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SUGESTÕES DE TEMAS
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES
2. A FAMÍLIA AO LONGO DOS TEMPOS;
3. NATUREZA JURÍDICA DA FAMÍLIA;
4. DAS FAMÍLIAS TRADICIONAIS ÀS FAMÍLIAS PÓS-MODERNAS;
5. O DIREITO DE FAMÍLIA NO NOVO CÓDIGO CIVIL;
6. CARACTERÍSTICAS PECULIARES;
7. OS PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO DE FAMÍLIA;
8. O PARTO ANÔNIMO, PROCRIAÇÃO ASSISTIDA E RELAÇÃO DE
PATERNIDADE NO DIREITO BRASILEIRO;
9. PARTO ANÔNIMO; PROCRIAÇÃO ASSISTIDA;
10. AS REGRAS DE SUCESSÃO;
11. DESCENDENTES;
12. SEM CONCORRÊNCIA DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO;
13. CONCORRENDO COM CÔNJUGE;
14. ASCENDENTES;
15. SEM CONCORRÊNCIA DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO;
16. CONCORRENDO COM CÔNJUGE;
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17. SUCESSÃO LEGÍTIMA;
18. CÔNJUGE;
19. COLATERAIS;
20. COMPANHEIROS;
21. TESTAMENTOS;
22. PÚBLICO;
23. CERRADO;
24. PARTICULAR;
25. VITAL OU BIOLÓGICO;
26. FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO.
27. DIREITO CONJUGAL
28.
29. CASAMENTO;
30. FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS DO MATRIMÔNIO;
31. NATUREZA JURÍDICA DO MATRIMÔNIO;
32. HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO;
33. IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO;
34. RITOS E CERIMÔNIA;
35. CASAMENTO INEXISTENTE, NULO, ANULÁVEL, PUTATIVO;
36. EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO;
37. EFEITOS SOCIAIS;
38. EFEITOS PESSOAIS;
39. EFEITOS MATRIMONIAIS;
40. UNIÃO ESTÁVEL;
41. FAMÍLIAS SIMULTÂNEA E RECOMPOSTA;
42. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO;
43.
44. SEPARAÇÃO;
45. DIVÓRCIO;
46. REGIME DE BENS;
47. PRINCÍPIOS REGENTES;
48. COMUNHÃO PARCIAL;
49. COMUNHÃO UNIVERSAL;
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50. SEPARAÇÃO DE BENS;
51. OUTRAS SITUAÇÕES E REGIMES.
52. DIREITO PARENTAL
53.
54. PARENTESCO;
55. CONCEITO E MODALIDADES;
56. CONTAGEM DE GRAUS E AFINIDADE;
57. OS EFEITOS DO PARENTESCO;
58. DIREITOS E DEVERES DOS AVÓS – LEI 12.398/2011;
59. FILIAÇÃO;
60. FILIAÇÃO FORA DO CASAMENTO;
61. INVESTIGAÇÃO DA PATERNIDADE E MATERNIDADE;
62. ADOÇÃO;
63. A EVOLUÇÃO DA ADOÇÃO NO BRASIL;
64. NATUREZA JURÍDICA;
65. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E A LEI DA ADOÇÃO;
66. GUARDA;
67. CONVIVÊNCIA;
68. ADOÇÃO INTERNACIONAL;
69. O PODER DE FAMÍLIA SOBRE OS FILHOS;
70. PODER FAMILIAR QUANTO A PESSOA DOS FILHOS;
71. CONSEQUÊNCIA DO PODER FAMILIAR QUANTO AOS BENS DOS
FILHOS;
72. SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR;
73. EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR;
74. ALIMENTOS;
75. GÊNESE DOS ALIMENTOS;
76. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR – PRESSUPOSTOS;
77. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR;
78. CONDIÇÕES DA OBRIGAÇÃO;
79. AÇÃO DE ALIMENTOS – LEI Nº 5.478/68.
80. DIREITO DE SUCESSÃO
81.
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82. DA SUCESSÃO;
83. CONCEITO;
84. PRINCÍPIOS;
85. CLASSIFICAÇÃO;
86. ABERTURA DA SUCESSÃO;
87. LUGAR DE ABERTURA E COMPETÊNCIA;
88. LEIS APLICÁVEIS;
89. EFEITOS DA SUCESSÃO;
90. OS SUCESSORES;
91. ESPÉCIES DE SUCESSÃO;
92. HERDEIROS;
93. LEGATÁRIOS;
94. LEGÍTIMOS;
95. FACULTATIVOS;
96. A HERANÇA;
97. CONCEITO;
98. ACEITAÇÃO DA HERANÇA;
99. ESPÉCIES;
100. CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO;
101. SUCESSÃO A BENEFÍCIO DE INVENTÁRIO;
102. RENÚNCIA DA HERANÇA;
103. CONCEITO;
104. ESPÉCIES;
105. EFEITOS E RESTRIÇÕES À HERANÇA;
106. IRREVOGABILIDADE DA ACEITAÇÃO E DA RENÚNCIA;
107. CESSÃO DOS DIREITOS HEREDITÁRIOS;
108. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA;
109. OS MODOS DE SUCEDER;
110. MODOS DE PARTILHAR;
111. EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO.
112. MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
113. OS CONFLITOS NO DIREITO DE FAMÍLIA – ALGUMAS
APROXIMAÇÕES;
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114. GÊNESE, CONCEITO E CAUSA-RAIZ;
115. CAUSAS ACESSÓRIAS E FATORES QUE LEVAM AOS
CONFLITOS;
116. O CUSTO DOS CONFLITOS;
117. PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS;
118. MÉTODOS PARA ADMINISTRAR CONFLITOS;
119. JUSTIÇA ESTATAL;
120. ARBITRAGEM;
121. NEGOCIAÇÃO;
122. CONCILIAÇÃO;
123. MEDIAÇÃO;
124. O PROCESSO DE MEDIAÇÃO;
125. O MEDIADOR;
126. OS MEDIANDOS;
127. COMPORTAMENTOS DOS MEDIANDOS;
128. A MEDIAÇÃO FAMILIAR;
129. APLICAÇÃO DA MEDIAÇÃO NA RECONCILIAÇÃO DE CASAIS;
130. A MEDIAÇÃO NA SEPARAÇÃO AMIGÁVEL;
131. A MEDIAÇÃO FAMILIAR COMO FORMA DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS EM CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL;
132. O ADVOGADO NA MEDIAÇÃO.
133. TÓPICOS ESPECIAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
134. UNIÕES E FAMÍLIAS HOMOSSEXUAIS;
135. DEFINIÇÃO E ORIGEM;
136. HOMOAFETIVIDADE, UNIÃO E ADOÇÃO;
137. ASPECTO JURÍDICO DA FAMÍLIA HOMOSSEXUAL E A
JURISPRUDÊNCIA;
138. TUTELA;
139. ORIGEM, CONCEITO E AS FONTES DA TUTELA;
140. TIPOS OU FONTES DE TUTELA;
141. OS TUTORES;
142. INCAPAZES DE EXERCER A TUTELA;
143. ESCUSA E PROIBIÇÕES LEGAIS DOS TUTORES;
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144. GARANTIA DA TUTELA;
145. OS ÓRFÃOS;
146. PRESTAÇÃO DE CONTAS E CESSAÇÃO DA TUTELA;
147. CURATELA;
148. CONCEITO;
149. OS INCAPAZES DE PROTEÇÃO;
150. PROCESSO E SENTENÇA DE INTERDIÇÃO;
151. AUSÊNCIA – LIVRO I – DAS PESSOAS;
152. CURADORIA DO AUSENTE;
153. SUCESSÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA;
154. CESSAÇÃO DA CURATELA.
155. TÓPICOS ESPECIAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS
156. ÉTICA COMO FILOSOFIA MORAL;
157. AS TEORIAS ÉTICAS;
158. DIREITO E MORAL;
159. EXPRESSÕES LATINAS DO COTIDIANO FORENSE;
160. VERBETES FUNCIONAIS DO DIREITO.
161. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
162. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
163. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
164. AS DECLARAÇÕES UNIVERSAIS DOS DIREITOS E OS TRATADOS
INTERNACIONAIS;
165. AS DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;
166. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
(PNEDH);
167. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-POLÍTICA E JUSTIFICATIVAS
AO PLANO;
168. AS DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS;
169. OBJETIVOS GERAIS DA PNEDH;
170. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS
HUMANOS;
171. NA EDUCAÇÃO BÁSICA;
172. NA EDUCAÇÃO SUPERIOR;
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173. NA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL;
174. METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS;
175. ÉTICA, CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA E CIDADANIA - EIXOS
TEMÁTICOS PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA;
176. ÉTICA;
177. CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA;
178. CIDADANIA;
179. OS DIREITOS DAS MINORIAS ÉTNICAS E RACIAIS;
180. POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO/AÇÕES AFIRMATIVAS;
181. POLÍTICA DE RECONHECIMENTO;
182. EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL RECONHECIDA COMO POLÍTICA
PÚBLICA;
183. AÇÕES AFIRMATIVAS E A SEPPIR.
184. CIÊNCIA JURÍDICA
185. A CIÊNCIA DO DIREITO;
186. HISTÓRIA DO DIREITO;
187. NORMAS E FONTES DO DIREITO;
188. DIVISÕES DO DIREITO;
189. CÓDIGO DE ÉTICA COMENTADO.
190. DIREITO DE FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES
191. A FAMÍLIA AO LONGO DOS TEMPOS
192. NATUREZA JURÍDICA DA FAMÍLIA
193. DAS FAMÍLIAS TRADICIONAIS ÀS FAMÍLIAS PÓS-MODERNAS
194. O DIREITO DE FAMÍLIA NO NOVO CÓDIGO CIVIL
195. CARACTERÍSTICAS PECULIARES
196. OS PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO DE FAMÍLIA
197. O PARTO ANÔNIMO, PROCRIAÇÃO ASSISTIDA E RELAÇÃO DE
PATERNIDADE NO DIREITO BRASILEIRO
198. PARTO ANÔNIMO
199. PROCRIAÇÃO ASSISTIDA
200. AS REGRAS DE SUCESSÃO
201. DESCENDENTES
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202. SEM CONCORRÊNCIA DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO
203. CONCORRENDO COM CÔNJUGE
204. ASCENDENTES
205. SEM CONCORRÊNCIA DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO
206. CONCORRENDO COM CÔNJUGE
207. SUCESSÃO LEGÍTIMA
208. CÔNJUGE
209. COLATERAIS
210. COMPANHEIROS
211. TESTAMENTOS
212. PÚBLICO
213. CERRADO
214. PARTICULAR
215. VITAL OU BIOLÓGICO
216. FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO
217. TÓPICOS ESPECIAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS
218. ÉTICA COMO FILOSOFIA MORAL;
219. AS TEORIAS ÉTICAS;
220. DIREITO E MORAL;
221. EXPRESSÕES LATINAS DO COTIDIANO FORENSE;
222. VERBETES FUNCIONAIS DO DIREITO.
223. DIREITO CONJUGAL
224. CASAMENTO
225. FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS DO MATRIMÔNIO
226. NATUREZA JURÍDICA DO MATRIMÔNIO
227. HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
228. IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO
229. RITOS E CERIMÔNIA
230. CASAMENTO INEXISTENTE, NULO, ANULÁVEL, PUTATIVO
231. EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO
232. EFEITOS SOCIAIS
233. EFEITOS PESSOAIS
234. EFEITOS MATRIMONIAIS
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235. UNIÃO ESTÁVEL
236. FAMÍLIAS SIMULTÂNEA E RECOMPOSTA
237. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO
238. SEPARAÇÃO
239. DIVÓRCIO
240. REGIME DE BENS
241. PRINCÍPIOS REGENTES
242. COMUNHÃO PARCIAL
243. COMUNHÃO UNIVERSAL
244. SEPARAÇÃO DE BENS
245. OUTRAS SITUAÇÕES E REGIMES
246. DIREITO PARENTAL
247. PARENTESCO
248. CONCEITO E MODALIDADES
249. CONTAGEM DE GRAUS E AFINIDADE
250. OS EFEITOS DO PARENTESCO
251. DIREITOS E DEVERES DOS AVÓS – LEI 12.398/2011
252. FILIAÇÃO
253. FILIAÇÃO FORA DO CASAMENTO
254. INVESTIGAÇÃO DA PATERNIDADE E MATERNIDADE
255. ADOÇÃO
256. A EVOLUÇÃO DA ADOÇÃO NO BRASIL
257. NATUREZA JURÍDICA
258. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E A LEI DA
ADOÇÃO
259. GUARDA
260. CONVIVÊNCIA
261. ADOÇÃO INTERNACIONAL
262. O PODER DE FAMÍLIA SOBRE OS FILHOS
263. PODER FAMILIAR QUANTO A PESSOA DOS FILHOS
264. CONSEQUÊNCIA DO PODER FAMILIAR QUANTO AOS BENS DOS
FILHOS
265. SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
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266. EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR
267. ALIMENTOS
268. GÊNESE DOS ALIMENTOS
269. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR – PRESSUPOSTOS
270. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
271. CONDIÇÕES DA OBRIGAÇÃO
272. AÇÃO DE ALIMENTOS – LEI Nº 5.478/68
273. DIREITO DE SUCESSÃO
274. DA SUCESSÃO
275. ABERTURA DA SUCESSÃO
276. LUGAR DE ABERTURA E COMPETÊNCIA
277. LEIS APLICÁVEIS
278. EFEITOS DA SUCESSÃO
279. OS SUCESSORES
280. ESPÉCIES DE SUCESSÃO
281. HERDEIROS
282. LEGATÁRIOS
283. LEGÍTIMOS
284. FACULTATIVOS
285. A HERANÇA
286. CONCEITO
287. ACEITAÇÃO DA HERANÇA
288. ESPÉCIES
289. CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO
290. SUCESSÃO A BENEFÍCIO DE INVENTÁRIO
291. RENÚNCIA DA HERANÇA
292. EFEITOS E RESTRIÇÕES À HERANÇA
293. IRREVOGABILIDADE DA ACEITAÇÃO E DA RENÚNCIA
294. CESSÃO DOS DIREITOS HEREDITÁRIOS
295. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
296. OS MODOS DE SUCEDER
297. MODOS DE PARTILHAR
298. EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
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299. MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
300. OS CONFLITOS NO DIREITO DE FAMÍLIA – ALGUMAS
APROXIMAÇÕES
301. GÊNESE, CONCEITO E CAUSA-RAIZ
302. CAUSAS ACESSÓRIAS E FATORES QUE LEVAM AOS CONFLITOS
303. O CUSTO DOS CONFLITOS
304. PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
305. MÉTODOS PARA ADMINISTRAR CONFLITOS
306. JUSTIÇA ESTATAL
307. ARBITRAGEM
308. NEGOCIAÇÃO
309. CONCILIAÇÃO
310. MEDIAÇÃO
311. O processo de mediação
312. O mediador
313. Os mediandos
314. Comportamentos dos mediandos
315. A mediação familiar
316. Aplicação da mediação na reconciliação de casais
317. A mediação na separação amigável
318. A mediação familiar como forma de resolução de conflitos em casos de
alienação parental
319. O advogado na mediação
320. TÓPICOS ESPECIAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
321. Uniões e famílias homossexuais
322. Homoafetividade, união e adoção
323. Aspecto jurídico da família homossexual e a jurisprudência
324. Tutela
325. Origem, conceito e as fontes da tutela
326. Tipos ou fontes de tutela
327. Os tutores
328. Incapazes de exercer a tutela
329. Escusa e proibições legais dos tutores
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330. Garantia da tutela
331. Os órfãos
332. Prestação de contas e cessação da tutela
333. Curatela
334. Conceito
335. Os incapazes de proteção
336. Processo e sentença de interdição
337. Ausência – Livro I – Das Pessoas
338. Curadoria do ausente
339. Sucessão provisória e definitiva
340. Cessação da curatela
341. • ABORTO;
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354. AS PROPOSTAS PARA REGULAMENTAÇÃO DO USO DA INTERNET
NO BRASIL E OS DIREITOS AUTORAIS
368. LICITAÇÕES
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374. OS DIREITOS HUMANOS E A DISCRIMINAÇÃO NO LOCAL DE
TRABALHO
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• A produção de prova pelo acusado na fase pré-processual: Uma garantia para realização de um
processo constitucional
Cesar Leandro de Almeida Rabelo[+]|Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas[+]|Horrana Grieg de Oliveira e
Souza[+]
• Normativismo, tipo penal e imputação objetiva. A teoria do tipo entre Hans Welzel, Claus Roxin e os
finalistas
Carlos Henrique Pereira de Medeiros[+]
• Ponderação na aplicação das penas alternativas como paradigma emergente do sistema prisional
brasileiro
Osvaldo Moura Junior[+]|Paulo César Ribeiro Martins[+]
• Conceitos fundamentais para o estudo das prisões enquanto elemento padrão do direito penal e
processual penal
Luiz Aristeu dos Santos Filho[+]
• Lei Maria da Penha, pelo direito da mulher a uma vida sem violência
Márcio Batista de Oliveira[+]
08/06/2011
• Exploração por partidos políticos de crianças e adolescentes em campanhas eleitorais- uma forma
contemporânea de trabalho escravo
Liliana Collina Maia[+]
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• A importância da perícia médico-legal para o processo penal na persecução da verdade real.
Bruna Fernandes Coêlho[+]
• Remição de pena no Projeto de Lei n. 7.824/2010 (Remição pelo estudo; cômputo e perda dos dias
remidos)
Renato Flávio Marcão[+]
• Consequências práticas da alteração legislativa que modificou alguns dispositivos no Tribunal do Júri
no que tange a aplicação da legítima defesa
Alexandre Riginik[+]
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» O Ônus da Prova Trata-se de técnica de julgamento ou matéria de instrução?
» Antonio Porfirio Filho (última alteração em 10/5/2012)
» NEOCONSTITUCIONALISMO - JURISDIÇÃO
» Jose Vital Brigido Nunes Junior (última alteração em 7/10/2011)
» Execuções Especiais
» Rodrigo Dos Santos Germini (última alteração em 28/6/2011)
» Jurisdição
» Saulo Antônio Rosar Filho (última alteração em 13/5/2011)
» Efetividade da Jurisdição
» Everaldo M. Andrade Júnior (última alteração em 2/2/2011)
» CORREIÇÃO PARCIAL
» Fabio de Almeida Moreira (última alteração em 3/1/2011)
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» BREVES INOVAÇÕES NO PROCEDIMENTO COMUM DO CÓDIGO FUX
» Carlos Eduardo Rios Do Amaral (última alteração em 13/12/2010)
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» O limite de alçada no Juizado Especial Cível e a interpretação do artigo 3º da lei
9099/95 conferida pelo FONAJE.
» Alessandra de Oliveira Hifumi (última alteração em 24/7/2010)
» CHAMAMENTO AO PROCESSO
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» DENUNCIAÇÃO E EVICÇÃO
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» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» DENUNCIAÇÃO DA LIDE
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» NOMEAÇÃO À AUTORIA
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» OPOSIÇÃO
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» ASSISTÊNCIA
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» LITISCONSÓRCIO
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 27/4/2010)
» Análise ao artigo 285-A do Código de Processo Civil: uma busca desenfreada pelo
direito fundamental à efetividade da tutela jurisdicional em face das demais garantias
fundamentais asseguradas pelo Estado Democrático de Direito.
» Mayra Soraggi Marafelli (última alteração em 16/4/2010)
» Súmula 381 do STJ sobre contratos entre consumidores e bancos passa longe de
consolidar jurisprudência e agride o CDC.
» Júlio César Cerdeira Ferreira (última alteração em 18/2/2010)
» Intervenção de Terceiros
» Elisangela Marcia Dos Santos (última alteração em 18/11/2009)
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» DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
» Fabio de Almeida Moreira (última alteração em 16/10/2009)
» INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
» Gustavo Rodrigo Picolin (última alteração em 22/9/2009)
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» Gisele Leite (última alteração em 19/7/2009)
» PROCESSOS CAUTELARES
» Alianna Caroline Sousa Cardoso (última alteração em 23/6/2009)
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» JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
» Sandra Cristina de Carvalho Moreira Spessotto (última alteração em 21/11/2008)
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» Agravo
» Gustavo Pereira Andrade (última alteração em 1/9/2008)
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» Tassus Dinamarco (última alteração em 3/12/2007)
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BREVE COMENTÁRIO SOBRE AS PARTES NO PROCESSO
O artigo trata do conceito de parte em decorrência da evolução histórica da natureza do
processo e a sua desvinculação com os titulares do direito material.
Tem-se que num primeiro período – até a segunda metade do século XIX – “o processo
(era) mero conjunto de formalidades para a atuação prática daquele (do direito material)”, o
que implica na concomitância entre os sujeitos da relação material e as partes do processo, já
que este, de caráter meramente adjetivo não existia por si mesmo. Sendo essa a corrente mais
difundida entre os praxistas e, sobretudo entre os civilistas, muitos dos quais, negam a
superação científica dessa tese, e avaliam o Direito do Processo como apêndice de Direito
Civil.
Com a publicação do livro “Die Lehre von den Processeirenden und die
Processvoraussetzungen”, em 1868, do alemão OSKAR VON BÜLOW inicia-se a fase
científica do Direito Processual e surgem os primeiros conceitos e formulação dos princípios
fundamentais da nova ciência.
Nesse sentido expressa-se CHIOVENDA, para quem, parte é “aquele que demanda
em seu próprio nome a atuação de uma vontade da lei, e aquele em face de quem
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essa atuação é demandada”. Sendo autor aquele que age, enquanto em réu é aquele em nome
de quem se age.
Aquele que demanda em seu nome é o autor da ação, já que atua com fulcro a
permitir o funcionamento da máquina jurisdicional do Estado, retirando-a do modo de inércia
inicial, e, por conseguinte essa qualidade de autor se dá concomitantemente ao momento de
propositura da demanda.
Por outro lado, tendo em ótica o pólo passivo processual, temos que réu passa a
integrar tal relação desde o momento da juntada do mandado de citação, validamente
cumprido, aos autos do processo.
Em linhas gerais tem-se que a qualidade de autor e réu advém, conforme dito acima,
da propositura, em nome próprio, da ação, para o autor, e da citação para o réu, corroborando
a tese que não há absolutamente nenhuma relação entre partes do processo e a existência da
substância do direito em discussão. Tanto é assim que é possível que os pólos processuais
sejam invertidos durante o processo, como na reconvenção, ou ainda, que os pólos
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processuais sejam inversos, desde o início, ao do suposto direito material, como na Ação de
Consignação de Pagamento, e por fim, a legalidade da admissão de sucessor ou de terceiro
interveniente na relação jurídica, como fortes argumentos na defesa dessa tese.
Bibliografia
1. Alexandre Freitas Câmara, Lições de Direito Processual Civil, vol. I, São Paulo: Lúmen
Iuris, 12ª ed., 2005, p. 8.
2. Chiovenda, Instituições de Direito Processual Civil, trad. Port., Saraiva, v.2, m.214.
Importante:
1 - Todos os artigos podem ser citados na íntegra ou parcialmente, desde que seja citada
a fonte, no caso o site www.jurisway.org.br, e a autoria (Gustavo Ribeiro De Almeida).
2 - O JurisWay não interfere nas obras disponibilizadas pelos doutrinadores, razão pela
qual refletem exclusivamente as opiniões, idéias e conceitos de seus autores.
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A Desconsideração da Personalidade Jurídica
Resumo do Artigo
por: Renata_Breves
Autor : Renata Oliveira Breves
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prática de determinados Atos, ele também pode desconsiderá-la em certas situações, onde se
verifica a intenção de utilizar-se do “véu” da empresa para cometer atos ilícitos ou
fraudatórios, lesando terceiros em benefício próprio. Não se trata de declarar nula a
personificação, mas de torná-la ineficaz para a apuração de determinados atos, sem que isso
importe na dissolução da pessoa jurídica.
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica refere-se, portanto, a uma hipótese
excepcional, na qual se permite superar a distinção entre a personalidade da pessoa jurídica e
a personalidade de seus sócios, associados ou administradores, sendo possível alcançar o
patrimônio particular dos membros da sociedade, a fim de responsabilizá-los pessoalmente
pelos prejuízos causados a terceiros, desde que configuradas e devidamente comprovadas a
fraude e a má-fé. A aplicação da teoria não suprime a sociedade nem a considera nula, apenas
declara-se determinado ato ineficaz ou regula-se a situação de modo diferente do habitual,
dando-se mais destaque à pessoa do sócio do que à própria sociedade, para com isso
responsabilizar quem realmente praticou o ato fraudulento ou abusivo.
Somente verificando a prova cabal e incontroversa da fraude ou do abuso de direito, praticado
pelo desvio de finalidade da pessoa jurídica, é que se admite sua aplicação como forma de
reprimir o uso indevido e abusivo da entidade jurídica. Não basta haver uma obrigação não
satisfeita pela sociedade para que se possa exigir que seus sócios ou membros respondam por
ela, uma vez que a desconsideração está diretamente ligada ao mau uso da personalidade
jurídica com o aferimento de dolo, abuso de direito, fraude ou desvio de finalidade. Simples
indícios ou incapacidade econômica da pessoa jurídica, por si só, não autorizam a aplicação
de tal instituto, devendo o Judiciário, quando necessário à repressão de fraude e à má
utilização da pessoa jurídica, obrigatoriamente fundamentar seu ato, apontando fatos e provas
que demonstrem estar presentes as condições para desconsiderar a personalidade jurídica no
caso concreto.
No Brasil, o primeiro registro que se tem da adoção dessa teoria por diplomas legais encontra-
se na Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), em seu Art. 28, que prescreve que “O
Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração”. Outra abordagem legal da Teoria da Desconsideração é
identificada no Art. 18 da Lei 8.884/94, que determina que “A personalidade
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jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando
houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração”.
Como se observa no Art. 50 do Novo Código Civil, que dia que “Em caso de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial,
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
Publicado em: 06 abril, 2011
Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/corporate-law/2144315-desconsidera%C3%A7%C3%A3o-da-personalidade-
jur%C3%ADdica/#ixzz1rpWicOmK
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Tempo Social
versão impressa ISSN 0103-2070
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20701997000100007
Cesar Caldeira
RESUMO
ABSTRACT
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Abduction and detention of a person for ransom (kidnapping), a crime committed
generally by gangs, has become a serious problem and challenge to public safety and
police action.The high incidence of kidnappings, their dramatic ocurrence and their
repercussions on public opinion and image of the city of Rio, have made this offense an
outstanding point of reference for social and political debate on organized crime.
Kidnappings have motivated public protests, including in part, the huge demonstration
Reage Rio (a peace march). This paper strives to be contextual. It discusses the public
safety policy of the State of Rio de Janeiro in view of the project of a business-oriented,
international city, desired by the entrepreneurial and political elite. It focuses on the
rising"law and order" movement and the anti-kipnapping police efforts. Finally, it reveals
data collected in a on-going research project that attempts to study criminal conduct
commonly associated with "organized crime", such as kidnappings, illegal drug trafficking
and bank robberies, in order to, eventually, help formulating more effective and
democratic public safety policy.
Keywords: kidnappings, public security policy, Rio de Janeiro, urban violence, organized
crime, police; criminal law, operation Rio.
Este trabalho versa sobre a atuação policial na prevenção e repressão de uma prática
delituosa - extorsão mediante seqüestro - durante os primeiros dois anos da
administração Marcello Alencar no Rio de Janeiro. Na primeira seção apresenta-se uma
reflexão sobre a construção social da imagem da cidade do Rio de Janeiro como um local
ideal para investimentos empresariais. Na segunda seção, situa-se a política de
segurança pública, iniciada com a chamada Operação Rio, que visa restabelecer a "lei e a
ordem" adequada ao projeto-cidade. Destaca-se aí a interpretação dominante sobre a
criminalidade urbana violenta e organizada e alguns pontos de referência explicitados
pelos operadores oficiais da política de segurança, principalmente o Secretário de
Segurança General Nilton Cerqueira. Na terceira seção, descreve-se quem responde
pelas ações oficiais na área de segurança pública, em particular na atuação policial anti-
seqüestros, durante o período 1995-1996. Na quarta seção, examina-se a política de
segurança pública do ponto de vista de seus gestores e críticos, dando-se atenção a um
episódio de mobilização pública em torno do problema dos seqüestros: a caminhada
Reage Rio. Por fim, são apresentados os resultados preliminares de um levantamento
sobre a chamada "indústria de seqüestros" no Rio. Neste texto os dados selecionados
referem-se tão-somente a uma parte bastante limitada da pesquisa: a atuação policial
anti-seqüestros. A ênfase será, portanto, na ocorrência do delito, perfil da vítima e dos
seqüestradores, e detalhamento da investigação policial. Outros aspectos fundamentais
para uma avaliação da eficácia da política de segurança pública - como, por exemplo, a
atuação do Ministério Público e da Magistratura no processo judicial - serão examinadas
em outra oportunidade. Este texto pretende oferecer apenas ummapeamento de
problemas e questões que serão abordadas em fases posteriores do estudo.
O Rio de Janeiro vem definindo seus rumos como uma "cidade internacional" (cf. Santos,
1993)2. Os resultados das eleições estaduais de 19943 e as municipais de
19964 consagraram discursos políticos que afirmam a reurbanização, a imposição da
ordem e segurança pública, o embelezamento da cidade como atributos de uma cidade
moderna e competitiva, adequada para atrair investimentos5. Empresários6, políticos7 e
organizações não-governamentais8 cooperam na produção de uma imagem positiva do
Rio9. A cidade-metrópole tem problemas, mas possui recursos físicos10,
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econômicos11, culturais12, humanos13 e políticos14 para superar suas dificuldades. Esta é a
base do moderado otimismo da elite empresarial e política. Aposta-se na recuperação da
indústria fluminense, em novos investimentos estrangeiros e até na implantação de uma
grande infra-estrutura esportiva para acolher a desejada Olimpíada de 200415.
O Projeto-Cidade para ser eficaz depende, entre outros fatores, de 1. construir e/ou
modificar a imagem que a cidade guarde de si e revela no exterior (marketing urbano);
2. diagnosticar os problemas que precisam ser resolvidos para efetivar o projeto; 3.
mobilizar atores públicos e privados (p. ex. associações de empresários, organizações
não-governamentais) e efetivar medidas e campanhas, de imediato, para efetivar o
plano.
Um dos problemas mais importantes para a imagem da cidade, e para vida dos cariocas,
permanece sendo a criminalidade violenta e a atmosfera de medo coletivo vivenciado
pela população21.
Esta interpretação justifica uma política de segurança linha-dura que passou a ser
detalhada no período 1995-96 pelo Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro
General Nilton Cerqueira24. A partir dos seus escritos e declarações pode-se enumerar os
seguintes pontos principais da política governamental de segurança pública:
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Quarto, "além da repressão a traficantes e consumidores, é preciso, mais do que nunca,
identificar os financiadores e os intermediários do tráfico de drogas, em larga e pequena
escala"30.
Quinto, violência se combate com violência. "O policial deve atirar primeiro do que o seu
agressor (sic) para não morrer", a afirmação consta de ofício enviado pelo General
Cerqueira ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados,
deputado Nilmário Miranda (PT-MG).O secretário afirma que "a lei não exige que o
policial espere o marginal atirar primeiro" e que "basta a iminência de agressão para a
defesa ser legítima"31.
Sexto, levar adiante a reforma das polícias civil e militar32. A reforma modernizadora é
multifacetada. Entre seus objetivos estão: combater a corrupção interna33, valorizar os
policiais combativos com gratificações por ato de bravura (mérito especial)34, reequipar
as corporações35.
Sétimo, recuperar "a credibilidade das instituições policiais, obter o apoio da sociedade e
a redução a níveis suportáveis dos índices de criminalidade no Estado"36. A participação
da sociedade no combate à criminalidade deveria se dar, principalmente, através da
colaboração com a polícia por meio de informações anônimas: o Disque-Denúncia37.
Criado com ajuda de empresários, este serviço parece ser um caso de sucesso. Entre
agosto de 1995 e início de dezembro de 1996, recebeu 67.002 ligações38, tendo
contribuído para solução de seqüestros39 e prisões de traficantes.
A política de segurança pública acima delineada tem sido saudada pelo governador como
de êxito40. Baseando-se, em grande parte, nas estatísticas da Secretaria de
Segurança41 argumenta-se que diminuíram o número de homicídios, seqüestros
extorsivos, roubos e furtos de veículos. Por outro lado, aumentaram as apreensões de
drogas, prisões em flagrante por tráfico, posse e uso de drogas. Críticas à política de
segurança no período 1995-1996 foram recebidas como se fossem ataques políticos,
como quando feitas pelo Prefeito César Maia42, por pesquisadores ou penalistas43, ou
organizações de defesa de direitos humanos44.
O debate sobre a atual política de segurança está apenas começando45. Por um lado, o
governo estadual esforçou-se para demonstrar combatividade e recuperação de controle
sobre a situação. No plano psicossocial, provavelmente as expectativas mais negativas,
relativas à omissão do Estado, foram revertidas. Mas a credibilidade nas instituições de
segurança pública ainda é muito baixa. Pesquisas indicam, por exemplo, que: 1) o
sentimento de insegurança do carioca é elevado46 e que ele tem mais medo que
confiança na Polícia Civil do Rio47; 2) metade dos cariocas já foi roubado48 e que 77% dos
fluminenses nunca registraram queixa na polícia49. O temor dos juizes eleitorais com a
segurança nas eleições de 1996 também sugeriram que segmentos importantes da elite
fluminense não estão ainda plenamente convencidos do controle policial no Estado50. A
preocupação com a segurança está bem presente no planejamento da viagem do Papa ao
Rio51 e no projeto de candidatura do Rio para sede das Olimpíadas em 200452. A redução
do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de cerca de 300 mil imóveis situados perto
de favelas e áreas de violência indica outro desdobramento da deterioração urbana53.
Ocorreu, por fim, um certo deslocamento nos temas tratados pela imprensa na área da
segurança pública: se em 1995, a questão mais notável talvez tenha sido os casos de
seqüestros extorsivos, em 1996, as chamadas "balas perdidas' e o crescente número de
vítimas foram um tema constante54.
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3. Breve nota sobre os principais operadores na área da segurança
pública e combate aos seqüestros no período 1995-1996
O governo Marcello Alencar começa durante a Operação Rio55. Portanto, destaca-se neste
período inicial o Comandante da Operação Rio, general Jugurtha Câmara Senna e o
Comandante Militar do Leste, general Edson Alves Mey. As tropas militares disponíveis
durante a Operação somavam 125.850 homens56 que deveriam combater um
contingente estimado, pela 2a Seção da PM-RJ, de 11.340 bandidos-traficantes57.
O delegado Ícaro da Silva67 substituiu Lopes. A atuação da DAS no seu período também
não agradou ao governador Marcello Alencar, que havia estabelecido o combate aos
seqüestros como uma das prioridades de sua administração. Na época, o general Lima da
Silva apresentou ao Ministro da Justiça Nelson Jobim planos de reestruturar a DAS,
criando equipes de investigação que contariam até com integrantes das Forças
Armadas68. Dois episódios desagradaram particularmente ao governador Alencar. O
primeiro, em maio, quando a polícia de Minas Gerais entrou em território fluminense e
libertou a estudante Patrícia Zamboni, 13, seqüestrada em Além Paraíba (MG) no dia 24
de abril. A polícia do Rio não atuou nas investigações sobre o caso69.Nem a família da
vítima nem a polícia mineira quiseram sua ajuda. O segundo, quando Governador se
irritou mais ainda com as críticas de parentes de Juliana Lutterbach, 13, à atuação da
DAS na apuração do seqüestro da menina, encerrado à mesma época. Os parentes
disseram considerar suspeita a atuação da DAS, devido a uma suposta negligência dos
policiais70. Face à crise na DAS, Alencar decidiu extingui-la sem consultar o Secretário de
Segurança. Esta decisão precipitou o pedido de demissão de Lima da Silva, que há
tempos já não se entendia bem com o governador71.
O general Nilton Cerqueira foi escolhido por Alencar e sua nomeação contou com apoio
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do Executivo federal e das Forças Armadas72. Face aos problemas notórios da DAS,
Cerqueira indicou logo o delegado Hélio Luz73 como novo titular da divisão em 27 de
maio de 1995. "A partir de agora a Anti-seqüestro não seqüestra mais"74 disse Luz, que
teria como uma de suas atribuições principais conduzir uma devassa na DAS. Luz
pretendia ainda coibir as atividades de policiais que ofereciam e cobravam por seus
serviços a famílias de seqüestrados e não permitir o uso de X-9 (informantes)75.
Cerqueira inicialmente manteve os chefes das polícias Civil e Militar, nomeados pelo ex-
secretário Euclimar da Silva76. Depois de um período de avaliação, manteve o
comandante da PM Dorasil Dorval77 e resolveu substituir o delegado Dilermano
Amaro78 por Hélio Luz, para a Chefia da Polícia Civil. Durante um breve período, o
substituto de Luz, delegado Elias Barbosa respondeu pelo DAS (28/06/95 - 04/07/95)79.
b1. Depois de Hélio Luz, a DAS esteve sobre a direção do delegado Alexandre
Neto80 durante quatro meses (5/07/95 - 4/11/95). Atuou durante o seqüestro de
Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, sem sucesso. Supõe-se inclusive que tenha divulgado
precipitadamente que Eduardo Eugênio teria sido libertado pela DAS81.
O delegado Antônio das Graças Francisco Ragozzo83 assumiu então a Chefia da DAS,
permanecendo no cargo de fevereiro de 1996 até 20 de março de 1996. Tentou reduzir
as atividades burocráticas na DAS e remanejou para a rua os policiais que estavam na
administração. Dos 115 homens que a DAS tinha tido, ele conseguiu reduzir o efetivo
para 80.
No dia 21 de março de 1996, o delegado Herald Paquett Spindola Filho84 tomou posse
como diretor da DAS. Já trabalhava na divisão há um ano, mas só com a entrada de
Ragozzo passou a ocupar o cargo de chefe de operações e coordenar as investigações
sobre seqüestros85.
Pela perspectiva de Rubem César, o evento seria "um imenso desabafo do Rio de
Janeiro". E teria dois temas centrais para o dia seguinte: "integração da favela à cidade e
reforma da polícia"112.
Esta discrepância de significados para a caminhada pela Paz entre dois dos principais
grupos organizadores evidencia os próprios limites aliança mobilizadora. Perante a
divergência de agendas, o que se tornou ponto comum foi a demanda por mais recursos,
que afinal virou slogan da passeata: "Um milhão de pessoas por um bilhão de reais116.
Em quarto lugar, entre aqueles que criticaram a caminhada Reage Rio, além do
Governador, destacaram-se o Prefeito César Maia117 que afirmou que o ato provocava
expectativa e depois frustração pela impossibilidade de viabilizar os pleitos, e a CUT-RJ
que cunhou a expressão Reage Rico para designar a caminhada.
Não foi incorporada a demanda de uma agenda social visando superar a "cidade partida"
ou de se repensar qual a polícia e política de segurança pública que a sociedade civil
quer. Essas discussões fundamentais parecem adiadas até a próxima grande crise, ou
restrita a pequenos grupos de estudiosos e pesquisadores119.
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centralização de poder decisório121e o orçamento da Secretaria de Segurança - o terceiro
maior do Estado - cresceu122. A exigência de "mostrar serviço" para obter premiações e
promoções influiu no número crescente de prisões, que já parecem ter esgotado o
espaço nos presídios e delegacias123. Tentou-se também acabar com os aspectos mais
públicos e notáveis de impunidade policial: havendo escândalo, consegue-se punições. A
partir dos seus próprios objetivos, a política de segurança implementada foi bem
sucedida124.
Por fim, deve-se insistir neste ponto: não surgiram ainda na agenda pública carioca
alternativas substantivas de políticas de segurança pública com maior articulação social e
apelo popular. Mesmo o Viva Rio, que foi duramente criticado pelos governantes
estaduais e municipais, propõe como medidas para "integrar a cidade
partida"133basicamente programas sociais oficiais do Estado (Baixada Viva, Centros
Comunitários de Defesa da Cidadania), do município (Favela-Bairro) e do governo federal
(Comunidade Solidária).
Apesar do crescimento dos seqüestros no Estado do Rio, este número era ainda inferior
ao total do Estado de S. Paulo: 38 casos de seqüestro na década de 80.
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1. fonte: Gomes (1993)137
Dez anos atrás, o Estado de S. Paulo tinha 9 entre os 12 doze seqüestros registrados no
Brasil138.
Entre 1991 e 1992 140, os dois primeiros anos da administração Brizola, ocorre um
aumento acelerado de seqüestros acumulando-se 119 casos só em 1992. Ou seja, em
um ano apenas, um acúmulo maior de casos que em toda a década passada em todo o
Brasil. Em 1993 há uma queda para um patamar ainda elevado: 62 casos, ou, em média
cinco seqüestros por mês. E, no último ano de sua administração, que sofreu uma
intervenção "branca" na área de segurança pelo governo federal (a Operação Rio), os
seqüestros voltaram a crescer.
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2. fonte: Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP). Chefia de Polícia Civil
Este levantamento preliminar partiu das notícias sobre seqüestros extorsivos publicadas
em três jornais cariocas(O Globo, Jornal do Brasil e O Dia), dois jornais paulistas (O
Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo) e duas revistas
nacionais (Veja e IstoÉ)147 num período de 17 meses (01/01/95 a 31/12/96). O objetivo
básico do levantamento está em obter dados não oficiais que possibilitem: 1)
contextualizar as práticas delituosas e as respostas institucionais, 2) contrastar, numa
etapa posterior do estudo, esses dados não oficiais com as estatísticas e documentos
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produzidos oficialmente.
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3.
4.
Neste período, em 41 dos 188 casos não havia a idade da vítima na notícia. Dentre os
restantes, a faixa etária de maior risco é a entre 31 e 40 anos, com 31 ocorrências. Logo
em seguida, vem a faixa dos 21 aos 30 anos, com 29 vítimas155. Ocorreram seqüestros
de 14 pessoas com menos de 18 anos de idade.
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5.
Deve-se assinalar que apenas 5 executivos foram capturados. Este parece ser um
número baixo, para uma categoria relativamente numerosa no Rio.
Por fim, temos também um caso de 2 seqüestradores que foram seqüestrados por
policiais: foram "mineirados", como se diz na gíria policial156.
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6.
Um outro problema sério com as notícias sobre seqüestros está no fato de que a
cobertura trata prioritariamente do momento de sua ocorrência. Existe um número
bastante elevado de casos em que o leitor desconhecerá o desenlace do seqüestro. Isto
ocorre mais freqüentemente com vítimas que têm menor projeção social. Mas é provável
que pedidos da família e dos negociadores de manter afastada a imprensa e a polícia dos
casos contribua para essa situação.
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7.
e. Seqüestradores
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seqüestradores detidos são do sexo masculino (212 homens).
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10. Funções dos seqüestradores
A tendência é a polícia capturar aqueles que atuam na parte operacional dos seqüestros
extorsivos. O carcereiro deve ficar imobilizado vigiando a vítima e poderá ser preso
quando se "estourar" o cativeiro. Os "chefes de quadrilha" freqüentemente estão
envolvidos diretamente com os captores na linha de frente das operações de seqüestro.
Aparentemente, houve um crescimento considerável de capturas de "chefes" no ano de
1996, algo que precisa ser examinado mais adiante na pesquisa.
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A hipótese é de que os seqüestradores detidos aparentam constituir um segmento de
intermediário para baixo(setor de operações) da estrutura do crime organizado no Rio.
À cúpula desta estrutura de crime organizado talvez caiba escolher a pessoa a ser
seqüestrada, fixar o valor do resgate e estipular a quantia mínima que poderá ser aceita
durante as negociações. Diretamente ligados à cúpula podem estar outras conexões com
o contrabando de armas e narcotráfico de ramificações nacionais e internacionais,
lavagem do dinheiro proveniente dos resgates e, talvez, até grupos de extermínio para
realizar "queimas de arquivos"161.
Nesta tabela vale a pena frisar o peso de policiais e militares da ativa, além de
informantes da polícia, entre os seqüestradores: 11 % do total, ou seja, 29 pessoas.
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12. Locais mais visados para capturar vítimas de seqüestros161
Duque de Caxias163 lidera com 10 ocorrências. São Gonçalo, Itaboraí, Petrópolis e Nova
Iguaçu tiveram 4 casos; Niterói e Magé, três capturas.
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13. Capturas de vitimas nos municípios
O mapa de cativeiros do Estado do Rio revela que, apesar das capturas se concentrarem
no município do Rio (99 casos), os locais de guarda das vítimas estão um pouco mais
equilibrados. Duque de Caxias lidera também como área de cativeiros (9
casos)164 seguido de Magé e São João de Meriti (3 casos). Por fim, cativeiros de vítimas
do Rio foram encontradas em três outros estados federados.
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15. Locais de cativeiros nos municípios fluminenses
g. Atuação policial
A atuação das polícias nos casos de seqüestros extorsivos é marcada, pelo menos, por
alguns fatores fundamentais: 1) existe uma Divisão Anti-seqüestro (DAS) especializada
em investigações sobre esse delito; 2) dependendo do perfil socioeconômico da vítima e
da conjuntura política, vários recursos policiais são simultaneamente mobilizados para
resolver casos determinados, e; 3) ocorre notável competição entre as polícias, e setores
da mesma polícia, em certos casos. Face a um conjunto grande de casos de
características diversas, como ocorre no presente levantamento, as generalizações não
são, em regra, adequadas. O estudo de cada caso concreto é evidentemente possível.
Mas, na presente fase exploratória do projeto de pesquisa, será mais econômico, e
prudente, manter uma perspectiva descritiva.
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16. Atuação policial: prisões
A tabela seguinte, que deve ser interpretada com a muita prudência devido à
precariedade dos dados obtidos da imprensa em relação aos seqüestradores, sugere
algum avanço em termos de quantidade de suspeitos presos, que coincide com o período
da caminhada Reage Rio e a concessão de premiações por atos de bravura (novembro de
1995), e talvez a atuação do DAS num período de maior estabilidade (segundo semestre
de 1996).
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17. Ocorrências de seqüestro e capturas de suspeitos
É difícil perceber, a partir das notícias da imprensa, se a atuação policial foi, de fato,
aprimorada. Quando se examina como a polícia obteve as informações sobre os
seqüestradores, nota-se que a investigação policial não parece ser importante. As
denúncias, a obtenção de confissão de uma pessoa supostamente envolvida no delito,
testemunhas continuam a prevalecer sobre técnicas investigativas mais modernas166
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18. Apuração do seqüestro
Por fim, num período de intenso combate policial a imprensa registrou um número
relativamente pequeno de seqüestradores mortos.
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19.
6. Observações finais
a) A política de segurança pública no Rio de Janeiro foi abordada neste trabalho como um
conjunto de procedimentos, de caráter preventivo e repressivo, através dos quais
autoridades governamentais e elites do poder negociam e organizam respostas ao
fenômeno criminal167. Tentou-se situar esta política governamental do Estado do Rio
dentro de uma discussão sobre o projeto da cidade-metrópole do Rio. Pretendeu-se
descrever a política de "lei e ordem" adotada nos dois primeiros anos do Governo
Marcello Alencar, destacando a política anti-seqüestros extorsivos. Foram relatadas as
críticas e recomendações dos oponentes da política governamental. Deu-se ênfase à
caminhada Reage Rio como mobilização pública centrada no problema dos seqüestros.
Por fim, foram mostrados dados levantados pela nossa pesquisa exploratória sobre
seqüestros extorsivos168.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Notas:
1A propósito desta introdução, cf. Manuel Castells e Jordi Borja (1996, p. 152-166).
2Observação: o Plano estratégico da cidade do Rio de Janeiro se refere ao conceito de
"cidades globais" (p. 18). Cf. também Ribeiro (1996). Segundo o autor, o projeto de
cidade "se reduz aos objetivos de criar uma plataforma de serviços para atrair os capitais
internacionais" (Ribeiro, 1996, p. 177). Para o urbanista, as mudanças econômicas e
sócio-espaciais da metrópole do Rio de Janeiro indicam que a globalização pode reforçar
as tendências de dualização e fragmentação já presentes no quadro de
desindustrialização regressiva, a qual gera também aumento de desassalariamento e
crescente precarização dos assalariados. Para uma visão alternativa e moderadamente
otimista do futuro da cidade ler a entrevista com o economista Carlos Lessa, coordenador
do Plano estratégico da cidade do Rio de Janeiro (1994. p. 28-32). Para uma discussão
sobre os efeitos da globalização, cf. Anthony Giddens (1991). Para uma discussão sobre
políticas de city marketing, em Curitiba, cf. Ribeiro e Garcia (1996).
3Foi eleito governador Marcello Alencar (PSDB), derrotando o candidato brizolista
Anthony Garotinho (PDT).
4Foi vitorioso o arquiteto urbanista Luís Paulo Conde (PFL), candidato do prefeito César
Maia (PFL), presidente do Conselho Adminsitrativo do IPLAN-RIO e responsável pelas
reformas urbanísticas do Rio Cidade e Favela Bairro. Foi derrotado o candidato Sérgio
Cabral Filho (PSDB), apoiado pelo governador Marcello Alencar.
5Nesse sentido foi derrotado um discurso, tipicamente ligado aos pedetistas, que
afirmava prioritariamente objetivos sociais, mesmo que, na prática, visasse a captar
clientelas políticas.
O discurso privatista, neoliberal marcou as administrações estaduais e municipais no
período 1995-1996. O Governo Marcello Alencar apregoou ter lançado o primeiro
programa de desestatização no País e ter tornado o Estado do Rio um dos principais
alvos dos investidores estrangeiros. A inauguração pelo Presidente Fernando Henrique da
fábrica da Volks, em Rezende em 1o de novembro de 1996, é apresentada como exemplo
de tendência à modernização industrial apoiada em investimentos externos. O Porto de
Sepetiba é anunciado como o vértice comercial do Mercosul, por onde circularão as
mercadorias, capitais e serviços da Região Sudeste, tranformando aquela cidade num
centro de negócios internacionais. O Rio, por sua vez, terá o Teleporto, que ambiciona
ser o mais moderno pólo empresarial da América Latina. Uma área de 250 mil metros
quadrados, junto à Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio, foi urbanizada pela
Prefeitura que pretende recuperar seu investimento com a venda futura venda de 14
edifícios de escritórios, ligados por fibras óticas e ideais para abrigar serviços com forte
demanda por telecomunicações. Estas são algumas das ações e planos que evideciam um
notável intervencionismo estatal para promover e atrair investimentos
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privados, nacionais e estrangeiros. Para uma leitura abrangente da propaganda
governamental dirigida ao setor empresarial, cf. Documento Especial/Oportunidades de
investimentos: As melhores opções no Estado do Rio, (Jornal do Commercio, 15 e
16/12/96). Cf. "Sepetiba, o coração do Mercosul: estudo da FIRJAN propõe novo uso
para o porto como distribuidor de carga para a região" (O Globo, 30/01/97, p. 25). Cf.
"Rio receberá US$ 4,4 bilhões em cinco anos: investimentos virão de agências
internacionais de financiamento e serão aplicados em projetos dos governos estadual e
municipal" (Jornal do Brasil, 19/11/95, p. 32).
O Prefeito César Maia, nos anos de 1995-1996, sitiou o carioca com obras feitas
simultaneamente em 15 bairros - do Fundão à Barra da Tijuca - e iniciou a construção
da Linha Amarela que vai ligar a Barra a Bonsucesso. O Rio Cidade, a Linha Amarela e
outros projetos da administração Maia geraram 23.302 postos de trabalho em obras, o
que explica, em parte, o apoio recebido politicamente por setores populares. O município
tinha no final de 1996 uma dívida de cerca de 2 bilhões de dólares. Cf. Caderno Especial:
O Rio de Marcello e César (Jornal do Brasil,13/11/96, p. 1-6). A propósito, o setor da
construção civil foi dos que mais empregaram em 1996 no Rio (+ 7,2%) (cf. Jornal do
Brasil, 30/01/97, p. 14).
6Os empresários vêm participando de iniciativas que estão definindo o projeto da cidade.
É exemplo o Plano estratégico da cidade do Rio de Janeiro, que foi elaborado
pelo Conselho da Cidade - formado de representantes da sociedade civil - a partir de um
convênio entre a Prefeitura, a Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro
(FIRJAN) e a Associação Comercial do Rio. "Plano Estratégico mostra resultados"
(cf. Jornal do Brasil,22/10/96, p. 23). Outros exemplos são o do lançamento da
candidatura do Rio para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2004 e a feitura do chamado
"Master Plano" do Rio (cf. Jornal do Brasil, 13/11/96, p. 19). Para a documentação
oficial, cf. Plano estratégico da cidade do Rio de Janeiro: Rio sempre
Rio (1996); Relatório da cidade 2: plano estratégico da cidade do Rio de Janeiro (1996).
7As articulações dos políticos são pluripartidárias. Existe também apoio do próprio
Presidente Fernando Henrique que tem afiançado a candidatura do Rio para ser sede das
Olimpíadas, tem anualmente despachado com os seus ministros no Palácio Rio Negro, em
Petrópolis e recebido pedidos de tratamento especial para o Rio de Janeiro (cf.Jornal do
Brasil, 13/11/96, p. 19 e 23/01/97).
8O Viva Rio, rede que inclui empresários e lideranças sindicais e populares, tem atuado
em várias campanhas, inclusive na Rio 2004, nas quais tenta afirmar uma identidade
coletiva positiva do carioca. Sobre o início do Viva Rio. cf. Zuenir Ventura (1994). Para
um depoimento sobre o Viva Rio, cf. Soares (1996). Cf. ainda: "Marcello e Maia usam
trabalho de ONGs" (Jornal do Brasil, 17/12/95, p. 38).
9Um belo exemplo da contribuição de artistas neste processo é o clip promocional das
Olimpíadas Rio 2004 cantando Aquele Abraço, música de Gilberto Gil.
10O Rio continua a ser associado com um cartão postal do Brasil, e é visto pelos cariocas
como uma cidade atraente. O reconhecimento desse fato se encontra, por exemplo, em
produção cinematográfica brasileira recente na qual o cenário carioca predomina
(cf. Jornal do Brasil, 20/08/95, p. 31). Ao lado de um dos maiores centros urbanos do
país se encontra a mais vasta floresta urbana do mundo (Floresta da Tijuca). Vales,
restingas, lagos, lagoas e praias famosas completam um mapa natural de grande
potencial turístico.
11O estado do Rio é o maior produtor de petróleo (442 mil barris-dia), gás natural (com
28,20% das reservas nacionais), aço bruto e de ferro do país. Possui o segundo maior
parque industrial e o maior aeroporto em movimento nas áreas nacional e internacional.
A partir de 1995, o Rio recuperou o segundo lugar no ranking do Produto Interno Bruto
nacional.
12O patrimônio histórico e cultural da ex-capital do Brasil é também notável,
destacando-se o Paço Imperial, as praças e jardins do centro do Rio e os museus e
galerias de artes. Possui ainda grandes recursos de lazer, especialmente na vida
noturna.
13As maiores universidades federais e importantes centro de pesquisa estão
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no Rio. A taxa de alfabetização do Rio (90%) está entre as maiores do país.
14Com significativa bancada de deputados federais e burocratas dentro do aparelho
estatal, a articulação e defesa de interesses do Rio é potencialmente alta.
15Estima-se que seriam investidos cerca de 703 milhões de dólares na preparação para o
evento (cf. Jornal do Brasil, 01/09/96, p. 27). O prefeito Luís Paulo Conde afirma que seu
modelo de gestão urbana será o de Barcelona, Espanha (cf. Jornal do Brasil, 17/11/96).
16No ano de 1995, a alta do custo de vida no Rio foi de 27,85%. Em 1996, a inflação
anual dos preços ao consumidor, medida pela Fundação Getúlio Vargas, foi de 11,54 %
no Rio de Janeiro. A menor inflação desde 1950(Jornal do Brasil, 09/01/97, p. 13).
17A vitória de César Maia (PFL) sobre Benedita da Silva (PT), na disputa pela prefeitura
carioca, parece ter marcado um ponto de significativa rejeição da função social do
urbanismo. O Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro, que estabelece as condições
legais para o crescimento da cidade, foi aprovado pela Câmara Municipal em julho de
1992. Este Plano Diretor foi amplamente discutido e possui consideráveis avanços em
termos da função social da cidade. O Prefeito César Maia não realizou as determinações
no Plano. Já em 1993, o Prefeito promovia o Plano Estratégico da Cidade, que passou a
orientar sua Administração, ao invés de complementar o Plano Diretor aprovado pela
Câmara Municipal. Para uma visão do que poderia ser um Plano Diretor de orientação
democrática-popular. ver Grazia (1990).
18Na pesquisa Lei, Justiça e Cidadania, realizada pela Fundação Getúlio Vargas e
ISER, entre setembro de 1995 e julho de 1996, na qual foram ouvidos 1574 moradores
nos municípios dos Rio, Niterói, São Gonçalo, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São
João de Meriti, revela-se esta fragilidade do associativismo. Vejamos as perguntas:
1) É filiado a sindicato?
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interpretação sóciopolítica dominante, cf. J. Silva (1996, p. 497-519).
24Nilton de Albuquerque Cerqueira, 66, general-de-brigada da reserva do Exército.
Deputado federal licenciado, eleito com 40 mil votos - em grande parte de policiais - pelo
PP/RJ, partido que apoiou a candidatura do governador Marcello Alencar. Dirigiu a PM/RJ
no período 1981-82, época em que instituiu o sistema de promoção por bravura. Chefe
do Doi-Codi da Bahia durante a ditadura militar. Cerqueira foi o responsável pela morte
do capitão Carlos Lamarca, líder guerrilheiro, em 1971. O Grupo Tortura Nunca
Mais divulgou um Dossiê Nilton Cerqueira, datado de 19 de maio de 1995 e assinado pela
sua presidente Cecília Coimbra, que afirma que: "Em 17 de setembro de 1971, Carlos
Lamarca e José Campos Barreto, também militantes do MR-8, foram assassinados a
sangue frio por tropa comandada pelo major Nilton Cerqueira" (cf. Jornal do
Brasil, 18/5/95, p. 23 e 12/5/95, p. 12). Cerqueira substituiu o primeiro secretário de
segurança do governo Marcello Alencar, o general da reserva Euclimar da Silva, que
pediu demissão, no dia 15 de maio de 1995, depois de cinco meses e meio de atuação,
sem ter conseguido reverter a situação de violência no Rio e, principalmente, debelar a
onda de seqüestros existente. Euclimar deixou ao cargo, entre outras razões, por não ter
sido consultado sobre a extinção da Divisão Anti-seqüestro (DAS), que se mostrava
então ineficaz para resolver casos de seqüestros e era objeto de inúmeras críticas. O
governador disse que a escolha de Cerqueira atendia a "dois grandes desafios" do
governo: a reforma das instituições policiais e o "combate em caráter emergencial" ao
crime (cf. Folha de S. Paulo, 18/05/95. p. 3-1). Para um perfil completo do general
Cerqueira, consulte "Bala na agulha", Revista Manchete (24/06/95, p. 14-23).
25Nilton Cerqueira, "Nota aos policiólogos" {Jornal do Brasil, 08/05/96, p. 9). Aqui está
um bordão típico desta política: a acusação de que o ex-governador Brizola não deixava
a polícia invadir as favelas. Cf. Folha de S. Paulo(19/05/95, p. 3-4) para declarações de
Cerqueira no mesmo sentido, no momento em que tomava posse como Secretário de
Segurança. Segundo o noticiário atual, a polícia efetivamente invade as favelas. Mas o
Governo Estadual para realizar obras saneadoras em 53 favelas vem pagando uma taxa
extra de "segurança", cf. "Governo paga para entrar em favelas: guias são contratados
para evitar que traficantes atrapalhem obras e ameacem trabalhadores" (O
Globo, 17/03/96, p. 18).
26" Nota supra cit. (Jornal do Brasil, 08/05/96).
27Fontes do Comando Militar do Leste informaram que só em 1995 foram descobertos 15
casos de militares e ex-militares envolvidos com traficantes no Rio. Todos são ou foram
das forças especiais, com curso de guerrilha. Cf. "Militares se envolveram com o
tráfico" (O Globo, 20/12/95, p. 1; 28). Existe também uma ligação antiga entre militares,
traficantes de drogas e venda de armas (cf. O Dia, 24/11/96, p. 26; Folha de S.
Paulo, 18/11/96, p. 3-9; Jornal do Brasil, 18/11/96, p. 17; Folha de S. Paulo, 28/06/95,
p. 3-3).
28Os jornais noticiaram a existência de supostas "bases" assemelhadas a de
guerrilheiros no morro do Andaraí, Grajaú. (cf. Jornal do Brasil, 29/07/95, p. 22; Folha
de S. Paulo, 29/07/95, p. 1-2).
29Nilton Cerqueira. "Uma visão de realidade" (Folha de S. Paulo, 26/08/96, p. 3). Ver
ainda: "Rio é uma área de guerrilha, diz secretário" (Folha de S. Paulo, 15/12/95, p 3-3).
"Cidade tem áreas de risco", (Folha de S. Paulo16/12/95, p. 1-12); "Cerqueira diz que
Rio vive guerra não declarada" (Jornal do Brasil, 17/10/96, p. 26). O ex-prefeito César
Maia enfatiza também o papel estratégico das bases territoriais dos narcotraficantes. "A
questão de fundo, que diferencia o Rio e torna o seu caso específico, é a existência de
bases territoriais, com fronteiras ostensivamente controladas pelo crime. As bases
territoriais são decisivas para o tipo de organização que o crime tem no Rio. São tão
decisivas que as gangues precisam de armas pesadas para conquistar e manter
territórios. As bases territoriais facilitam o tráfico, a guarda e a comercialização de
drogas. Permitem a banalização dos seqüestros... É grave também pensar que se trata
de uma questão estadual. Não é. É uma questão federal, porque caracteriza a ruptura da
unidade de Estado. A solução não é simples. Mas é só uma. Ocupar as bases territoriais
dos traficantes e não sair mais delas. Simultaneamente, levar o Estado às
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comunidades a partir da segurança pública. Esta operação não necessariamente seria
sangrenta. Basta, para isso, que se tenham efetivos e organização. A segurança pública
no Rio é hoje, principalmente, segurança do Estado. Sem essa não haverá segurança do
cidadão" (O Globo, 12/11/ 95, p. 32). Para uma crítica não conservadora ao tráfico de
drogas, a sua organização e suas conexões com o exterior, consulte Marcelo Lopes de
Souza (1996).
30Cf. Folha de S. Paulo (26/08/96, p. 3). Ler sobre as considerações criminológicas do
General Cerqueira em "Obsessão pela segurança" (Jornal do Brasil, 22/05/96, p. 11).
Neste artigo ele afirma que "há uma relação estreita entre o aumento de impunidade e o
deslanche da criminalidade nas áreas metropolitanas"(...) "Um estudo sociológico feito
recentemente constatou que nos últimos 10 anos, período em que se verificou
vertiginoso crescimento da criminalidade violenta no Rio e São Paulo, declinou o número
de prisões e condenações". Leia, ainda, a defesa feita por Cerqueira da repressão policial
em "Carta aberta a um jurista" (Jornal do Brasil,16/01/97, p. 11). "O estranho é que a
qualidade de vida nas favelas melhorou consideravelmente nos últimos anos, enquanto
paradoxalmente a violência aumentou. Os barracos de madeira foram substituídos pelos
de alvenaria, do mesmo modo que a coleta de lixo e a distribuição de água melhoraram
em muitos locais, mas, coincidentemente, ocorreu a disseminação da violência. Será que
agora a iluminação mais intensa se constitui, comprovadamente, um instrumento
preventivo eficaz? É o bastante para inibir bandido armado de AR-15 pronto para
matar?"
31Cf. Folha de S. Paulo (01/06/95, 3-3). "Cerqueira reafirma que polícia deve atirar
primeiro" (Folha de S. Paulo.29/05/95, p. 3-3); "Nilton Cerqueira recomendou à polícia
que não socorra supostos marginais baleados em tiroteio" (Folha de S. Paulo, 25/05/95,
p. 3-1); "Nossa recomendação é para o policial atirar primeiro. O primeiro tiro tem que
ser dado pela polícia, não pelo bandido" (Folha de S. Paulo, 21/05/95, p. 1-2).
32O General Cerqueira chegou a sugerir a extinção da Polícia Civil. "General é ameaçado
ao propor fim de polícia" (cf. O Estado de S. Paulo, 4/8/95, p. C7). Sobre mudanças na
polícia civil (cf. O Dia, 27/07/95, p. 13; Jornal do Brasil, 6/11/95, p. 15; Folha de S.
Paulo, 05/12/95, p. 3-3). Sobre os vários aspectos das reformas cf. a entrevista de
Cerqueira, na revista Manchete, 24/06/95.
33Cf. "Corrupção atinge 80% da Polícia" (Jornal do Brasil, 06/11/95, p. 1 e 15). Os
indícios de corrupção policial são, de fato, amplos e bem documentados na imprensa.
"Celular revela ligação entre tráfico e polícia" (Jornal do Brasil, 07/09/96). Rastreamento
da Telerj pedido pela Justiça pegou entre 300 telefonemas feitos pelo traficanteMarcinho
VP, chefe do morro Dona Marta, várias ligações para a sede da Polícia Civil do Rio, para o
BOPE, da PM, além da Assembléia Legislativa. Cf. Jornal do Brasil (31/10/96, p. 25);
"Policiais seqüestravam traficantes" (O Dia,27/07/95, p. 1). Sobre a intenção de punir
corruptos, ler Jornal do Brasil (04/06/95, p. 19).
34Em novembro de 1995, o governador Marcello Alencar criou uma gratificação para os
agentes policiais que se destacam em ações - a conhecida gratificação "faroeste"
(decreto 21.753). De acordo com análise da Comissão de Segurança Pública da
Assembléia Legislativa do Rio - baseada em números fornecidos pela Secretaria de
Segurança Pública, antes da gratificação "faroeste" a média de civis suspeitos mortos em
tiroteios com policiais era de dez por mês. Depois da gratificação subiu para 25. O que
gera uma promoção por bravura? 1) Localização e invasão de cativeiro, resgate do
seqüestrado e prisão dos criminosos; 2) Ações em favelas que resultem em prisão dos
traficantes, apreensão de armas e fechamento de pontos-de-venda de cocaína e
maconha. 3) Quando um policial, mesmo em inferioridade, reage contra criminosos e
tem êxito. "Rio gratifica policial que mata mais: desde que o Estado criou a gratificação
"faroeste", número de civis mortos cresceu 150% e o de policiais, 37,5%"(Folha de S.
Paulo, 19/07/ 96, p. 3-1). Cf. a longa reportagem "PM do Rio mata cada vez
mais" (Jornal do Brasil,07/04/96, p. 1, 27-29). Esta política implantada tem recebido
muitas críticas (cf. Jornal do Brasil, 05/12/96. p. 9 e 31/01/97, p. 13). Premiações foram
dadas sem cumprimento de requisito de apresentação de, pelo menos, duas testemunhas
insuspeitas da ação que justifica o benefício (82,5% dos 103 casos analisados,
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e que resultaram na promoção de 180 Pms). "Bravura sem testemunha" (cf. Jornal do
Brasil, 07/07/96, p. 34). Outro aspecto que é importante: nove entre dez policiais
militares mortos entre junho de 1995 e março de 1996 não estavam a serviço, segundo
informação prestada pela Secretaria de Segurança. Provavelmente muitas mortes
ocorreram quando os policiais estavam fazendo bicos como seguranças particulares
(cf. Jornal do Brasil, 17/05/96, p. 24).
35Cf. Jornal do Brasil (07/09/95. p. 16). Cf. ainda: "Rio compra equipamento
inadequado: Secretaria de Segurança Pública gastou R$ 7,8 milhões em material
considerado ruim por oficiais da PM" (Folha de S. Paulo,07/04/95, p. 3-5).
36Cf. declarações de Cerqueira sobre prioridades como secretário de
Segurança (Manchete, 24/06/95, p 19).
37Cf. "Carioca põe o crime na linha" (Veja/Rio, 08/11/95, p. 8-12); "Disque-denúncia
vira central onde carioca reclama de tudo" (Jornal do Brasil, 26/05/96, p. 30).
38Jornal do Commércio (05/12/96, p. A-5).
39São exemplos os casos dos estudantes Marcos Chiesa e Carolina Dias Leite.
40Cf. "Resgate da confiança", Jornal do Brasil, seção Opinião (27/10/96, p. 11).
41Convém citar uma declaração do próprio Gal. Nilton Cerqueira, quando já exercia o
cargo de Secretário de Segurança do Rio, sobre as estatísticas de criminalidade no Rio: "
As estatísticas não merecem crédito, porque não correspondem à verdade. E isso se
deve, principalmente, ao fato de as pessoas não acreditando nas polícias, não
registrarem as ocorrências de que são vítimas". Cf. "Bala na
agulha" (Manchete, 24/06/95. p. 18).
42César Maia diz o seguinte sobre o Gal. Cerqueira: "Ele pensa que está na guerra do
Paraguai. Só fala em quantos bandidos foram abatidos, quantas armas pegaram. É um
relatório de guerra. Quero ver é dizer quantas pessoas foram condenadas devido à
investigação da polícia. Daqui a sete meses o caos nessa área ficará claro para
todos" (Jornal do Brasil, 31/12/96, p. 5).
43Ler, entre outros textos do Gal. Cerqueira, "Nota aos policiólogos" (Jornal do
Brasil, 06/05/96, p. 9); "Carta aberta a um jurista*' (Jornal do Brasil, 16/01/97). Escreve
o General: " A crítica dos intelectuais de polícia, os quais denominamos de 'policiólogos',
é outro fator adverso ao trabalho policial no nosso país, em particular, e no mundo, em
geral, funcionando como proteção ao crime e aumentando os lucros da 'indústria do
crime', esquecendo-se do verdadeiro sujeito dos direitos constitucionais, o cidadão". Cf.
Nilton Cerqueira, "Uma visão da realidade" (Folha de S. Paulo, 26/08/96, p. 1-3).
44 Cf. "Cerqueira diz que ONG é coisa de vagabundo: relatório sobre direitos humanos
no Rio irrita secretário de Segurança, governador e prefeito" (O Globo, 31/01/96, p. 12).
Ler ainda, os comentários do General ao 20° relatório anual sobre direitos humanos do
Departamento de Estado norte-americano que criticou a chamada "lei faroeste",
apontada no documento como responsável pelo aumento de morte de suspeitos por
policiais militares (cf. Jornal do Brasil, 01/02/97, p. 8).
45Dentre os artigos mais completos de crítica à atual política de segurança pública estão
Cerqueira (1996a) e Jorge da Silva (1996).
46Ler "Carioca sob o domínio do medo" (Jornal do Brasil, 12/11/95, p. 40-41). Na
pesquisa do Data Brasil, realizada em março e maio de 1995 - 600 pessoas de diversas
classes sociais, com mais de 16 anos - 54,2% dos entrevistados responderam que "o Rio
de Janeiro comparado a outras cidades do mundo é mais violento.
47Para 57% dos cariocas entrevistados pela DataFolha a Polícia Civil inspira mais medo
que confiança (cf. Folha de S. Paulo, 14/01/96, p. 3-3).
48Pesquisa Jornal do Brasil-Petrobrás mostra que 51% entrevistados no município do Rio
de Janeiro (a média do Estado é 48%) já foram roubados. O GERP entrevistou 2400
pessoas nos 24 principais municípios do Estado durante o mês de julho de 1996. Cf. "Rio,
um estado de medo" (Jornal do Brasil, 28/07/96, p. 28).
49Mesma pesquisa, nota supra (Jornal do Brasil, 28/07/96, p. 29).
50"PM confirma falta de segurança" (O Globo, 16/09/96, p. 3).
51"Hospedagem do Papa causa preocupações" (Jornal do Brasil, 16/01/97, p. 25).
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52Jornal do Brasil (01/09/96, p. 27).
53Críticos afirmaram que a medida consistia no reconhecimento oficial da violência. A lei
atinge imóveis residenciais e comerciais, além de terrenos, de 4.626 ruas ou trechos. Cf.
"Violência reduz IPTU de 300 mil imóveis" (Jornal do Brasil, 07/11/96, p. 1 e 08/11/96,
p. 24).
54Foram inúmeras matérias jornalísticas relatando casos de vítimas inocentes de
disparos de armas. Até o dia 28 de novembro de 1996, havia 82 vítimas, com 20 mortos
e 62 feridos (cf. Jornal do Brasil, 06/12/96, p. 24). Cf. ainda, "Balas perdidas agora são
preocupação até da polícia" (Jornal do Brasil, 03/11/96, p. 1 e 26-27). De acordo com
levantamento feito pelo Jornal do Brasil, em 1994, 49 pessoas foram baleadas, sendo
que destas 16 foram mortas. Em 1995, foram 41 vítimas, entre elas 14 não resistiram e
morreram. Cf. "Bala perdida" (Jornal do Brasil,14/07/96, p. 27).
55Para uma análise crítica cf. Caldeira (1995). Este trabalho foi originariamente
apresentado no XIX Encontro Anual da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa
em Ciências Sociais (ANPOCS), em Caxambú, em outubro de 1995. Um artigo que
resume aquele trabalho está publicado em Caldeira (1996). Segundo pesquisa do
DataFolha, 89% dos entrevistados em novembro de 1994, desejavam a manutenção dos
militares na Operação Rio em 1995. "Cariocas querem ação do Exército também em
1995" (cf. Folha de S. Paulo, 27/11/94, p. 1-7; Jornal do Brasil, 07/12/94. p. 21).
56Eram 85 mil soldados (30 mil do Exército, 40 mil da Marinha e 15 mil da Aeronáutica),
mais 28.500 policiais militares, 11.500 policiais civis e 850 policiais federais (cf. Resende,
1995, p. 46).
57Seriam 4.800 traficantes-chefes, 4.400 soldados armados, 1.400 olheiros e 740
passadores de drogas (cf. Resende, 1995, p. 46). Outras estimativas existem: as
investigações da Polícia Federal levam a crer que o chamado "Cartel do Rio" emprega
100 mil pessoas. 'Tráfico emprega 100 mil pessoas", (cf. Jornal do Brasil,10/09/95, p.
29). O Serviço reservado da PM, em 1994, elencava 344 pontos de tráfico de drogas no
Rio, que vendiam por mês, duas toneladas de maconha e cocaína. Para uma listagem dos
15 pontos mais movimentados cf. Resende (1995, p. 61-64).
58Lima da Silva foi secretário-executivo da Comissão Especial de Investigação da SAF
(Secretaria de Administração Federal) criada para combater a corrupção no poder
Executivo federal e participou da montagem do esquema de segurança da Eco-92
(Conferência Internacional Sobre Ecologia e Meio Ambiente), ocorrida no Rio em junho de
1992. Foi para a reserva em 31 de março de 1994. Antes disso ocupou a função de chefe
do Estado-maior do Comando Militar do Leste, sediado no Rio. Também comandou a 1ª
Brigada de Cavalaria Mecanizada e dirigiu o Centro de Avaliações do Exército (cf. Folha
de S. Paulo, 01/12/94, p. 1-10).
59Cf. organograma da nova secretaria de Segurança (Jornal do Brasil, 13/01/95, p. 13).
60Cf. entrevista do General Lima da Silva (Jornal do Brasil, 11/12/94, p. 13).
61A expressão é do Gal. Lima da Silva, que também usava a expressão "ganhar essa
guerra" quando se referia à Operação Rio. Cf. entrevista supra cit. (Jornal do
Brasil, 11/12/94, p. 13).
62Na posse, o novo chefe da Polícia Civil, Dilermando Amaro, criticou o Ministério Público
por "invadir" competências da Polícia Civil no trabalho de polícia judiciária e investigação
policial. Foi uma referência à atuação do MP no caso da lista do bicho (livro-caixa)
encontrado no escritório do bicheiro Castor de Andrade, em março de 94, com mais de
200 nomes que receberiam propinas. O MP investigou o caso sozinho. Da lista constavam
nomes de mais de 60 delegados e policiais civis, que estão sendo processados na Justiça.
"Acho que o MP talvez tenha ultrapassado o limite de sua competência nesse caso".
Amaro, 49, era chefe do Departamento Administrativo do ex-secretário Mário Covas.
(cf. Folha de S. Paulo, 06/01/95, p. 1-11).
63Dorasil Corval, 46, era coronel da PM há dois anos. Bacharel em administração e
direito, fez carreira na Polícia Militar no setor de ensino e formação de quadros. Na posse
disse que a PM "não precisa mudar" e que não é corrupta (cf. Folha de S.
Paulo, 06/01/95, p. 1-11).
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64Cf. "PM passa a comandar ações" (Folha de S. Paulo, 24/01/95, p. 1-12). Ver ainda,
pelo convênio assinado entre Estado do Rio e Forças Armadas que o policiamento do
Exército será nas ruas e 'áreas estratégicas'. Cf. "Militar não sobe morro na 2' fase da
ação" (Folha de S. Paulo, 28/03/95, p. 1-12).
65"DAS terá novo chefe" (Jornal do Brasil, 21/02/95, p. 18).
66Cf. nota supra cit.
67Ícaro da Silva foi diretor da Divisão de Fiscalização de Armamentos e Explosivos
(DFAE).
68 "Seqüestro traz ministro da Justiça ao Rio" (Jornal do Brasil, 07/02/95, p. 19).
69 Cf. Folha de S. Paulo (17/05/95, p. 3-1).
70Criticou-se a inoperância da DAS que não conseguiu localizar o orelhão de onde eram
feitas as chamadas telefônicas, apesar de terem sido vinte ligações ao todo, dentre elas
uma de doze minutos. Sobre o seqüestro de Juliana Leutterbach, o líder do PP, deputado
Rubens Tavares, acusou a polícia de ter roubado o dinheiro do resgate, no valor de R$ 1
milhão (cf. O Globo 20/04/95, p. 4; 13/05/95, p. 18; 15/05/95, p. 9; e 22/05/95, p.
10).
71Cf. "Cai secretário de Segurança do Rio: general pede demissão do cargo por discordar
da extinção da DAS" (cf. Folha de S. Paulo, 17/05/95, p. 3-1; Jornal do Brasil, 18/05/95,
p. 24). Segundo a própria DAS, 25 pessoasestariam em poder de seqüestradores no dia
19 de abril de 1995. Este é um período em que o nome de alguns seqüestrados é
guardado em sigilo pela DAS, como, por exemplo, uma sobrinha do médico Ivan
Lemgruber (O Estado de S. Paulo, 20/04/95).
72Cf. "Nelson Jobim aprova nomeação" (cf. Jornal do Brasil, 18/05/95, p. 24).
73Cf. "Secretário ordena devassa completa na DAS: Hélio Luz, novo titular da Divisão
Anti-seqüestro, assume e avisa que acabou a fase em que policiais participavam dos
crimes" (Jornal do Brasil, 30/05/95, p. 20). Cf. ainda, "Secretário nomeia novo diretor
para a DAS" (Folha de S. Paulo, 26/05/95, p. 3-1).
74Ver, nota supra cit (Jornal do Brasil, 30/05/95, p. 20).
75Ver, nota supra cit.
76Cf. Jornal do Brasil, 01/06/95, p. 25.
77O coronel Corval permaneceu no cargo durante todo o período deste estudo.
78Entre as justificativas aventadas para a substituição de Dilermano Amaro estavam: 1)
a falta de liderança e desprestígio do Delegado perante os policiais; 2) o aparecimento do
seu nome no inquérito feito sobre o chamado "escândalo das quentinhas" pelo Ministério
Público. Nada foi comprovado contra o delegado e, por isso, o MP pediu o arquivamento
do inquérito. "Marcello faz mudanças na cúpula da Polícia: Hélio Luz substitui Dilermano
Amaro que não se adaptou à política de Cerqueira" (cf. Jornal do Brasil, 28/06/95, p.
21).
79Cf. Jornal do Brasil (28/06/95, p. 21).
80Cf. Jornal do Brasil (4/11/95, p. 17).
81Folha de S. Paulo, 30/10/95, p. 3-1. Cf. "Demitido diretor da Divisão Anti-
seqüestro" (O Globo, 04/11/95, p. C-6). Alexandre Neto, 36, delegado de confiança de
Hélio Luz, teve uma trajetória controvertida. O ex-diretor da DAS foi eventualmente
suspenso por 43 dias pelo secretário da Segurança, Nilton Cerqueira.O motivo da
suspensão foi a entrega por Neto de um revólver a um comerciante da Baixada
Fluminense. A Corregedoria de Polícia Civil concluiu que Neto cedeu a arma de forma
indevida (cf. Folha de S. Paulo, 14/12/95, p. 3-3).
82Cf. "Diretor da DAS não acredita em resultado rápido" (Jornal do Brasil, 06/11/95, p.
15).
83Ex-escrivão, previamente havia trabalhado exclusivamente em delegacias do interior
do estado: Campos, Miracema, Santo Antônio de Pádua e Trajano de Moraes. Antes da
assumir a DAS comandou a Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (O
Globo, 27/02/96, p. 16).
84"DAS tem novo diretor" (Jornal do Brasil, 21/03/96, p. 24).
85O delegado Herald Spíndola permaneceu como Chefe do DAS durante o
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restante do ano de 1996.
86Para uma análise detalhada do que é chamado "militarização ideológica", cf. J. Silva
(1996).
87As megaoperações policiais continuam no início de 1997, de maneira assemelhada à
Operação Rio. Por exemplo, no dia 24 de janeiro foram ocupadas 100 morros e favelas
do Rio por 4000 homens das Polícias Civil e Militar, e apoio da PF e da Polícia Rodoviária,
para combater tráfico de drogas e apreensão de armas (cf. Jornal do Brasil,25/01/97 p.
19; O Dia, 25/01/97, p. 15).
88Criou-se na opinião pública um entendimento que não há outra alternativa senão o uso
cada vez maior e não controlado da força militar contra os "bandidos". Existe, por outro
lado, uma crise de valores na sociedade. Cf. entrevista do psicanalista Jurandir Freire
Costa comentando a aprovação que foi dada pela maioria da população à execução a
sangue-frio de um assaltante por um policial, nas imediações de um shopping center no
Rio, em março de 1995, que foi mostrada pela televisão (Jornal do Brasil, 13/03/95, p.
13). Cf. na pesquisa Lei, Justiça e Cidadania, realizada pela Fundação Getúlio Vargas e
ISER, entre setembro de 1995 e julho de 1996, o resultado das respostas feitas à
pergunta seguinte:
Os bandidos não respeitam os direitos dos outros, por isso não merecem ter seus direitos
respeitados (%).
89A imprensa reflete o ascenso dos chamados Movimentos de Lei e Ordem no Brasil que
ditam políticas criminais que afirmam: 1) que a pena se justifica como castigo e
retribuição; 2) que os crimes hediondos sejam punidos com a morte ou penas de
privação de liberdade longas; 3) que a prisão provisória seja ampliada; 4) que se devem
abrir mais prisões de segurança máxima. Para uma introdução ao tema, consulte Araújo
Jr. (1991 e 1997).
90 O tiroteio verbal é, às vezes, bem humorado. César Maia disse que mandaria "internar
o Hélio Luz numa colônia de hippies" (Folha de S. Paulo, 06/12/96, p. 3-1).
91 Entre as exceções deve-se registrar a atuação do Grupo Tortura Nunca Mais e do
Centro de Defesa de Direitos Humanos Rubens Requião. Existe ainda um trabalho
importante e de qualidade que é feito pela ONG Human Rights Watch/Americas (cf.
1996), de documentação e denúncia de violações de direitos humanos. Para uma análise
crítica da atuação das ONGs de defesa de direitos humanos durante a Operação Rio, cf.
Caldeira (1996).
92O Viva Rio, liderado por Rubens César Fernandes, durante o período 95-96, fez
críticas pontuais à política de segurança pública - mas, ao contrário do que parece
imaginar o gal. Nilton Cerqueira - para posicionar-se mais como parceiro que
contestador. Por exemplo, o Viva Rio defende o policiamento comunitário. A experiência
patrocinada pelo Viva Rio em Copacabana era uma de suas principais propostas, tendo
sido, inclusive, levada às autoridades militares antes da Operação Rio no manifesto "O
Rio Unido contra a Violência" (cf. Folha de S. Paulo:10/08/94, p. 3-3). O general
Cerqueira acabou com o experimento porque causava disputa entre os policiais que
gostariam de levar uma "vida boa", inclusive com agrados dos membros da comunidade-
alvo, e porque retirava combatentes das ações policiais mais imediatas e do controle do
trânsito. O policiamento comunitário tinha apoio dos moradores da Zona Sul (cf. Folha de
S. Paulo, 13/09/95, p. 3-3). O Viva Rio e o General Cerqueira, ainda como Presidente do
Clube Militar, em 1994, foram incentivadores da intervenção federal na questão da
criminalidade urbana do Rio, e mobilizaram-se pela Operação Rio. Para um depoimento
favorável de Rubem César sobre a ação das Forças Armadas nas favelas, cf. sua
entrevista (Fernandes, 1994). Por fim, ambos estiveram, e estão, solidários na
campanha de desarmamento no Rio.
93Esta comissão conduziu debates - lamentavelmente não disponíveis para consulta de
pesquisadores - com os principais operadores públicos e privados diretamente
interessados na questão. Produziu um documento indicando "propostas para a segurança
pública do Rio de Janeiro" que constitui um embrião de uma superação da atual política.
Mas as forças políticas articuladas na comissão não tiveram capacidade de dar
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publicidade e pressionar pelas políticas enunciadas. A Comissão Mista teve pouca atuação
pública durante 1996. Junto ao ISER (Instituto Superior dc Estudos Religiosos) vem
conduzindo um estudo dos "autos de resistência" registrados na PMRJ entre janeiro de
1993 e março de 1996, que poderá constituir-se numa contribuição à discussão sobre
violência policial.
94Foram lançados dois números da revista até fevereiro de 1997. Para uma proposta de
política de segurança alternativa, representativa da linha da revista, cf. Cerqueira
(1996b).
95Cf. Fernandes e Carneiro (1995). Este estudo argumenta que o declínio da atividade
econômica no Rio é anterior ao período em que os índices de violência dispararam na
década de 80. E que a recuperação da economia no Rio começou, apesar dos dados
relativos à criminalidade evidenciarem que crimes de maior especialização e densidade
financeira - como roubo a banco, roubo de carga e extorsão mediante seqüestro - terem
aumentado no 1o semestre de 1995 (época que abrange a Operação Rio) em relação ao
1o semestre de 1994, segundo dados da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
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Revista de Saúde Pública
versão impressa ISSN 0034-8910
Rev. Saúde Pública vol.44 no.3 São Paulo jun. 2010 Epub 07-Maio-2010
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010005000006
ARTIGOS ORIGINAIS
Graciana Alves Duarte; Maria José Duarte Osis; Anibal Faúndes; Maria Helena de
Sousa
RESUMO
Descritores: Aborto Legal. Aborto Criminoso. Direito Penal, legislação & jurisprudência.
Ministério Público. Percepção Social.
RESUMEN
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brasilera y las circunstancias en que el aborto inducido debería ser permitido.
MÉTODOS: Estudio transversal realizado con 1.493 jueces y 2.614 promotores en Brasil
entre 2005 y 2006. Los participantes llenaron un cuestionario estructurado sobre
características sociodemográficas, opiniones acerca de la legislación que trata el aborto y
circunstancias para permitirlo. Se realizaron análisis bivariado y multivariado por
regresión de Poisson.
RESULTADOS: La mayoría (78%) de los participantes opinó que las circunstancias en
las cuales no se castiga el aborto deberían ser ampliadas, o más aún que el aborto no
debería ser considerado crimen. Las mayores proporciones de opiniones favorables para
que el aborto sea permitido se refirieron a riesgo para la vida de la gestante (84%),
anencefalia (83%), malformación congénita grave (82%) y gravidez resultante de
violación (82%). Las variables relativas a la religión fueron las más frecuentemente
asociadas a tales opiniones.
CONCLUSIONES: Se observó una tendencia a considerar la necesidad de cambios en la
actual legislación brasilera en el sentido de ampliar las circunstancias en las cuales no se
castiga el aborto y hasta dejar de considerarlo un crimen, independientemente de la
circunstancia en que es practicado.
INTRODUÇÃO
Na maioria dos países desenvolvidos, a legislação permite o aborto para salvar a vida da
gestante, preservar a sua saúde física ou mental, quando a gravidez resultou de estupro
ou incesto, em casos de anomalia fetal, por razões econômicas ou sociais e por
solicitação da mulher.10,a Na América Latina e Caribe, o aborto é permitido em poucas
situações, prevalecendo maior aceitação legal para as situações de aborto associadas
principalmente à vida e à saúde da mulher. Dada a situação de ilegalidade, quase todos
os abortos são realizados de modo clandestino, oferecendo riscos para a saúde e para a
vida das mulheres, o que contribui também para a elevada taxa de mortalidade
materna.21
No Brasil, o Código Penal estabelece, desde 1940, que o aborto praticado por médico não
é punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou quando a gravidez
for resultado de estupro.8,19 Todos os demais casos são passíveis de punição, com penas
que variam de um a dez anos de prisão para a mulher e para a pessoa que realiza o
aborto, a qual pode ter a pena dobrada caso ocorra a morte da gestante.b Apesar dessas
restrições legais, a estimativa de abortos ilegais no Brasil em 2005 estava em torno de
1.054.242.18
Na prática, apesar de a legislação brasileira não punir o aborto nos dois casos já citados,
o acesso à interrupção da gestação enfrenta vários obstáculos.8,b,c Durante muito tempo,
apenas o aborto por risco de morte da gestante era praticado em hospitais, enquanto as
vítimas de estupro raramente eram atendidas nos hospitais públicos, o que as levava a
recorrerem ao aborto clandestino.8
MÉTODOS
Foi realizado um estudo descritivo de corte transversal, para o qual foi utilizado um
questionário estruturado e pré-testado, auto-respondido por juízes filiados à Associação
dos Magistrados Brasileiros (AMB) e por promotores associados às 29 Associações do
Ministério Público do Brasil (26 nos Estados e três no Distrito Federal).
A taxa de resposta foi de 14% (1.550) dos questionários enviados a juízes, dos quais 50
retornaram em branco e sete foram devolvidos com a explicação de que o afiliado já era
falecido. Dessa forma, foram incluídos questionários de 1.493 juízes. Para promotores, a
taxa de resposta foi de 20% (2.716), dos quais 101 questionários estavam em branco e
um referia-se a afiliado falecido. Portanto, foram incluídos 2.614 questionários de
promotores. A amostra final foi de 4.107 participantes. Os questionários respondidos
foram revisados, numerados e duplamente digitados.
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malformação congênita grave incompatível com a vida extra-uterina; gravidez resultante
de estupro; gravidez traz prejuízos graves à saúde física da gestante; gravidez traz
prejuízos graves à saúde psíquica da gestante; em qualquer circunstância; em nenhuma
circunstância). As variáveis independentes foram: idade (em anos), sexo (masculino;
feminino), estado marital (unido; não unido), número de filhos (até dois; três ou mais),
gravidez indesejada e aborto da mulher respondente ou da parceira do respondente
(nunca teve gravidez indesejada/teve gravidez indesejada e não fez aborto versus teve
gravidez indesejada e fez aborto), categoria profissional (juiz; promotor) região de
atuação (Norte/Nordeste/Centro-Oeste; Sudeste/Sul), tempo de atuação na área (em
anos), localidade de atuação (capital e interior; somente interior), grau de atuação
(tribunal; primeira instância/aposentado); área de atuação (criminal/vara única; demais
áreas: cível, trabalhista, infância e juventude e aposentado), nível de atuação (federal e
estadual; somente estadual); religiosidade (religioso; intermediário/não religioso);
importância da religião sobre as respostas dadas (muito importante; pouco
importante/não importante/sem religião) e importância das concepções religiosas
pessoais sobre as respostas dadas (muito importante; pouco importante/não
importante/sem religião).
Foi descrita a opinião dos participantes acerca da legislação que trata do aborto e das
circunstâncias em que o aborto deveria ser permitido. Foi feita análise bivariada para
distribuição de freqüências de cada uma das variáveis dependentes (opiniões) segundo
as categorias das diversas variáveis independentes. Aplicou-se o teste qui-
quadrado1 específico para cada dimensão de tabela (qui-quadrado de Pearson para
tabelas gerais e qui-quadrado com correção de Yates para tabelas 2x2). Para as variáveis
idade e tempo de atuação na área foi aplicado o teste de tendência linear.1
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importante/sem religião).
RESULTADOS
Na amostra estudada cerca de dois quintos (41%) dos participantes tinham 50 anos ou
mais de idade; a maioria (69,9%) era do sexo masculino, referiu viver em união (76,6%)
e ter no máximo dois filhos vivos por ocasião da entrevista (69,4%). Doze por cento dos
respondentes referiram que diante de uma gravidez absolutamente indesejada haviam
optado por fazer um aborto. Quanto às características da atuação profissional, 63,6%
dos respondentes atuavam como promotores e 36,4% como juízes; pouco mais de três
quintos referiram atuar nas regiões Sul, Sudeste (65%); somente 8,7% atuava há mais
de 25 anos; 62,5% atuava ou havia atuado no interior do estado, pouco menos da
metade (48,9%) atuava na área criminal ou em vara única, apenas 14,8% atuava em
Tribunal e 7,7% atuava em nível federal. A grande maioria dos participantes foi
classificada como não religiosos ou de religiosidade intermediária (86,5%), apenas
21,5% referiram que a religião que praticava teve muita importância sobre as respostas
que deram; 24,1% deu a mesma resposta em relação à importância de suas concepções
religiosas pessoais (dados não apresentados em tabela).
Quando solicitados a expressar sua opinião acerca das leis brasileiras que tratam a
questão do aborto, 78% dos participantes consideraram que as circunstâncias em que o
aborto não é punido deveriam ser ampliadas ou que as leis brasileiras deveriam deixar de
considerar o aborto como crime em qualquer circunstância. Para 9% dos respondentes o
aborto deveria ser sempre proibido ou os permissivos deveriam ser restringidos, e 13%
opinou que a lei deveria permanecer como está (dados não apresentados em tabela).
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As circunstâncias em que o aborto deveria ser permitido que receberam maior proporção
de respostas positivas foram: em caso de risco de morte da gestante (84%), diagnóstico
de anencefalia (83,1%), feto com qualquer malformação congênita grave incompatível
com a vida extra-uterina (81,8%), em caso de gravidez resultante de estupro (80,6%),
caso a gravidez traga prejuízos graves à saúde física da mulher (59%) e se a gravidez
trouxer prejuízos graves à saúde psíquica da mulher (41,9%). Apenas 4,7% dos
participantes considerou que o aborto nunca deveria ser permitido, e 12,1% que o aborto
deveria ser permitido em toda e qualquer circunstância (dados não apresentados em
tabela).
Quando perguntados sobre a ADPF, entre aqueles que tinham uma opinião formada
sobre o assunto (n = 2.223), 60,5% referiu que ADPF deveria ser transformada em lei,
25,1% considerou-a adequada e 14,4% opinou pela sua inadequação (dados não
apresentados em tabela).
DISCUSSÃO
Por outro lado, assim como já se observara entre médicos ginecologistas,12 a experiência
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de ter passado por um aborto provocado é bastante relevante para determinar a postura
dos operadores da justiça diante da questão.
É impossível saber se houve algum viés de seleção, no sentido de que aqueles que
responderam ao questionário tenham sido principalmente pessoas com idéias mais
liberais em relação ao aborto. O elevado número absoluto de respostas, entretanto,
sugere que dificilmente as principais conclusões, que surgem da análise apresentada,
poderiam mudar de maneira significativa com uma maior proporção de respostas. Além
disso, dificilmente as associações entre as características dos participantes e suas
opiniões poderiam estar determinadas por um viés de seleção. Pesquisas já realizadas
anteriormente com ginecologistas e obstetras,11,15 bem como pesquisas de base
populacional com homens e mulheres,7,20 chegaram a resultados semelhantes, com as
mesmas tendências verificadas em nosso estudo.
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Correspondência | Correspondence:
Graciana Alves Duarte
Universidade Estadual de Campinas
Cidade Universitária Zeferino Vaz
Caixa Postal 6181
13084-971 Campinas, SP, Brasil
E-mail: graduarte@cemicamp.org.br
Recebido: 8/5/2009
Aprovado: 4/12/2009
Pesquisa financiada pelo MCT/SCTIE/DECIT/MS/CNPq (Processo No 403179/2004-1);
pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Processo 05/50267-7); e
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Revista Direito GV
versão impressa ISSN 1808-2432
http://dx.doi.org/10.1590/S1808-24322011000100010
Advogada, formada pela Direito GV Mestranda em Direito Penal pela Universidade de São
Paulo - USP
RESUMO
Este artigo discute uma pesquisa empírica apresentada em 2009 como Trabalho de
Conclusão de Curso na Direito GV sobre a definição da causalidade para
responsabilização criminal nos tribunais de justiça. Foram analisadas 84 apelações
criminais julgadas entre 2007 e 2008 e extraídos resultados quantitativos e qualitativos
relacionados aos dados do processo, ao resultado da decisão e à argumentação. A
análise desses resultados levou a cinco principais constatações: (1 ) a discussão sobre
nexo causal ocorre quase exclusivamente em casos de crimes culposos; (2) muitas
vezes, apesar de discutido pelas partes, a existência de nexo causal não é afirmada no
acórdão; (3) o nexo causal é frequentemente afirmado com pouca fundamentação e, em
geral, com menos argumentos do que a afirmação de culpa; (4) a teoria mais utilizada
pelos tribunais é a da equivalência das condições; e (5) o nexo causal é frequentemente
afirmado como decorrência da culpa.
ABSTRACT
This paper reports empirical research presented in 2009 as final dissertation for
graduation as bachelor of laws at direito gv about the definition of causation to attribute
criminal liability in the brazilian state supreme Courts. A total of 84 criminal appeals,
ruled between 2007 and 2008, were analyzed and quantitative and qualitative results
related to procedure data, results of the decision and reasoning were extracted. Analysis
of these results led to five major findings: (1) discussion of causation occurs almost
exclusively in cases of willful crimes, (2) often, though discussed by the parties, a causal
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relationship is not asserted in the decision, (3) causal relationship is often stated with
little reasoning and, generally, with fewer arguments than the statement of negligence,
(a) the causal theory most used by the courts is that cause is every necessary condition
for the event, and (5j causal relationship is often asserted as a result of negligence.
Keywords: Criminal Law; Attribution of criminal liability; Causation; Case law; Brazilian
State Supreme Courts.
INTRODUÇÃO
Desde o século XIX a teoria penal se ocupa em definir os critérios para imputação de
responsabilidade jurídico-penal a um sujeito por um fato. No âmbito da tipicidade, essa
imputação depende, dentre outros elementos, da escolha dos requisitos necessários para
que se determine a ligação de um comportamento a um resultado. Até recentemente a
discussão dogmática acerca da imputação restringia-se à forma como deveria ser feito o
corte da linha natural de relações causais, mas a causalidade em si não era questionada.
E possível citar dois autores contemporâneos que propõem a renovação dos instrumentos
dogmáticos tradicionalmente usados para a imputação penal. Günther Jakobs foi o
primeiro a romper com o conceito material de delito, preocupando-se em construir
padrões de conduta normativos, desvinculados de dados ontológicos. Da mesma forma,
Klaus Günther desnaturaliza a imputação e a concebe como ato social de significado
próprio que depende da escolha das condições sob as quais é justificável responsabilizar
individualmente a violação da norma. Atento para a importância dos critérios de
responsabilização nas sociedades modernas,1 Günther constatou que a única forma de
legitimação dos critérios de responsabilização seria pelos próprios indivíduos, com debate
público sobre as normas jurídicas que estabelecem esses critérios.
Essa breve menção aos autores evidencia o questionamento da adequação das teorias
dogmáticas existentes — e em especial o conceito de causalidade —, para explicar a
imputação penal. Apesar da relevância das novas teorias, este artigo se concentrará na
definição do conceito de causalidade pelos tribunais brasileiros, uma vez que no Brasil
prevalece largamente a concepção causal como elemento fundamental do tipo objetivo, e
o primeiro passo do esforço de questionamento desse modelo só pode se dar, sob pena
de tornar a discussão desvinculada da prática, depois do entendimento de quais são os
critérios atualmente utilizados pela jurisprudência.
No Brasil a referência normativa desse modelo está no art. 13 do Código Penal, que
oferece apenas critérios mínimos para imputação do tipo objetivo. A única baliza legal é o
paradigma da causalidade que carece de critérios concretos, uma vez que a única
limitação é a da causa relativamente independente que apenas exclui a imputação
"quando, por si só, produziu o resultado". Daí conclui-se que há um problema de
aplicabilidade do dispositivo legal, que depende da construção de critérios limitadores
pela jurisprudência.
Com o objetivo de fomentar o debate público de forma que, nos termos propostos por
Klaus Günther, esses critérios sejam questionados, deliberados publicamente e, se for o
caso, reconstruídos, foi realizada uma pesquisa em 2009 que deu origem ao Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado à Escola de Direito de São Paulo, na Fundação Getulio
Vargas, sob orientação da professora. Dra. Marta Rodriguez de Assis Machado, que será
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relatada neste artigo.
I METODOLOGIA
O lócus escolhido para a pesquisa foram os Tribunais de Justiça. Essa escolha se justifica
por três razões. Em primeiro lugar, porque a maior parte dos crimes nos quais se discute
causalidade é de competência estadual. Em segundo lugar, a seleção de apenas
A busca pelas decisões foi feita entre os dias 11 e 30 de novembro de 2008, pela
ferramenta de pesquisa on-linede jurisprudência do site da Associação dos Advogados de
São Paulo (AASP).2
Foram feitas duas restrições: (1) temporal, pois foram analisadas somente as decisões
proferidas em 2007 e 2008; e (2) com relação á matéria, pois foram selecionadas apenas
decisões de matéria penal.
Essa busca resultou em um total de 3.219 decisões. Desse conjunto de acórdãos, apenas
444 compuseram a base de dados inicial do trabalho; foram excluídas as decisões que,
apesar do filtro feito no momento inicial da busca, não se tratavam de apelações
criminais, estavam fora do período de tempo analisado ou eram repetidas. Após a análise
dessas decisões, foram excluídas 360 decisões que não tinham como objeto a discussão
acerca da definição do conteúdo da tipicidade objetiva.3
Para a leitura das informações do banco de dados, foi criada uma planilha no Microsoft
Excel na qual as decisões foram classificadas segundo os seguintes grupos de
informações: (1) dados do processo; (2) decisão analisada; (3) e argumentação. Cada
grupo de informação foi subdividido totalizando 45 critérios de análise, detalhados a
seguir.
Apesar de este artigo focar a parte objetiva do tipo penal, foram incluídos critérios de
análise da argumentação da parte subjetiva do tipo (nos casos de acusação por tipos
culposos), porque na pesquisa preliminar observou-se grande quantidade de resultados
de tipos culposos e, em leitura superficial das decisões, verificou-se que em alguns casos
a argumentação do nexo causal decorria da argumentação da culpa.
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2 RESULTADOS QUANTITATIVOS
Os tipos culposos são maioria, respondendo por 79,7% das denúncias. Em 8,5% das
decisões, a acusação refere-se a tipos complexos, em que se discute se o resultado
morte tem nexo causal com a conduta do indivíduo. Esse resultado foi surpreendente:
esperava-se maior número de decisões sobre tipos dolosos, pois, também nesses casos,
a afirmação do nexo causal é necessária. Na pesquisa prevaleceram os casos de
acidentes de trânsito (58,3% do total de casos são de homicídio culposo na direção, art.
302 da Lei 9.605/97). Por fim, foi interessante notar que dentro das acusações por tipos
culposos apenas uma não se tratava de homicídio culposo, mas de lesão corporal
culposa. Assim, em 78,5% do total de decisões que discutem causalidade, a acusação é
de homicídio culposo.
2.2 Pedido
Excluindo-se as acusações por tipos dolosos (para poder utilizar o dado para comparação
entre a relevância dos elementos objetivo e subjetivo do tipo), dos pedidos do Ministério
Público, 37,5% alegam exclusivamente a existência de culpa e em apenas 12,5% alega-
se exclusivamente nexo causal. Para a defesa, o principal argumento dos pedidos é a
alegação de ausência de culpa e de nexo causal (41,8%). Ainda, observou-se que é mais
frequente a alegação exclusiva de ausência de nexo causal (23,6%) do que a alegação
exclusiva de ausência de culpa (16,4%).
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2.6 Unanimidade das decisões
Em 92,9% das decisões a apelação foi decidida por unanimidade. Todos os casos em que
houve divergência foram julgados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Nessa categoria, a argumentação não foi analisada. Para que a decisão fosse classificada
como afirmação de "existência" de nexo causal, bastou que, mesmo sem qualquer
argumento, se afirmasse, em qualquer parte da decisão, que havia causalidade. Assim,
nessas decisões (6% do total) nada foi afirmado com relação ao nexo causal no caso
concreto.
Outro dado importante observado durante a pesquisa foi que nos casos de absolvição a
afirmação de insuficiência de prova do nexo causal (15,5%) prevalece largamente sobre
a afirmação de inexistência de nexo causal (3,6%). Isso demonstra a dificuldade em
afirmar-se, com segurança, sobre a existência/inexistência do elemento do tipo, o que se
revela nos casos de absolvição, pois, nesses casos, não é exigida certeza.
Ainda levando em conta apenas as acusações por tipos culposos, outro dado relevante é
a alta porcentagem de decisões em que a principal abordagem é a existência de culpa,
sem que se discuta o nexo causal (19,1% do total). Nesses casos, a decisão afirmou
culpa sem, em momento algum, explicitar se o acusado deu causa ao resultado. O
oposto (discussão sobre existência de nexo causal sem que se discutisse culpa) ocorreu
em 7,3% dos casos.
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3 RESULTADOS QUALITATIVOS
A análise qualitativa restringiu-se aos dados que permitiram a análise dos critérios para
imputação de responsabilidade de um Jato à conduta. Mais especificamente, buscou-se,
em primeiro lugar, descrever os principais argumentos utilizados para decidir sobre a
existência de nexo causal. Nas apelações em que se imputava tipo culposo, foram
analisadas as relações entre os elementos objetivo e subjetivo do tipo e a relevância de
cada elemento para a decisão. Ao final foram descritos os casos de embriaguez ao
volante e as teorias de causalidade mencionadas nos acórdãos.
Em relação aos argumentos utilizados para decidir sobre a existência de nexo causal, o
objetivo era responder ás seguintes perguntas: quem define quem deu "causa" ao
resultado. Os peritos? Testemunhas? Como o art. 13 é interpretado pelas decisões? A
resposta a essas perguntas foi o primeiro passo para extrair os critérios para imputação
do tipo objetivo. Para atingir esses objetivos, foram criadas cinco categorias de
argumentação: (1) perícia; (2) provas testemunhais; (3) dispositivos legais; (4) casos
julgados; e (5) doutrina.
A perícia foi o elemento mais utilizado para decidir sobre a existência de nexo causal.
Das decisões que resultaram em condenação ou anulação de julgamento do Tribunal do
Júri, 50% mencionaram algum tipo de prova pericial (laudo de exame de local, laudo
necroscópico e laudo de exumação) para afirmar a existência de nexo causal.
Há casos em que a decisão apenas afirmou que "A materialidade da infração penal está
demonstrada pela prova pericial, que também comprova o nexo de causalidade entre a
conduta atribuída ao apelante e o evento morte" (TJSP AC 993.08.049468-1; TJSP AC
1.087.274.3; TJSP AC 1.182.810.3). Em outros, o conteúdo do tipo objetivo parece ser
preenchido pelos próprios peritos, que explicitam a existência de nexo causal (TJMG AC
1.0223.04.154592-0; TJMG AC 1.0470.05.020241-0; TJMS AC 2007.005551-8; TJSP AC
1.025.173.3; TJSP AC 382108.3; TJSP AC 1.013.958.3; TJDF AC 2004 07 1 008161-5),
como no exemplo a seguir: "O laudo, de forma categórica, concluiu que houve nexo
causal entre a agressão sofrida pela vitima e a morte" (TJSP AC 382108.3).
Em outras decisões, apesar de não afirmar o nexo causal, a perícia foi a prova
determinante para a conclusão acerca da causalidade (TJMG AC 1.0508.06.000673-3;
TJMG AC 1.0637.03.020315-1; TJMG AC 1.0382.00.012929-8; TJPR AC 365.942-
7;TJPRAC 381-585-2; TJPR AC 391.590-6; TJSP AC 1069010.3).
Em apenas um caso a conclusão dos peritos — de que seria possível que o acidente
tivesse tido a participação de outro veículo, excluindo-se, assim, o nexo causal — foi
rejeitada (TJSP AC 1010026.3).
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922594.3-3).
Em três decisões, o art. 13, caput foi mencionado para sustentar condenação
fundamentada, ainda que implicitamente, na teoria da equivalência das condições (TJMG
AC 1.0024.00.116233-8; TJMS AC 2007.005551-8; TJRO AC 32.000.002.117-5). Em
duas decisões, o §1° do art. 13, foi mencionado para afasta-ra alegação de que a
conduta do acusado configuraria causa superveniente (TJSP AC 1.025.173.3 e TJMG AC
1.0309.04.000510-5).
Foi citada doutrina para afirmar a existência de nexo causal em 5,9% das decisões. Os
autores citados nas decisões foram Cezar Roberto Bitencourt (Tratado de direito
penal), Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangelli (Manual de direito penal
brasileiro, Parte geral), Júlio Fabbrini Mirabete (Manual de direito penal) e Damásio de
Jesus (Crimes de trânsito). Diferentes trechos do Tratado de direito penal de Cezar
Roberto Bitencourt foram citados em três decisões: para afastar acontecimento com
causa superveniente, por estar na mesma linha de desdobramento da conduta anterior
(TJMG AC 1.0309.04.000510-5); para explicar o que é causa para a teoria da
equivalência das condições — toda conduta que, caso eliminada mentalmente, suprimiria
o resultado (TJMG AC 1.0508.06.000673-3); e em um trecho em que afirmou que a
teoria da equivalência dos antecedentes, adotada pelo nosso Código Penal, não permite
compensação de culpas. Júlio Fabbrini Mirabete foi citado em decisão que definiu causa
como tudo que está dentro do desdobramento físico necessário da conduta (TJSP AC
1.013.958.3). Na mesma decisão, trecho da obra Crimes de trânsito, em que Damásio E.
de Jesus afirma que "Broncopneumonia posterior ao fato não é uma causa
superveniente", foi utilizado para sustentar a condenação por morte que ocorreu mais de
um mês do acidente, por "insuficiência respiratória aguda e broncopneumonia" constada
em laudo indireto.
No que diz respeito á relação entre os elementos subjetivo e objetivo do tipo, o objetivo
foi analisar qualitativamente as decisões e buscar extrair os dados que pudessem
demonstrar se as afirmações acerca de culpa e de nexo causal decorreram do mesmo
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argumento. Como será demonstrado, isso ocorreu em 56,6% das condenações por tipo
culposo.6
E possível argumentar que os acórdãos deixam de discutir a causa porque o que está
sendo questionado não é a contribuição causal do réu, mas apenas se a existência de
concausa (contribuição da vítima, por exemplo) impediria a imputação a ele. Mas o
problema é que as decisões nem chegam a discutir a contribuição de cada um. Pelas
decisões, havendo culpa, há imputação, como, por exemplo, na decisão a seguir, em que
é afirmado que a imprudência da vítima "é irrelevante", tendo em vista a impossibilidade
de compensação de culpas:
... não obstante a velocidade excessiva desenvolvida pela vítima, conforme se depreende
da prova testemunhai e da extensão dos danos provocados, a condenação é irrefutável.
Em remate, anota-se que a possível imprudência da vítima, consubstanciada na
condução de seu veiculo em velocidade excessiva, é irrelevante, porquanto inexiste
compensação de culpas no âmbito penal (TJSP AC 993.08.049468-1).
Também seria possível levantar a hipótese de que a confusão entre culpa e nexo causal
seja léxica, uma vez que se usa expressões como "culpa da vítima" ou "culpa
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de terceiro" quando o que se quer dizer é "fato" ou "conduta" de terceiro ou da vítima.
Não haveria, segundo esse argumento, confusão dos requisitos, mas apenas das
expressões, pois a causalidade estaria sendo discutida sob a veste de culpa. Apesar de
interessante, o argumento não se aplica às decisões estudadas, nas quais a causa (ou
"culpa") do evento não foi sequer discutida. E como se a impossibilidade de compensação
acarretasse na falta (ou diminuição) da necessidade de discussão da causa, conforme se
observa no trecho a seguir, de decisão que em nenhum momento aventa a possibilidade
de a embriaguez do réu não ser determinante para o acidente: "Eventual culpa da vítima
não mitigaria a culpa grave do apelante que dirigia em reconhecido estado de
embriaguez. Demais disso, compensação de culpas é incabível em matéria pena" (TJSP
AC 993.06.065899-9). É o quanto basta.
3.3 Relevância dos elementos subjetivo e objetivo do tipo para a decisão Nesta
seção serão relatados os que contribuem para a comparação entre a relevância
dada ao nexo causal e à culpa para a decisão.
PEDIDO: Inconformado, o réu interpôs apelação [...] Ressalta, ainda, que ficou
comprovada a culpa exclusiva da vítima, não havendo nexo causal entre sua conduta e o
acidente que ocasionou a morte da vítima. Ao final pugna para que seja absolvido da
imputação que lhe foi atribuída. [...] ACÓRDÃO: Ainda que se cogite a
corresponsabilidade da vítima pela ocorrência do evento delituoso, o que não se verifica
no caso concreto, porque, segundo o réu, aquela supostamente não observou as regras
de segurança ao fazer a travessia da avenida, este fato não afasta a
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punibilidade do sentenciado, pois no Direito Penal não se admite a denominada culpa
concorrente, sendo acolhida somente na seara civil. [...] resta sobejamente demonstrado
que o recorrente agiu imprudentemente, por não ter tomado as precauções exigidas ao
condutor de veículo automotor, especialmente por se tratar de motorista profissional,
neste mister descarta-se a tese absolutória. (TJGO AC 31972-2).
Em alguns casos, provado que o indivíduo participou do acidente, afirmou-se que bastava
aferir se havia agido com culpa ("O apelante admitiu estar na condução do veículo
envolvido no acidente, de modo que cumpre apenas estabelecer se agiu com culpa",
TJSP AC 993.08.049468-1 e TJMG AC 1.0707.04.075506-8). Infere-se que o nexo causal
estaria caracterizado exclusivamente pelo envolvimento no acidente. Em outras decisões,
a comprovação de culpa — sem menção ao nexo causal — foi suficiente para condenação
(TJGO AC 31972-2/213;TJMGAC 1.0637.03.020315-l;TJMG AC 1.0686.05.141663-0;
TJMG AC 1.0105.98.005492-5;TJPR AC 365.942-7; TJSP AC 914.578.3-7; TJSP AC
799391.3-7). Em um dos acórdãos, afirmou-se expressamente que "é típica toda conduta
que infringe o cuidado necessário objetivamente previsível" (TJSP AC 993.06.065899-9).
Em contraste, em 93,3% das absolvições foi afirmada a ausência de nexo causal. Não há
nenhuma absolvição fundamentada somente na ausência de culpa. Em 26,7% das
absolvições afirmou-se a ausência de nexo causal, independentemente da existência de
culpa. São os únicos casos do total de decisões em que não houve coincidência entre as
constatações sobre o tipo subjetivo e objetivo. A comparação das absolvições com as
decisões condenatórias supramencionadas é interessante: afirma-se e discute-se mais o
nexo causal nas absolvições.
Das decisões condenatórias, 28,3% não utilizaram nenhuma dessas categorias para a
tomada de decisão acerca de nexo causal (TJMG AC 1.0024.03.059032-7; TJMG AC
1.0111.04.001247-3; TJMG AC 1.0525.99.006889-8; TJMG AC 1.0671.07.002385-6;
TJMG AC 1.0686.05.141663-0; TJMG AC 1.0707.04.075506-8; TJPR AC 331.091-0; TJPR
AC 375.483-6; TJPR AC 412.197-7; TJSP AC 914.578-3; TJSP 1.042.801-3; TJSP AC
965.556-3; TJSP AC 955.091-3; TJSP AC 951.968-3; TJSP AC 993.06.065899-9). Com
relação a afirmação de culpa, 7,5% das decisões não utilizaram nenhuma das categorias,
sendo que em duas delas o pedido era o de desclassificação de homicídio culposo para
lesão corporal culposa, ou seja, a culpa não era objeto de discussão.
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Em apenas uma condenação o nexo causal foi discutido e não somente afirmado como
decorrência da culpa. Nesse caso, a discussão central focou-se na possibilidade de
hipertensão arterial sistêmica da vítima excluir ou pelo menos colocar em dúvida a
existência de nexo causal. Decidiu-se que não, pois "o resultado morte da vítima está na
mesma linha de desdobramento da conduta perpetrada pelo réu, ou seja, atropelamento,
[...] com agravamento do quadro de hipertensão e consequente parada
cardiorrespiratória" (TJDF AC 2004.04.1.003704-3).
Na única absolvição, culpa e nexo causal foram avaliados de forma separada e concluiu-
se que a acusação não demonstrou, com segurança, "a influência do estado etílico do
increpado sobre o lamentável acidente que culminou na morte precoce da jovem vitima"
(TJSP AC 938.883.3-4).
A média de pena de prisão aplicada, nos casos de condenação, foi de 2,5, ou seja,
aproximadamente 2 anos e 6 meses de detenção. Esse dado será relevante para a
discussão dos resultados, quando faremos uma análise das consequências de se afirmar
nexo causal como decorrência de culpa, tendo em vista a diferença entre as penas
cominadas a crimes de resultado (como o art. 302, da Lei n. 9.605/97) e de mera
conduta (como o art. 306, da Lei n. 9.605/97).
A teoria da imputação objetiva é mencionada apenas uma vez, em decisão que afirmou
que nenhum tipo de erro médico superveniente é suficiente para interromper o nexo de
causalidade (TJMG AC 1.0309.04.000510-5).
A análise dos resultados levou a cinco constatações sobre a forma pela qual é feita a
imputação do tipo objetivo nos tribunais brasileiros: (1) a discussão sobre nexo causal
ocorre quase exclusivamente em casos de imputação por crime culposo; (2) muitas
vezes, apesar de discutido pelas partes ou mencionado na decisão, a existência ou
inexistência de nexo causal não é afirmada no acórdão; (3) o nexo causal é
frequentemente afirmado sem ou com pouca fundamentação e, em geral, com muito
menos argumentos do que para afirmação de culpa; (4) na maior parte dos casos em
que é desenvolvida argumentação sobre o tipo objetivo, a decisão afirma que causa é
toda a conduta que, caso eliminada mentalmente, suprimiria o resultado; (5) o nexo
causal é frequentemente afirmado como decorrência da culpa.
Para explicar este dado, podemos levantar a hipótese de que, por ser considerada mais
reprovável que a culposa, a conduta dolosa prescinda de maiores preocupações com a
certeza de que o resultado é consequência da conduta. Na prática, seria como considerar
mais importante estudar com cuidado se uma morte em hospital decorrente de infecção
generalizada após acidente de trânsito deve ser imputada ao individuo do que se o
mesmo ocorresse após tiro de arma de fogo. Outra explicação possível é a ideia do
conceito de causa como "senso comum", formulada por Hart e Honoré (1985). De acordo
com essa explicação, profissionais do direito aplicam, em casos concretos, generalizações
conhecidas, sem a preocupação em descobrir conexões entre eventos para formular
generalizações universais. Assim, o conceito de "causa" se assemelha ao que é
considerado causa pela experiência comum, pois os "efeitos de impactos, pancadas e
movimentos mecânicos estão tão arraigados em nossa visão da natureza que raramente
são tidos como elementos passíveis de serem individualizados em afirmações
causais"10 (Hart e Honoré, 1985). Essa visão explicaria a falta de questionamento do
nexo causal em crimes dolosos: pelo senso comum, é mais fácil afirmar que alguém
morreu de um tiro, de envenenamento ou de uma facada do que de um erro médico ou
de acidente de trânsito. Apenas pesquisa mais detida sobre o tipo objetivo em crimes
dolosos poderia resolver essa questão.
A análise qualitativa das condenações por tipos culposos em que nexo causal não fez
parte da principal abordagem da decisão mostrou, ainda, que em alguns desses casos,
provado que o indivíduo participou do acidente, afirmou-se expressamente que para
condenar bastava aferir se havia agido com culpa. Em um dos acórdãos afirmou-se
expressamente que "é típica toda conduta que infringe o cuidado necessário
objetivamente previsível".
Outro resultado que aponta a dificuldade de afirmação de nexo causal é que, nos casos
de absolvição, a afirmação de insuficiência de prova prevalece sobre a afirmação
de inexistência de nexo causal.
Como este trabalho só analisou decisões que de alguma forma mencionavam nexo
causal, conclui-se que nos casos concretos há grande dificuldade em afirmar a existência
ou inexistência de causalidade. E, ainda, que em condenações há maior tendência em
concentração da decisão na afirmação de culpa do que na afirmação de nexo causal. Mais
uma vez, levanta-se aqui a hipótese de Hart e Honoré (1985) de que "o nexo causal
pode não estar sendo afirmado por ser considerado, em muitos casos, óbvio pelo senso
comum".
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Além disso, a falta de afirmação do nexo causal pode ter relação com a menor incidência
desse critério nas apelações do Ministério Público, já que se constatou que nos pedidos
de condenação, o argumento mais frequente é a existência de culpa, sem menção ao
nexo causal (seção Principal abordagem do pedido).
Nesse ponto, importa fazer uma ressalva: como explicitado na metodologia, não foram
analisadas as decisões que envolviam concursos de pessoas e a discussão a respeito da
contribuição pessoal de cada um para o resultado criminoso, pois a intenção deste artigo
é analisar os crimes mais comuns, em que, a principio, a discussão de causalidade não
seria problemática. E possível, portanto, que justamente nesses casos excluídos se
verificariam situações de maior aprofundamento sobre a contribuição pessoal para o
resultado criminoso.
Das decisões condenatórias, 28,3% não utilizaram nenhuma das categorias de criadas na
pesquisa para análise de argumentação (dispositivo legal, teoria de causalidade, perícia,
prova testemunhai, doutrina ou jurisprudência) para a tomada de decisão acerca de nexo
causal (seção Relevância dos elementos subjetivo e objetivo do tipo para a decisão).
Ainda, verificou-se que é exigido do julgador um número maior de argumentos para
comprovação de culpa do que para comprovação de nexo causal. Com exceção da
categoria "perícia", todas as demais são mencionadas com maior frequência para
comprovação de culpa do que para a comprovação de nexo causal.
Em relação á perícia (seção IV.I), constatou-se esta que foi utilizada como fundamento
em 50% das condenações. Em apenas um desses casos a conclusão dos peritos foi
rejeitada. Nos demais, de diversas formas, a perícia foi determinante para afirmação de
nexo causal. Em alguns a decisão afirmou que "a materialidade da infração penal está
demonstrada pela prova pericial, que também comprova o nexo de causalidade entre a
conduta atribuída ao apelante e o evento morte". Em muitos casos o conteúdo do tipo
objetivo foi preenchido pelos próprios peritos: a ausência de critério objetivo para
aferição da causalidade faz com que o conceito de "causa" do art. 13 do Código Penal se
resumisse ao que os peritos definem como causa, seja do acidente de trânsito, da morte,
etc. Essa constatação demonstra que, em grande parte dos casos, a imputação tem sido
feita pelos próprios peritos, reforçando a hipótese de que se está utilizando um conceito
de causalidade suposta, derivada do senso comum.
Em 80% das decisões que indicaram alguma teoria da causalidade, afirmou-se que o
Código Penal brasileiro adotou da equivalência das condições. Na única decisão que
mencionou a teoria da imputação objetiva, foi afirmado que
... nem mesmo recorrendo-se a ideia de nexo de causalidade normativo ou aos cânones
da imputação objetiva se pode afirmar que infecções hospitalares, intervenções cirúrgicas
imperfeitas, inadequadas ou extemporâneas, atendimentos tardios, manobras de
ressuscitação mal executadas ou negligência médica bastam para interromper a relação
de causalidade em curso (TJMG AC 1.0309.04.000510-5).
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Ainda, 7,5% aplicaram a teoria da equivalência das condições sem mencioná-la
expressamente e indicaram que causa é toda a conduta que, caso eliminada
mentalmente, suprimiria o resultado.
Além disso, todos os casos julgados citados como argumento para afirmação da
causalidade em casos de imputação por tipos culposos foram acórdãos em que se afastou
doença adquirida em hospital após acidente de trânsito como causa superveniente
porque estaria "dentro da linha de desdobramento físico-causal da conduta do agente"
(seção IV.I).
Para saber se esse resultado poderia significar que a afirmação dos elementos às vezes
decorre de um mesmo argumento, foram analisadas qualitativamente as condenações
por tipos culposos (ver "Relação entre os elementos subjetivo e objetivo do tipo").
Verificou-se que isso ocorreu em 56,6% do total de condenações por tipo culposo. Pela
leitura das decisões foi possível perceber que estando provada a culpa estaria provado
que o indivíduo "deu causa" ao resultado, sendo isso suficiente para a condenação.
Outro resultado que revelou a confusão entre nexo causal e culpa é a existência de
diversos casos em que o art. 13, caput, foi mencionado na conclusão do voto sem
indicação de qualquer elemento sobre o conceito de causalidade, somente com a
afirmação de que o nexo causal teria sido concretizado pela infração do dever de cuidado
objetivo (seção IV.I).
Nesses casos, a média de pena de prisão aplicada foi de 2 anos e 6 meses de detenção.
Caso as condenações tivessem sido pelo art. 306, a média da pena privativa de liberdade
aplicada seria menor do que um ano de detenção.11 Isso ilustra uma das implicações da
afirmação de nexo causal como decorrência exclusiva da culpa: pessoas estão sendo
condenadas por crime de resultado (considerado mais grave pelo sistema político, uma
vez que a pena cominada é maior) sendo que a decisão se limitou a constatar a conduta
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individual.
5 CONCLUSÃO
Partindo da premissa de que a imputação não é um dado ontológico, este trabalho teve
como objetivo entender os requisitos para verificação do nexo causal no sistema criminal
brasileiro. Como o direito positivo brasileiro oferece apenas critérios mínimos para a
determinação da imputação (art. 13 do Código Penal), a proposta deste artigo
foi explorar empíricamente os requisitos para a realização do tipo objetivo nos tribunais
brasileiros,contribuindo, assim, para o fomento e legitimação do debate acerca da
imputação.
Além disso, verificou-se que o nexo causal vem sendo afirmado como decorrência de
culpa. Em quase metade do total de condenações por tipo culposo, o raciocínio utilizado
foi que estando provada a culpa estaria provado que o indivíduo " deu causa" ao
resultado, sendo isso suficiente para a condenação — o que foi corroborado pelo
argumento da "impossibilidade de compensação de culpas no direito penal" utilizado em
grande parte das condenações por tipos culposos. Nesses casos, não houve aferição de
nexo causal, pois, pelo que se deduz das decisões, uma vez comprovada a culpa do
acusado, a conduta seria típica, mesmo que comprovada a contribuição da vítima para o
resultado, o acusado foi condenado. Esses casos evidenciam uma clara confusão entre
culpa e nexo causal, pois ainda que presente a culpa do acusado, restaria a discussão
acerca do nexo causal: se está provado que a vítima ou outra pessoa contribuiu para o
resultado, seria ainda necessário aferir se há causalidade entre a conduta do indivíduo e
o resultado. Pela leitura das decisões constatou-se, ainda, que essa discussão é ignorada.
Ainda que se possa afirmar que discute-se o nexo causal sob a terminologia de "culpa", a
utilização indiscriminada do argumento de impossibilidade de compensação de culpas no
direito penal — e, é claro, a utilização da teoria da equivalência das condições — tem
contribuído para empobrecer o discurso e diminuir a necessidade de argumentos
racionais para a aferição do nexo causal.
Isso significa que, a despeito dos debates dogmáticos sobre a necessidade de limitação
do tipo, os tribunais têm utilizado as primeiras teorias sobre causalidade (datadas do
final do século XIX). Além disso, em muitos casos pessoas estão sendo condenadas por
crimes de resultado (considerado mais grave pelo sistema político, uma vez que a pena
cominada é maior) nos quais a decisão limitou-se a constatar a conduta individual. O
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exemplo da embriaguez ilustra bem a constatação de que culpa foi suficiente para a
condenação.
Este artigo não pretende criticar a forma pela qual os tribunais vêm decidindo. Na
maioria das vezes, a causalidade parece não ser discutida, simplesmente, por não ser
controversa no caso concreto, em razão da prevalência da teoria da equivalência das
condições e do senso comum das relações de causalidade. A ideia foi apenas mostrar que
a decisão pode estar desvinculada das discussões dogmáticas e das próprias escolhas
feitas pelo sistema político que, pela gradação das penas, pretendeu diferenciar crimes
de mera conduta e de resultado. Além disso, as constatações feitas neste artigo são
apenas um primeiro passo para a verificação de como tem sido feita a imputação
individual de responsabilidade jurídica criminal.
Por fim, este artigo pretendeu destacar para a importância das mais recentes teorias
dogmáticas, como a teoria concebida por Jakobs, que passaram a distinguir o juízo de
causalidade do juízo de imputação e procuraram criar critérios normativos, desvinculados
de qualquer dado ontológico, para a imputação objetiva. O desenvolvimento dessas
ideias, sempre amparadas pelo debate público, essencial para situar o debate dentro das
balizas legitimadores do Estado Democrático de Direito, pode ser a chave para que se
estabeleçam arranjos dogmáticos mais aptos para lidar com o sistema jurídico
contemporâneo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HART, Herbert Lionel Adolphus; HONORÉ, Tony. Causation in the Law. 2. ed. Oxford:
Clarendon Press, 1985. [ Links ]
JAKOBS, Günther. A imputação objetiva no direito penal. Sao Paulo: RT, 2000, p. 17-22
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PRADO, Luiz Regis; MENDES DE CARVALHO, Érika. Teoria da imputação objetiva do
resultado: uma aproximação crítica a seus fundamentos. 2. ed. São Paulo: RT, 2006.
[ Links ]
______. Questões atuais acerca da relação entre as responsabilidades penal e civil. In:
GARCIA, Basileu. [ Links ]
Instituições de direito Penal, 7. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 18-36.
[ Links ] TAVARES, Juarez. Teoria do injusto penal. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2003. [ Links ]
NOTAS
1 Para uma análise e compilação dos artigos de Klaus Günther sobre sua teoria da
responsabilidade e sua relação com a dogmática penal, ver: Püschel e Machado (Teoria
da responsabilidade no estado democrático de direito: textos de Klaus Günther. São
Paulo: Saraiva, 2009).
2 Antes do início da pesquisa, buscou-se verificar se havia algum filtro anterior de
decisões feito pela AASP para formação de seu banco de dados. Após contato com o
coordenador da ferramenta de pesquisa on-line, fui informada de que, para a maioria dos
tribunais, a AASP possui parceria por meio da qual todas as decisões publicadas são
automaticamente enviadas para o banco de dados. Nos outros casos, a própria AASP
busca as decisões nos sites dos tribunais, sem realizar nenhum tipo de seleção e,
portanto, todas as decisões publicadas compõem o banco de dados. Ressalte-se, no
entanto, que a ferramenta inclui, apenas, as decisões dos seguintes Tribunais: TJMG,
TJRS, TJGO, TJPR, TJSP, TJDF, TJMT, TJSC, TJAC, TJMS, TJRO. Ainda assim, tendo em
vista que nos demais Tribunais de Justiça a pesquisa de jurisprudência pela internet é
mais restrita e que, dessa forma, o critério de busca seria o mesmo, decidiu-se que, para
uma pesquisa que envolvesse mais de um Tribunal de Justiça, a ferramenta de
pesquisa on-line de jurisprudência do site da
AASP(<http://www.aasp.org.br/aasp/jurispruaencia/inaeK.asp>) seria a forma mais
prática e menos parcial para a formação do banco de dados.
3 As decisões foram excluídas pelos seguintes motivos: (1) decisões em que as palavras
"nexo causal" e "causalidade" estão presentes em trecho (em nada relacionado com o
objeto da decisão) de citação de doutrina ou jurisprudência; (2) decisões em que alguma
das partes alega a existência/inexistência de nexo causal, mas a turma julgadora não
analisa a questão porque alguma questão preliminar (nulidade ou prescrição, por
exemplo) é acatada; (3) decisões em que nenhuma das partes alega
existência/inexistência de nexo causal e a turma julgadora afirma, simplesmente, a
existência de tipicidade/nexo causal/causalidade sem sustentar a afirmação com nenhum
argumento; (4) decisões que tratam de nexo causal ou causalidade entre duas condutas
(e não entre ação e resultado) para determinar a existência/inexistência de continência
ou continuidade delitiva; e (5) decisões que tratam de causalidade na coautoria e
participação.
4 O pedido, para fins desta pesquisa, é o que o relatório do acórdão descreveu como
pedido.
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5 O resultado Condenação-Condenação [prescrição] refere-se aos casos em que o
Tribunal manteve a condenação de primeira instância, mas declarou extinta a
punibilidade pela prescrição. Da mesma forma, Absolvição-Condenação [prescrição]
refere-se aos casos em que o Tribunal reformou a sentença de primeira instância para
condenar e, ao mesmo, declarou extinta a punibilidade pela prescrição.
6 Todos os resultados apresentados aqui referem-se somente às decisões de acusação
por tipo culposo, que correspondem a 79,7% do total (seção III.I).
7 De acordo com essa teoria, todo resultado é produto de condições equivalentes do
ponto de vista causal: causa é toda conduta que, caso eliminada mentalmente,
suprimiria o resultado.
8 O debate foi introduzido somente na última década, principalmente por Galvão (2000);
Tavares (2003) e Greco (2005). Muitas vezes as teorias de imputação objetiva são tidas
como forma de complementação das teorias de causalidade. Cf. as consideração de
Prado e Carvalho (2006, p. 13) sobre as teorias de imputação objetiva: "Muito embora
envolta em uma série de questionamentos, é impossível prescindir-se pura e
simplesmente da causalidade especialmente nos delitos de resultado, não somente por
ser um dado ôntico irrefutável na maioria dos casos, mas, também, por representar
garantia em sede penal".
9 Apesar de este artigo restringir-se às decisões que tratam de causalidade, sabe-se que
o debate da imputação objetiva é ainda incipiente nos tribunais brasileiros. A título de
ilustração, verifica-se que a busca por acórdãos do Superior Tribunal de Justiça com a
palavra-chave "imputação objetiva" resulta em apenas oito decisões, das quais cinco
fazem referência à inexistência de inépcia da denuncia, pois "a imputação, objetiva, é por
demais clara, sem prejuízo para a defesa" (RHC 22151, HC 24770; HC 23898; RHC
11970 e HC 9709). Apenas três decisões mencionam (duas sem aplicar) a teoria (REsp
822517; HC 46525 e RHC 12842).
10 Tradução da autora.
12 Para uma análise da relação entre as responsabilidades penal e civil, ver: Püschel e
Machado (Questões atuais acerca da relação entre as responsabilidades penal e civil. In:
GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal, v. 1, 7. ed., ver. e atual., São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 18-36).
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[CITAÇÃO] Direito empresarial
M Gusmão - 2005 - Impetus
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Após a escolha do tema do TCC, pertinente ao seu curso de Pós-graduação,
você deverá fazer a busca por artigos científicos da área, em sites especializados,
para a redação do seu próprio artigo científico. O suporte bibliográfico se faz
necessário porque toda informação fornecida no seu artigo deverá ser retirada de
outras obras já publicadas anteriormente. Para isso, deve-se observar os tipos de
citações (indiretas e diretas) descritas nesta apostila e a maneira como elas devem
ser indicadas no seu texto.
Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla
circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação
jornalísticos e não científicos.
Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no
meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas
periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados
impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns
periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles
contidos estão disponíveis para consulta e/ou download.
Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros:
SciELO: www.scielo.org
Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br
Bireme: www.bireme.br
PubMed: www.pubmed.com.br
A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO.
Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de
busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o
levarão à procura pelos artigos. Bons estudos!
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Siga os passos indicados:
Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da
internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por
artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo).
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Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar “e”,
“ou”, “de”, “a”, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.
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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-
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chave poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se
nada aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).
A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.
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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.
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Busca por periódicos
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É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os
artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do
autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra.
Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que
farão a correção do artigo.
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