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Aires, Argentina
2- Contribuições ao Marxismo
A formação intelectual de Oscar Creydt, fruto da tradição marxista na América
Latina, possibilitou sua análise crítica da organização social da sociedade Paraguai. Sua
crítica ao atraso e insignificante projeto nacional que pudesse amenizar a situação de
precariedade que boa parcela de seus irmãos paraguaios. Na segunda metade da década
de 1920, houve um período de crescentes protestos sociais e questionamentos ao
liberalismo. Essa efervescência, acompanhada de uma produção intelectual, levou a
chamada Nova Ideologia Nacional, manifesto direcionado aos trabalhadores e jovens de
todos os partidos que foi escrito principalmente por Creydt e assinado por cerca de vinte
jovens com idades entre 18 anos e 22 anos (estudantes, trabalhadores anarco-
sindicalistas e nacionalistas de esquerda). A extensa escrita pedia uma insurreição
popular para implementar uma revolução social no Paraguai. Ele observou uma rejeição
total dos dois partidos políticos existentes (Colorado e Liberal) e do sistema
parlamentar, que serviu apenas aos interesses de uma pequena elite, abaixo:
A Nova Ideologia Nacional também condenou os regimes autoritários do
período nacionalista. No manifesto havia a proposta de sociedade altamente
descentralizada, baseada em uma combinação de sindicatos e conselhos populares.
Curiosamente, Creydt argumentou que tal revolução social no Paraguai também
significaria conflito étnico entre as massas rurais de língua guarani e uma elite
majoritariamente eurocêntrica, uma ideia que ressurgiria depois de cerca de sessenta
anos.
As ideias dos associados à Nova Ideologia Nacional foram divulgadas pelo
semanário La Palabra, que publicou quinze números em Assunção entre outubro de
1930 e janeiro de 1931. A velocidade de sua repercussão entre estudantes e sindicalistas
refletiu tanto o vácuo ideológico criado pelo declínio do liberalismo quanto a crise
internacional do capitalismo na época. Uma revolta apressada em fevereiro de 1931,
incluindo um ataque a Encarnación, liderada por Barthe, foi abortada quando uma greve
geral liderada por trabalhadores da construção em Assunção entrou em colapso após a
prisão e deportação de seus líderes.
A Nova Ideologia Nacional e sua grande adversária, a Liga Nacional
Independente (LNI), representavam as duas principais correntes de opinião ideológica
no final do período liberal. Ambas as correntes intelectuais optaram posteriormente por
movimentos políticos muito conflitantes. A LNI foi a precursora do movimento
nacionalista autoritário, Guión Rojo, identificado com Natalicio González, teve tanta
influência no governo de Morínigo quanto mais tarde, no regime de Stroessner. Por
outro lado, o utopismo da Nova Ideologia Nacional foi aos poucos sendo deixado de
lado à medida que seus seguidores foram confrontados com a realidade política e muitos
tornaram-se comunistas durante a década de 1930. Os exemplos mais emblemáticos
foram os dois primeiros signatários do NIN – ninguém menos que Oscar Creydt e
Obdulio Barthe – que muito em breve a rejeitariam e adeririam ao comunismo.
Como líder intelectual da Nova Ideologia Nacional, não surpreende que tenha
sido um dos primeiros a ser preso e exilado em Clorinda na Argentina no início da
década de 1930 pelo governo liberal da época. É sem dúvida nesse, seu primeiro
período de exílio, que Creydt se interessou seriamente pelo marxismo. Ele viaja para
Buenos Aires, onde conhece Rodolfo Ghioldi, do Partido Comunista Argentino. Entre
1931-1932 publicou artigos na revista Buenos Aires Claridad, fazendo autocríticas de
seu passado anarco-sindicalista e de sua militância no NIN. Da capital argentina, foi
para Montevidéu, onde se uniu a Luís Carlos Prestes, conhecido marxista e ex-
guerrilheiro brasileiro. Mais tarde, viajou para o Brasil, onde se hospeda na casa de
poeta ligado ao comunismo brasileiro em São Paulo. Lá ele passa meses lendo pela
primeira vez as obras clássicas de Marx, Engels e Lenin. Do exílio, manteve laços
estreitos com o movimento operário local e o NIN, e financiou o órgão anarquista, A
Palabra.