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DIÁLOGO MAÇÔNICO – Nº 034

ADMISSÃO DE CANDIDATOS

A admissão de novos candidatos em nossa Ordem não deixa de ser um tema


recorrente, mas ainda assim decidimos por escrever sobre este assunto, pois
questões envolvendo a admissão de novos membros sempre surgem.

Tivemos oportunidade de ler que desde os tempos mais remotos da


Maçonaria, mesmo no período em que a Maçonaria era considerada
Operativa, a admissão de um novo membro, obviamente proposto por
alguém pertencente à instituição, se dava somente de forma unânime, pois
uma única oposição era suficiente para impedir que o candidato não entrasse
e essa recusa era permanente, ou seja, ele nunca mais poderia ingressar na
Ordem. É de bem ressaltar que já era adotada a votação secreta.

Apesar de modificações ocorridas em 2019 na legislação do Grande Oriente


do Brasil (GOB), especificamente no Regulamento Geral da Federação (RGF),
objetivando dar mais celeridade ao procedimento de admissão, foi
implementada uma redução dos prazos e da documentação entregue pelo
candidato, o cuidado na seleção continua, pois é preferível perder candidatos,
a admitir-se um elemento indigno ou incompatível com a fraternidade e a
união dos Irmãos, como explícito no RGF de 1969.

Dessa forma, a norma atual estabelece que após um Mestre Maçom, regular
e ativo da Loja, entregar o formulário preenchido com a indicação de
candidato, anexando cópia de documento de identidade e CPF, o Venerável
Mestre deve ter a cautela de que a Loja, antes de dar seguimento ao
procedimento, tome as providências devidas, realizando consultas aos Livros
Negro e Amarelo, que no caso do caso do GOB significa consultar os sistemas
disponíveis.

Se o impedimento tiver sido momentâneo, ou seja, se o registro ocorreu


somente no Livro Amarelo, o Venerável Mestre deve verificar se deixou de
existir, mantendo-se o impedimento naquele livro ou se constar do Livro
Negro, o Venerável Mestre não dará prosseguimento à proposta, que sequer
deve ser lida em Loja.

Superada esta fase, vale dizer não havendo impedimento nos Livros Amarelo
e Negro, seguindo a ritualística prevista, na ordem do dia será feita a leitura
do formulário, colocado em discussão e submetido à aprovação do plenário,
quanto ao prosseguimento da proposta de indicação. Se o prosseguimento
for negado, o formulário será arquivado.
Aprovado o prosseguimento, visando dar a maior publicidade possível,
recordando que toda a cautela quanto ao ingresso de um novo membro deve
ser observada, o Venerável Mestre providenciará para que uma cópia do
formulário seja afixada no local apropriado, omitindo o nome do proponente,
pois o sigilo nesse caso deve ser observado durante todo o procedimento,
até a aprovação final do candidato para o ingresso nos quadros da Loja, se
isso vier a ocorrer. Concomitantemente, o Venerável Mestre solicitará que o
formulário seja encaminhado, por meio eletrônico, para a Secretaria da
Guarda dos Selos da jurisdição da Loja, visando publicação nos Boletins do
GOB e do Grande Oriente Estadual ou do Distrito Federal.

A precaução, durante todo o procedimento de admissão de um novo


candidato, é necessária e deve ser permanente, de forma que na Sessão
Ordinária seguinte à que foi realizada a apresentação do candidato, na ordem
do dia, deve ser feita nova leitura do formulário de indicação do candidato e
do expediente relativo a ele, se não houver impedimento ou oposição, a
matéria será colocada, uma vez mais, em discussão e votação, pelo
prosseguimento do procedimento de admissão do candidato.

Caso, nessa segunda apreciação, a Assembleia deliberar pela negativa de


prosseguimento, a indicação do candidato será arquivada e a Loja
comunicará à Secretaria da Guarda dos Selos, para que não seja feita a
publicação nos Boletins Oficiais, isto significa, impedir a publicação ou se ela
tiver sido feita deve ser cancelada.

Possivelmente, um Irmão ao ler este DIÁLOGO MAÇÔNICO (DM) poderá


pensar que estamos escrevendo o óbvio e estamos mesmo, porque, muitas
das vezes, o óbvio tem que ser dito para não ser esquecido e isto não é por
mero acaso, mas porque não só presenciamos, recentemente, desacertos
com relação à admissão de novo candidato, mas também porque aqui e acolá
recebemos consultas neste sentido.

Nosso objetivo maior ao escrever este DM é o de chamar a devida atenção


para todo o acautelamento que devemos ter ao pensarmos em convidar novo
candidato a ingressar em nossa Ordem e, principalmente, o zelo, o cuidado
que a Loja deve ter em seguir “ao pé da letra” o que prescreve a legislação
e não permitir atropelamentos.

A legislação existe para ser cumprida, se ela precisa de adaptação devemos


operar nesse sentido, mas enquanto em vigência deve ser observada, por
isso é de suma importância o acompanhamento de todo o procedimento pelo
Orador, nos ritos que existe este cargo, ou por aquele que tem a obrigação
de verificar o cumprimento da legislação, o qual recebe a denominação de
“fiscal da lei”.
Não é demais ressaltar que as mudanças legislativas recentes, no âmbito do
GOB, com o objetivo de “desburocratizar” o procedimento de admissão de
candidatos, em momento algum trouxe alternativas para abrandar a
avaliação de candidatos, se vier a ser admitido, isto é, se for aprovado no
escrutínio e passar pela Cerimônia de Iniciação, no que concerne ao
cumprimento dos princípios morais, sociais e fraternais da Maçonaria.

Dessa forma, no formulário de indicação de candidato existem vários


requisitos que devem ser observados pelo possível candidato, entre eles
destacamos aqueles que asseveram que o candidato tomou conhecimento
dos princípios e postulados da Maçonaria e dos direitos que terá, dos deveres
a cumprir se for admitido e, ainda e principalmente, que não pratica ou
pertence a qualquer instituição contrária aos princípios e postulados da
Maçonaria.

Vencida esta etapa, com a apresentação da documentação, o Venerável


Mestre designará no mínimo três Mestres Maçons para realizar as
sindicâncias que devem ser efetuadas em total sigilo sem que um sindicante
tome conhecimento do outro, recordando que têm acesso ao processo de
admissão na Ordem o Venerável Mestre, o Secretário, este por ser
responsável pela autuação das peças processuais, a Comissão de Admissão
e Graus, que deve emitir parecer escrito sobre o aspecto formal que deverá
ser entregue até a Sessão que realizará o escrutínio secreto e será lido após
a leitura do processo, e os Secretário-Geral e o do Oriente Estadual ou
Distrital da Guarda dos Selos.

O tema “sindicância” será objeto de outro DM, todavia, entendemos ser


oportuno lembrar que as sindicâncias não são feitas para referendar
indicação de candidatos, pois elas além de serem conclusivas, pelo
acolhimento ou não do pedido de admissão de um candidato, têm por
finalidade evitar que candidatos com ideais, conduta e valores morais
incompatíveis com a doutrina maçônica venham a ingressar na Maçonaria.

Assim, ademais dos proponentes os sindicantes também são responsáveis


perante a Loja e à Ordem pelas informações prestadas. Voltamos a repetir
que a indicação de um candidato reveste-se de uma gravidade enorme, tanto
que é permitido aos proponentes a retirada do processo antes da leitura das
sindicâncias, o que normalmente ocorre quando se toma conhecimento de
algum fato desabonador do candidato, segundo os nossos princípios morais,
sociais e fraternais, anteriormente desconhecido pelo proponente.

De igual modo, se forem comprovadas desídias ou falsas declarações em


abono de candidato indigno, caberá ao representante do Ministério Público
representar contra os que assim procederem. Isso, de igual forma, será
aplicado ao sindicante ou a quem deliberadamente prejudicar o candidato.
Iniciamos este DM informando que uma única oposição era suficiente para
impedir que o candidato entrasse e essa recusa era permanente. Na
atualidade, prossegue a tradição, pois, por ocasião do escrutínio secreto
levado a efeito de acordo com o que estabelece a legislação, quando ocorre
até duas objeções (feitas na forma que todos os Maçons conhecem), o
Venerável Mestre deve repetir o ato para verificar se houve equívocos. Se for
comprovada a(s) objeção(ões), o opositor deve esclarecer por escrito na
Sessão seguinte, firmando o documento, mas o Venerável Mestre manterá
seu nome em sigilo.

Há de ser lembrado que o relatório do sindicante deve trazer informações


relevantes e pertinentes sobre os aspectos por ele observado, em relação ao
candidato e o parecer conclusivo, pois ele representa os olhos e os ouvidos
dos Obreiros da Loja, de forma que as informações e o parecer conclusivo
serão fundamentais para a tomada de decisão de cada Obreiro quanto à
admissão do candidato.

Dessa forma, no escrutínio o Maçom deve estar consciente do ato que pratica
e não ser leviano nem exigente em demasia. O equilíbrio e a prudência são
sempre as melhores medidas. Contudo, o ato de votar é de suma
responsabilidade, pois trata-se do recebimento na família de um novo
membro.

Sejamos, pois, todos responsáveis, coerentes, imparciais, fraternos e


conscientes em relação aos atos de: indicação de novo candidato, sindicância
e votação no escrutínio secreto, no que concerne à ADMISSÃO DE
CANDIDATO – título deste DIÁLOGO MAÇÔNICO.

Brasília, 13 de junho de 2021.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

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