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INSTITUTO CIBERESPACIAL
NÚCLEO AMAZÔNICO DE ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE CURSOS LATO SENSU.
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO SOCIOEDUCACIONAL
BELÉM
2022
ALINE MONTEIRO DA SILVA
BELÉM
2022
ALINE MONTEIRO DA SILVA
Artigo apresentado à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte dos requisitos
exigidos para obtenção do Título de Especialista em Educação Especial e Inclusão
Socioeducacional Orientadora: Profa. Dra. Ana Cleide Vieira Gomes Guimbal de Aquino.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profa. Dra. Ana Cleide Vieira Gomes Guimbal de Aquino - Orientadora.
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
______________________________________________
Profa. Dra. Ana Paula de Andrade Sardinha
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
_____________________________________________
Profa. Ma. Scheilla de Castro Abbud Vieira
Universidade do Estado do Pará - UEPA
BELÉM/PA
2022
AVALIAÇÃO DO PROTOCOLO VB-MAPP PARA A CONSTRUÇÃO DO PEI DE
UMA CRIANÇA COM TEA NO ENSINO INFANTIL
ABSTRACT: Recent research reveals that the number of children with Autism Spectrum
Disorder (ASD) has been growing in common classrooms and that the continuing education of
teachers who are receiving these students is at a disadvantage when taking into account the
percentage of students enrolled. The objective of this work is to develop an Individualized
Educational Plan (IEP) for a child with ASD inserted in regular early childhood education using
the VB-MAPP protocol as an instrument, which is nothing more than an instrument for
evaluating developmental milestones for children from 0 to 4 years old. This is a case study
Mestre em Estudos linguísticos (UFPA). Líder do grupo de pesquisa Estudos de Línguas Orais e Sinalizadas -
ELOS (UFRA/CNPq). Docente efetiva da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA/Belém, E-mail:
ana.guimbal@ufra.edu.br
with a 3-year-old child who was enrolled in a private school in the city of Belém do Pará. The
study was concluded in 6 sessions where: the 1st session was a Situational Exploratory Family
Interview, the 2nd session was an Anamnesis answered by the mother, from the 3rd to 5th
session the evaluation was carried out using the VB-MAPP protocol with the child and the 6th
evaluation, a feedback was made to the child's mother. The results showed some deficits in the
language area and in the student's social skills.
Keywords: ASD, IEP, VB-MAPP
1 INTRODUÇÃO
3 Alguns autores ao invés de utilizarem esse termo, utilizam o termo Plano de Desenvolvimento Individual (PDI).
2 FUNDAMENTO TEÓRICO
Em 7 de julho de 2015, foi publicada a Lei Ordinária n° 13.146/2015, que Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que no
contexto escolar, através de seu capítulo IV, passou a assegurar a educação como direito da
pessoa com deficiência, incumbindo ao poder público e às instituições privadas de qualquer
nível e modalidade de ensino, assegurar, criar, desenvolver, implementar e incentivar, dentre
outros critérios estabelecidos no Art. 28, um sistema educacional inclusivo em todos os níveis
e modalidades, bem como o aprimoramento desse sistema, visando condições de acesso,
permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de
acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.
Através dessa legislação as instituições públicas e privadas devem modificar os
materiais de ensino, as atividades, provas, métodos de ensino e o que mais for necessário para
que haja a inclusão da pessoa com deficiência, sem qualquer custo para os alunos. Com isso,
pais e professores vêm ganhando forças para lutar por uma qualidade de ensino melhor para
crianças com deficiência.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva –
MEC/2008 tem como público-alvo da Educação Especial as pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2008).
Sendo as pessoas com autismo inclusas nesse público-alvo.
O TEA, também conhecido como autismo, é um transtorno de desenvolvimento que
geralmente aparece nos três primeiros anos de vida e compromete as habilidades de
comunicação e interação social. Há também a apresentação de comportamentos estereotipados
e repetitivos, rituais, problemas sensoriais e interesses limitados. Segundo Teixeira (2016),
essas características são essenciais para que ocorra o diagnóstico de TEA, estando presentes em
todos os indivíduos com o transtorno.
O “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders V” (DSM), publicado pela
American Psychiatric Association (APA, 2013), define o transtorno Autista como a presença
de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da
comunicação, e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do
transtorno podem variar, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do
indivíduo.
Um dos protocolos mais utilizados para avaliar as habilidades de uma criança autista é
o protocolo VB-MAPP - Verbal Behavior: Milestones Assessment and Placement Program,
conforme esclarece Sundberg (2008), tem como objetivo avaliar os marcos do desenvolvimento
de indivíduos com autismo e atrasos de linguagem, considerando habilidades verbais e sociais.
O instrumento é baseado na teoria de aprendizagem da análise do comportamento de Burrhus
Frederic Skinner, mais particularmente no Comportamento verbal.
De acordo com Skinner (1957), a linguagem diz respeito ao comportamento verbal e o
processo de aprendizagem é adquirido similarmente a outros tipos de comportamento, como
chorar, escrever e sentar, etc. Inclui todas as formas de comunicação, tais como: linguagem de
sinais, troca de figuras, linguagem escrita, gestos ou qualquer outra forma que uma resposta de
comunicação possa adquirir. Neste sentido, de acordo com Barros (2003, p. 03) o
comportamento verbal se constitui de boa parte da complexidade do comportamento humano e
é classificado em categorias de operantes verbais elementares (quadro 1).
Operantes Verbais
Descrições Exemplos
Elementares
Copiar os movimentos
Ver alguém fazer a boneca pular e a
Imitação motores de uma outra
pessoa também faz a boneca pular
pessoa
No nível 2, além das habilidades do nível anterior, adiciona-se Resposta de Ouvinte por
Função, Característica e Classe; habilidade de responder perguntas e fazer comentários
(Intraverbal); Rotina de Sala de Aula e Habilidades de Grupo; Estrutura Linguística. No nível
3, além das habilidades dos níveis anteriores, adiciona-se habilidades de Leitura, Escrita e
Matemática.
Nesta direção, este instrumento configura-se como um bom recurso para desenvolver
habilidades básicas de aprendizagem para crianças e outros indivíduos em faixas etárias
diversas. Justificando-se então no uso com pessoas que apresentam dificuldades de
aprendizagem, pouco sensíveis a outros tipos de avaliação.
Considerando as informações acima expostas, foi realizado uma investigação e
descrição da utilização do protocolo VB-MAPP (Verbal Behavior: Milestones Assessment and
Placement Program) como ferramenta de avaliação e construção de PDI para crianças com
TEA no ensino infantil, sendo este o protocolo mais utilizado para indivíduos com atraso na
linguagem, sendo realizado um estudo de caso, com descrição de uma metodologia, relatando
o uso do instrumento VB-MAPP e sua respectiva intervenção para crianças com TEA no ensino
infantil.
Segundo Hudson e Borges (2020), o PDI constitui-se em um roteiro de avaliação e
intervenção pedagógica para alunos que frequentam a Sala de Recursos Multifuncional (SRM),
em que nesse artigo na primeira parte do plano consta uma avaliação na qual foi utilizado o
protocolo do VB-MAPP e na segunda parte uma intervenção pedagógica que são as habilidades
que serão trabalhadas no PEI.
No estudo de caso, o aluno não irá frequentar a SRM, pois não apresenta dificuldades
na área de habilidades acadêmicas e sim na área de habilidades sociais.
3 MÉTODO
Esta pesquisa segue o roteiro de apresentação proposto por Weiss (1994), no qual é
iniciado com a entrevista de anamnese, uma vez que a criança analisada apresentava um atraso
na linguagem, sendo deste modo importante conhecer as suas habilidades e dificuldades através
de uma entrevista com a mãe, a fim de que se pudesse organizar os tipos de testes necessários
para se chegar as habilidades que precisam ser trabalhadas no PDI.
Através desse método temos que a 1ª sessão de avaliação consiste de Entrevista Familiar
Exploratória Situacional (EFES) e já na 2ª sessão é realizada a anamnese, na 3ª sessão se realiza
atividades lúdicas centradas na aprendizagem para crianças, na 4ª sessão é realizada uma
complementação com provas e testes (isto quando for necessário), na 5ª sessão se faz uma
Síntese Diagnóstica-Prognóstico e na 6ª sessão conclui-se com a devolução e metas para serem
trabalhadas ao longo do semestre.
A criança deste estudo se refere a X, um menino de 5 anos que foi encaminhado por
um médico pediatra, para uma avaliação psicopedagógica devido à dificuldade de
aprendizagem e atraso de linguagem. No período em que foi realizada a avaliação, X estava
com aproximadamente 4 anos de idade, morava com os seus pais e a irmã, frequentava uma
escola de ensino regular, sem acompanhamento de mediadora escolar. A criança possui um
diagnóstico de autismo nível 1, com dificuldade na comunicação e na interação social.
Instrumentos/Técnica Objetivo
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
4.1 Anamnese
A mãe relatou não ter tido uma gravidez tranquila. Com 32 semanas houve diminuição
do líquido amniótico, ficou de repouso para chegar até 38 semanas. A criança teve um
desenvolvimento motor normal, alcançou todos os marcos no tempo esperado, como: sentar,
engatinhar, ficar em pé e andar. A queixa principal foi o atraso na fala e a dificuldade na
interação social.
4.2. EFES
Foi observado durante a entrevista familiar exploratória situacional que a mãe e a babá
estão constantemente estimulando e reforçando a fala da criança. Os objetivos que a mãe espera
alcançar é que ele conte o que ele fez ou o que aconteceu, que ele se apresente para outras
pessoas e que ele possa falar sobre si, que tenha interesse por outras crianças e que ele aprenda
a dividir os brinquedos.
Nome: xxxxxxxx
Idade na testagem 1 3A 2 3 4
2.o teste:
3.o teste
4.o teste
VP/
Mando Tato Ouvinte MTS Brincar Social Leitura Escrita LRFFC Intrav Grupo Ling Mat
15
14
13
12
11
Nível 3
Nível 2
Li
Mando Tato Ouvinte VP/MTS Brincar Social Imitação Ecóico LRFFC Intrav Grupo
ng
10
Nível 1
Objetivos de intervenção:
- Demonstrar uma alta frequência de mandos (15 em um período de 5 minutos);
- Pedir para outros emitirem 5 diferentes ações ou ações que estão faltando e são necessárias
para desfrutar de uma atividade desejada. Exemplo: abrir, fechar, empurrar, etc.;
- Emitir 5 mandos diferentes que contenham 2 ou mais palavras (não incluindo eu quero).
Exemplo: vai rápido, minha vez, serve o suco.
Objetivos de intervenção:
- Tatear 10 ações diferentes quando perguntado, Exemplo: “O que eu estou fazendo?”;
- Tatear 50 combinações de dois componentes verbo-substantivo, ou substantivo-verbo, a partir
de uma lista de tatos conhecidos com dois componentes;
- Tatear 5 categorias ou classes. Exemplo: animais, bebidas ou brinquedos;
- Tatear a função de 25 itens. Exemplo: mostre à criança um lápis e pergunte “O que você faz
com isso?”.
Objetivos de intervenção:
- Seguir instruções envolvendo 6 preposições diferentes. Exemplo: Fique atrás da cadeira; e 4
pronomes diferentes. Exemplo: Toque meu ouvido;
- Selecionar 4 pares de adjetivos relativos. Exemplo: grande-pequeno, longo-curto; e
demonstrar ações baseado em 4 pares de advérbios relativos. Exemplo: silencioso-barulhento,
rápido-devagar;
- Selecionar o item de um conjunto de 8 para 15 classes. Exemplo: móvel, calçado, material
escolar;
- Selecionar o item de um conjunto de 8 para 25 funções. Exemplo: você senta... você dorme
na...
Objetivos de intervenção:
- Agrupar figuras não idênticas;
- Agrupar itens relacionados a 5 categorias diferentes de acordo com um modelo. Exemplo:
roupas, animais;
- Montar blocos de 4 peças de acordo com um modelo 3D, para 4 modelos;
- Colocar 3 conjuntos de itens em ordem por tamanho (seriação).
Objetivos de intervenção:
- Engajar-se, independentemente, em brincadeiras simbólicas de faz de conta;
- Engajar-se, independentemente, em atividades de arte e ofício por 5 minutos. Exemplo:
colorir, pintura, colagem).
Esta área foi avaliada no contexto escolar. X apresentou atenção compartilhada com o
adulto, aceitou contato físico, apresentou contato visual com bastante frequência para o adulto
e para outras crianças. No entanto, apresentou dificuldades em imitar outra criança e iniciar
interação com os pares, compartilhar um brinquedo, além da dificuldade em fazer pedidos para
os colegas e responder aos pedidos dos outros. Na maioria das vezes, tentou puxar o brinquedo
do colega.
Objetivos de intervenção:
- Compartilhar brinquedos;
- Emitir, espontaneamente, mando aos colegas 5 vezes. Exemplo: minha vez, empurre-me, olhe!
Venha;
- Engajar em brincadeira social continuada com colegas por 3 minutos sem dicas de adultos ou
reforçamento. Exemplo: cooperativamente cria um jogo de peças, brincar com bonecos;
- Responder, espontaneamente, a mandos de colegas 5 vezes. Exemplo: puxe-me no carrinho.
Eu quero o trem.
Objetivos de intervenção:
- Imitar 10 diferentes sequências de ações de três componentes quando fornecida dica, “faça
isso”.
Objetivos de intervenção:
- Responder 25 questões “o que” “qual” diferentes. Exemplo: O que você gosta de comer? Qual
seu brinquedo favorito?;
- Responder 25 diferentes questões “quem” e “onde”. Exemplo: Quem são seus amigos? Onde
está o travesseiro?;
- Emitir, espontaneamente, 20 intraverbais em forma de comentário. Exemplo: o pai diz eu
estou indo para o carro e a criança espontaneamente diz eu quero dar uma volta!
Esta área foi avaliada no contexto escolar. X encontra-se bem adaptado na rotina escolar,
sem problemas de transições, ele segue comandos verbais dados pelas professoras, em algumas
ocasiões precisa de ajuda física. Ele presta bastante atenção na hora da explicação, a professora
faz uso constante de materiais concretos, o que ajuda na compreensão. Lanchou de forma
independente. Usou o banheiro com um pouco de ajuda. A sala de aula possui uma rotina visual,
o que ajuda o X saber o que vai acontecer. As professoras não fazem pelo X o que ele é capaz
de fazer, porém estão sempre atenciosas verificando se ele precisa de ajuda.
Objetivos de intervenção:
- Transitar entre as atividades de salas, somente com uma dica gestual ou verbal.
- Sentar em um pequeno grupo por 5 minutos sem comportamento inadequado ou tentar sair do
grupo;
- Trabalhar o comportamento usando historinhas sociais.
4.4.1.11 Linguística
Objetivos de intervenção:
- Emitir 10 diferentes frases nominais contendo pelo menos 3 palavras com 2 modificadores
(adjetivos, preposições, pronomes). Exemplo: Eu quero sorvete de chocolate.
4.4.1.12 Leitura
X consegue identificar o seu nome na plaquinha da escola. Ele ainda vai iniciar o
processo de alfabetização e letramento.
Objetivos de intervenção:
- Identificar e tatear letras do alfabeto;
- Parear palavras às figuras correspondentes;
- Atentar e responder às perguntas de um texto lido para ele;
- Ler o próprio nome.
4.4.1.13 Escrita
Objetivos de intervenção:
- Traçar, independentemente, 5 formas geométricas diferentes dentro de 1/4 de polegada das
linhas. Exemplo: círculo, quadrado, triângulo, retângulo, estrela;
- Copiar 10 letras ou números legíveis.
4.4.1.15 Matemática
Objetivos de intervenção:
- Identificar 8 comparações diferentes envolvendo medidas. Exemplo: grande-pequeno, cheio-
vazio.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Debora Mara; NUNES, Débora Regina de Paula. Diretrizes para a elaboração do
PEI como instrumento de avaliação para educando com autismo: um estudo interventivo.
Revista Educação Especial, v. 31, n. 63, p. 939-960, Santa Maria, 2018. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial>. Acesso em: 30 abr. 2022.
TEIXEIRA. G. Manual do Autismo: Guia dos pais para o tratamento completo. 1ª Ed. Rio
de Janeiro: Best Seller. 2016.