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“Quem quer ser milionário? Quem quer ser professor? Narrativas e


perspectivas que instigam reflexões sobre a docência.”

.Neste artigo, de Nestor André kaercher, Marcos Bohrer e Igor Armindo rockenbach;
são apresentados cinco relatos, três de estudantes de licenciatura em geografia, e
dois de professores já formados. Eles apresentam duvidas, inseguranças e/ou
afirmações acerca de seus futuros e/ou suas trajetórias, seus medos, motivações e
objetivos em relação ao curso e como ele interfere em suas vidas. Cada história
possui suas particularidades, tendo todas o mesmo curso, licenciatura em
geografia, como ponto de convergência.
O artigo não se compromete a chegar em uma conclusão ou tese final, mas sim a
instigar o leitor, fazê-lo duvidar de quão válida é a escolha do curso e o que leva
cada um a escolhe-lo. O narrador explícita em alguns momentos a forma como por
vezes nós acabamos neste lugar, neste curso e neste caminho, sem saber como;
apenas procurando por algo melhor, uma vida melhor, um ambiente melhor,
maiores perspectivas ou mesmo fugir de algo. Assim, resumirei os relatos e farei
uma breve análise de cada um, e ao fim tentarei achar algo em comum entre esses
casos.
.No primeiro caso, um aluno em final de curso expõe suas inseguranças sobre o
futuro de sua profissão ao professor, fica em dúvida sobre que caminho seguir e
pede sua opinião sobre as alternativas e o que deve fazer o jovem. O professor é
posto contra a parede, pois sabe que as inseguranças não são frutos meramente
da imaginação. Para o aluno as suas perspectivas com esse curso são muito rasas
e insuficientes; não sobrando muitos motivos para segui-la, por que ele deveria
insistir?. Muitas vezes a docência é vista como um ramo mártir, onde quem não
acredita no seu propósito não suporta seu peso, o que não está completamente
errado. Mas seria então necessário ser um iluminado ou um revolucionário para
seguir a docência bem?. Não creio nisso, acredito que sempre irá depender de
nossas ambições e nossos pontos de partida, além de diversas outras variantes.
Para uma pessoa que iniciou a vida com baixas perspectivas, esse ramo poderia
servir pelo menos como um “checkpoint”, para fugir de uma realidade dura. Já para
uma pessoa que nasceu com altas expectativas a corresponder, pode ser uma fuga
ou maneira de fazer novas descobertas. É claro que isso são apenas exemplos,
mas isso é para mostrar que não é só um espírito heróico que molda um docente.
.No segundo caso, temos um aluno que tem dúvidas sobre o salário como
professor, ele teme uma baixa remuneração e pede por um esclarecimento do
professor, que por sua vez acaba tendo que lhe dar uma explicação pouco
reconfortante, se é que posso assim dizer, pois além de confirmar os temores do
jovem, ainda adiciona mais alguma preocupação. Assim como no primeiro relato, o
aluno teme o futuro com sua profissão, e mais uma vez, o professor não consegue
escapar de lhe dar “um banho de água fria”. Por que alguém iria procurar por uma
profissão onde não se ganha tanto quanto poderia seguindo um curso diferente?
Como sempre, aqui temos mais variáveis, desde segurança e medo, até questões
já citadas antes, como determinadas ambições ou objetivos. Em uma pesquisa
realizada pela organização “todos pela educação “ em parceria com o “Itaú social” e
“Ibope inteligência” em 2018, cerca de 29% dos professores atuantes no Brasil
possuem uma fonte de renda alternativa, Mas isso não quer dizer que seja tudo
terra arrasada, necessariamente; há sim vários profissionais do ramo que
conseguem viver somente com o salário e acham necessidade de uma segunda
renda. Essa é afinal, mais uma das variáveis deste ponto, pois custo de vida e
salário variam bastante mesmo entre os Estados dentro do Brasil.
.O quarto caso, é da uma aluna de sexto semestre, que se maravilha com uma
saída de campo. Sua história é como várias outras, alguém buscando melhores
condições de vida e perspectivas, sem ter um objetivo principal com a docência em
si. Aqui, mais uma vez, a licenciatura é achada como uma oportunidade de
ascendência econômica (mais limitada, obviamente) acessível, no caso da
protagonista desse caso, fisicamente mais acessível, devido à proximidade de sua
casa e período noturno.
Os casos três e cinco são narrados em primeira pessoa, ambos desenvolvendo a
história de vida e motivações dos protagonistas. Esses dois casos seguem
propostas parecidas, mas com histórias completamente diferente, quase que
inversas, se é que posso dizer isso, onde um vem de uma situação de vida difícil, e
o outro de uma vida “boa” mas que não o fazia feliz. O curso de licenciatura agiu
como uma tangente nos pontos da vida de ambos, mesmo eles tendo caminhos e
objetivos tão diferentes, ou não? Afinal, ambos buscavam “algo melhor”; uma
melhor estabilidade financeira e uma vida digna, realização pessoal e etc.

.Assim, além do curso, obviamente, todos os casos são de pessoas buscando


melhorar algo em suas vidas, algumas temem que o curso não seja o suficiente
para alcançar seus objetivos, outras acham que já é. A diferença entre os casos são
meramente seus critérios, o que deve ser melhor para mim?, Eu quero maiores
condições econômicas ou maior realização pessoal? Essas coisas não pode estar
juntas?. Porém, isso não é algo que as leva para um curso em específico, mas a
algo acessível às suas realidades. Cabe também enaltecer os grandes espíritos
que seguiram e seguem a docência porque é exatamente o que buscam, não algo
secundário.
.Eu gostaria ainda de falar brevemente sobre alguns relatos “anônimos” que
encontrei pela internet. Na esmagadora maioria dos casos, os atuantes ou ex-
atuantes da área explicitam os problemas da área e os principais pontos que por
vezes chegam a causar problemas psicológicos aos professores, mesmo assim
ainda restam algumas pessoas que encorajam o engajamento na área e dizer ser
possível não se decepcionar com a profissão (procurei não usar uma expressão
demasiadamente otimista pois não parece tão simples nesse caso).
.Por fim, creio que chegamos neste curso de diversas formas, vários porque
precisam, diversos pela acessibilidade, alguns porque creem poder fazer alguma
diferença e mais outros pelo acaso. A permanência nele é outro divisor de águas,
que exige o mínimo de vontade pela área ou necessidade, pois os que concluem a
licenciatura o fazem por um motivo, e a parca frequência de um caloroso interesse
pela área não serve de elo para as situações da maioria.

Url dos casos anônimos referidos no texto:


https://www.reddit.com/r/antitrampo/comments/15fnd5w/ser_professor_tirou_minha_
vontade_de_viver/?
utm_source=share&utm_medium=android_app&utm_name=androidcss&utm_term=
1&utm_content=1

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