AO SENHOR SUPERINTENDENTE DO DEPARTAMENTO DE ESTRADAS E RODAGENS
Ref.: Recurso de infraçã o de trâ nsito
Na abordagem, apesar de me oferecido o teste de etilô metro
(bafô metro), estava com os nervos exaltados pelo acidente e por falta de explicaçã o por parte dos agentes policiais, neguei a realizar o teste. Imediatamente a autoridade lavrou o auto de infraçã o descrita como “Recusar-se a ser submetido a teste, exame clinico, pericia ou outro procedimento que permita certificar a influência de á lcool ou outra substancia psicoativa na forma estabelecida pelo art. 165-A do Có digo de Transito Brasileiro.
Acredito que no meu caso, a lavratura do auto de infração
conforme artigo 165-A deve ser arquivada.
Porque a interpretaçã o literal da Lei aplicada ISOLADAMENTE ao
artigo165-A é insuficiente para atingir a finalidade da Lei e ainda o artigo 277, no seu §3º estabelece, por regra de hermenêutica que os pará grafos devem ser interpretados em consonâ ncia com o caput, que, reitere-se, estabeleceu como verdadeiro pré-requisito a suspeita de ingestão de álcool ao dirigir, o que não houve no presente caso. Isto porque o agente de transito deixou comprovado que eu nã o apresentava sinais de te r utilizado bebida alcoó lica, haja vista que no pró prio documento de notificaçã o consta que nã o há evidencias do estado de embriaguez. Vejamos:
O pró prio artigo 277, em seu parágrafo 2º preceitua que tendo o
condutor se negado a realizar o exame etilô metro, caberia a autoridade constatar eventuais sinais que denotassem possível estado de embriaguez do motorista utilizando- se de outros meios de verificaçã o, ficando comprovado ainda que o autor nã o apresentava sinais de alteraçã o. Evidente que a recusa deve vir com a indicaçã o dos motivos da abordagem e das condiçõ es físicas aparentes do condutor – informaçõ es que devem constar no AIT. Deve haver MOTIVAÇÃ O do ato do Estado – motivos do ato administrativo. Desta forma, ao existir o motivo, ou seja, a prática de determinada infração de trânsito, por exemplo, esta deve ser caracterizada por escrito, com a descrição da conduta, do amparo legal e das penalidades e eventuais medidas administrativas previstas em lei. Além disso, a pró pria Resoluçã o do COTRAN nº 432/2013 deixa claro em seu artigo 3º que deve haver sinais que indiquem a alteração da capacidade do condutor, bem como avaliaçã o testemunhal, vejamos: Verifica-se que não foi constatado nenhum sinal de embriaguez, nã o existindo, assim, provas para que a puniçã o seja aplicada. Há ainda a falta do encaminhamento para exame de sangue na data do ocorrido, conforme expressa o § 3º do artigo 3º da resolução em questã o, supracitado. Nã o há que se falar em recusa do exame de sangue, um dos meios comprobató rios de direçã o sob influência de álcool, uma vez que nã o houve qualquer encaminhamento.
Diante do exposto, peço que o presente seja arquivado.