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FACULDADE DE BELAS-ARTES
Trabalho de Projeto
Mestrado em Desenho
2015
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE BELAS-ARTES
Mestrado em Desenho
2015
RESUMO
Palavras-Chave:
Ilustração Infantil; Livro; Criança; Ilustração; Técnicas de Ilustração.
ABSTRACT
The following dissertation work is related to the theme THE BOOK AS A
MULTIFACETED SUBJECT: THE DIVERSITY OF TECHNIQUES IN CHILDREN’S
ILLUSTRATION, a form of graphical expression that follows and is an integral part of
the child development.
This theoretical-practical research aims to analyze different illustration techniques in
children's books, in order to develop the child imagination and creativity and to build
a practical object to demonstrate these techniques, applied to a children's book. It’s
divided into two distinct chapters, that are: the referential framework, with a brief
historical overview, philosophical and psychological perspective and, also,
techniques of illustration chosen by the author; the second chapter refers to the
practical work, which contains its framework, creative and production processes.
This study may contribute to a greater knowledge and understanding of the various
representations that children's book may have, together with the practical work that
represents and consolidate it.
Key Words:
Children's illustration; Book; Child; Illustration; Illustration techniques.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família; à minha Mãe pelo constante apoio no meu percurso
académico e por nunca duvidar de mim; ao meu Pai pela introdução e instrução do
livro como objeto e do seu significado, que tanto estimo desde que me lembro; ao
meu P.E. pelos conselhos e a força, e por último mas não menos importantes, às
minhas Irmãs, que foram sem dúvida as júris mais implacáveis deste projeto, mas
também uma constante inspiração.
Agradeço aos meus amigos pela amizade, incentivo e interesse demonstrado em
seguir as personagens até ao último minuto.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Doutor Henrique Costa, pelo seu
acompanhamento, ensinamentos e disponibilidade até a conclusão do mesmo.
Para concluir, gostaria de agradecer ao Prof. Doutor António Trindade pelo apoio
dado na fase inicial deste estudo e ainda, ao Paulo Lourenço, pelas provas e
ensinamentos relativos às técnicas de linóleo.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 11
1.1. Objetivos e estrutura 11
1.2. Generalidades sobre a metodologia 12
CONSIDERAÇÕES FINAIS 65
BIBLIOGRAFIA 67
APÊNDICES 72
Apêndice 1 - Aguarela 73
Apêndice 2 - Lápis de cor 74
Apêndice 3 - Colagem 75
Apêndice 4 - Acrílico 76
Apêndice 5 - Fotografia 77
Apêndice 6 - Bordado 78
Apêndice 7 - Pop-up 79
Apêndice 8 - Técnica mista 80
Apêndice 9 - Meios digitais 82
Apêndice 10 - Capa 83
Apêndice 11 - Contra-capa 84
Apêndice 12 - Linóleogravura 85
Apêndice 13 - Meios riscadores 86
Apêndice 14 - Primeira e última guarda 87
Apêndice 15 - Folha de rosto 88
ANEXOS 89
Anexo 1 - Ilustração de François Chauveau (1613-1676) para
o livro Fables de La Fontaine, 1668. 90
Anexo 2 - Páginas 1 e 3 do livro Orbis Sensualium Pictus,
1658, gravura. 91
Anexo 3 - Robin Hood: A collection of all the Ancient Poems,
Songs and Ballads, now extant, relative to that
celebrated Outlaw, 1795. 92
Anexo 4 - The Tale of Peter Rabbit, 1893. 93
Anexo 5 - Alice’s Adventures in Wonderland, 1865. 94
Anexo 6 - Ilustração de Enrico Mazzanti para a primeira
edição The Adventures of Pinocchio, em 1883. 95
Anexo 7 - Primeiro capítulo Adventures of Pinocchio na
revista italiana Giornale del bambini. 96
Anexo 8 - Exemplo de ilustração descritiva. Ilustração
científica de Kelly McLeod. 97
Anexo 9 - Exemplo de ilustração narrativa. Hobo,
ilustração de Norman Rockwell, 1924. 98
Anexo 10 - Exemplo de ilustração simbólica. This is San
Francisco, Miroslav Sasek, 2003. 99
Anexo 11 - Exemplo de ilustração expressiva ou ética. The
Way I Feel, Janan Cain, 2000. 100
Anexo 12 - Exemplo de ilustração metalinguística. Calvin and
Hobbes, Bill Watterson, 1995. 101
Anexo 13 - Exemplo de ilustração estética. The Mixed-Up
Chameleon, Eric Carle, 1988. 102
Anexo 14 - Exemplo de ilustração lúdica. Children Make
Terrible Pets, Peter Brown, 2010. 103
ÍNDICE DE FIGURAS
O presente trabalho de projeto tem como tema O Livro como Objeto Multifacetado: A
Diversidade de Técnicas na Ilustração Infantil. A sua escolha deve-se ao facto de ser
um tema que tem muito para refletir, pois os estudos nesta área são escassos e,
ainda, permite analisar diferentes técnicas de ilustração para o público-alvo
pretendido, neste caso o público infanto-juvenil. Apesar das lacunas existentes
decorrentes, constata-se que o livro infantil está em constante evolução, sobretudo
pelas técnicas utilizadas e pela tentativa de cativar os leitores, as crianças.
11
referentes ao trabalho apresentado. Esta dissertação é elaborada segundo as
normas da American Psychological Association, 6.ª edição, e redigida segundo o
novo acordo ortográfico.
12
uma diversidade de técnicas de ilustração, mas que apresenta uma coerência a nível
visual.
13
CAPÍTULO I - QUADRO REFERENCIAL
A palavra ilustração tem a sua origem no latim illustratio (illustratio, -õnis) significa
“acção de ornar com desenhos ou imagens, de ilustrar uma obra, um texto/imagem,
gravura, reprodução que ajuda a compreender, a esclarecer um texto impresso ou a
decorá-lo” (Casteleiro, 2001, p. 2027).
Toda a imagem que acompanha um texto literário a que se refere e para cuja
compreensão, esclarecimento ou exaltação contribui, é em rigor, uma imagem. O
termo, porém, reserva-se ordinariamente para as imagens gravadas que
acompanham textos impressos; às pinturas, a têmpera que ilustra os manuscritos,
aplica-se a designação de iluminura. A imagem está intimamente ligada à imprensa,
no entanto, não serão de considerar como imagem certas coletâneas de gravuras
com legendas mais ou menos desenvolvidas, mas em que o texto ocupa posição
secundária. A história da ilustração torna bem manifesta a sua dependência, não só
do desenvolvimento editorial e da evolução do desenho, como, principalmente, do
progresso das diferentes técnicas da gravura (Magalhães, 1970).
14
Estas afirmações são consubstanciadas em vários documentos, tal como refere o
ilustrador André Letria:
Se falarmos nos livros para crianças, acho que a ilustração deve ser uma
coisa entendida como uma leitura paralela em relação ao texto. Alguma coisa
que não repita aquilo que está no texto. No fundo é uma maneira de dar a
conhecer a história, mas através das imagens e sempre com a preocupação
de que cada imagem deve ter essa ligação com o texto, mas também deve ela
própria contar uma história e deve permitir às pessoas que lêem o livro, poder
imaginar mais qualquer coisa para além daquilo que está naquele livro, para
além daquilo que está naquela história e naquela ilustração. Portanto, não
deve ser qualquer coisa que fique muito preso aquilo que está nas palavras e
que deve ser lida em conjunto. (citado por Azevedo, 2007, p. 106)
1
Nursery rhymes, datados a partir do final do séc XVIII, são um conjunto de contos em forma de
poema, muitas vezes acompanhados de música, essencialmente direcionados para as crianças.
15
Os novos pensamentos e atitudes em relação à educação e desenvolvimento na
infância, só começaram a ser desenvolvidos no final do século XVII, quando muitos
educadores apelaram às necessidades das crianças e quando a noção da
importância da aprendizagem começou a ser aceite pela sociedade da época.
16
has pictures in it, it will entertain him much better, and encourage him to read
(…). (p. 68)
No século XVIII Joseph Ritson (1752- 1803) cria em 1795, o livro Robin Hood, que
apesar de ser um livro cujo público-alvo era o adulto, despertou essencialmente a
atenção do público infanto-juvenil (Anexo 3).
No século XIX houve um crescimento exponencial dos livros com imagens, onde a
imagem era um complemento qualitativo para o texto e ainda, conferia ao ilustrador
maior reconhecimento pelo seu contributo estético nas obras. Durante a segunda
metade deste século, surgiram muitos dos clássicos da literatura infantil inglesa,
onde se destacam as obras da ilustradora inglesa Beatrix Potter (1866-1943), que
escreve em 1893 The Tale of Peter Rabbit (Anexo 4), onde apresenta grande
preocupação com as suas ilustrações e com as caraterísticas físicas do livro, de
forma a ser facilmente manuseável pelas crianças de todas as faixas etárias; a obra
de Lewis Carroll (1832-1898) Alice’s Adventures in Wonderland, 1865 (Anexo 5)
onde apresenta duas características notáveis: a presença do maravilhoso e
principalmente do nonsense, elemento típico da literatura inglesa do século XIX; e,
ainda, Storia di un burattino (História de um Boneco) atualmente conhecido por The
Adventures of Pinocchio (Anexo 6) pelo escritor italiano Carlo Collodi (1826-1890) e
com ilustrações de Enrico Mazzanti (1850-1910), aquele publica em 1881 o primeiro
capítulo desta obra na revista italiana Giornale del bambini (Anexo 7), dirigida ao
público infantil, só mais tarde em 1890 é publicada em Inglaterra. Esta obra
apresenta questões morais e é o livro laico mais traduzido naquela época (Blake,
2003).
17
No século XX, os mais variados avanços técnicos tornaram possível produzir livros
com impressões de grande qualidade e de forma relativamente económica,
promovendo desta forma o grande crescimento da publicação de livros infantis.
18
Para Martin Buber (1946), além da arte constituir a sustentação da educação é
necessário, sempre que possível, alertar professores e educadores para um pleno
conhecimento em termos de pedagogia prática, assim como dominar as técnicas
para a sua real implementação, sabendo de antemão quem é o seu público-alvo e
quais são as suas reais necessidades. Igualmente afirma que, antes de mais, não é
o exercício destas funções que importa, mas sim a oposição que ele representa, isto
é, o que e com que objetivos vai direcionada a ação educativa e pedagógica
segundo as bases fundamentais da educação pela arte. Ainda para este autor, o
processo educativo deve privilegiar a conversa e a cooperação entre as crianças.
Read (2007) menciona na sua obra Education Throught Art, dois princípios
fundamentais da arte: A forma, função da perceção, o princípio de forma resulta na
nossa atitude em relação ao que nos envolve, do aspeto objetivo universal e de
todas as obras de arte; e, a criatividade, função da imaginação, própria da mente
humana, leva à criação de símbolos, de mitos e fantasias, cuja existência é
universalmente reconhecida pelo princípio da forma.
No apoio que a arte constitui para a criança, o desenho é certamente uma das
atividades relacionadas com a arte com a qual a criança mais cedo tem contacto e a
incentiva a desenvolver as suas capacidades, tanto pela família como pela escola ou
convivência com outras crianças. Tal como refere Margaret Lowenfeld (1991) “ (...) a
arte pode constituir o equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções. Pode
tornar-se como um apoio que as crianças procuram naturalmente ainda que de
modo inconsciente cada vez que alguma coisa os aborrece” (p.19). Assim, como a
importância fulcral do brincar, do aprender brincando, como forma real de
aprendizagem com prazer, duas boas razões para a sua utilização.
Lowenfeld (1991) vai mais longe ao pronunciar categoricamente que vê a arte como
uma forma de jogo. Uma vez que é dado assente que, por norma, o
desenvolvimento do jogo e do caráter lúdico das atividades, parece estar destinado
somente à tenra infância, o que é um terrível engano. Mesmo nestas fases, não se
deve encarar o jogo como mero passatempo, deve-se sim dar-lhe coerência e
objetivo e, desta forma, convertendo-o em arte (Calado, 1994).
19
Podemos concluir que a arte ajuda a criança a compreender o seu mundo, a
exprimir-se e a transformá-lo. Através dela experimenta, explora e cria, gerando
assim o seu crescimento pessoal.
20
2. Perspetiva psicológica e filosófica
4
Alice Vieira nasceu em Lisboa, em 1943, é uma escritora e jornalista profissional. Trabalhou em
vários programas de televisão para crianças e é considerada uma das mais importantes escritoras
portuguesas de literatura infanto-juvenil, já com mais de quarenta obras publicadas.
21
forma de expressão e comunicação e promovem o interesse pela leitura (Cunha,
1999).
Para as crianças, a imagem visual constitui um elemento muito atrativo, daí que a
ilustração de livros infantis se transforme numa forma artística capaz de estabelecer
níveis de comunicação e de desenvolvimento da criatividade, apelando ao seu
imaginário. Para tal, a ilustração tem de conseguir reunir qualidades artísticas de
modo a que a comunicação visual tenha sempre presente um significado para o seu
leitor.
5
“Alice estava a começar a ficar muito cansada de estar sentada ao lado da sua irmã e não ter nada
para fazer: uma vez ou duas ela espreitava o livro que a irmã lia, mas não havia figuras ou diálogos
nele, e "para que serve um livro", pensou Alice,"sem figuras nem diálogos? (p.1,2), (tradução livre da
autora).
6
Roman Jakobson (1896-1982) foi um pensador russo que se tornou num dos maiores linguistas do
século XX e, ainda, pioneiro da análise estrutural da linguagem, poesia e arte.
7
Escritor e ilustrador de livros infantis, Luís Camargo nasceu em São Paulo, Brasil, em 1954. O autor
desenvolveu pesquisas sobre ilustração desde 1982, o que já rendeu diversos artigos e o livro
Ilustração do livro infantil (1995). No campo da pedagogia, cuidou da organização do livro Arte-
Educação da pré-escola à universidade (1989).
22
funções que ela assume no texto, ao descrever, narrar, simbolizar, brincar,
persuadir, normalizar e pontuar pela linguagem plástica. Citando Camargo (1999):
Muito mais do que apenas ornar ou elucidar o texto, a ilustração pode,assim,
representar, descrever, narrar, simbolizar, expressar, brincar, persuadir,
normatizar, pontuar, além de enfatizar sua própria configuração, chamar
atenção para o seu suporte ou para a linguagem visual. É importante ressaltar
que raramente a imagem desempenha uma única função, mas, da mesma
forma como ocorre com a linguagem verbal, as funções organizam-se
hierarquicamente em relação a uma função dominante.
Portanto, ao escolher uma história para contar a uma criança, é válido que se
avalie qual a função que o discurso gráfico-visual apresenta, pois a
contribuição da ilustração para a história e o impacto que ela terá sobre a
criança dependem da função que ela se dispõe a exercer. (p. 33)
23
como linha, cor, espaço e luz. A ilustração dentro da função expressiva pode permitir
abordagens psicológicas, sociais e culturais.
- A ilustração ainda pode apresentar a função estética (Anexo 13) quando chama a
atenção para a forma ou configuração visual. Essa configuração pode ser
representada por efeitos plásticos provocados por linha, cor, gesto, mancha,
sobreposição de pinceladas, transparências, luz, brilho, enquadramento e
contrastes. O autor ressalta que a função estética é sensibilizar o leitor através de
efeitos estéticos. Também Dora Batalim, professora de literatura infantil, afirma que
“A cor da ilustração é um lugar que nos diz coisas antes da carga informacional” 8.
Assim, ao escolher uma história infantil ou infanto-juvenil, é válido que se avalie qual
a função que o discurso gráfico/visual apresenta, pois a contribuição da ilustração
para a história e o impacto que ela terá sobre o leitor dependem da função que a
mesma se dispõe a exercer. Esses são aspetos que implicam a leitura como
compreensão e apropriação do texto para a produção de sentido pelo leitor.
8
XIII Palavras Andarilhas, In Encontro de Aprendizes do Contar, dia 27 de agosto de 2014, Beja.
24
Partindo do pressuposto que o desenho é também uma forma de expressar
criativamente a perceção que as crianças têm dos contextos onde vivem, constitui
um elemento mediador de conhecimento e autoconhecimento enquanto elo de
ligação da representação das relações e de vivências significativas para o
desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança (Vygotsky, 2007, 2009).
Assim, a imagem permite à criança organizar informações, processar experiências
vividas e pensadas e, ainda, expressar o seu pensamento. Podemos dizer que a
função imaginativa está em dependência direta das experiências, necessidades,
interesses, conhecimentos que possuímos e da cultura onde nos inserimos (ibd.
2009, 2012).
A criança não sendo um adulto em miniatura, nem o seu cérebro sendo um cérebro
de adulto em ponto reduzido, conforme Jean-Jacques Rousseau já afirmava, a
perceção e a lógica infantil deverá ser entendida como distinta e particular, e em
constante evolução (Piaget, 2007, 2010).
25
- Período das operações concretas ou conceptual, dos 7 até aos 11 ou 12 anos de
idade, no qual o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no
ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior dá lugar, progressivamente,
à capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista
diferentes (próprios e do outro) e de integrá-los de modo lógico e coerente. Emerge
a capacidade de interiorizar as suas ações, ou seja, a criança começa a realizar
operações mentalmente e não apenas através de ações físicas da inteligência
sensório-motor, principalmente relacionados com objetos ou situações passíveis de
serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.
- O último período é o das operações formais, por volta dos 11/12 anos de idade até
à vida adulta, no qual a criança consegue raciocinar sobre hipóteses, na medida em
que é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e, através deles, executar
operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Adquire a capacidade de
construir ideias e hipóteses do seu próprio pensamento, ajuizando condutas morais
e sistemas sociais. No final deste período, adquire o seu padrão intelectual que irá
persistir durante a idade adulta.
26
pensamento infantil encontram-se na fronteira da teoria do conhecimento, da lógica
teórica e de outros ramos da filosofia.
27
diferentes pessoas. A evolução da energia e da matéria percorre um ciclo perpétuo
em que os mundos, as civilizações e as pessoas podem ser semelhantes, mas
sempre diferentes.
O que nos importa é, apenas, referir a noção do retorno, a sua importância nas
conceções filosóficas e, simultaneamente, no imaginário e na história humana.
28
3. Técnicas de ilustração
3.1. Acrílico
A pintura acrílica tem apenas uma breve história em comparação com outros meios
de comunicação de artes visuais, como a aguarela e o óleo.
Em 1934 foi desenvolvida uma resina acrílica, à base de polímero, pela companhia
quimica Alemã Badische Anilin und Soda-Fabrik (BASF), patenteada pelo fabricante
Rohm and Haas, porém só em 1940 é que esta tinta sintética foi usada.
A tinta acrílica entrou no mercado inicialmente como tinta imobiliária, mas graças aos
seus diversos benefícios, como o tempo de secagem em oposição à tinta a óleo, o
facto de possuir um odor menos intenso e não causar tantos danos à saúde por não
possuir metais pesados, chamou a atenção dos pintores. Na década de 1949, os
artistas começaram a usar esta tinta, descobrindo que esta tinta sintética era muito
versátil e possuía um grande potencial.
9
Fabricante de tinta acrílica e materiais para pintores e artistas profissionais.
29
1963, a Liquitex criou uma vasta gama de cores em tubos mais espessos, atraindo
muitos artistas proeminentes, tanto nos Estados Unidos como em Inglaterra.
Desenvolveram ainda o primeiro acrílico brilhante e médio mate.
Figura 1 e 2 – Andy Warhol, Colored Campbell´s Soup Can, acrílico, tinta spray e tinta silkscreen,
1965 [esquerda (esq.)]. David Hockney, Three Chairs with a Section of a Picasso Mural ou Rocky
Mountains, acrílico, 1970 [direita (dir.)].
http://www.learn.columbia.edu/warhol/campbells/
http://www.hockneypictures.com/works_paintings_70.php
Para muitos artistas contemporâneos, a tinta acrílica tornou-se o veículo perfeito pois
oferece uma vasta gama de possibilidades, podendo produzir tanto os efeitos
suaves da tinta aguarela, como os efeitos agudos da tinta a óleo, introduzindo o
acrílico em camadas. Os trabalhos de artistas como Andy Warhol (1928-1987), com
a sua obra Campbell Soup Can ou Little Electric Chair (orange); David Hockney
(1937) com os seus trabalhos Three Chairs with a Section of a Picasso Mural ou
Rocky Mountains and Tired Indians, demonstram a versatilidade desta técnica. O
pintor Jackson Pollock (1912-1956) utilizava a tinta acrílica tal como saía dos tubos,
para obter novas texturas e diversas expessuras, enquanto que o pintor Morries
Louis (1912-1962) diluía com grandes quantidades de água para pintar grandes
telas.
30
secagem, as quais são essencialmente produzidas pelas empresas Golden e
Chroma.
Figura 3 e 4 – Loren Long, The day the animals came: A Story of Saint Francis Day, acrílico, 2003
(esq.). David T. Wenzel, Fuzzy Animal Express, acrílico, s/d (dir.).
http://www.artistsnetwork.com/wp-content/uploads/tam_oct11_long6.jpg?d52c10
http://www.childrensillustrators.com/portfolioIllustrations/15507.jpg
3.2. Aguarela
31
A aguarela é uma técnica muito antiga, supondo-se que tenha sido utilizada em
pinturas rupestres durante o período paleolítico. O primeiro uso documentado de
aquarelas vem do antigo Egito, através de ilustrações de cenas de túmulos egípcios
em papiro, datadas do segundo milênio antes de Cristo.
Na época do renascimento, a aguarela não era aceite como uma forma de arte, era
considerada secundária. Os artistas utilizavam-na somente como aguada para
fazerem os esboços das pinturas principais.
Albrecht Dürer (1471-1528) foi um dos primeiros a usar a aguarela como uma
técnica artística e não apenas como um meio de estudo. Dürer pintou temáticas
como paisagem, botânica e fauna que deram grande notoriedade a esta técnica
tendo contribuído para um grande impulso na sua aceitação.
Figura 5 e 6 – Albrecht Dürer, The Wing of a Blue Roller, 1512, aguarela e guache sobre pergaminho
(esq.). Albrecht Dürer, Great Piece of Turf, 1503, aguarela e bico de pena sobre papel (dir.).
http://lounge.obviousmag.org/quer_dizer/durer.jpg
http://www.arena.org.br/textos/imagens/durer.jpg
32
Figura 7 e 8 – Joseph Turner, Norham Castle, Sunrise, 1823, aguarela (esq.). Joseph Turner, A View
of the Archbishop’s Palace, Lambeth, (foi a primeira aguarela de Turner a ser aceite pela Royal
Academy’s annual exhibition, em Abril 1790) (dir.).
http://fr.wahooart.com/Art.nsf/O/8EWSJV/$File/William-Turner-Norham-Castle-on-the-River-Tweed.JPG
http://www.tate.org.uk/art/images/work/T/TW1/TW1075_9.jpg
10
Alina Chau, recebeu Master of Fine Arts (MAT) em Animação na Universidade da Califórnia, Los
Angeles, em 2001. Produziu e animou três curtas-metragens de animação independentes; tem mais
de oito anos de experiência em produção nas indústrias de animação e jogos, com créditos de
produção (incluindo títulos como Nárnia, Battlestar Gallactica, Silent Hill, Gears of War, The Incredible
Hulk, God of War, Medal of Honor, Sypro). Atualmente trabalha para LucasFilm como artista 3D.
Relativamente à ilustração infantil publicou diversos livros totalmente executados com aguarelas
detalhadas, como, The Treehouse Heroes: and the Forgotten Beast (2012) e Acquerello II (2012).
11
Tony Sandoval, nasceu no México, em 1973, é um escritor e um ilustrador de banda desenhada,
atualmente vive em Paris, França e trabalha para este mercado desde 2009. Os seus primeiros
trabalhos foram Blacky (2001) e Nocturno (2009), publicados com o seu irmão. Sandoval executa as
suas ilustrações com diversas técnicas mistas mas destacam-se as suas aguarelas soltas.
33
Figura 9 e 10 – Tony Sandoval, Claire, 2012, aguarela. (esq.). Alina Chau, Uh-Oh!, 2012, aguarela
(dir.).
http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/8f/a9/2f/8fa92f87637e6295cc724fbbc955c6ce.jpg
http://www.vegalleries.com/MMP/Alina%20Chau.jpg
3.3. Bordado
Presume-se que o bordado tenha surgido logo após a descoberta da agulha. Porém,
como o tecido é um material perecível, os bordados mais antigos não se
conservaram. Para conhecer a sua história é necessário recorrer à informação
disponibilizada em monumentos antigos, em cujos baixos-relevos, esculturas,
pinturas e gravuras são representados.
A partir do século VII surge no Ocidente um interesse pelo bordado que se torna
constante. Nos séculos seguintes, a sua prática intensificou-se, a ponto de abadias e
mosteiros se transformarem em verdadeiras oficinas de artesanato. No século XVI,
difundiu-se o costume de bordar cenas semelhantes a pinturas, reproduzindo temas
religiosos e históricos. Neste mesmo século, Itália era o centro de todas as artes e
os bordados italianos serviam de modelo para toda a Europa. O bordado, que até
então era plano ou em relevo, tornou-se recortado e rendado, dando origem às
rendas. Na Renascença, o bordado assumiu a condição de artesanato puramente
decorativo, não se limitava a ornamentar as vestes religiosas e civis, estendendo-se
à decoração de interiores, tapeçaria, estofos para móveis, entre outros.
34
Em 1829, Barthélemy Thimonnier, alfaiate francês, inventou a primeira máquina de
bordar funcional que não causava danos no tecido. No final do século XIX com o
desenvolvimento das máquinas de costura, o bordado à máquina, de execução
rápida, começa a competir com o trabalho manual, de execução lenta. A
industrialização acelerada gerou um movimento de reação que pretendia retomar o
valor do trabalho manual, a marca do artesão e a qualidade de acabamento, em
contrapartida ao excesso de produtos industrializados que invadiu o mercado
europeu da época. Movimentos como o Arts and Crafts12, permitiram revitalizar o
bordado manual, contra os estilos que foram desenvolvidos pela máquina de
produção. De acordo com Tomás Maldonado13, o Arts & Crafts foi uma importante
influência para o surgimento posterior da Bauhaus, que assim como os ingleses do
século XIX, também acreditavam que o ensino e a produção do design deveria ser
estruturado em pequenas comunidades de artesãos-artistas. Assim, no século XX,
Bauhaus fundada pelo arquitecto alemão Walter Gropius (1883-1969), herda a
reação gerada no movimento de William Morris contra a produtividade anónima dos
objetos da revolução industrial.
12
Arts and Crafts foi um movimento estético e social inglês, da segunda metade do século XIX, que
defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa. Conduzido
por teóricos e artistas, sendo o principal líder do movimento, o artista e escritor William Morris (1834-
1896) durante a década de 1860 que foi inspirado pelos escritos de John Ruskin (1819-1900) e
Augustus Pugin (1812-1852). O movimento procurava revalorizar o trabalho manual e recuperar a
dimensão estética dos objetos produzidos industrialmente para uso quotidiano.
13
Tomás Maldonado, nasceu a 25 de Abril de 1922, em Buenos Aires, Argentina. É um pintor,
designer, filósofo e professor. Foi um dos fundadores do Movimiento de Arte Concreto, e ainda, é
considerado um dos mais importantes teóricos do design industrial.
14
Cfr., v.g., as obras de Inês, M. (2015) Presente. Lisboa: Pé-Coxinho; e, ainda, da mesma autora
(2015) Bilhete Postal. Lisboa: Pé-Coxinho.
35
Propõe-se para o trabalho prático da presente dissertação criar uma página inteira
bordada tendo como base os trabalhos da artista brasileira Cora, onde executa
maioritariamente a sua ilustração com bordado e pequenos apontamentos de
caneta.
Figura 11 e 12 – Daniela Murgia, Who are you, that iam not, técnica mista com colagem e costura,
2012. (esq.). Cora, Suéter, costura e caneta, 2014 (dir.).
http://www.lefiguredeilibri.com/wp-ontent/uploads/2011/11/Daniela_Murgia1.jpg
http://photos-f.ak.instagram.com/hphotos-ak-xfp1/10518186_708797835847797_2017949917_n.jpg
3.4. Colagem
O primeiro registo da técnica de colagem remonta à China antiga, por volta de 200
a.C.. Tornou-se popular com artistas de caligrafia no Japão, no século X e só surgiu
na Europa medieval durante o século XIII.
No início do século XX, a colagem tornou-se uma forma de arte, durante o período
cubista15 onde se destacam os artistas Pablo Picasso (1881-1973) e Georges
Braque (1882-1963). O primeiro uso da colagem na arte surge com Picasso em
15
Pablo Ruiz Picasso, pintor espanhol naturalizado francês, e Georges Braque, pintor e escultor
francês, fundaram o movimento artístico Cubismo, entre 1907 e 1914, em Paris. Pablo Picasso deu
um passo decisivo na instituição de uma nova crença, a de que o produtor artístico deve sempre
adicionar algo novo ao real, e não meramente reproduzi-lo. A partir de então o artista é livre, inclusive,
para escolher outros materiais que não os convencionais, complementando meios como a pintura e a
escultura com colagens e outros artefatos.
36
1912, na obra Still Life with Chair Caning, na qual incorporou na sua pintura, tecido
que simulava um padrão de cadeira de palha e colou uma corda na borda da tela
oval, de modo a formar uma moldura.
Outros artistas notáveis que foram pioneiros desta técnica foram Henri Matisse
(1869-1954), Kurt Schwitters (1887-1948), e Robert Motherwell (1915-1991).
Figura 13 e 14 – Pablo Picasso, Still-Life with Chair-Caning, 1912, Museu Nacional Picasso, Paris
(esq.). Georges Braque, Fruit Dish and Glass, técnica mista (colagem e carvão sobre papel), 1912
(dir.).
http://www.marin.edu/art107/images/PicassoStillLifeChairCaning.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/63/Braque_fruitdish_glass.jpg
37
Figura 15 e 16 – Eric Carle, cover of the book The Very Hungry Caterpillar, 1969 (esq.). Chiara Carrer,
O circo de Berta, 2014 (dir.).
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b5/HungryCaterpillar.JPG
http://www.ionline.pt/sites/default/files/styles/625x350-
imagem_interior/public/imagem_chiara_carrer_circo_8.jpg?itok=uohRGj9n
Esta técnica, sendo realizada num suporte virtual, permite-nos ilustrar em diversos
tamanhos porém, a dimensão do ecrã do computador não pode ser alterada, ou
seja, tem que ir adaptando a visão e a escala do suporte. Esta técnica também nos
permite animar com facilidade qualquer número de desenhos executados.
Existem programas específicos para executar esta técnica de desenho, como por
exemplo, o Adobe Photoshop e o Corel Draw. Nestes tipos de programas existem
vários instrumentos, que não existem para as técnicas tradicionais.
16
Ricardo Cabral nasceu em Lisboa, em 1979, é atualmente um ilustrador “freelancer" e é um dos
artistas residentes no The Lisbon Studio, coletivo de autores de banda desenhada, profissionais da
animação, ilustradores, argumentistas e realizadores que partilham um ateliê em Lisboa. Licenciado
em Pintura, pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, em 2005, conta com um vasto
currículo com diversos trabalhos publicados como ilustrador.
38
ilustrações em desenho digital. Quando ilustra alguma história direcionada para um
público infanto-juvenil, executa primeiramente as personagens utilizando plasticina,
cria um fundo, tira uma fotografia e essa é a sua base de trabalho para as suas
criações a nível digital, onde cria os contrastes luz/sombra, preto/branco até ao
ínfimo pormenor.
Figura 17 e 18 - Moldes de plasticina realizados para o livro Uma Baleia no Quarto (esq.). Página do
livro Uma Baleia no Quarto que também foi capa do mesmo, Ricardo Cabral, 2012, Digital (dir.).
http://ricardopereiracabral.blogspot.pt/
https://c1.staticflickr.com/9/8346/8229476375_6c705e8089_z.jpg
3.6. Fotografia
17
Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) foi um inventor francês e o autor da imagem fotográfica mais
antiga que conhecemos, feita em 1826 ou 1827, sobre uma placa de estanho sensibilizada com sais
de prata.
39
Figura 19 e 20 – Câmara de Niépce, 1816 (esq.). Niépce, Vista da janela em Gras, 1827 (dir.).
http://www.aloj.us.es/galba2/TESIS/CAPITULO1/ILUSTRACIONES/ilustracI4/niepce/20.jpg
http://achfoto.com.sapo.pt/hf_6-2_fig29-niepce-1827.jpg
Figura 21 e 22 – Câmara de Daguerre, 1837 (esq.). Daguerre, Paris Boulevard, 1839 (dir.).
http://www.iapp.de/krone/timeline/Bilder/dag_camera.gif
http://achfoto.com.sapo.pt/hf_6-2-fig31-daguerre-1838.jpg
18
Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) foi um pintor, cenógrafo, físico e inventor francês,
tendo sido o autor da primeira patente para um processo fotográfico, o daguerreótipo (1835), que
resolvia o problema da fixação da imagem.
40
Verifica-se no final do século XIX, uma evolução colossal. Em 1871, o tempo
necessário para registar imagens fotográfica foi reduzido com a introdução de placas
de brometo de gelatina conserváveis (gelatina seca), pelo médico e microscopista
inglês Richard Leach Maddox. Esta invenção foi mais tarde aperfeiçoada nos anos
seguintes por John Burgess, Richard Kennett e por Charles Harper Bennet. Em
1861, é produzida a primeira fotografia colorida pelo cientista escocês James Clerk
Maxwell (Dalley, 2003).
Em 1975, foi criada a primeira câmara digital por Steve Sasson, engenheiro da
Kodak, que não deu seguimento ao projeto, arquivando-o. Foi a primeira vez em que
o sensor CCD19 foi utilizado. A imagem era gravada numa fita de cassete que, ao ser
colocada num reprodutor portátil, transmitia-a para um computador que, por sua vez,
retransmitia essa imagem para uma TV. Foi apenas em 1990 que a empresa
Logitech, que atualmente fabrica acessórios para computador, lançou a Dycam
Model I, também conhecida como Fotoman. Dycam Model I foi a primeira câmara
digital comercializada que gravava as imagens em arquivos já computadorizados.
A fotografia é, por si, um meio de representação, e tal como uma ilustração, tem
natureza autoral, é também uma arte e, em muitos casos, um meio de expressão.
Nos anos 80, era comum a utilização de fotografia na ilustração infantil, destacando
por exemplo um dos livros didáticos de Jean Tourane, ABC dos coelhinhos, entre
diversos animais representados. Porém, atualmente são raras as ilustrações infantis
com base fotográfica20, com exceção das enciclopédias ilustradas.
19
CCD ou dispositivo de carga acopolada (charge-coupled device) é um sensor semicondutor para
captação de imagens, formado por um circuito integrado que contém uma matriz de capacitores
acopolados.
20
Crf., v.g.: Cali, D. & Ninamasina (2012) Arturo. Lisboa: bruaá.
41
3.7. Linóleogravura
Esta técnica é mais recente do que a xilogravura devido ao material utilizado na sua
matriz, e foi muito utilizada pelos artistas modernos, como Picasso, que começou a
utilizar linóleo no final dos anos 1950 e início dos anos 60; e, Henri Matisse executou
mais de setenta obras com está técnica, entre 1938 e 1952 (Dalley, 2003).
21
Franz Cizek (1865-1946), foi um pintor e professor austríaco. Fundou em 1897, a primeira escola
de arte para crianças, até 1938, durante esse período, observou e estudou milhares de trabalhos, e
descobriu as leis permanentes que regem a actividade criadora da criança. Assim, concebendo uma
nova pedagogia, o Ensino pela Arte (Cizek, 1910).
42
Figura 23 e 24 – Picasso, Toros en Vallavris, 1954, não numerada serie de 100 (esq.). Henri Matisse,
“Pasiphae”, 1981, nº 38/100 (dir.).
http://www.aulafacil.com/grabado/cursodeiniciacionalgrabado/grabadopicassotoros.jpg
http://www.picassomio.es/henri-matisse/72430.html
22
A literatura de cordel é uma expressão literária popular, que remonta ao século XVI, quando o
Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no
Brasil. Caraterizada essencialmente pela sua estrutura narrativa, composição em versos e impressão
em pequenos folhetos de papel jornal ilustrados com xilogravuras, com o objetivo de posteriormente
serem declamadas nas feiras públicas, para conquistar os possíveis compradores. Esses folhetos
normalmente são expostos em cordas, por isso a denominação "literatura de cordel".
43
Figura 25 – Lottie Pencheon, Dog and Cat's Agreement, Linóleo.
https://m1.behance.net/rendition/modules/11005125/disp/8ad178c6393346b93a9140374e4c40ba.jpg
O uso da tinta como meio artístico foi desenvolvido somente entre os séculos VII e
VIII, na China. Diversas temáticas como a religião, história e vida quotidiana foram
ilustradas, usando pincéis feitos de pêlo de animais e penas, aplicados em
pergaminhos de papel ou folhas de seda, estas obras de arte detalhadas foram
precursoras para o desenvolvimento de desenhos a caneta e tinta (Smith et al.,
2000). Durante o período Renascentista, aproximadamente entre fins do século XIV
e início do século XVII, foram desenvolvidas novas ferramentas para melhorar o
44
detalhe e a precisão conferidos pela tinta, tais como canetas de madeira e
fragmentos de metal afiados (metalpoint).
A tinta tem sido usada durante séculos, para criar composições meticulosas. Como a
execução de diagramas realistas sobre anatomia, que fomentou aos primeiros
médicos o estudo do corpo humano, tais como, Michelangelo (1475-1564) e André
Vesalius23 (1514-1564) (Stanyer, 2003).
Figura 26 e 27 – Leonard da Vinci, Landscape, caneta sobre papel, 1473 (esq.). Nicolas Poussin,
Bacchanal, caneta e tinta castanha, 1635-36 (dir.).
http://www.italian-renaissance-art.com/images/Landscape-early-leonardo.jpg
http://www.metmuseum.org/toah/images/h2/h2_1998.225.jpg
Foi também, utilizada como um meio artístico por diversos mestres, como Rafael,
Rembrandt e Picasso, pois era um meio versátil que fornecia um registo
permanente, uma declaração artística. Porém, exigia ao artista bastante prática e
23
André Vesalius ou Andreas Vesalius foi considerado o maior anatomista da sua época. Dissecou
cadáveres durante anos, em Pádua, e descreveu detalhadamente as suas descobertas. Publicou a
obra De Humani Corporis Fabrica, publicado em Basileia em 1543, foi o primeiro texto anatómico
baseado na observação direta do corpo humano e não no livro de Galeno (129-216), De usu partium
corporis humani libri XVII, com dezassete volumes, baseados em macacos visto que a dissecação
humana não era permitida no seu tempo.
24
Nicolas Poussin foi um pintor francês, um dos maiores representantes do classicismo do século
XVII, trabalhou quase exclusivamente em Roma.
25
Honoré-Victorien Daumier, foi um caricaturista, escultor, pintor e ilustrador francês. No século XIX
foi designado como o "Michelangelo da caricatura", atualmente é considerado um dos mestres da
litografia e um dos pioneiros do naturalismo.
45
perfeição na sua execução, era bastante comum utilizarem este meio para executar
estudos.
3.9. Pop-up
Figura 28 e 29 – Capa do livro Cosmographia Petri Apiani, Petros Apianus, 1564 (esq.). Página do
livro Cosmographia Petri Apiani com parte movível (dir.).
http://library.lehigh.edu/omeka/archive/files/3b2166d79efafb2c8e9e908760749613.jpg
http://4.bp.blogspot.com/_FIyQ_2hpRCs/TP1PrtH6WoI/AAAAAAAAC_s/5jyQJ39vnpM/s1600/6a01156f7ea6f7970
b0120a6bdfce9970b-800wi.jpg
46
Até ao princípio do século XIX os livros eram somente para adultos, só mais tarde
surgiram como um entretenimento para as crianças.
Em 1929, com a primeira publicação do livro Daily Express Children's Annual (Figura
30) produzido por Louis Giraud and Theodore Brown, dá-se uma inovação, o pop-up,
o livro que permite ao leitor observar uma ilustração em 3D e a 360º. Contudo,
somente em 1930, é que o termo pop-up é mencionado, por Harold Lentz, para
descrever as ilustrações movíveis.
Figura 30 e 31 - Capa do primeiro livro Daily Express Children's Annual, Louis Giraud e Theodore
Brown, 1929 (esq.). Um de diversos pop-ups presentes no Daily Express Children's Annual nº4 (dir.).
http://www.library.unt.edu/rarebooks/exhibits/popup2/IMAGES/dailytitlebig.jpg
http://p2.la-img.com/642/23639/8417609_1_l.jpg
3.10. Scratchboard
26
Virgil Finlay (1914-1971) foi um ilustrador americano de ficção científica, fantasia e terror. Finlay
criou mais de 2500 desenhos meticulosamente detalhados, utilizando uma técnica complexa que
envolvia colocar tinta preta em scratchboard branco e, em seguida, raspar áreas selecionadas.
47
Figura 32 e 33 – Virgil Finlay. The Hairy Ones Shall Dance, 1937. Caneta e tinta em suporte
scratchboard (esq.). Virgil Finlay, The Conquest of the Moon Pool, 1948, Caneta e tinta em suporte
scratchboard (dir.).
http://2.bp.blogspot.com/-
VBlPtJgcC1U/TchpPV4enuI/AAAAAAAAAhc/FFvzts6FgQ0/s1600/XXX_140L_Virgil_Finlay_The_Hairy_Ones_Sh
all_Dance.jpg
http://img-fotki.yandex.ru/get/6313/23429204.1d8/0_73aaa_3e737f17_XXXL.png
O scratchboard é composto por um cartão duro coberto com argila branca lisa ou
gesso, que pode ser revestida com uma fina camada de tinta-da-china ou guache.
Para chegar ao painel coberto com gesso, utilizam-se facas e outras ferramentas
afiadas, por forma a obter resultados como imagens com sombras, texturas ou
mesmo cor.
27
Beth Krommes, nasceu em Emmaus, Pennsylvania, 1956. Obteve o grau de Bachelor of Fine Arts
em pintura pela Universidade de Syracuse e o Master of Fine Arts em arte-educação pela
Universidade de Massachusetts em Amherst. Também frequentou durante um ano a escola de St.
Martin of Art, em Londres. Já trabalhou como professora numa escola pública de arte, foi gerente de
uma loja de artesanato e foi diretora de arte de uma revista informática. Desde 1989, trabalha como
48
Figura 34 e 35 – Beth Krommes, Hidden folk, scratchboard e aguarela (esq.). Beth Krommes, Song in
the bird, scratchboard e aguarela (dir.).
http://2.bp.blogspot.com/-4gXdn8SwtR4/T1EZosFnwdI/AAAAAAAAA9w/gcoMjg6C1t4/s1600/KrommeFolk.jpeg
http://3.bp.blogspot.com/-GH2zwlmUjzE/T1EaeFu1rMI/AAAAAAAAA-I/qdD0JACNU3c/s1600/Krommes3.jpeg
3.11. Stencil
Figura 36 – A caverna intitulada de El Castillo, no Norte de Espanha, com mais de 40.800 anos, é
considerada a arte mais antiga que se conhece.
http://news.nationalgeographic.com/news/2012/06/120614-neanderthal-cave-paintings-spain-science-pike/
No Antigo Egito, foram usados stencils para a decoração de túmulos, com motivos
como hieróglifos, figuras humanas e animais, colocados em torno das arestas
ilustradora a tempo inteiro, tendo-se dedicado nos últimos quinze anos essencialmente aos livros
infantis.
49
exteriores. Eram pintados com cores vibrantes fortes, essencialmente com as
tonalidades de óxido vermelho e amarelo ocre.
Nos anos 600, ainda na China, começaram a surgir desenhos mais complexos e a
aplicação desta técnica para decoração de tecido, embora com o uso de poucas
cores. Porém, foi no Japão, que a técnica do stencil sobre o tecido se aperfeiçoou
com a introdução de uma primeira máscara lavável e, consequentemente,
reutilizável. O papel recebia, antes de ser entalhado com o motivo desejado, um
tratamento especial com sumo de caqui, que o deixava impermeável (Sterbenz,
2011).
Na modernidade, nas ilhas Fiji foram usadas como stencil folhas de bambu e cascas
de bananas. As mesmas eram cortadas em formas geométricas e posteriormente
era pressionado um corante vegetal através do orifício, para decorar vestuário e
têxteis.
28
Cut-out é um recorte de algo, feito com tesoura, sobre folhas coloridas. No final da sua vida, Henri
Matisse desenvolveu bastante esta técnica e segundo ele, o cut-out é uma técnica de “desenho com
tesouras”.
50
Figura 37 e 38 – Padrões Kanathea, Vuna, Taveuni, em casca de banana, entre 1914 e 1920 (esq.).
André Marty, Art Deco Rose Book Illustration Diademe de Flore, Ponchoir, 1930 (dir.).
http://mp.natlib.govt.nz/detail/?id=27702&l=en
http://ecx.images-amazon.com/images/I/514T8g5qcrL._SY450_.jpg
Na década de 1920, em França, era bastante popular a utilização stencil como forma
de ilustração nos livros, a técnica estava no auge da sua popularidade. André Marty
(1882-1974), Jean Saudé29 e muitos outros artistas em Paris, especializaram-se
nesta técnica. Em França, mencionavam o processo de stencil Pochoir, uma técnica
de estamparia por impressão, a partir da confeção de matrizes de modo artesanal,
que possibilita o desenvolvimento de um estampado em diversas cores, a um custo
muito menor. O processo Pochoir era frequentemente usado para criar impressões
de cor intensa e é frequentemente associado com Art Nouveau e Art Deco design.
29
Em 1925, Jean Saudé publicou Traité d'enluminure d'art au pochoir, um guia sobre a técnica de
pochoir.
51
Figura 39 e 40 – Banksy, Girl and a Soldier, stencil, Israel, 2007 (esq.). VHILS (Alexandre Farto) e
Pixel Pancho, stencil, Jardim do Tabaco em Lisboa, 2013 (dir.).
https://occupiedterritories.files.wordpress.com/2008/11/img_0396.jpg
http://thevandallist.com/wp-content/uploads/2013/11/vhils-1.jpg
Figura 41 e 42 – Canto I, parede situada na avenida da Índia em Lisboa, 2013 (esq.). Obra Os
Lusíadas lançada pela revista Visão, adaptada por José Luís Peixoto e ilustrada pela dupla
ARMcollective (dir.).
https://www.google.pt/search?q=livro+lusiadas+da+vis%C3%A3o&biw=1366&bih=609&source=lnms&tbm=isch&
sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIiuaPpNX7xgIVyz8UCh0u2gne&dpr=1#tbm=isch&q=livro+lusiadas+da+revist
avis%C3%A3o&imgrc=VMZhSfNFXD6b9M%3A
http://a403.idata.over-blog.com/4/58/86/42/Photos-d-article/Capture.PNGl1.PNG
52
Apesar de parecer existir pouca utilização desta forma de arte na ilustração infantil, o
seu incremento parece-nos ser uma forma de demonstrar às crianças, e de quebrar
o estigma, que o stencil não é somente aplicado nas paredes, sendo igualmente
uma técnica de arte que requer prática como as restantes.
Esta técnica refere-se a uma obra de arte visual que combina vários tipos de
materias e suportes, tradicionalmente distintos entre si.
O uso deste termo começou por volta de 1912, com as colagens cubistas e a arte de
Pablo Picasso e Georges Braque. O movimento artístico cubista surge no século XX,
quebrando com o paradigma da pintura tradicional e rompendo com os padrões
estéticos que primavam pela perfeição das formas na procura da imagem realista da
natureza. A principal caraterística do cubismo é a captação do espaço por diversos
ângulos ao mesmo tempo, minimizando a necessidade de haver fidelidade com a
realidade. O próprio Georges Braque afirmava: “Não se imita aquilo que se quer
criar”. Além da preponderância das formas geométricas, também podemos citar
como caraterística do cubismo, o uso de luz e sombra. Pablo Picasso, considerado
um dos pais deste movimento, cria em 1912 a sua primeira técnica mista, Still Life
with Chair Caning, mencionada anteriormente na técnica de colagem.
No entanto, estes conceituados artistas não foram os primeiros a criar esta técnica
de arte. No final do século XV, importa destacar Leonardo da Vinci que, entre outras,
cria a obra Isabelle d'Este, onde utiliza carvão, giz preto e pastel. Este é um dos
primeiros exemplos conservados da técnica mista. No final do século XVIII, o poeta e
pintor inglês William Blake cria diversas obras executadas com técnica mista,
utilizando com maior frequência a aguarela para criar efeitos únicos. Estes e outros
artistas romperam com as regras antes aplicadas, permitindo-lhes experimentar com
diversos meios criando profundidade, contraste e detalhes que não estavam
disponíveis antes deles.
53
Figura 43 e 44 – Leonardo da Vinci, Isabelle d'Este, 1499 (esq.). William Blake, Oberon, Titania and
Puck with Fairies Dancing, aguarela e grafite sobre papel, 1786 (dir.).
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6f/Isabella_d%27este.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Oberon%2C_Titania_and_Puck_with_Fairies_Dancing._Willi
am_Blake._c.1786.jpg
30
Assemblages é o termo usado para definir colagens ou composições com objetos e materiais
tridimensionais.
54
Figura 45 e 46 – Sonja Danowski, Blueberry spots on the bed sheet, caneta, tinta e aguarela sobre
papel, 2012 (esq.). Diego Bianki, We are part of something much bigger I, caixas de fósforos e
acrílico, 2014 (dir.).
http://2.bp.blogspot.com/-NINrZGEhH58/Ud4BPMM8-PI/AAAAAAAALMk/qsOeYt7dZ34/s1600/39-sonja-
danowski.jpg
http://www.ilustrarte.net/imagens_comuns/selecionados2014/images/5-diego-bianki.jpg
55
CAPÍTULO II – TRABALHO PRÁTICO
1. Enquadramento
Sendo as ilustrações o ponto fulcral deste estudo, tem um maior destaque e impacto
do que o próprio texto, não só devido à diversidade de técnicas apresentadas (cfr.,
p.ex., Apêndices 1 a 3), mas também pela coerência da personagem principal ao
longo das mesmas. No que toca à função da imagem, segundo Camargo (1999),
aplicamos as seguintes funções à componente prática: função descritiva, narrativa,
simbólica, expressiva ou ética, metalinguística, estética e, por último, a função
lúdica, que se mantém presente tanto nas ilustrações, como no texto.
56
2. Processo criativo
2.1. Estratégia editorial
Uma das primeiras decisões tomadas no presente projeto foi delimitar o público-alvo,
visto já estar previamente demonstrado pela autora, o seu interesse em realizar um
trabalho de projeto sobre o tema da ilustração infantil, acompanhado por um livro
como objeto artístico. Este livro é destinado ao público infanto-juvenil, com idades
compreendidas entres os seis e os dez anos, que se encontra no Período das
Operações Concretas ou Conceptual, de acordo com Piaget, pois já demonstra
capacidade de interiorizar as suas ações.
2.2. Personagens
A personagem principal é uma rapariga que não tem nome, propondo assim ao leitor
com esta ausência a escolha inteiramente pessoal da criação de um nome,
permitindo uma maior aproximação e empatia com a personagem principal, sem
impor a priori algo que o mesmo poderá não associar.
Relativamente ao seu aspeto físico, tem cabelos ruivos curtos, possui sardas na
face, tem olhos grandes e castanhos e tem a idade coincidente com a do público-
alvo, porém não é específica. As suas roupas demonstram que é bastante feminina.
57
Figura 47 – Esboços iniciais com propostas para as duas mudas de roupa da personagem principal.
Somente uma personagem tem nome próprio, a Miquelina, que representa uma
“bibliotecária”, assumindo a figura convencional de “má” da história, de caráter
severo e disciplinador. Contudo, sendo bastante caricaturada, traz bastante sentido
de humor à história e permite também encaminhar para o desfecho pretendido.
31
Personagem criada por William Hanna e Joseph Barbera.
32
Personagem designada simplesmente por Mom, criada por David Feiss.
58
Figura 48 e 49 – Esboços da personagem “Mãe” com testes de cor e posições (esq.). Ama das
personagens dos desenhos animados Tom and Jerry (dir.).
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/4/40/Mammytwoshoes.jpg
Foi criado um texto original pela autora, baseado em estruturas de textos infantis em
prosa com rimas adequadas ao público-alvo, formadas por textos breves, com frases
que envolvem a sonoridade da palavra, rimadas e ritmadas, em que se dá ênfase ao
prazer da palavra, através da utilização de humor e situações do quotidiano.
O título desta obra, O Portal, deve-se a diversas razões: por ser o fio condutor de
toda a trama da narrativa; um elemento constante nas ilustrações; algo que suscita
curiosidade pelo facto de ser desconhecido e também por ser algo que ainda é
incógnito e ficcionável.
2.4. Ilustrações
33
É um guia visual organizado em sequência, acompanhado com indicações ou informações técnicas
e sonoras. O storyboard no geral, é composto por desenhos rápidos pouco detalhados, sendo o mais
objetivo possível (Hart, 2013).
59
Tendo como base o storyboard, iniciou-se o processo de desenvolvimento das
ilustrações, fazendo corresponder cada spread34 a uma das técnicas referenciadas.
Figura 50 e 51 – Esboço inicial para a página executada em técnica mista, carvão e aguarela (esq.)
Primeira fase para a página executada em acrílico (dir.).
34
Spread é um termo das artes gráficas que se refere a páginas espelhadas ou consecutivas.
60
Figura 52 – Primeiro teste de linóleo.
2.4.1. Cores
A capa (Apêndice 10) deste livro é bastante clean35, ou seja, contém pouca
interferência. Contém somente o necessário, a personagem principal e o título da
obra, sendo desta forma mais simples a sua apreensão. O branco e o azul são as
cores predominantes. A contra-capa (Apêndice 11), mantém a mesma coerência,
apenas com um detalhe presente no canto inferior esquerdo.
35
O termo “clean” é bastante utilizado no meio do Design. No presente trabalho este termo refere-se
à capa que contém um design mais limpo, com menos elementos.
61
principal, que é destacada não só pela sua cor forte, o vermelho, que contrasta com
a ausência de cor do spread, como pela apresentação à direita da página,
pretendendo captar imediatamente a atenção do leitor. As guardas são
apresentadas segundo a ordem de apresentação das personagens, com excepção
da primeira página, por razões de destaque como mencionado previamente.
36
Time loop é um enredo comum na ficção científica, especialmente em universos onde a viagem no
tempo é comum, onde um determinado período de tempo, como algumas horas ou dias, se repetem
várias vezes. Quando o tempo se reinicia, as memórias da maioria das personagens são
restabelecidas e comportam-se como se não soubessem que os eventos se repetiam. O enredo pode
ter uma ou mais personagens centrais que se tornam conscientes da repetição, por vezes através de
déjà vu.
62
3. Produção
3.1. Tipografia
A tipografia presente na capa e na folha de rosto foi realizada à mão, pela autora da
presente dissertação, sendo executada primeiramente com meios riscadores e
finalizada com meios digitais.
O texto apresenta-se num tipo de letra serifado, desenhado por Jeffrey Rusten em
1998, com o nome AthenaUnicode. Os excertos de texto apresentados nas páginas
são alinhados à esquerda e são apresentados na página direita com exceção da
ante-penúltima página, na qual se apresentam à esquerda e com a perspetiva
oposta à página inicial. Relativamente ao tamanho da letra apresentado, escolhemos
o tamanho vinte seis, permitindo uma mancha gráfica coerente com a ilustração,
visualmente apelativa e de fácil visualização para o leitor.
3.2. Numeração
A numeração de página foi realizada durante a execução das ilustrações, pois cada
número está inserido e em constante comunicação com a ilustração ou até mesmo,
com a personagem. A única exceção de numeração é correspondente à página 21,
referente à técnica de fotografia, na qual está omissa intencionalmente, criando um
jogo entre a ilustração e o leitor, que poderá querer descobrir algo que não está
implícito.
3.3. Acabamentos
As dimensões do livro são 20,5 cm altura, por 22,5 cm de largura. Este formato
permite uma boa manuseabilidade e domínio do livro por parte do público infantil
estipulado.
O livro é impresso em papel Couché de 200g, composto por três cadernos cozidos à
linha, perfazendo trinta e quatro páginas,.
63
A capa do livro é cartonada. A paleta cromática é de 4/4 a mate, pois com brilho
pode refletir luz e distorcer a ilustração apresentada na capa.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
66
BIBLIOGRAFIA
American Psychological Association. (2010). Publication manual of the American
Psychological Association (6th ed.). Washington, DC: APA.
Alves, J., et al. (1997). Cores para o Futuro: Ilustração infantil e juvenil Portuguesa.
Lisboa: Portugal-Frankfurter 97.
Blake, Q. (2003). Children’s book illustration today. London: The British Library.
Burnet, J. (1908). Early Greek Philosophy. London: Adam and Charles Black.
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71
APÊNDICES
72
Apêndice 1 - Aguarela
73
Apêndice 2 - Lápis de cor
74
Apêndice 3 - Colagem
75
Apêndice 4 - Acrílico
76
Apêndice 5 - Fotografia
77
Apêndice 6 - Bordado
78
Apêndice 7 - Pop-up
79
Apêndice 8 - Técnica Mista
80
81
Apêndice 9 - Meios Digitais
82
Apêndice 10 - Capa
83
Apêndice 11 - Contra-capa
84
Apêndice 12 - Linóleogravura
85
Apêndice 13 - Meios riscadores
86
Apêndice 14 - Primeira e Última Guarda
87
Apêndice 15 - Folha de Rosto
88
ANEXOS
89
Anexo 1 - Ilustração de François Chauveau (1613-1676) para o livro Fables de La
Fontaine, 1668.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chauveau_-_Fables_de_La_Fontaine_-_02-
02.png
90
Anexo 2 - Páginas 1 e 3 do livro Orbis Sensualium Pictus, 1658, gravura.
https://www.google.pt/search?q=Orbis+Sensualium+Pictus&tbm=isch&tbo=u&source
=univ&sa=X&ei=T7huU9SBJY6Y1AXe3oDICQ&ved=0CCsQsAQ&biw=1252&bih=52
8#facrc=_&imgdii=_&imgrc=sIXCH0IGuSmItM%253A%3BOU8qE7zRzv9gcM%3Bhtt
p%253A%252F%252Fdaddytypes.com%252Farchive%252Forbis_pictus_invite.jpg%
3Bhttp%253A%252F%252Fdaddytypes.com%252F2013%252F05%252F28%252For
bis_sensualium_pictus_the_first_picture_book_for_kids.php%3B537%3B581
91
Anexo 3 - Robin Hood: A collection of all the Ancient Poems, Songs and Ballads,
now extant, relative to that celebrated Outlaw, 1795.
http://www.nottsheritagegateway.org.uk/people/robinhood/ritsons-robin-hood.jpg
http://d.lib.rochester.edu/sites/default/files/imagecache/large/beguy.jpg
92
Anexo 4 - The Tale of Peter Rabbit, 1893.
http://www.asahi-net.or.jp/~ck4y-kwn/0000pivately_second.jpg
93
Anexo 5 - Alice’s Adventures in Wonderland, 1865.
http://www.the-office.com/bedtime-story/alice-tennile-1884.jpg
94
Anexo 6 - Ilustração de Enrico Mazzanti para a primeira edição The Adventures of
Pinocchio, em 1883.
http://italophiles.com/images/145.jpg
95
Anexo 7 - Primeiro capítulo Adventures of Pinocchio na revista italiana Giornale del
bambini.
http://www.indire.it/immagini/immag/aaalgi/gipba1881a1n1-3.jpg
96
Anexo 8 - Exemplo de ilustração descritiva. Ilustração científica de Kelly McLeod.
https://m2.behance.net/rendition/pm/6034113/disp/3ccce93375fee8c076457e3a1d53
ab5e.jpg
97
Anexo 9 - Exemplo de ilustração narrativa. Hobo,
ilustração de Norman Rockwell, 1924.
https://s-media-cache-
ak0.pinimg.com/236x/8f/b2/51/8fb251e19e24c6e88e5e8172e398c4cf.jpg
98
Anexo 10 - Exemplo de ilustração simbólica. This is San Francisco, Miroslav Sasek,
2003.
http://ecx.images-
amazon.com/images/I/51Em%2Bvzt9QL._SY344_BO1,204,203,200_.jpg
99
Anexo 11 - Exemplo de ilustração expressiva ou ética. The Way I Feel, Janan Cain,
2000.
http://ecx.images-amazon.com/images/I/51M94VY9TEL._SL500_AA300_.jpg
100
Anexo 12 - Exemplo de ilustração metalinguística. Calvin and Hobbes, Bill
Watterson, 1995.
http://vignette3.wikia.nocookie.net/candh/images/d/dd/The_Calvin_and_Hobbes_Ten
th_Anniversary_Book.gif/revision/latest?cb=20060317211040
101
Anexo 13 - Exemplo de ilustração estética. The Mixed-Up Chameleon, Eric Carle,
1988.
http://ecx.images-amazon.com/images/I/815hwriFp7L.jpg
102
Anexo 14 - Exemplo de ilustração lúdica. Children Make Terrible Pets, Peter Brown,
2010.
http://wowlit.org/wp-content/media/Children.jpg
103