Você está na página 1de 12

Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.

488-82

Principais tipos
de contratos
administrativos
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

Franco, Caroline da Rocha


SST Principais tipos de contratos administrativos / Caroline da
Rocha Franco
Local: 2020
nº de p. : 12

Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.


Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

Principais tipos de
contratos administrativos

Apresentação
Nesta unidade, compreenderemos que, para a realização dos objetivos da sociedade,
a Administração Pública necessita praticar determinados atos que, expressando a
sua vontade unilateral, visam a concretização das finalidades sociais.

Perceberemos que esse tipo de contrato possui qualidades que lhes são próprias, as
quais os distinguem dos negócios jurídicos privados. Compreenderemos, por fim, as
principais características dos contratos de obra pública, bem como sua importância
para a consecução do bem-estar público.

Conceito
Os contratos administrativos são regidos pelas normas de direito público, uma vez
que o Estado ocupa uma das partes. A figura a seguir traz os principais tipos desses
contratos.

Principais contratos administrativos

Contratos
Administrativos

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

As formas de execução do contrato administrativo são previstas pela Lei n.


8.666/1993. Trata-se da metodologia a ser empregada pelo fornecedor, a fim de
satisfazer o objeto licitado. Vejamos agora as mais comuns.

O contrato de obra pública abrange as diferentes construções, reformas, fabricação,


ou ampliação de ambientes. Para sua realização, a Lei n. 8.666, de 21 de junho
de 1993, exige o projeto básico (que será publicado junto com o edital), o projeto

3
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

executivo e a programação do cronograma integral da obra – ambos feitos pelo


contratado.

Contrato de obra pública

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Para esse tipo de contrato, são previstos os regimes de: empreitada (por preço
global, por preço unitário, integral) ou tarefa (BRASIL, [2019]). O regime de
empreitada ocorre quando a Administração destina ao particular a execução da obra
ou serviço, a ser feita por sua conta e risco, em troca de remuneração fixada por
contrato.

Já a tarefa de regime de execução é empregada para trabalhos menores, com


pagamento por preço certo e sem fornecimento de material. Geralmente, é utilizada
nos contratos em que houve dispensa de licitação em razão do baixo valor.

4
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

No contrato de obra pública, há ainda o recente e controverso regime de execução


denominado contratação integrada, que foi inserido no ordenamento jurídico
pelo Regime Diferenciado de Contratações Pública (RDC) e é aplicável apenas às
licitações que ocorrem por esse regime diferenciado.

Saiba mais
O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) é
disciplinado pela Lei n. 12.462, de 4 de agosto de 2011. Para saber
mais, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12462.htm.

Nesses casos, é o contratado que elabora os projetos básicos e executivos, pois


o edital publica apenas um anteprojeto de engenharia. Ademais, para parcela
majoritária da doutrina administrativa, esse tipo de contrato só pode ser celebrado
com engenheiros devidamente registrados no Conselho de Engenharia e Arquitetura
e agronomia (Crea).

Contrato de serviço e registro de


preço
Outros contratos comuns são os de serviço e também os de fornecimento. No
caso da aquisição de produtos comuns, é possível a realização de um Sistema de
Registro de Preços (SRP). Procedimento especial que objetiva não uma contratação
propriamente dita, mas o registro de preços praticados por potenciais fornecedores/
prestadores de serviços, cujos respectivos objetos possam vir a atender
necessidades futuras e incertas da Administração licitadora. É tratado no art. 15
da Lei n. 8.666/1993, também chamada de Lei de Licitação (LGL), nos seguintes
termos:

Art. 15 - As compras, sempre que possível, deverão: [...] II - ser processadas


através de sistema de registro de preços; [...] §1º O registro de preços
será precedido de ampla pesquisa de mercado. §2º Os preços registrados
serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na
imprensa oficial. §3º O sistema de registro de preços será regulamentado

5
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as


seguintes condições: - seleção feita mediante concorrência; - estipulação
prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados; -
validade do registro não superior a um ano. §4º A existência de preços
registrados não obriga a Administração a firmar as contra- tações que
deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
res- peitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao
beneficiário do registro preferência em igualdade de condições. §5º O
sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível,
deverá ser informatizado. §6º Qualquer cidadão é parte legítima para
impugnar preço constante do quadro geral em razão de incompatibilidade
desse com o preço vigente no mercado. (BRASIL, [2019])

Sobre o SRP, é importante pontuarmos o seguinte:

• os preços provenientes terão validade não superior a um ano e serão registra-


dos em uma Ata de Registro de Preços (ARP);
• não resulta necessariamente em uma contratação, de modo que, se os pre-
ços de mercado forem mais vantajosos do que aqueles registrados, poderá
a Administração vir a contratá-los, em detrimento destes, seja por meio da
realização de licitação, seja por contratação direta;
• pode ser processado pela modalidade concorrência e por meio de Pregão.

Muito embora o caput do art. 15, da Lei de LGL, anteriormente assinalado, refira-se
somente a compras, o art. 1 do Decreto 7.892/2013 amplia sua utilização também
às contratações de serviços (BRASIL, 2013).

Saiba mais
O SRP poderá ser utilizado tanto para contratações destinadas a
fornecimento de bens quanto para aquelas destinadas à prestação
de serviços, conforme a necessidade da Administração.

Alterações
A Administração Pública poderá fazer alterações de contratos administrativos que se
dividem em duas grandes espécies:

6
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

• quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor


adequação técnica aos seus objetivos;
• quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acrés-
cimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por lei.

As alterações poderão ser consensuais, ou seja, quando pactuadas de mútuo


acordo entre a entidade contratante e o correspondente contratado de determinada
avença. Ou, ainda, unilaterais, quando impostas pela administração contratante
pelo particular. Subdividem-se em qualitativas ou quantitativas e encontram-se
disciplinadas nas alíneas do inc. I, do art. 65, da Lei n. 8.666/1993, respectivamente.

Os casos de alteração unilateral tratam de situações em que se afigura a supremacia


do interesse público sobre o privado. As alterações quantitativas significam a
possibilidade de modificações tão somente na quantidade do objeto contratado,
para mais ou para menos, dentro dos limites fixados pela própria lei.

Alteração quantitativa: modificações na quantidade do objeto contratual

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Limitam-se a 25% ou 50% sobre o valor inicial atualizado do contrato, em se tratando,


respectivamente, de obras, serviços ou compras em geral ou de reforma de edifício
ou equipamento. Muitas vezes, na prática, identifica-se essa necessidade. Tal regra é

7
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

excepcionada na hipótese de acordo entre as partes, quando a supressão, e apenas


esta, poderá superar os referidos limites.

As alterações qualitativas, por sua vez, se referem à modificação do objeto em si, ou,
mais propriamente, de sua qualidade, em decorrência de alterações do projeto ou de
suas especificações. Tais modificações também se sujeitam a limites.

Observe que a norma não abre espaço para a contratação de um novo objeto por
meio do contrato já em vigor, tampouco altera o objeto tão radicalmente que resulte
em alteração de sua essência. Tem-se, pois, a impossibilidade de desnaturação do
objeto contratado, sob pena de burla à licitação e de contratação direta sem a devida
autorização legal.

Outro limitador à realização de alterações qualitativas constitui-se na necessária


observância, pela Administração Pública, dos princípios que regem as licitações.
Nesse caso específico, da inarredável busca pelo incremento da competição e
pela escolha da proposta mais vantajosa. Funciona dessa forma: se o aditamento
pretendido vier a agregar efetivamente novos objetos ao contrato ou resultar na
necessária inclusão de novas tecnologias, por exemplo, estaria se impedindo que
outros particulares interessados em sua execução pudessem vir a participar de
eventual disputa pela contratação. Assim, o preço a ser pago pela Administração
seria necessariamente aquele a ser fixado pelo atual contratado. Diferente ocorreria
se fosse instaurada nova licitação, na qual vários particulares viessem a disputar
o mesmo objeto, o que certamente resultaria na redução de suas ofertas e em
consequentes ganhos para o Poder Público.

Atenção
Ainda que seja para uma melhor adequação técnica aos
objetivos pretendidos em determinada contratação – por meio da
modificação de seu respectivo projeto ou de suas especificações
– o núcleo essencial do objeto deve ser mantido. Isso porque o
desencadeamento de dado procedimento licitatório opera-se para
a realização de uma contratação específica.

Assim, diante da desnaturação do objeto, estaríamos em verdade utilizando de


determinado contrato para um fim diverso daquele para o qual a licitação foi
instaurada.

8
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

A norma autorizadora da realização das ditas alterações qualitativas impõe-lhes


outro limite, qual seja: seu desencadeamento deve ter sido originado em decorrência
da necessidade de melhor adequação técnica. Essa é a única hipótese descrita pelo
legislador em que será possível sua consumação.

Sobre isso, Justen Filho (2015, p. 255) esclarece que a melhor adequação técnica:

[...] supõe a descoberta ou a revelação de circunstâncias desconhecidas


acerca da execução da prestação ou a constatação de que a solução
técnica anteriormente adotada não era a mais adequada. [...] A hipótese da
al. ‘a’ compreende as situações em que se constata supervenientemente
a inadequação da concepção original, a partir da qual se promovera a
contratação. Tal pode verificar-se em vista de eventos supervenientes.
Assim, por exemplo, considere-se a hipótese de descoberta científica,
que evidencia a necessidade de inovações para ampliar ou assegurar a
utilidade inicialmente cogitada pela Administração. Também se admite
a incidência do dispositivo para respaldar modificações derivadas de
situações preexistentes, mas desconhecidas por parte dos interessados.
[...] Nesses casos, a Administração terá o dever de promover alterações
para assegurar a obtenção de objetos adequados e satisfatórios, evitando
o recebi- mento de prestação obsoleta.

Por fim, para que as alterações qualitativas ou quantitativas sejam reputadas


válidas, deverão necessariamente estar fundamentadas na ocorrência de fatos
supervenientes à contratação original.

Em outras palavras, não se encontra albergada pela lei alteração contratual a


pretexto de adequar a situação que já era previsível ao tempo da realização do
procedimento licitatório, revelando ineficiência da atuação administrativa. A intenção
da norma reside em adequar cláusulas contratuais com o objetivo de realização do
interesse público, em virtude de situações cuja ocorrência se deem em momento
posterior ao início do certame ou à celebração do contrato e que não pudessem ter
sido desde logo consideradas pela entidade contratante.

9
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

Importância da adequação de cláusulas mesmo após contrato iniciado ou celebrado

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

Dessa forma, a modificação unilateral pela Administração deverá, cumulativamente,


decorrer da imprevisibilidade da necessidade que a enseja (se retratar falta de
planejamento administrativo, não encontrará guarida no texto legal) e representar
mudança meramente em dada especificação da prestação do serviço.

Vimos anteriormente que os contratos administrativos, em geral, têm duração de um


ano, podendo, no entanto, serem pactuados por períodos mais longos, conforme o
caso.

O equilíbrio contratual é verificado no momento da celebração. De acordo com


Justen Filho (2015, p. 248), a equação econômico-financeira é a relação entre
encargos e vantagens assumidos pelas partes do contrato administrativo,
estabelecida por ocasião da contratação, e que deverá ser preservada ao longo da
execução do contrato.

É certo que todo tipo de negócio possui riscos inerentes. No entanto, o próprio
desenvolvimento da atividade comercial exige que o empresário controle esses
riscos. Há certos acontecimentos que geram excessiva onerosidade; isso é definido
pela literatura como álea econômica extraordinária. Assim, trata-se de um risco
imprevisível, extratemporal e que gera excessiva onerosidade. Essas condições

10
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

são tão insuportáveis, que não se pode exigir que parte prejudicada cumpra com
a obrigação contratual em um dado período temporal. Dois exemplos dessas
situações onerosas e imprevisíveis são tratados pela teoria do fato do príncipe e fato
da administração.

Fechamento
Nesta unidade, vimos que o contrato de obra pública se refere aquele cujo objeto
é a construção, reforma, recuperação ou ampliação de um imóvel pertencente à
Administração Púbica. Estudamos que ele admite os regimes de execução de tarefa
ou empreitada.

Com relação aos contratos de serviços, observamos que são aqueles cujo objeto
refere-se a uma atividade material prestada por entes públicos e privados à
Administração Pública e destina-se a atingir determinada utilidade de interesse
público. Assim como no contrato de obra pública, poderá ser adotado por meio das
modalidades de execução de tarefa ou empreitada.

Por fim, percebemos que esses contratos podem ser alterados. Dentre as formas de
mutações possíveis, a alteração pode ocorrer de forma unilateral ou por cláusulas
que visem reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro.

11
Licensed to Ícaro Luís Fracarolli Vila - vila.icaro1@gmail.com - 347.524.488-82

Referências
BRASIL. Decreto n. 7.892, de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o Sistema de
Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
Brasília, DF: Presidência da República, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D7892.htm#art29 Acesso em: 27 out.
2020.

______. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2019].
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm Acesso em:
27 out. 2020.

JUSTEN FILHO, M. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 16.


ed. São Paulo: Dialética, 2015.

12

Você também pode gostar