Você está na página 1de 3

Estabelece a Resolução nº 81/2009, do CNJ, em seu art.

3º, que 1/3 das vagas


nas serventias notariais e de registro serão preenchidas por remoção,
mediante concurso de provas e títulos. Apresente suas considerações sobre
tal dispositivo regulamentar, inclusive no que se refere à sua legalidade.

Prezados,

Bom dia!

No tocante a este primeiro ponto, vivemos uma época neoconstitucionalista de modo


que, apesar da disposição do CNJ avançar ante a competência primária do
Legislativo, esta deve ser levada em conta.

Apesar da disposição do Conselho Nacional de Justiça refutar o disposto da


Resolução 81/2009, não vislumbro qualquer óbice ao acatamento desta inovação.

Embora seja sempre louvável a primazia do Concurso Público (regra que a


meu ver não tem como ser afastada), é importante lembrar que os Estados
ainda enfrentam um sério problema quanto à manutenção de serventias de
baixo faturamento, o que implica corriqueira ausência de aprovados em
certames, efetivamente interessados em assumi-las. A solução seria afinal
penalizar a população e extinguir o cartório? O Estado afinal teria que assumi-
las? Ou haveria solução diversa? Com relação aos aprovados em concursos
atualmente, importante ressaltar que muito se critica também a figura do
Concurseiro profissional inclusive na Atividade Notarial e Registral. Alguns já
mencionam que o aprovado até "terceiriza" a atividade em nome de terceiros
que ficam efetivamente responsáveis pelo cartório de que titular. O que acham
dessas questões?

Tal situação se mostra delicada e merece ponderamento quanto à resposta.


Todavia, gostaria de expor a situação vislumbrada em meu ambiente de trabaho.

Não visualizo solução distinta da extinção da serventia ou a assunção da atividade


pelo Estado.

Há localidades remotas, nas quais há baixo faturamento, pouca procura por parte da
população e, tabeliães sem condições de manter o labor notarial. Em nossa
atividade de realizar contato com as diversas serventias de atribuição notarial em
todo o território nacional, nos deparamos com locais onde a serventia funciona em
um "puxadinho" dentro da residência do tabelião. Ou casos nos quais é praticamente
impossível o contato com a serventia, uma vez que todo o estado passa por
dificuldades de comunicação.

O estado do AP, é um excelente exemplo. É de extrema dificuldade o contato com


qualquer serventia daquela UF, uma vez que os telefones não funcioname, somente
o whatsapp é meio viável para contato e, ainda assim, há imensa demora nas
respostas dadas pelos tabelionatos ou por seus responsáveis.

Creio que, diante de situações como essas, a extinção da serventia é uma solução,
com seu arquivo sendo assumido por outra serventia. Ou ainda, como acontece em
alguns casos, a assunção pelo Estado, das atividades.

É importante notar, no tema ora em debate, que, na verdade e a despeito da


forma de ingresso, estamos a discutir se, depois de uma eventual concurso de
provas e títulos, a ulterior remoção para uma outra serventia, exigiria a mesma
modalidade de certamente ou se bastaria que fossem apresentados títulos
para fins dessa nova assunção.

A Lei 10.506/2002 assim previu, mas o CNJ disse que não: há igualmente e
também a necessidade de submissão às provas.

Ao examinar a situação prática dessa questão, nos estados de São Paulo,


Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina os
últimos concursos para Delegatários fazem menção a Resolução 81 do CNJ e
tratam igualmente a forma de ingresso, prevendo as mesmas modalidades de
provas, tanto para provimento quanto para remoção. Variando pouco entre os
editais, em geral, são realizadas 04 etapas: prova objetiva de seleção,
escrita/prática, oral e títulos.

Ao que tudo indica, seja por cautela ou por obediência ao CNJ, os tribunais
têm bem observado a Resolução 81.

--------------
Vamos instigar o debate no Fórum:
Em nosso caso discutido, a remoção também é forma de provimento derivado
e difere do ingresso inicial em uma determinada carreira pública? Como
sabido, em outras atividades jurídicas a remoção não depende de concurso de
provas e títulos, conforme se verifica em critérios de remoção para
magistrados, membros do Ministério Público, Delegados de Polícia, servidores
públicos etc.

Como bem explicado por Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a remoção no meio
notarial é uma forma de movimentação horizontal, de forma que o funcionário muda
de serventia, mantendo seu cargo.
A questão é a ofensa à igualdade entre os candidatos.
Como bem apontado pelo colega ALTAIR, um provimento teria caráter amplo,
alcançando todos os candidatos que preencham as condições exigidas em edital.
Todavia, há um provimento de caráter restrito em demasia, limitando a participação
do concurso de remoção. O contrário, todavia, não é possível.

Você também pode gostar