A ascensão da Psicologia das Multidões (Barros e Josephson)

Terceira República na França

o Após Revolução Francesa
Duas repúblicas
Três monarquias constitucionais
Dois impérios

o Foi a mais duradoura antes da II G.M.

Iniciada como saída provisória
Dificuldades sobre quem assumiria trono

Relação com Comuna de Paris (1871)

Crise bonapartismo
Guerra franco-prussiana

Até séc. 17: polícia conjunto da org. política e

administrativa
A partir do séc 18: retração da polícia
o

Expansão de funções do Estado

o Como gerir conflitos sociais?

revolução?

o Como formar indivíduo?

Como formar e preparar elites?
Como preparar mão de obra?

o Combinação:
Igualdade formal (Direito e Cidadania)
 Principais ciências na Terceira República
o Direito em especial criminologia
o Medicina em especial medicina social
Cerne: disciplinamento e controle de corpos
Generalizar Estado

Estado, Ordem e ciência com foco na Medicina Social

Foco do Estado: contribuir para administração e controle das populações
o Aumento acelerado da população em espaços urbanos
o Industrialização e mercantilização aceleradas
o Massificação das revoltas populares urbanas
Anarquistas
Sindicatos
Partidos

o Tensão fundamental: prevenir resistência

Não apenas reprimir

o de onde sai verbo perturbar e substantivo turbulência

o muito
Origem da palavra tumulto

o
Dócil docere (ensinar)
Aquele que se deixa ensinar
Foco: educar o populacho intervindo no indivíduo

o Intervir sobre os corpos

 o Multidão ou turba sempre irracional
Porque desintegrava a ordem

o
populações
Por isso, social

Quem era Gustave Le Bon (Consolim)

Filho de agente de hipotecas em cidade no interior da França
o Pequeno-burguês
Buscava acesso a alta cultura
Dificuldades econômicas barrando

o Trajetória medíocre por instituições formadoras

medicina pobre)
Tenta falsificar certificado de conclusão
o Falso doutor mas sempre se apresentando

o
Independente de universidades
Contrário à especialização e profissionalização em instituições

o Pessimismo histórico e ênfase na

Com diploma fake: voluntário na guerra franco-prussiana de 1870

o Cirurgião-chefe / primeiros socorros
Primeiro livro de sucesso: fisiologia, higiene e medicina
Marca: divulgação vulgarizada do conhecimento

o Guerra e Comuna de Paris (1871)

Pessimismo quanto a evolução histórica
Livros eram fenômenos editoriais (algo que perdurou só em vida)
o Pequeno-burguês intelectual fora das universidades em expansão
Dependência de vínculos pessoais e contatos com editoras
Foco em sucesso editorial, mesmo se desprezado

o Comentarista de todos os assuntos

Higienismo, antropologia, psicologia social, física, tabaco etc.

Exemplo: Anos 1880: história das civilizações orientais

Financiado por um parente distante que virou presidente
o Enciclopédia ilustrada (história vulgarizada)
Ilustrações
Descrição naturalista e de passagens
Instituições políticas

o Dependência de relações pessoais e oportunismo

Reconhecimento na Psicologia francesa
Via contatos com grandes cientistas: especial Ribot
Via publicação em revistas de vulgarização
Via reforçar preconceitos do senso comum

Perspectiva histórica
o Evolução de um povo depende de elites (não do povo)
alfinetar elites

o Hereditariedade explica traços biológicos e psicológicos

É o que nivela ou limita evolução de povos
Povos inferiores e superiores
Grupos inferiores e superiores

o Inimigo da República
 Educação ou mérito não servem a república
Pois é tudo h

o Foco na estabilidade e coesão social

Crenças das grandes massas: estabilidade ou instabilidade
Homogeneidade intelectual e social garantem estabilidade
Movimentos coletivos produzem instabilidade: portanto problema

Concepção elitista de ciência social

o
o Ênfase no conhecimento in loco e na experiência vivida
Vivido é maior que livresco
o Saber científico: intuitivo e individualista
o Contra formas e trabalhos coletivistas

Le Bon e a Psicologia
Psicologia na França
o Inserida nas disputas da Terceira República após a Comuna

Católicos X Republicanos
Espirtualismo X Positivismo
Confessional X Laicidade
Etc.

o Psicologia como arma nas disputas ideológicas

o Psicologia até anos 1830: introspecção especulativa

Cousin: razão, memória, imaginação especulação introspectiva
Articulação com filosofia

o Psicologia a partir dos 1870: Psicologia Científica

Ribot: Psicologia experimental e baseada em fatos
(fisiológicos/patológicos)
o Institucionalização no ensino superior a partir dos 1880
Como projeto científico
Experimental, psicopatologia e psicofisiologia

Forte marca evolucionista

Influenciada pela medicina (em especial: medicina mental)

Ainda que com certos vínculos com a filosofia

o Crescente prestígio a partir dos 1890

Programa de pesquisa eclético
Relação entre filosofia e medicina
Explicar a vida pública a partir do indivíduo

Influência sobre diferentes áreas

Educação classificação estudantes
Criminologia origens do crime
o Italianos fisiologia
o Frances fisiologia, mas ambiente também
o Ribot/ Le Bon o efeito da hipnose
Influência dos outros é negativa

o Principais polêmicas / conceitos

Evolucionismo de Spencer
Inconsciente cerebral (fisiólogos e neurologistas)
Hereditariedade como fator fundamental
Hierarquia entre funções superiores e básicas
Superiores racionais
Inferiores afetivas
Patologia: perder vontade racional e regredir ao afetivo/instintivo
Afetivo mobiliza povo
Racional mobiliza elites
Principais heranças de Le Bon
o Liberalismo econômico
o Evolucionismo de Herbert Spencer
o Psicologia Científica de Ribot
o Conservadorismo de Taine

Principal produção: Psicologia Social

o
o Psicologia das multidões (1895)
o Psicologia do socialismo (1898)
o Psicologia Política e a defesa social (1910)
o Revolução Francesa e a psicologia das revoluções (1912)

Elementos gerais da obra de Le Bon

o
Fator racial impede evolução de povo
Meio é menos importante que biologia

Impossibilidade de civilizar colônias

o
O jeito é eliminar inferiores

o Raça: características biológicas/psicológicas estáveis de povo/nação

Países mais estáveis: síntese racial há mais tempo

Raças latinas são mais recentes por isso mais instáveis

o Multidão
Carga Pejorativa
Fim das grandes crenças que sustentam raça/civilização
Instabilidade produzida por decadência
 Carga Descritiva

o Indivíduo na multidão expressa sua raça

Quanto mais estável uma raça menos bárbara a multidão

A obra Psicologia das Multidões

Pré-introdução
Psicologia das Multidões: publicada em 1895

Perguntas importantes
o Por que civilização é decadente ou grandiosa?
Estabilidade ou instabilidade (lembrar: pergunta IMB)

o Que lições a Psicologia oferece para a condução da vida pública ?

o Polêmica no seio da Psicologia Social: pessimismo ou otimismo

A raça latina pode superar a decadência das multidões

Prefácio
Alma do povo é de ordem biológica e geográfica
o aracterísticas comuns impostas pelo meio e pela
hereditariedade a todos os indivíduos de um povo constitui a alma desse

Raça: Características Ancestrais e estáveis

Meio: características novas que alteram raça
Por ex.: multidões

Multidões sempre foram importantes, mas são mais fortes hoje

o Agem inconscientemente
o Se opõem à atividade consciente
Introdução: A era das multidões
Mudanças profundas: efeito de mudanças nas ideias dos povos
o Não são processos materiais, mas ideais
Mudanças importantes são nas opiniões, concepções e crenças

São manifestações dos elementos hereditários estáveis: raça

Era atual é de transição e transformação

o Duas causas
Destruição de crenças: religiosas, políticas e sociais

Novas Condições de vida produzidas por ciência e indústria

A transição é para uma era das multidões (cita p. 20)

o Na era dos Estados e príncipes: multidões não contavam

o
Classes populares participam da vida política (ver p. 21)

para reconduzi-la ao comunismo primitivo, que era o estado normal de todos os

O principal instrumento das multidões

o Ação (em oposição ao pensamento)
Se organizada: força ainda maior

o Disso emana o dogma: força tirânica sem discussão

Culpa das multidões: burguesia revolucionária
Destruiu os deuses, agora paga

o A última etapa da civilização: era das civilizações (p. 22)

 Por -

Função das multidões: destruir civilizações (p. 23)

Fim civilização: forças morais desaparecem
Quem cria civilizações: pequena
o Multidões são micróbios que dissolvem corpos

A Psicologia olhou para multidões apenas criminalmente (p. 23)

o Mas esta é apenas parte da história
Multidões não podem ser governadas por leis, são impulsivas

o Multidão deve ser estudada por Psicologia (pp. 24-25)

fenômenos históricos e econômicos totalmente ininteligíveis sem

I: Características gerais das multidões. Lei psicológica de sua unidade mental

Multidão no senso comum (ler p. 30)
o Reunião de indivíduos quaisquer
Sem distinção por nação, profissão, sexo ou acasos pessoais

Multidão em sentido psicológico

o (a) Dissolução da personalidade consciente na alma coletiva efêmera
o (b) Orientação de sentimentos e pensamentos em mesmo sentido

Multidão é um
o E: compartilha objetivo comum
Não basta reunião de indivíduos
Mas compartilharem objetivo comum

Não precisam estar no mesmo local

Quando a multidão psicológica é formada, ela ganha características provisórias
o Gerais e particulares
Variedade resulta de raça e composição das coletividades

o Características gerais: geram possibilidade de classificar multidões

As características comuns das multidões e sua

o Alma coletiva não importa diferenças individuais
Muda profundamente sentir, pensar e agir individual isolado
Soma de indivíduos não importa, mas propriedades do todo

Para explicar diferença indivíduo isolado e indivíduo no coletivo: inconsciente

o Inconsciente é preponderante e consciência é ínfima parte (p. 33)
Substrato do inconsciente: herdado biologicamente (alma da raça)

É o que dá unidade à raça

A diferença vem da consciência (inteligência)
o Mas só superficial
Diferenças significativas são raciais

o A alma coletiva depende de: apagamento de aptidão intelectual

Desaparece diferença individual
Possibilita indiferenciação inconsciente
Por isso, assembleia e reunião de imbecis: iguais (p. 34)
o Pois igualam qualidades medíocres de todo mundo

o
acumulam não a inteligência, mas a mediocridad
(p. 34)
Causas das características novas
o (1) Número e sentimento de invencibilidade que decorrem do primeiro
Por isso, consciência cede ao instinto

Anonimato e dissolução da responsabilidade que refreia o bestial

o (2) Contágio que resulta de fenômenos hipnóticos

Todo ato é contagioso e pode levar ao sacrifício do pessoal
Algo que contraria tendências naturais

o (3) Sugestionabilidade da qual resulta (2)

Quando se perde consciência, indivíduo é sugestionável a outro
Contraria até caráter e hábitos, pois escravo do ics
Dissolução do discernimento e vontade
o São dirigidos por hipnotizador
Por isso, indivíduo se torna especialmente impetuoso

o
predomínio da personalidade inconsciente, orientação por meio de
sugestão e de contágio dos sentimentos e das ideias num mesmo sentido,
tendência a transformar imediatamente em ato as ideias sugeridas são as
principais características do indivíduo na multidão. Ele já não é ele
mesmo, é um autômato cuja vontade tornou-

Ser parte da multidão: regredir como parte da civilização

o Isolado pode ser culto, mas na multidão um bárbaro
Isolado pode ser covarde, mas na multidão herói
Esse é o erro da ênfase criminal
o Porque multidão não é só crime
o Pode ser sacrifício heroico
II: Sentimentos e moralidade das multidões
Características afetivas são semelhantes a seres inferiores (selvagem / criança na
p. 39 e mulher na p. 42)
o Impulsividade, irritabilidade, afetividade excessiva
o Ausência de raciocínio, julgamento, espírito crítico

Impulsividade, instabilidade e irritabilidade das multidões

Multidão: conduzida quase exclusivamente por inconsciente
o Inconsciente = biológico
Medula espinhal e não o cérebro

o A raça influencia características fundamentais

Comparação ingleses X latinos
Raça latina é a mais feminina de todas
o Por isso, mais propensa à multidão

(1) É impulsiva: joguete de estímulos exteriores

o Em contraposição ao indivíduo isolado: controla reflexos

o [Relembrar: por isso, a ela não cabe a lei)

o Até autopreservação entra em jogo

(2) É profundamente instável

o Impossível algo ser premeditado
o Sentimentos voláteis
o Difícil de governar

(3) É irritável
o Não admite obstáculo entre desejo e realização
Há intolerância à frustração
o Enfrenta qualquer obstáculo
Sugestionabilidade e credulidade das multidões
Sugestionabilidade excessiva
o Qualquer sugestão é contagiosa em uma aglomeração
Por isso, sentimentos se orientam para mesmo sentido

o A primeira sugestão é a mais contagiosa e orienta

o A excitação define a tendência ao ato

Credulidade excessiva
o Razões
Vaga pela inconsciência
Submetida à sugestão
Perda de racionalidade
o Tendência a distorcer fatos
Pensa por imagens: imaginação deformante
A primeira deformação tende a contagiar
Ilusão produzida em indivíduo por reminiscências vagas
Sucedida por contágio
o P. 47 2º
Todos distorcem igualmente: sábios e ignorantes
Porque o terreno é o do afeto
Tendência maior: mulheres e crianças (p. 48)

Exagero e simplismo dos sentimentos das multidões

Sentimentos sempre: simples e exagerados
o Tal como nos indivíduos primitivos
o Por isso não sentem dúvida

Exagero: tendência à violência

o Especialmente: ausência de responsabilidade
Certeza de impunidade
Força brutal e imensa
 o Tendência ao heroico e incrível

o Sem relação com a inteligência

Intolerância, autoritarismo e conservadorismo das multidões

Autoritarismo e intolerância fruto de:
o Ideias são aceitas em bloco e como verdades absolutas
o Sensação de invulnerabilidade

Ausência de dúvida exige combater contradição e discussão

Autoritarismo e intolerância: mais fortes na raça latina

o Perda de independência individual
o Aceitam apenas a própria seita
o Combatem dissidência

Multidão transita entre anarquia e servidão

o Anarquia: massacrar líderes
o Servidão: submissão completa a uma autoridade
Porque tendem a ser conservadoras (mesmo se parecem rev.)

Moralidade das multidões

Moralidade: certas qualidades
o Não se trata apenas de convenção social que reprime impulsos
o Mas inclui: abnegação, desinteresse, sacrifício, equidade
Neste caso: moralidade das multidões é elevada
Raramente interesse pessoal impulsiona
Ex. greve: é mais pelo coletivo

o A moralidade das multidões foi fator civilizatório