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O réu, em evento retro, requereu apreciação de declarações da vítima, bem como

documentação médica, comprovando ser ele portador de transtorno bipolar.

A vítima disse que na realidade não foi agredida com socos pelo réu, mas apenas se machucou
ao cair em um buraco, após ter pego uma enxada para tentar defender-se, tendo o réu
tentado dela tomar a ferramenta dizendo que iria matá-la.

Sugeriu, desse modo a retratação da vítima em relação à representação feita.

Vista ao Ministério Público.

Dos autos, confere que a violência incluiu a prática de lesão corporal grave, tendo a vítima
ficado impossibilitada de realizar suas funções habituais por mais de 120 dias.

Com o julgamento da da  ADI 4424, ajuizada pela Procuradoria Geral da República (PGR), o artigo 16 da lei
Maria da Penha, que dispõe que as ações penais públicas “são condicionadas à representação da ofendida”, a
maioria dos ministros do STF, conduziram-se no entendimento de que essa circunstância acabava por esvaziar a
proteção constitucional assegurada às mulheres.

Com a decisão, o Plenário entendeu que nos crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no ambiente
doméstico, mesmo de caráter leve, o Ministério Público tem legitimidade para deflagrar ação penal contra o
agressor sem necessidade de representação da vítima.  Ou seja para crime desta natureza a ação passou a
ser Penal Pública.

Desse modo, não obstante as declarações assinadas pela vítima de que seu esposo teria agido por
que não se encontrava bem em sua saúde mental porque não estava tomando medicamentos e
ainda fazia uso de bebidas alcoólicas, não é suficiente para afastar o intento persecutório penal no
referido contexto de violência.

Por esta razão, o Ministério Público, ciente da manifestação do réu e documentação juntada,
requer o prosseguimento regular da ação penal.

Por outro lado, contudo, haja vista a documentação médica juntada pelo réu, pertinente é
realização de exame de insanidade mental, com a intimação do réu para apresentando os quesitos
que tenha, haja vista a previsão do artigo 26 e parágrafo único do Código Penal para aferição do
grau de imputabilidade penal do réu.

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