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Há muitas definições desse fenômeno social complexo que é a liderança. A explicação mais
simples diz que o indivíduo A é um líder (ou tem liderança) quando consegue conduzir as ações
ou influenciar com sucesso o comportamento dos indivíduos B, C, D etc.
Nessa definição, está caracterizada a natureza da liderança como fenômeno, sem discutirmos,
ainda, os motivos pelos quais os indivíduos B, C, D etc concordam em ser conduzidos ou deixam
que seu comportamento seja influenciado pelo indivíduo A.
Outra definição diz o seguinte:
“Liderança é a realização de uma meta por meio da direção de colaboradores humanos. O
homem que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é
um líder. Um grande líder é aquele que tem essa capacidade dia após dia, anos após ano, numa
grande variedade de situações.”
Nesta segunda definição, está implícita certa capacidade individual, que é a base da influencia
do líder sobre os liderados. Para aqueles que estão ou vão estar em posição de autoridade
formal, é importante entender porque e como essa capacidade se manifesta. Se pesquisarmos o
mérito da questão – os motivos pelos quais os liderados seguem o líder – estaremos
progredindo no sentido de desenvolver essa capacidade de comandar com sucesso. Antes de
chegar a esse ponto, no entanto, é necessário esclarecer alguns aspectos do conceito de
liderança.
Um líder não é apenas um personagem proeminente, que pertence à história ou tem uma aura
de sobrenaturalidade a seu redor. Há muitas situações nas organizações e na vida social que
envolvem essa capacidade de comandar à realização dos objetivos. Esse potencial deve
manifestar-se não apenas em estadistas, fundadores de nações ou dirigentes de religiões, mas
também em treinadores de equipes esportivas, comandantes militares, regentes de orquestras,
professores e, naturalmente administradores de organizações de qualquer natureza ou
tamanho. Cada um deles tem suas metas específicas, e, em grande parte, é sua capacidade de
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liderança que está sendo considerada quando se avalia o sucesso ou fracasso dos grupos que
eles comandam, bem como o grau de realização daquelas metas.
Portanto, líderes não são apenas as pessoas que ocupam as manchetes dos jornais, ou cujas
biografias estudamos nos livros de história, mas quaisquer indivíduos que conduzam com
sucesso um grupo que esteja empenhado numa tarefa. O que vai distinguir os primeiros dos
segundos é o tamanho da liderança: a quantidade de liderados.
BASES DA AUTORIDADE
Costumes
A obediência devida aos costumes baseia-se na ‘crença da santidade da ordem social e de sua
prerrogativas, existentes desde os tempos passados’. Essa é a também chamada autoridade
tradicional, que leva um indivíduo ou grupo social a obedecer a outro porque esse é um hábito
herdado das gerações anteriores.
A autoridade devida à tradição era característica da sociedade medieval, embora ainda esteja
presente em muitas situações do mundo contemporâneo. Ela aparece, por exemplo, na família,
nos ‘currais eleitorais’, e nas empresas com forte conteúdo familiar, onde a figura de um
patriarca, núcleo familiar ou grupo de fundadores perpetua-se através de hábitos
administrativos de geração a geração de subordinados.
Organização
Enquanto a tradição era o principal motivo do poder dos administradores e das elites do
passado, a organização é a principal base da autoridade no mundo contemporâneo. Numa
organização formal contemporânea, cada gerente ocupa uma posição dentro de uma hierarquia.
Essa posição, chamada cargo, empresta a seu ocupante o direito de tomar decisões e de se fazer
obedecido, dentro de uma jurisdição definida por algum critério de divisão do trabalho.
Essa autoridade burocrática decorrente do cargo que o indivíduo ocupa, e não do indivíduo em
si, é permanente no que diz respeito ao cargo ocupado e, temporária, em relação ao indivíduo
que ocupa tal cargo. Terminado seu mandato, o ocupante perde os poderes formais que o cargo
lhe conferia, e os transfere para seu sucessor. Além dos direitos estipulados nos cargos, a
organização manifesta sua autoridade nos regulamentos que definem qual o comportamento
esperado, e também na legislação social que cria obrigações adicionais.
Cada indivíduo que ocupa uma posição dentro do grupo de comando de uma organização
formal recebe delegação de um poder superior, que pode ser a propriedade privada ou poder
público, em nome do qual tem o direito de agir. Até mesmo os governos totalitários ou ilegais,
além de usar a força, procuram arranjar sempre uma forma de assegurar essa delegação de
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poderes conferidos pela sociedade, seja fraudando eleições, seja promulgando leis que
legitimam sua capacidade de decidir arbitrariamente, ou usando a propaganda para tentar
convencer o povo de que são os eleitos.
Para os administradores, é de fundamental importância compreender a natureza dessa
autoridade formal e dos mecanismos que ela lhes dá para validar suas decisões – inclusive o
direito de usar a força legal se necessário. Também, até mesmo os governos mais democráticos
ou legítimos dispõem de meios coercitivos para a manutenção da ordem ou para implantar
determinadas decisões.
A intensidade da autoridade formal – ou seja, o poder dados aos ocupantes de cargos de
comando – varia de organização para organização e de sociedade para sociedade, dependendo
daquilo que está nas leis ou regulamentos, da força das tradições, da representatividade dos
liderados e de muitos outros fatores.
Competência técnica
Além disso, recapitulando a discussão sobre o maestro e o cirurgião, a competência técnica não
é um requisito para o desempenho de certos cargos gerenciais, em que o ocupante precisa
‘comandar aquilo que não é capaz de fazer’. É o caso do treinador de atletas, incapaz do
desempenho que exige de seus pupilos, que lhe obedecem por reconhecerem nele a capacidade
de fazê-lo alcançar esse desempenho. O bom gerente de vendas nem sempre precisa dominar
perfeitamente detalhes técnicos relativos a produtos, preços e mercados – isso é obrigação de
seus vendedores, enquanto seu papel principal é o de planejador e organizador dessa equipe.
Relações Pessoais
A capacidade de influenciar pode dever-se também às relações pessoais daquele que influencia.
Isto pode acontecer de várias maneiras. É possível que o influenciador tenha amizade com o
influenciado, que seja uma pessoa de trato agradável, que seja visto como alguém que se
relaciona com pessoas importantes (‘é amigo do primo do dono’), que seja capaz de
compreender e manejar a estrutura de poder da empresa, de fazer movimentos estratégicos
corretos, ou que tenha as ligações com as pessoas certas. Este tipo de poder é também
chamado de política (num sentido menor do termo). Particularmente nos postos mais elevados
de uma hierarquia, a capacidade política é um fator-chave na vida de um gerente
contemporâneo.
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A pessoa