ambiguidade, perde-se também o
interesse na originalidade, na autoria criativa tradicional, incorporando em seu lugar todo
tipo de referências à figuras da alta e baixa cultura, abandonando a realidade em troca do
mundo das imagens, das referências e dos simulacros. Por se querer popular abre mão
de todos os efeitos que consegue empenhar, sendo a quebra da quarta parede, a ironia e
a falta de seriedade com o próprio material filmado características marcantes. Através do
estudo do filme Alta Ansiedade de Mel Brooks e suas referências explícitas à Hitchcock
desde os letreiros à mise-en-scène e da complexa rede de referências de Pulp Fiction de
Tarantino é fácil perceber o jogo de imagens proposto pela pós modernidade.
A narrativa pós clássica é por definição a narrativa do espetáculo. É o cinema
blockbuster de parque temático, vendido posteriormente em merchandising e brinquedi-
nhos. Se caracteriza por sua diluição como mercadoria de consumo e também sua própria
diluição narrativa com seus bem definidos fluxos de intensidade dramática e ação. É es-
sencial acima de tudo a imersão do espectador pagante no universo proposto.
Por se tratarem de modelos de cinema com forte influência no cinema produzido
hoje, o estudo do cinema pós moderno, com figuras chave de enorme reconhecimento e
popularidade, como Tarantino e Almodovar citados em aula, e blockbusters, de sucesso
comercial inconfundível, é também essencial para compreender a história, a estética, a
distribuição e o consumo do cinema contemporâneo.

Relatório Aulas 6 e 7 - Personagens e Gêneros


Traçando um panorama de personagens icônicos da cultura popular através de ci-
tações dos alunos, a aula inicia já evidenciando a preponderância de personagens mascu-
linos e brancos no inconsciente coletivo, apontando sua prevalência como modelos narra-
tivos. Analisando os modelos de personagens recorrentes compreende-se também a im-
portância, na ficção contemporânea, de encontrar na dualidade de caráter de seus perso-
nagens, em uma “zona cinzenta” moral, uma rica fonte de interesse narrativo. O persona-
gem é não só o principal agente causal, como pode agir tanto para o bem, como para o
mau.
Uma breve discussão sobre o o duplo efeito do personagem na narrativa clássica,
seu papel como agente diegético, que existe como um ente no universo do filme e tam-
bém narrativo, que elicita situações e ocasiões dentro do roteiro, serve também para intro-
duzir a questão da dificuldade de tradução da psicologia literária, a análise do mundo in-
terno dos personagens amplamente adotada em narrativas literárias, para o cinema. No
cinema, o personagem é aquilo que externaliza, suas ações o definem.
Uma breve introdução dos conceitos de Jung de consciente e insconsciente coleti-
vo e individual, adaptados para o cinema a partir de uma análise do papel dos arquétipos
nos roteiros foi apresentada, seguindo-se de um aprofundamento nas figuras arquetípicas
mais comuns, como o Pícaro, o Herói, a Sombra e o Arauto. Entender o papel dos arquéti-
pos no cinema é essencial para analisar e trabalhar com obras que se pretendem parte in-
tegrante de uma cultura compartilhada. Ainda nos estudos dos arquétipos, é apresentada
a jornada do herói de Joseph Campbell em seus 12 passos, base de um sem número de
obras contemporâneas e entende-se o herói/heroína contemporâneo como uma figura em
constante transformação.
Por gênero, entende-se um agrupamento de filmes a partir de suas semelhanças,
sejam elas narrativas, estéticas ou temáticas. Apresentou-se em aula, inicialmente, o pa-
pel essencial do fácil reconhecimento pelo público de certos códigos dos gêneros, capaz
de gerar predisposições e/ou preconceitos para com determinadas obras. Essa fácil assi-
milação dos códigos dos gêneros e responsável pela sua popularidade como figuras de
mercado e de disseminação das obras, causando até mesmo subdivisões ainda mais es-
pecíficas, os subgêneros, especialmente populares na era do streaming, capazes de gerar
reconhecimento e familiaridade de forma ainda mais rápida, grande objetivo do mercado
de consumo audiovisual moderno.
Destaca-se o potencial autoral, maleável e expansivo do gênero. Subvertendo suas
convenções, figuras como Almodovar e Tarantino são apontadas como responsáveis por
provocar uma expansão dele próprio. Considerando o peso inconsciente dos arquétipos,
não surpreende que a subversão dessas figuras mitológicas, quando bem feita, seja res-
ponsável por filmografias memoráveis. A aula termina com um breve sumário dos gêneros
mais populares no cinema narrativo, dentre eles a ficção científica, o horror, o western e o
filme de ação/aventura.
Toda a base para uma melhor compreensão da narrativa contemporânea foi apre-
sentada nessa aula. Os arquétipos, a jornada do herói de Campbell e o profundo universo
dos gêneros e subgêneros são também amplamente estudados no currículo do curso, ser-
vindo a aula como um ótimo ponto de partida.

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