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TÍTULO- 

 O título do capítulo (“Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o mestre,
e como aló foi Alvoro Paez e muitas gentes com ele”) apresenta as linhas gerais do texto.

ASSUNTO DO CAP.11– Neste capítulo, Fernão Lopes narra a forma como a população de
Lisboa, incitada pelos apelos do Pajem e de Álvaro Pais para que acudissem ao Mestre, porque
o estavam a matar nos Paços da Rainha, se armou, saiu em multidão pelas ruas da cidade e se
dirigiu em grande alvoroço para aqueles, a que quis lançar fogo e arrombar as portas. Os seus
intentos só foram travados quando, aconselhado pelos seus partidários, o Mestre apareceu a
uma janela à multidão, que, reconhecendo, se acalmou, aclamando-o e insultando o conde
Andeiro e a rainha.

Desenvolvimento do capítulo
. 1.ª parte (ll. 1-5) – Apelo / Convocação
. O Pajem do Mestre grita repetidamente pela cidade que querem matar D. João, informando e
incitando o povo (com o boato que lança), dando, assim, início a um plano político
previamente definido, cujo objetivo é a criação de uma atmosfera favorável à aclamação
daquele como rei de Portugal.
. O plano / a estratégia foi delineado pelo Mestre e por Álvaro Pais, com a colaboração do
Pajem, no sentido de intensificar a oposição popular à Rainha e ao conde Andeiro e convertê-
la em revolta a favor dos intuitos de D. João e dos seus aliados.
. Por outro lado, não restam dúvidas de que o plano foi previamente combinado, como se
comprova pela expressão “segundo já era percebido”. De facto, o Pajem estava à porta
aguardando que o instruíssem a iniciar o plano e, quando recebe a ordem, parte a cavalo,
percorrendo as ruas a galope, gritando que acudam ao Mestre, pois querem assassina-lo.
. O referido plano estava sujeito a um secretismo total. Dele têm conhecimento somente o
Pajem, Álvaro Pais, o Mestre e os seus partidários. O objetivo é claro: anunciar o perigo que D.
João corre, para levar a população de Lisboa a apoiá-lo.
. 2.ª parte (ll. 6-21) – Movimentação e concentração
. Ao escutarem os brados do Pajem, as “gentes” saem à rua, dialogam umas com as outras,
enfurecem-se com o boato lançado, sobre o qual não refletem minimamente, e começam a
pegar em armas.
. Álvaro Pais, prestes e armado, desempenha o seu papel: junta-se aos seus aliados e ao Pajem
e cavalga pelas ruas, gritando ao povo que acuda ao Mestre, que “filho he delRei dom Pedro”.
Atente-se neste pormenor e na forma subtil como Álvaro Pais alude a D. Pedro, explorando o
simbolismo da sua figura e da sua história de amor com Inês de Castro no imaginário popular.
. Soam vozes pela cidade que matam o Mestre e o povo dirige-se, armado e apressadamente,
para o local onde ele se encontra, para o defenderem e salvarem.
. A multidão concentra-se em número muito grande: não cabe pelas ruas principais e atravessa
lugares recônditos, desejando cada um ser o primeiro a chegar ao Paço.
. Enquanto se desloca para lá, questiona-se quem desejará matar o Mestre e várias vozes
anónimas apontam o nome do conde João Fernandes, a mando da Rainha D. Leonor Teles. O
clima de agitação e excitação do povo foi preparado cuidadosamente e está a resultar em
pleno.
. 3.ª parte (ll. 22 a 43) – Manifestação
. O povo, unido em defesa do Mestre e com o sentimento de vingança, inquieta-se e enfurece-
se diante das portas cerradas do Paço.
. Perante afirmações de que o Mestre tinha sido morto, são sugeridas diversas ações
tendentes a forçar a entrada no Paço: arrombar as portas cerradas, lançar fogo ao edifício para
queimar o conde e a Rainha, escalar os muros com escadas.
. Gera-se uma grande confusão e o povo não se entende acerca da atitude a adotar, enquanto
várias mulheres transportam feixes de lenha e carqueja para queimar os muros dos Paços e a
Rainha, a quem dirigem muitos insultos.
. Dos Paços, vários bradam que o Mestre está vivo e o conde Andeiro morto, mas a “arraia
miúda” não acredita e quer provas concretas, isto é, vê-lo, de que é assim. Receando que o
povo, devido à sua fúria e ao desejo de vingança, invada o palácio, se torne incontrolável e o
destrua, aconselham D. João a mostrar-se-lhe.
. 4.ª parte (ll. 44 a 59) – Aclamação
. O Mestre mostra-se a uma grande janela e fala ao povo, que fica extremamente
emocionado / perturbado ao constatar que está efetivamente vivo e o conde morto, quando
muitos criam já no contrário. Essa fala tem como finalidade tranquilizar o povo e dar-lhe
esperança, mostrando-se seu aliado (a apóstrofe “Amigos…”).
. Nesta fase do texto, é apresentado uma imagem muito negativa de D. Leonor Teles, vista
popularmente como adúltera e traidora, chegando a ser acusada pela morte de D. Fernando
(ll. 53-54). O narrador não deixa grandes dúvidas: se a população tivesse entrado no Paço, teria
assassinado a Rainha.
. 5.ª parte (ll. 59 a 80) – Dispersão
. O Mestre, consciente da sua segurança e, no fundo, de que o plano arquitetado tinha
resultado na perfeição, desce e cavalga com os seus, acompanhado pelos populares, que lhe
perguntam o que quer que façam. D. João responde que não precisa mais deles e dirige-se
para o Rossio ao encontro do conde D. João Afonso, irmão da Rainha, enquanto é saudado
pelas “donas da çidade”.
. Quando se prepara para comer com o conde, vêm dizer-lhe que tencionam matar o Bispo de
Lisboa, por isso faria bem em lhe acudir. No entanto, aconselhado pelo Conde, acaba por não o
fazer.

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