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Âncoras do desenvolvimento, gigantes da industria alavancam economia e micro e pequenas

empresas de pequenas cidades de MS

Empreender no dicionário significa “realizar uma tarefa difícil e trabalhosa”. Foi justamente o que
Lucimara da Costa Vilhalba, uma vendedora de 43 anos, de Ribas do Rio Pardo, a 97 quilômetros
de Campo Grande fez. Em setembro de 2020, em meio a uma pandemia de Covid-19, durante uma
grave crise econômica mundial, ela decidiu realizar seu sonho e abrir seu próprio negócio.

Percebeu uma grande oportunidade ao descobrir que na cidade não havia lavanderia. Comprou dois
tanquinhos e usou outras duas máquinas de lavar que já tinha em casa. Abriu a “Lavanderia Rio
Pardo” em um cômodo de sua própria residência. A sobrinha, Fabiana, foi a grande parceira.
Enquanto Lucimara se dividia entre o emprego na loja e o seu negócio, era a familiar que tocava o
empreendimento no dia a dia.

A história da “Lavanderia Rio Pardo” que caminhava até então para ser uma maratona – uma prova
de longa distância e de tempo – rumo ao crescimento, se transformou de um momento para o outro
em uma corrida de 100 metros – de grandes resultados em curto espaço de tempo – graças ao
impulso que não somente a empresa, mas toda a economia da cidade recebeu a partir do anúncio da
instalação e começo das obras de uma grande indústria, uma planta de produção de celulose da
Suzano.

Em maio de 2021 foi iniciada a construção da fábrica. A companhia investe R$ 19,3 bilhões para
instalar uma planta com capacidade de produção de 2,55 milhões de toneladas por ano – uma das
maiores do mundo.

A previsão é que a indústria esteja em operação em 2024. Atualmente, 4 mil pessoas trabalham no
canteiro de obras da empresa e, no primeiro semestre de 2023, no pico da construção, esse número
vai chegar a 10 mil. Quando estiver produzindo, a planta vai empregar diretamente 3 mil
colaboradores.

“Eu abri baseada unicamente no sonho mesmo. Não tinha nada de informação de fábrica. Sempre
quis ter meu próprio negócio. Quando a notícia da indústria chegou, ficou todo mundo assim, na
expectativa, empolgado, com a perspectiva de crescer. E foi isso que aconteceu. Eu acredito muito
na minha cidade. O nome da minha lavanderia, é Rio Pardo, mais riopardense impossível. Amo esse
lugar e adoro viver aqui. É muito bom ver esse crescimento”, comenta.

Alavancada pelo aumento da demanda de serviços provocado pela instalação da indústria, a


lavanderia de Lucimara deu um “sprint” na corrida do desenvolvimento. Em pouco mais de um ano
o número de clientes cresceu tanto que ela precisou investir na compra, financiada, de uma linha
industrial de máquinas de lavar e de secar. Para abrigar o novo maquinário teve de se mudar do
espaço de 60 metros quadrados em sua casa, para um imóvel de 400 metros quadrados, no centro da
cidade.

Se antes, a lavanderia contava somente com a sobrinha de Lucimara para fazer todas as funções,
atualmente já tem quatro funcionários, todos, devidamente formalizados. Ela também precisou
buscar um sócio, para auxiliá-la na gestão do negócio.

O sucesso da lavanderia faz Lucimara já pensar nos próximos passos. Ainda se dividindo entre o
emprego e a sua empresa, ela planeja se dedicar totalmente ao próprio negócio. Também vai
aproveitar um benefício concedido pelo município, a cessão de um terreno no distrito industrial,
para começar, a partir de 2023, a construção de sua sede própria.
“Me surpreendi, porque chegou um momento em que eu queria muito, mas nunca imaginei que ia
ser nesse patamar. No começo recebemos muita ajuda. As pessoas indicavam uma para a outra os
nossos serviços. Com a vinda da fábrica isso aumentou muito. Só tenho a agradecer, principalmente
a minha família e, em especial, a minha mãe, que é a minha maior incentivadora”, comenta a
empreendedora, completando que pretende fazer capacitações oferecidas pelo Sebrae/MS nos
próximos meses para melhorar ainda mais a gestão da lavanderia.

“Os técnicos já estiveram na lavanderia e foi feito um primeiro contato. Sei que é necessário ter esse
suporte. Eles estão fazendo várias palestras para levar informações a outros empresários da cidade e
eu estou buscando me organizar para nos próximos meses fazer uma capacitação”, conclui.

O gerente da unidade de competitividade empresarial do Sebrae/MS, Rodrigo Maia, explica que a


chegada de uma “empresa âncora” a um município oferece uma série de oportunidades as micro e
pequenas empresas, como no caso da fábrica da Suzano, a lavanderia de Lucimara, em Ribas do Rio
Pardo. Ele comenta que essas chances são apresentadas em dois grandes momentos: durante a
instalação da indústria e quando a fábrica já estiver em operação.

“Primeiro, as micro e pequenas empresas têm a oportunidade de atender diretamente as indústrias,


com bens e serviços. Também podem ser fornecedores das empresas que são contratadas ou
subcontratadas dessas gigantes. A terceira oportunidade é o que chamamos de ‘efeito renda’, que é a
cadeia formada, por exemplo, por açougues, supermercados, farmácias, restaurantes e imobiliárias,
entre outras, que vai atender dos colaboradores aos gestores das outras empresas”, explica.

O prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze (PSOL), aponta que o efeito da instalação
da fábrica na cidade foi quase imediato. O município, que antes tinha 25,3 mil habitantes
(estimativa de 2021 do IBGE), ganhou, aproximadamente mais 5 mil moradores em razão da obra.
A arrecadação municipal também cresceu muito, aumentando a disponibilidade de recursos para
investimentos em áreas como saúde, educação e assistência social, entre outras. Somente com o
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (Issqn), o incremento foi de 93%, entre 2020, R$ 6,6
milhões, e 2021, 12,8 milhões.

“Registramos um superavit de quase um terço do orçamento anual em 2021. O previsto era R$ 120
milhões e arrecadamos R$ 150 milhões. Neste ano também estamos percebendo isso. Já
arrecadamos 50% do projetado para o ano, que é ainda maior do que o ano passado e chega a R$
185 milhões. É um acréscimo significativo e será ainda maior quando a fábrica estiver em operação,
o que deve nos levar a triplicar nossa receita”.

Danieze diz que o setor produtivo, principalmente os segmentos de comércio e de serviços, está
eufórico, com grande crescimento nas atividades relacionadas a hotelaria, gastronomia, construção
civil e comércio. “Eles estão percebendo a grandiosidade disso, mas o impacto, propriamente dito
deve vir entre o fim deste ano e o começo do próximo”.

O prefeito diz que entre o anúncio da instalação da fábrica e junho deste ano, aproximadamente 200
novas empresas se instalaram no município e o número de consultas para abertura de novos
negócios não para de crescer. São entre 10 a 15 por semana.

“A fábrica em si, atrai uma série de outras atividades econômicas que não tínhamos, como uma
cozinha industrial e uma lavanderia industrial. Agora temos as duas. A rede hoteleira não tinha a
capacidade que tem hoje e tem várias atividades surgindo. Ribas vai receber, por exemplo, uma
indústria química que vai gerar 80 empregos diretos e vai fornecer produtos químicos usados no
embranquecimento da celulose para Suzano. Costumo dizer que temos dois canteiros de obras. Um
da fábrica, ou na cidade, tamanha a quantidade de construções”, relata.
Entre as empresas recém-instaladas em Ribas do Rio Pardo está o “Lar Doce Bar choperia”. O
empreendimento explora um conceito novo para a cidade e o movimento em pouco mais de 15 dias
de abertura está superando todas as expectativas, segundo os dois sócios: Jailson de Oliveira
Plácido e Wagner Luciano Nascimento da Silva.

“A vinda da indústria foi o principal fator do nosso investimento. Nós que moramos na cidade,
sabemos da necessidade que a população enfrenta. Veio uma quantidade de pessoas muito
significativa e não tinha entretenimento. Então, percebemos no ramo alimentício uma grande falta
de opções. Havia dias que as pessoas saiam à noite e sequer tinham onde se sentar na cidade. Por
isso, após várias pesquisas e levantamentos, decidimos trazer essa ideia para cá”, relata Jailson.

Os dois são riopardenses. Além de empreendedor, Jailson é arquiteto e tem escritório montado na
cidade. Wagner estava morando em São Gabriel do Oeste, com a esposa, Alessandra Barbosa dos
Santos. O casal trabalhava com confinamento de gado de corte, mas decidiu voltar para a cidade
natal de olho nas oportunidades de negócio que se abriram em meio a chegada da gigante industrial.

“Em 2016, quando saímos da cidade a situação era difícil. Ribas estava praticamente abandonada.
Por isso, na primeira oportunidade que tivemos, mesmo a mais de 300 quilômetros de distância da
família, nós fomos. Quando a construção da fábrica teve início e a economia da cidade começou a
aquecer tivemos vontade de voltar. Mas, ao mesmo tempo, ficava aquele receio, por ser uma cidade
pequena. Então decidimos fazer uma aposta e acreditar. Começamos a desenhar o projeto em
janeiro deste ano junto com o Jailson. Quando chegou entre os meses de março e abril a cidade
alavancou. Foi de um mês para o outro e, aí tivemos a certeza de que estávamos no caminho certo.
Não tinha mais volta”, explica Alessandra.

Atualmente, a choperia tem três funcionários fixos e a dedicação integral de Wagner e Alessandra.
Jailson reforça o time aos fins de semana, mas os empresários dizem que para atender o grande
movimento estão contratando “diaristas”. “No fim de semana contratamos pessoas que trabalham
por diária, mas vamos precisar de mais colaboradores fixos. Entretanto, a mão de obra no município
está complicada. Não estamos encontrando trabalhadores e isso é uma situação que todos os
empreendedores estão enfrentando. Estão sendo abertas várias empresas novas e tem empresas de
outras partes do país vindo para cá, mas a população precisa embarcar junto, ser capacitada, para
não ficar para trás”, analisa Wagner.

Com movimento bem acima das expectativas na choperia, o trio de empresários revela que já
planeja o futuro. “Isso é uma coisa que já conversávamos antes da abertura. Reservar uma parte do
lucro para um fundo. Esses recursos poderão ser utilizados futuramente para abrirmos uma filial ou
até mesmo um novo negócio, a medida que percebermos o que a população da cidade precisa e
demanda. Somos jovens, sonhadores e queremos aproveitar esse momento especial da nossa cidade.
É muito gratificante ver como Ribas está crescendo”, apontam.

Ações de apoio

Segundo o gerente da unidade de competitividade empresarial do Sebrae/MS, antes mesmo do


anúncio oficial da instalação da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, a entidade e a empresa
âncora já faziam um trabalho para que o município, o setor produtivo e a população, pudessem
aproveitar as oportunidades que a chegada do empreendimento oferecida. O objetivo também era
preparar o município para mitigar os outros impactos, como, por exemplo, o aumento abrupto do
número de moradores e da demanda por serviços públicos na saúde, educação, segurança e
infraestrutura.
Ele comenta que foi elaborado um mapa de oportunidades, listando, a partir da visitação “in loco”,
mais de 1,2 mil empresas de vários segmentos de Ribas do Rio Pardo e cidades próximas, como
Campo Grande, Água Clara e Três Lagoas. Esses empreendimentos poderiam ser fornecedoras de
produtos e serviços para a indústria.

Além disso, Maia diz que a empresa âncora e o Sebrae/MS vão implementar a partir de julho o
programa Semear. A iniciativa é voltada ao desenvolvimento de fornecedores, com ações que duram
entre 6 e 8 meses e abrangem do diagnóstico da situação do empreendimento até a consultoria. Mais
de 127 empresas já se inscreveram para participar.

Em parceria com o município, ele relata que estão sendo desenvolvidas várias ações do Cidade
Empreendedora. O programa é voltado a dinamizar a economia da cidade e já tem várias atividades
realizadas, como: aprimoramento de lideranças, elaboração do plano de desenvolvimento
econômico, implementação de políticas públicas para desburocratizar o município e melhorar o
ambiente de negócios e estimular o empreendedorismo e ainda incentivo as compras públicas das
micro e pequenas empresas, entre outras.

Uma das ações mais recentes, conforme Maia, foi uma visita técnica que em junho levou uma
equipe de oito pessoas da prefeitura para conhecer Telêmaco Borca e Otigueira, no Paraná. As duas
cidades tem porte similar ao do município sul-mato-grossense e também foram impactadas pela
instalação de uma indústria âncora, no caso, uma planta da celulose da Klabin, construída entre
2014 e 2016.

O prefeito de Ribas do Rio Pardo diz que trouxe desta visita uma série de experiências que vão
ajudar a minimizar os impactos e enfrentar as adversidades decorrentes da instalação do
empreendimento.

“Criamos forças-tarefas para algumas demandas mais urgentes. O estado nos cedeu 12 novas salas
de aula. Já licitamos e vamos iniciar a construção nas próximas semanas. A assistência social
capacitou os servidores para receber os programas que isso pode gerar. Temos problema de trânsito,
devido a maior circulação de veículos. Discutimos com o DNIT [Departamento Nacional de
Infraestutura de Transporte] para ter uma travessia mais segura da rodovia e com o Detran/MS
[Departamento Estadual de Trânsito] para contarmos com mais sinalização, inclusive, com
semáforos, o que não temos hoje na cidade. Temos problemas ligados diretamente aos alojamentos,
porque é necessário que os trabalhadores tenham mais estrutura de lazer e esporte, assim como na
saúde, onde já aumentamos a quantidade de médicos e uma série de outras situações que estão
surgindo e estamos trabalhando nelas”, pontuou.

Em contrapartida, Danieze diz que está doando lotes para micro e pequenos empresas possam se
estabelecer no distrito industrial do município, assim como agilizando a concessão da licença prévia
para a instalação dos empreendimentos nessa área. Também está retomado alguns terrenos que não
foram utilizados pelos antigos beneficiários nestes locais.

Além disso, em parceria com entidades do sistema “S”, como o próprio Sebrae/MS, o Senai, o
Senac, o Senat e o Senar, tem ações voltadas para a capacitação. “Temos 170 pessoas fazendo curso
técnico do Senai com bolsa de R$ 1,5 mil paga pela Suzano. A iniciativa, além de qualificar mão de
obra vai oferecer a oportunidade para que os melhores alunos possam ser contratados pela
empresa”, comentou.

Contrapartida da indústria
A empresa âncora diz que antes mesmo do início da construção da nova unidade, tem apoiado Ribas
do Rio Pardo e municípios da região com um “amplo conjunto de iniciativas”. Entre elas estão um
programa de educação, que busca contribuir para o desenvolvimento de estudantes e já beneficia
cerca de 4 mil estudantes de 10 escolas do município.

Cita também a implementação de cursos de qualificação profissional nas áreas industrial e florestal
em parceria com o Senai. Em Ribas, cursos de capacitação serão oferecidos durante todas as etapas
da construção. Entre os já lançados em parceria com o Senai, destacamos a realização de uma
primeira turma para qualificação industrial e qualificação florestal com mais de 200 pessoas
participantes

A empresa ressalta que as oportunidades são amplamente divulgadas entre a população local e os
municípios vizinhos. Inclusive, para incentivar a comunidade a se inscrever e participar das
qualificações, são oferecidos benefícios atrativos, como como bolsa-auxílio e alimentação no local,
por exemplo. Após a conclusão de cada qualificação, muitos são convidados para atuarem nas
operações da empresa.

Além disso, com o apoio da prefeitura, também incentiva jovens e adultos de Ribas do Rio Pardo a
concluírem os estudos e terem mais chances de empregos com auxílio nas inscrições para o Exame
Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e curso preparatório
para a prova, 100% gratuito e sem limite de número de participantes.

A Suzano, por meio de seu Plano Básico Ambiental (PBA), investirá em Ribas do Rio Pardo um
aporte de R$ 48 milhões destinado às áreas de saúde, educação, habitação, segurança pública e
segurança no trânsito do município.

As ações previstas nele compreendem mais de 20 iniciativas e um dos exemplos é a reforma do


Hospital Municipal, anunciada no aniversário da cidade, com início previsto para setembro deste
ano. As obras vão ampliar a capacidade de atendimento, com a reestruturação do hospital para
comportar mais 10 leitos de UTI, sendo seis deles entregues totalmente equipados pela Suzano e
outros quatro equipados pelo poder público local.

Haverá também a instalação de 20 novos leitos de enfermaria também equipados para atendimentos
de baixa complexidade e a construção de novas salas de preparação de medição, farmácia e
banheiros para dar suporte ao bom funcionamento da unidade hospitalar. Com a ampliação, o
município passará a comportar atendimentos de média complexidade, reduzindo a necessidade de
transporte de pacientes para outros municípios.

Além da reforma do hospital por meio do PBA, a empresa destaca também o apoio a projeto
habitacional com construção de casas populares para famílias sem renda inscritas no cadastro único
do município; a adequação do trevo de acesso à cidade na BR-262, localizado em frente ao posto
Bonanza; a implantação de uma nova delegacia da Polícia Civil, uma nova base para a Polícia
Rodoviária Federal na BR-262; e apoio na melhoria da estrutura física da Polícia Militar para
comportar o aumento do efetivo, o que possibilitará a transformação do batalhão em companhia.

Entroncamento

O processo vivenciado por Ribas do Rio Pardo atualmente foi experimentado por Nova Alvorada do
Sul, cidade a 115 quilômetros de Campo Grande, há pouco mais de uma década. Entretanto, em vez
de uma planta de produção de celulose, se instalou na cidade, em 2009, uma usina sucroenergética,
a Santa Luzia, do grupo Atvos.
Segundo o gerente de Pessoas & Administração do Polo Sul da Atvos, Erico Baracho, gerente de
Pessoas & Administração do Polo Sul da Atvos, a Santa Luzia é uma das principais unidades da
companhia. Na safra passada moeu 5,5 milhões de toneladas de cana para produzir 420 milhões de
litros de etanol e cogerar 385 GWh de energia elétrica. Sozinha, emprega 1,6 mil pessoas
diretamente e gera ainda cerca de 4,8 mil empregos indiretos.

Como aponta o próprio site da prefeitura de Nova Alvorada do Sul, durante muitos anos, o
município ficou conhecido como “Entroncamento”, por conta da cidade ser um ponto de conexão
entre as rodovias BR-267 e BR-163. A chegada da indústria âncora mudou a perspectiva
equivocada, que remetia a cidade o caráter de local de passagem.

Em apenas um ano, o número de habitantes cresceu quase 30%, saltando de 12,6 mil, em 2009, para
16,4 mil em 2010, segundo informações do banco de dados da secretaria estadual de Meio
Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). Atualmente a
população estimada pelo IBGE é de 22,9 mil pessoas.

A Semagro aponta que comparando os dados de uma década de instalação da usina, entre 2010 e
2019, a chamada “arrecadação própria” do município, que engloba tributos como IPTU, ISS, ITBI e
taxas, entre outras, cresceu 114,11%, passando de R$ 8,8 milhões para R$ 19 milhões. No mesmo
intervalo de tempo, o Produto Interno Bruto (PIB) teve um incremento de 226,3%, e foi de R$
458,6 milhões para R$ 1,5 bilhão por ano. A quantidade de estabelecimentos comerciais pulou de
201 para 375, 86,5% a mais.

O prefeito…. Diz que,

O gerente da Atvos destaca que em Nova Alvorada do Sul um dos principais focos de atuação da
empresa foi na qualificação da mão de obra local. “Em um primeiro momento, uma contrapartida
muito ativa foi a capacitação das pessoas. A cidade não tinha a cultura da cana, como os municípios
do interior de São Paulo, por exemplo, e nos já chegamos com 100% de mecanização na área
agrícola. Não tinha operador de colhedora, tinha poucos operadores de trator, mas não em
quantidade suficiente. Então, fizemos muito treinamento no início, tanto para a área agrícola quanto
para a industrial”.

Ele cita como outras ações voltadas a comunidade: doações de álcool 70% para o enfrentamento da
pandemia de Covid-19, doação de mais de 3 mil mudas de espécies do cerrado em 2021 para
recuperação de terras degradadas da região, e outras iniciativas de educação e conscientização da
população local, como Maio Amarelo, Campanha de Combate e Prevenção a Incêndios, ações de
voluntariado.

Além disso, a empresa também possui projetos voltados para a inserção da população de Nova
Alvorada do Sul no mercado de trabalho por meio de qualificação profissional. Com o projeto
Movimento Comunidade, foram capacitadas 24 alunas para a operação de máquinas agrícolas na
colheita e plantio mecanizado. Das participantes, 23 foram aprovadas e contratadas.

Para Baracho, passada uma década da instalação da usina, o legado já está estabelecido, mas a
companhia continua sendo parceira do município no desenvolvimento de novos projetos. “Hoje, a
própria prefeitura trabalha para criar em Nova Alvorada do Sul um polo de negócios. Tem uma série
de oportunidades, até pela localização estratégica da cidade. Uma das ações que vamos desenvover
em conjunto deve ser um projeto para que o aeroporto da cidade possa receber voos comerciais”.
Andressa Augusta da Silva, secretária da usina acompanhou de perto a década de transformações
em Ribas do Rio Pardo. “Vim de Rondônia, com meu esposo, que era líder de frente agrícola, em
2011. Trabalhei um ano em um cartório e depois entrei na usina. Agora estão vindo para a cidade
meu irmão e meus pais já vieram. Quando eu cheguei a cidade não tinha metade das casas que tem
hoje. Surgiram três bairros novos, hoteis e muitas outras empresas. Teve colaborador da usina que
viu a oportunidade de empreender, deixou a empresa e abriu seu próprio negócio. Outros
fornecedores, mudaram de ramo, para aproveitar as possibilidades”, comenta.

Entre os ex-funcionários da usina que empreenderam em Nova Alvorada do Sul está o engenheiro
eletricista Jessel Flávio dos Santos, de 33 anos. Nascido em Deodápolis, município da região da
grande Dourados, ele trabalhou por 3 anos na usina Eldorado, outra planta do grupo, em Rio
Brilhante e 10 anos e meio na Santa Luzia, onde era supervisor de manutenção elétrica, geração de
energia e automação.

No dia a dia percebeu que a empresa enfrentava muitas dificuldades quando precisa mandar um
equipamento para a manutenção na parte elétrica, tendo que enviar a máquina para o interior de São
Paulo para reparos. “A região era muito carente na parte de recondcionamento de motores elétricos,
na manuteção preventiva. Sempre que tinha uma demana, a usina tinha que encaminhar para o
interior de São Paulo. Matão, Marília. Além do tempo, tinha també a questão do custo, que
aumentava muito, Percebendo isso, em 2020 resolvi deixar a Atvos e abrirum negócio para prestar
serviço para a companhia e para outras grandes empresas da região”.

A JF Eletromotores começou pequena. Os equipamentos era menores e além de Jessel havia mais
um funcionário. Menos de dois anos depois, a empresa está com uma boa clientela em toda a região.
O número de funcionários aumentou e hoje cinco pessoas trabalham no empreendimento, que conta
agora com maquinário ainda mais moderno para prestar serviço. “Estamos aumentando a estrutura
de acordo com a demanda, mas a expectativa para o próximo ano é bem melhor”.

Jessel atribui a oportunidade de empreender ao efeito positivo provocado pela empresa âncora na
economia local. “A usina em Nova Alvorada é responsável por boa parte da economia e das
empresas que estão no entorno. Várias empresas foram abertas por causa da usina. Nós que
trabalhamos com motores elétricos, o pessoal da usinagem, da mecânica da linha pesada. Nâo tinha
antes. Muitas pessoas passaram a olhar com interesse, com outra perspectiva para a cidade por
causa da usina. E tem espaço para crescer muito mais. Eu diria que a prestaçaõ de serviço está
começando a engatinhar. A demanda ainda é muito grande e tem várias oportunidades”, destaca.

Futuro

Se Ribas do Rio Pardo representa o agora, em que a gigante está se instalando e Nova Alvorada,
simboliza a consolidação do processo, Inocência é o futuro. Em meados de junho, foi anunciado a
instação de uma fábrica de celulose, da empresa chilena Arauco no município da costa leste de
Mato Grosso do Sul.

A empresa já tem áreas cultivadas com eucalipto no município para suprir a demanda da planta, que
terá um investimetno de R$ 15 bilhões. A obra deve gerar 12 mil empregos no pico da construção e
250 diretos e pelo menos 300 indiretos quando entrar em operação.

Somente com o anúncio, o prefeito de Inocência, Toninho da Cofapi (sem partido), diz que a cidade
já está “bombando”. Segundo ele, o projeto foi idealizado há mais de uma década, mas por questões
de legislação federal foi deixado de lado pela empresa e retomado somente no ano passado.
“A base dda nossa economia é a pecuária de corte e de leite, além do plantio de florestas. A
instalação dessa fábrica gerou uma expectativa muito grande na cidade, porque a economia estava
estagnada. Nossos jovens tinham que sair de Inocência para estudar e depois trabalhar. Agora a
situação já está mudando. Não temos mais casa para alugar, os hotéis já enfrentam falta de leitos.
Estão construíndo alojamentos”.

A cidade tem, segundo a estimativa mais recente do IBGE, 7,5 mil habitantes, mas o prefeito projeta
que quando a fábrica estiver em operação esse número vai mais que dobrar, chegando a 18 mil ou
20 mil pessoas.

Para se preparar para receber a planta, Toninho da Cofapi diz que vai elaborar um projeto de
desenvolvimento sutentável para a cidade. O objetivo é evitar problemas que cidades que estão
vivenciando processos semelhantes estão enfrentando.

“Queremos o progresso, mas de foma organizada, para que as pessoas não queiram somente
trabalhar em Inôcencia, mas tambem viver aqui”, ressalta.

Entre as ações já iniciadas nesse planejamento, ele cita a implantação de núcleos industriais
próximos aos treveos de acessos que levam para outras cidades e articulação para a construção de
pelo menos uma escola, para ampliar o hospital municipal, para reforçar a segurança pública e
construir habitações populares.

Papel da Fiems

O presidente da Federaçaõ das Industrias de Mato Grosso do Sul (Sistema Fiems), Sérgio Longen,
ressaltou que cabe a entidade levar o suporte para a empresa se instalar na região. “Esse suporte,
não somente por meio de programas de qualificaçaõ, mas como de implantação e suporte. Por
exemplo, uma grande empresa se instala, temo um programa de formação de fornecedores que
prepara essas pequenas empresas para venderem seus produtos para essa grande indústria. São
projetos complementares que fazem parte do nosso trabalho, não somente do Sistema Indústria, mas
do próprio Sebrae”.

Ação do governo
O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Economico, Produção e Agricultura
Familiar, Jaime Verruck, destaca como o governo do estado tem auxiliado os pequenos e médios
municípios a se prepararem para receber os investimentos das grandes empresas.

“Nós na verdade falamos em celulose, mas isso acontece em vários municipios e com empresas de
diversos segmentos. Paranaíba vai acontecer isso nos próximos dias com a indústria de etanol de
cana, etanol de milho, ampliação de suinocultura. Muitas vezes nos pensamos em uma grande
empresas, mas a implantação de uma suinocultura em Rio Negro tem um impacto semelhante,
também haverá falta de mão de obra. Então, o que o estado faz. A primeira questão é infraestrutura.
Temos focado mutio na melhoria de infaestrutura. . Isso permite a valorização de terra. De
flexibilidade, está tudo muito bem avançado. Mas do outro lado tem demanda na áre social. Tem um
ribas, saúde, tem olhar sistemico. Sobre saúde, sobre educação. Em ribas, por exemplo, estamos
construído 54 salas de aula no ensino médio, da escola pública, então estamos nos preparando em
infraesturua.

Outro ponto e talvez esse seja o grande gargalo. Temos hoej uma disponbilidade, tive sábado em são
gabriel do oeste, aurora vai investir R$ 380 milhões e vai gerar mais mil empregos , hoje já pega rio
negro, bandeirantes, são gabriel e rio verde. Jà pega para se qualificar. A JBS em dourados vai
precisar de mais 2,5 mil pessoas e por ai vai. Vai suzano, vai arauco. Temos a menor taxa de
desocupação do país. Temos a terceira melhro geraçãod e emprego formal, que é difernte, então
hoje, o que está se propondo, é quase uma busca ativa dessas pessoas. Nos preocisamos identificar
onde estão essas pessoas que podem receber qualificação e temos um gargalo ainda que é a
escolaridade, nos vamos ter que achar programa de elevaçaõ no nivel de escolaridade desse jovem,
dessa pessoa. Algumas qulaificação mais sofitsticada, como a de celulose, exiem nível médio.
Então, de um lado temos a qualificação dejovens e de adultos para que eles recebem qualificações
mais sofisticas. Esse é o grande dssafio, converncer as pessoas que tem oferta de trabalho,
convencer as pessoas que tem oferta de qualificação para que consiga ter remuneração adicional.
Projeto minha chance traz isso, busca ativa onde estão essas pessoas para adoatar determinada
qualificaçaõ.

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