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Equoterapia Livro
Equoterapia Livro
CDD-615.8515
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire
(orientadora/UCDB)
____________________________________________
Profa. Dra. Angela Elizabeth Lapa Coêlho (UCDB)
______________________________________________
Profa. Dra. Sonia Grubits (UCDB)
Ao diretor do ambulatório da Santa Casa, Drº Luiz Salvador Sá Mirand a Junior, por
me receber com atenção, apresentando-me a médica responsável pelas pacientes.
Aos acadêmicos bolsistas que cuidam dos cavalos, e aos voluntários que participaram
como auxiliares guias e auxiliares laterais durante os atendimentos.
À Maria Shirley, amiga e companheira atenciosa, por seu apoio nas horas mais
precisas.
Introduction: Equotherapy resources to treat anxiety’s symptoms have not been well
explored yet. It’s known, however, that this therapeutic resource helps with relaxation, body
consciousness, balance, self-esteem and self-confidence. The use of horses as a
kinetherapeutic instrument presents a global development from sensory perceptive
stimulation, besides the benefits from the relationship set with the animal and with the support
team. Objective: To evaluate the possibilities of using Equotherapy as a therapeutic resource
to treat individuals diagnosed with Generalized Anxiety Disturb, according to CID-10
classification. Design and Method: This is a clinic validation case study, with pre and post-
intervention evaluations, where the independent variable introduced was the Equotherapy and
the dependent variables, the anxiety symptoms, according to CID-10 classification. Two
women took part in this research, being 27 and 40 years old, and diagnosed with Generalized
Anxiety Disturb, according to CID-10 classification, and that frequently go to Santa Casa
Beneficente Sociedade Ambulató rio of Campo Grande/MS. Equotherapy sessions were held
for a 5-month period. As evaluation instruments were used: Anamnesis; PROEQUO/UCDB
Daily Chart, to register the sessions; Interview Program to Evaluate the Anxiety Symptoms
(IPEAS), elaborated for this research according to CID-10 diagnosis criteria to evaluate pre
and post-intervention anxiety symptoms; post-intervention report, from the psychiatrist who
has attended the participants. Results: It has been noticed, through the application of the
Interview Program to Evaluate the Anxiety Symptoms (IPEAS), through the psychiatrist’s
post-intervention report and through the Daily Chart, that participant A has presented
improvement towards the anxiety symptoms, and has even started a process to stop using the
medicine she was taking before beginning Equotherapy. Participant B has presented partial
improvement after Equotherapy, as she still has the tendency to social and affective isolation.
This research has also shown that Equotherapy has influenced in a positive way the
Generalized Anxiety Disturb patients, improving their self-confidence, and diminishing the
anxiety symptoms. During the attending sessions, the use of therapeutic activities propitiated
dynamic and practical sessions. The research has also shown that the participants have
considered Equotheprapy a valuable and pleasurable resource, what could be verified due to
the assiduity that they have gone to the sessions. Conclusions: The participants presented,
after the Equotherapic intervention, improvement on the anxiety symptoms, on affective
relations, self-control, self-confidence and relaxation. This study has shown that Equotherapy
is a valid therapeutic resource for treating Generalized Anxiety Disturb and suggests that an
intensive work can reach greater benefits.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................. 18
2.1 ANSIEDADE................................................................................................................ 19
2.1.1 Conceito.............................................................................................................. 19
2.1.2 Etiologia ............................................................................................................. 24
2.1.3 Classificação e diagnóstico................................................................................. 26
2.1.4 Prevalência ......................................................................................................... 29
2.2 O CONVÍVIO COM OS ANIMAIS............................................................................. 31
2.2.1 Histórico ............................................................................................................. 31
2.2.2 Os animais na terapia.......................................................................................... 34
2.2.3 Conceito.............................................................................................................. 36
2.2.4 Benefícios e indicação ........................................................................................ 37
2.3 EQUOTERAPIA........................................................................................................... 41
2.3.1 Histórico ............................................................................................................. 42
2.3.2 Indicações/contra-indicações e benefícios ......................................................... 44
2.3.3 Equipe de atendimentos e programas básicos.................................................... 46
2.3.4 O cavalo.............................................................................................................. 48
2.3.5 As andaduras naturais do cavalo e a marcha humana ........................................ 50
2.3.6 Aspectos psicológicos ........................................................................................ 55
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 57
3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 58
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 58
4 A PESQUISA...................................................................................................................... 59
4.1 LÓCUS DE PESQUISA ............................................................................................... 60
4.1.1 Histórico ............................................................................................................. 60
4.2 CASUÍSTICA E MÉTODO ......................................................................................... 62
4.2.1 Participantes ....................................................................................................... 62
4.2.2 Recursos humanos e materiais ............................................................................ 62
4.2.2.1 Equipe de pesquisa................................................................................ 62
4.2.2.2 Recursos materiais ................................................................................. 62
4.2.3 Instrumentos para coleta de dados...................................................................... 65
4.2.3.1 Anamnese.............................................................................................. 65
4.2.3.2 Roteiro para Entrevista de Avaliação dos Sintomas de Ansiedade....... 65
4.2.3.3 Ficha Diária do PROEQUO-UCDB...................................................... 66
4.2.3.4 Relato da Psiquiatra Pós-intervenção.................................................... 66
4.2.4 Procedimentos.................................................................................................... 66
4.2.4.1 Análise dos dados.................................................................................. 68
4.2.5 Aspectos éticos de pesquisa................................................................................ 68
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 70
5.1 ANAMNESE ................................................................................................................ 71
5.2 RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO DAS RESPOSTAS DO ROTEIRO
PARA ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS DE ANSIEDADE ...... 73
5.2.1 Apreensão ........................................................................................................... 73
5.2.2 Tensão motora .................................................................................................... 74
5.2.3 Hiperatividade autonômicas ............................................................................... 75
5.3 RELATO DAS SESSÕES ............................................................................................ 76
5.4 RELATO DO PSIQUIATRA PÓS INTERVENÇÃO................................................. 85
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 89
APÊNDICES ........................................................................................................................... 97
ANEXOS................................................................................................................................ 108
15
1 INTRODUÇÃO
16
A partir dessa experiência, buscou -se aprofundar o conhecimento sobre esse recurso
por meio de literaturas atualizadas, e percebeu-se a importância do cavalo na relação com o
paciente e como facilitador nas sessões de terapia.
tratamento de pessoas com ansiedade foram visíveis quanto à melhora da postura, adquirindo -
se auto-estima, autoconfiança, iniciativa, socialização, equilíbrio e harmonização dos gestos.
De acordo com a evolução médica, constat aram-se melhoras em relação a vigilância,
hipertonia muscular, rigidez generalizada, tendo mais iniciativa frente à tomada de decisões,
além de ter apresentado mais extrovertid a e comunicativa. Melhorando assim sua qualidade
de vida pessoal, familiar, social e profisional. Essa pesquisa um ano depois, foi publicada na
revista eletrônica da ANDE-Brasil.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
19
2.1 ANSIEDADE
2.1.1 Conceito
Para Henry Ey (1981 apud CAMARGO, 2004, p. 138), o termo angústia é visto como
um “[...] distúrbio emocional experimentado como em face de um perigo iminente e a
ansiedade é um estado afetivo mais geral”.
Para os autores, os animais respondem ao confronto por sentirem que seu bem-estar
está ameaçado ou , até mesmo , a sua sobrevivência. Essas ameaças podem ser inatas ou
provenientes de estímulos associados à dor e a outras sensações igualmente desagradáveis. Na
circunstância em que o perigo é apenas potencial e, portanto, apresenta um componente de
incerteza, tem-se a ansiedade, o que para ele não é diferente das reações do ser humano frente
a uma ameaça ou perigo.
20
A diferença entre a reação dos animais comparada a dos seres humanos está, em
particular, relacionada aos fatores cognitivos, devido à intervenção de sistemas de símbolos
socialmente codificados, de natureza verbal ou não-verbal. Dessa forma, as ameaças deixam
de ser concretas e situam-se em plano mais abstrato e complexo, no qual os fatores
socioculturais são mais predominantes (GRAEFF; BRANDÃO, 1993).
Jasper (1979 apud PAIM, 1993, p. 232) aponta a distinção entre temor e angústia
citada pelo filósofo dinamarquês Kierkegaard: “[...] temor referido a um objeto e angústia
livre e flutuante desprovida de objeto”. O autor ainda deixa claro o seu conceito, “[...]
sentimento freqüente e torturante é a angústia. O medo se refere a alguma coisa. A angústia é
sem objeto”.
Para os autores acima citados, Jasper e Kierkegaard , fica explícito que o medo ou
temor está direcionado a algum objeto, mesmo que este não seja relatado, e a angústia faz-se
presente de forma abstrata.
De acordo com Kaplan (2003, p. 545), “[...] a distinção entre medo e ansiedade pode
ser difícil, porque o medo também pode ser provocado por um objeto interno inconsciente e
reprimido, deslocado para um outro objeto no mundo externo”.
Binder (19-- apud PAIM, 1993, p. 232) procurou estabelecer, dentre suas amplas
considerações, os limites entre medo e angústia da seguinte forma:
Para o autor, medo e angústia fazem parte da vivência afetiva de duas formas: a
primeira, medo e temor surgem em estruturas psíquicas precisas e determinadas. A segunda,
21
angústia, de forma geral, corresponde a estratos psíquicos profundos que, com freqüência, são
menos conscientes, tornando-se mais difusos. Conclui-se, então, que no estado de medo e
temor, o objeto aparece mais claro e percebido, enquanto na angústia, esse objeto não é
concreto, o que o torna vago e indiferente.
Binder (19-- apud PAIM, 1993) ainda complementa que admitiu a possibilidade de a
angústia apresentar três aspectos diferentes:
Durante a Idade Média, a ansiedade era vista raramente como doença e, na França, no
século XVIII, servia para expressar estados de inquietude e desassossego. Já no século XIX, a
ansiedade adquiriu uma dimensão antropológica e, no final deste, as fobias passaram a ser
encaradas como problemas médicos (GRAEFF; BRANDÃO, 1993).
Para Porto (1999 apud CAMARGO, 2004), o termo ansiedade já era encontrado na
Grécia Clássica, traduzido para o vernáculo como apertar, estrangular. As primeiras reflexões
sobre ansiedade e a experiência subjetiva eram sempre associadas a sintomas corporais.
Lopes Ibor (1964 apud CAMARGO, 2004) caracteriza o termo angústia como relativo
quando há predominância das manifestações físicas ou corporais, e ansiedade quando
predominam as psicológicas.
Para Ballone e Chaves (1992), a ansiedade esteve presente na jornada humana desde a
caverna até a nave espacial; porém, comparada aos avanços atuais da sociedade, enfrenta-se
uma competitividade, um consumismo desenfreado e, portanto, só agora se tem dado atenção
à quantidade, tipos e efeitos da ansiedade sobre o organismo e sobre o psiquismo humano, o
que talvez explique as doenças psicossomáticas e a freqüência aos atendimentos médicos.
1
Pré- cordial. Anatomia relativa ao/ou próprio do precórdio. Precórdio região acima do estômago ou do coração,
esp; a região torácica anterior esquerda; antecárdio, boca do estômago, fossa epigástrica (HOUAISS; VILLAR;
FRANCO, 2001).
23
Para Hamilton (1959 apud SIMS; SNAITH, 2001, p. 270), “[...] ansiedade como uma
descrição da experiência da emoção normal não é diferente em qualidade, somente
quantitativamente, do estado de ansiedade”.
d) perda de auto -estima, e.g., a desaprovação do superego por atos ou ações que
resultam em culpa ou ódio em relação a si mesmo.
Freud (1986) ainda ressalta que existem dois modos de diminuir a ansiedade, um deles
é lidar diretamente com a situação e o outro é fugir de ameaças. Dessa forma, luta-se para
diminuir a ansiedade e seu impacto e reduzir assim as perspectivas adicionais no futuro.
2.1.2 Etiologia
O termo “neurose de ansiedade” foi criado por Freud, segundo Kaplan (2003), o qual
identificou duas formas de ansiedade: uma resulta da libido frustrada, a outra, de um
sentimento difuso de preocupação ou temor que se origina de um pensamento ou desejo
reprimido.
De acordo com a CID-10, o diagnóstico do TAG (F41.1) deve ser feito a partir dos
27
seguintes critérios: o paciente deve apresentar sintomas primários de ansiedade na maioria dos
dias, pelo menos em várias semanas e, usualmente, em vários meses, envolvendo elementos
de (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993):
caracteriza -se por pelo menos seis meses de ansiedade e preocupação excessivas e
persistentes. O diagnóstico é feito por meio da ansiedade e preocupação excessivas
(expectativa apreensiva), ocorrendo, na maioria dos dias, pelo período mínimo de seis meses,
em diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). O
indivíduo considera difícil controlar a preocupação. A ansiedade e a preocupação estão
associadas com três ou mais dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles
presentes na maioria dos dias, nos últimos seis meses); inquietação ou sensação de estar com
os nervos à flor da pele; fatigabilidade; dificuldade em concentrar-se ou sensação de branco
na mente; irritabilidade; tensão muscu lar; perturbação do sono (ASSOCIAÇÃO
AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995).
2.1.4 Prevalência
Muitos indivíduos com TAG afirmam que sentiram ansiedade e nervosismo durante
toda a vida. Embora mais de metade daqueles que se apresentam para tratamento relatem um
início na infância ou adolescência, o início após os 20 anos não é incomum. O curso é
crônico, porém flutuante, e freqüentemente piora durante períodos de estresse
(ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995).
Para Barlow (2002 apud ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006), as mulheres são
mais susceptíveis a eventos estressantes na infância e adolescência, isso, associado à
percepção de que seus comportamentos causam pouco impacto no ambiente, causaria um
sentimento de descontrole e o conseqüente desenvolvimento de padrões pessimistas
desadaptativos de avaliação da realidade. Fatores esses associados à vulnerabilidade biológica
geneticamente determinada de ser reativo biologicamente às mudanças ambientais os quais
explicariam a maior ocorrência desses transtornos em mulheres .
30
O estudo acima citado mostrou que a taxa de prevalência é alta, que o sexo feminino é
mais afetado que o masculino e cerca do dobro dos pacientes afetados com distúrbios de
pânico com agorafobia são mulheres. Os distúrbios de ansiedade estão uniformemente
distribuídos entre as categorias socioeconômicas.
Cerca de 55 a 60% dos transtornos clínicos são diagnosticados com uma freqüência
um pouco maior em mulheres do que em homens. Em estudos epidemiológicos, a proporção
31
Segundo Kessler et al. (2002 apud ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006), dados
sobre o TAG coletados em quatro importantes estudos epidemiológicos, realizados no Brasil,
Holanda, Canadá e Estados Unidos, sobre a prevalência do TAG estimaram que ao longo da
vida a prevalência combinada = 3,9% foi de 1,0% a 2,9% e a prevalência combinada = 2,1%
no ano anterior. A razão entre as taxas de prevalência em mulheres e homens foi de
aproximadamente 2:1, e a idade de início, o final da adolescência e meados da vida adulta.
2.2.1 Histórico
As terapias que utilizam animais são nomeadas de várias formas tais como: Pet
Thearpy, Zooterapia, Atividades com o Auxílio de Animais (AAA), Terapia desenvolvida
com uso de animais, Terapia Assistida por Animais (TAA).
Chieppa (2002) refere que o termo pet therapy é de origem anglo -saxônica. Pet
configura-se como um termo com significado ambivalente, pois sua tradução pode ser
entendida como “animal de afeição predileto” e também como “acariciar, afagar”, e
acrescenta que recentemente a definição de pet therapy torna-se inadequada, pois não
32
compreende o uso dos animais comumente definidos como “de renda” (herbívoros domésticos
– aves de corte), também utilizados com bons resultados nas experiências desse método. O
autor indica, a partir do exposto, a hipótese da substituição do termo, considerado por ele
histórico, por um mais apropriado como “atividades com o auxílio de animais” ou mesmo
“terapia desenvolvida com uso de animais”.
Desde 1700, já se tem notícia do emp rego terapêutico dos animais para várias
patologias do comportamento humano. Observa-se que a aproximação do animal de
companhia faz com que a pessoa renove seu contexto de vida, uma antiga ligação desejada
essencialmente em nível inconsciente (CHIEPPA, 2002).
No século XVIII, teorias sobre a influência positiva dos animais de estimação também
começaram a ser aplicadas a doenças mentais. Isso ocorreu na Inglaterra, em um centro
chamado York Retreat, que utilizava vários animais domésticos para encorajar seus pacientes
a escrever, ler e se vestir. Em 1792, nesse centro , William Tuke utilizou animais de fazenda
no tratamento de pessoas doentes (DOTTI, 2005).
Na década de 1960, nos Estados Unidos, foram publicadas de acordo com Turner
(2006), pelos Dr. (es) Boris Levinson, Sam e Elisabeth Corson, as primeiras observações
científicas sobre os benefícios da TAA em pacientes com quadros clínicos psiquiátricos.
33
O Dr. Boris Levinson é considerado o introdutor do uso da Terapia Facilitada por Cão
(TFC) – cinoterapia – com crianças. Este observou o comportamento de uma criança,
socialmente reservada, ao ser deixada acidentalmente em contato com o seu próprio cão e
identificou uma melhor integração dela (OLIVA, 2004).
Desde a década de 1980, vários programas têm aplicado a TAA para recuperação da
saúde mental, entendendo-se que o convívio com os animais gera melhora na comunicação,
auto-estima, capacidade de assumir responsabilidades, que melhoram as interações sociais e
reduzem a violência entre pacientes perigosos e presidiários (CORRECIONAL SERVICE OF
CANADA, 1998 apud JULIANO et al., 2001).
No Brasil, a TAA aparece nes se mesmo período, porém, somente a partir dos anos
1990, são fundados os primeiros Centros de Atendimento de TAA, e iniciam-se as pesquisas
científicas sobre o tema (TURNER, 2006).
Apenas na década de 1980, a terapia com animais voltou a ser praticada de forma
expressiva no Brasil. O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a eficácia do
trabalho com cavalos – a Equoterapia – no processo de reabilitação física de uma série de
doenças. Uma década depois, foi a vez de cães e gatos reassumirem o papel de co-terapeutas.
Alguns dos fatores que estimularam a necessidade de bichos em casa foram o aumento na
expectativa de vida, mais pessoas morando sozinhas e o adiamento do plano de ter filhos
(MANNUCCI, 2005).
A psiquiatra Nise da Silveira, segundo Mello (2005), foi a primeira a utilizar gatos
como co -terapeutas para tratamento de doentes com distúrbios mentais e descobriu, na
Terapia Ocupacional, uma forma de tratamento para a esquizofrenia. Sua experiência é
relatada em seu livro, Gatos, a emoção de lidar (1998).
A partir do exposto, cabe ressaltar que, neste estudo utiliza-se de forma indistinta os
termos Pet Therapy, Zooterapia, Atividades com o Auxílio de Animais (AAA), Terapia
desenvolvida com uso de animais TAA, quando são feitas referências sobre as terapias que
utilizam animais.
Conforme Klinger (2004), a psicopedagoga Liana Pires Santos disse que a iniciativa
de utilizar animais com fins terapêuticos começou com a concepção de que estes poderiam
auxiliar no trabalho com crianças e adolescentes. Para a autora, sua experiência iniciou-se
com cães, ratos, coelhos e porquinhos-da-índia, e suas observações demonstraram que os
animais tornavam os trabalhos mais atrativos. Percebeu, então, que os mesmos poderiam
auxiliar no tratamento de problemas de linguagem, de percepção corporal e no controle da
ansiedade.
De acordo com Chieppa (2002), a Pet Therapy apresenta bons resultados somente
35
quando, sem ser forçado ou obrigado, o animal está em condições de expressar seu natural e
apropriado repertório etológico. Para isso, a constante consulta ao médico veterinário
permitirá o perfeito estado sanitário do auxiliar não humano, sem que este seja um potencial
veículo de transmissão de doenças (zoonoses) ao paciente. Esses cuidados são importantes
para que o animal desenvolva plenamente o papel de reabilitação.
Para o autor, o uso do animal como co-terapeuta não suscita problemas éticos, exceto
para a golfinho -terapia, que gera críticas quanto ao uso de mamíferos aquáticos em regime de
cativeiro. Mannucci (2005) complementa citando que os “companheiros de tratamento” são
quase exclusivamente cães e gatos, pois outras espécies, como macacos e papagaios, suscitam
problemas de ordem moral e de preservação.
Algumas terapias podem ser nomeadas de acordo com o animal utilizado tais como
Equoterapia, terapia que utiliza o cavalo; Terapias com pequenos animais: terapia que utiliza
de coelho, gato, hamster, chinchila, periquito (Calopsita); Cinoterapia, terapia com cães
(TURNER, 2006).
Mannucci (2005) aponta a importância de que o animal utilizado em terapia não seja
apenas uma prótese “física” – como no caso de cães para cegos – mas se torne um “amigo”,
um companheiro de vida. A criação de um vínculo afetivo desenvolve uma dinâmica
psicológica positiva, e sabe-se que as emoções também têm base bioquímica e incidem sobre
processos cerebrais. Somente sob esse ponto de vista é possível falar-se em Pet Therapy.
36
2.2.3 Conceito
Define-se a zooterapia como uma metodologia que inclui animais como co-terapeutas
no tratamento das patologias humanas, tanto físicas quanto psíquicas (TURNER, 2006).
Para Klinger (2004), o contato com os animais está além do simples convívio com as
pessoas, e ainda existe a preocupação de comprovar-se a eficácia da zooterapia para as
pessoas, e assim, futuramente, esta pode vir a ser uma disciplina acadêmica.
O princípio desse método leva em conta a habilidade que o animal tem de suscitar
emoções comunicativas no ser humano. Nessa habilidade ocorre uma concreta ligação
empática entre a pessoa e o animal. A relação pessoa-animal, não verbal, é isenta de
mensagens contraditórias, não apresenta confrontos e não é competitiva, oferecendo uma
vivência relaxante e conciliadora, diferentemente das relações entre seres humanos, as quais
impõem confronto e, mesmo quando é familiar e amigável, geram algum nível de estresse
(CHIEPPA, 2002).
Dentro das modalidades dessa terapia, pode-se citar o Tellington Touch Equine
Awareness Method (TTEAM), uma AAA fundamentada na idéia de que, treinando e cuidando
dos animais, pode-se alcançar bem-estar mútuo e benefícios terapêuticos ao ser humano
(MÜHLHAUSEN; NICKEL, 2002).
Mostra a Dra. Nise da Silveira, em seus relatos, que o contato com os animais e o ato
de acariciá-los diminuía a ansiedade. Ela observava que havia uma queda nas crises dos seus
pacientes quando estavam em contato com os gatos, que circulavam no pátio do hospital
(TURNER, 2006).
a) coordenação de movimentos;
38
c) a criação dos animais tem efeitos relaxantes, evidenciados pela redução da pressão
sanguínea e aumento da temperatura corporal;
Crianças que crescem sem contato com animais comumente são mais sujeitas à
zoofobia e zoomania, à ansiedade e insegurança (CHIEPPA, 2002).
e é considerada um grande avanço para quem tem esse tipo de doença e ainda complementa
que muitos deles também voltaram a falar, algo que não faziam mais (MAIA, 200- apud
KLINGER, 2004).
O autor ainda indica vários benefícios que o animal de estimação proporciona para a
pessoa, citados a seguir:
40
b) faz com que o idoso se sinta ainda útil e indispensável para alguém;
Katcher (2002 apud CHIEPPA, 2002), em Interrelation between pets and people,
enfatiza o potencial normotensão/hipertensão que os cães podem promover durante o
acariciamento por parte da pessoa e refere que as salas dos consultórios dos dentistas que
contam com aquários fazem com que os pacientes fiquem mais relaxados, provocando efeitos
ansiolíticos e hipotensores, os quais são comparáveis aos primeiros estágios da hipnose.
Conforme o exposto acima, percebe-se que os animais têm inúmeras funções que
podem melhorar aspectos físicos e psicológicos dos seres humanos que estão em contato com
eles e, dentre os inúmeros benefícios, percebe-se a melhora dos quadros de ansiedade, tema
central desta pesquisa.
as crianças a se distraírem e as acalmam. Ainda relata que, segundo esses pesquisado res, antes
do trabalho com animais, alguns pacientes eram atendidos mediante sedação e hoje estes
depositam a ansied ade nos cães, diminuindo a utilização da medicação durante os
atendimentos provando que é mesmo possível reduzir o uso de medicamentos.
A companhia dos animais tem se mostrado como um recurso valioso para o tratamento
de patologias humanas tanto físicas quanto mentais. Dentre as diversas terapais abordaremos a
seguir mais detalhadamente a Equoterapia que utiliza o cavalo, e que se diferencia das outras
terapias com animais por possibilitar um contato físico mais enérgico através da equitação .
2.3 EQUOTERAPIA
Com base no conceito acima, pode-se dizer que a Equoterapia é também um método
terapêutico, que utiliza o cavalo como motivador para proporcionar ganhos físicos e
psicológicos ao praticante.
2.3.1 Histórico
Hipócrates de Loo (458-370 a.C.), no seu Livro das dietas, aconselhava a equitação
para o tratamento da insônia, regenerar a saúde e prevenir doenças. Além disso, afirmava que
a equitação ao ar livre melhorava o tônus. Asclepíades de Prússia (124-40 a.C.) recomendou o
movimento do cavalo a pacientes caquéticos, hidrópicos, epilépticos, paralíticos, apopléticos,
letárgicos, frenéticos e também para os acometidos de febre.
Na Itália, Benvenutti (1772) afirmava que a equitação, além de manter o corpo são e
de promover diferentes funções orgânicas, é terapêutica.
Em 1999 a Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire publicou o primeiro livro sobre
Equoterapia intitulado Equoterapia teoria e técnica: uma experiência com crianças Autistas.
De acordo com Freire (1999), os casos mais freqüentes indicados para Equoterapia são
lesões cerebrais, seqüelas de lesões medulares, atraso maturativo, distúrbios comportamentais,
distúrbios visuais, distúrbios auditivos, seqüelas de patologias ortopédicas, psicoses infantis,
demência em geral e para casos de ansiedade, como por exemplo, gagueira.
todas as afecções em fase aguda; cardiopatias agudas; excessiva lassidão ligamentosa das
primeiras vértebras cervicais devidas à Síndrome de Down (SILVA, 2004).
Para Garrigue (1999a), podem-se alcançar como resultado na Equoterapia quatro áreas
citadas a seguir:
46
Para Freire (1999, p. 50), “[...] é de relevância que a família contribua com o
tratamento, para um melhor prognóstico, e que os profissionais atuem de maneira
interdisciplinar e transdisciplinar”.
47
a) Hipoterapia:
Nesse programa, quando não tem condições físicas e/ou mentais para se manter
sozinho sobre o cavalo, o praticante necessita de um auxiliar-guia para conduzir o cavalo e,
eventualmente de um auxiliar-lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança.
b) Educação/reeducação:
c) Pré-esportivo:
O praticante reúne boas condições para atuar e conduzir o cavalo, podendo participar
de pequenos exercícios específicos de hipismo. A ação do profissional de equitação é mais
efetiva, mas a orientação e o acompanhamento de profissionais das áreas de Saúde e
Educação continuam necessários, e o cavalo atua tamb ém como agente de inserção/reinserção
social.
2.3.4 O cavalo
Há possibilidades de que o cavalo tenha sido domesticado após o cão, ovelha, cabra e
vaca, tudo devido à baixa adaptação de cavalos ao ambiente doméstico (MILLS;
NANKERVIS, 2005).
Na África, o asno, parente mais próximo do cavalo, foi domesticado algum tempo
antes dos cavalos. Na Idade da Pedra, o homem teve esforço exigido e habilidades para
domesticar o cav alo, um animal maior e mais ágil, com requisitos dietéticos bem específicos e
tendência de viajar longas distâncias (MILLS; NANKERVIS, 2005). Segundo os autores,
cerca de cinco milhares de anos atrás, o cavalo também era cardápio preferido no período
Neolítico, devido a sua abundante disposição de ossos de costela. Durante a colonização, os
homens utilizavam tocaias para aprisionar os cavalos. Os bovinos eram usados para tração,
porém o potencial dos cavalos era maior, sendo estes utilizados como besta de carga.
Mills e Nankervis (2005) descrevem ainda que, quinhentos anos após esse período,
surgiu a arte de andar a cavalo, o que possibilitou aos colonizadores atravessar, com mais
facilidade, a floresta e as regiões de terras pantanosas, e chegar ao Egito e Índia
aproximadamente 100 anos mais tarde. Desde então, a domesticação e a equitação foram
difundidas pelo homem.
Nos lugares onde havia alta densidade de humanos, os cavalos acabavam sendo
mortos em qualquer lugar, pois, segundo esse autor, o cavalo nunca competiu bem com o
homem.
Pode-se perceber que essa domesticação passou a ser mais fácil não só com as
habilidades e técnicas utilizadas de forma aperfeiçoada pelo homem, mas tamb ém com o
desenvolvimento da genética entre os eqüinos, o que permitiu assim uma melhora progressiva
a cada geração, respeitando-se o espaço e os limites entre o homem e o animal.
A freqüência do passo do cavalo irá variar de acordo com sua andadura, que pode ser
classificada em: transpista, sobrepista e antepista (MEDEIROS; DIAS, 2002):
b) sobrepista: o cavalo possui uma freqüência média, na qual sua pegada coincide com
a marca da pegada anterior;
2
Raquis, espinha dorsal ou coluna vertebral;
53
Para Bacoolini (1990 apud PACCHIELE, 1999), a marcha do ser humano divide-se
basicamente em três fases: fase de apoio, fase de balanceio e fase de duplo apoio.
Na fase de apoio, um dos membros se ergue e o outro membro suporta parte ou todo o
peso do corpo; é nesse instante que o centro de gravidade está mais longe do solo.
Na fase de balanceio, o pé não toca o solo, o peso é suportado pelo membro oposto e o
membro em questão é impulsionado e balanceado para frente.
Na fase de duplo apoio, um dos membros está em fase de impulsão e o outro, com o
calcanhar no solo; assim, os dois membros estão em contato com o solo. É nesse ponto que o
centro de gravidade está mais perto do solo.
Wickert (1999) argumenta que para que se compreenda melhor o porquê da utilização
do cavalo como recurso terapêutico, alicerça-se a base das respostas no movimento
tridimensional. Este se traduz no plano vertical, em um movimento para cima e para baixo, e,
no plano horizontal, em um movimento para direita e para esquerda, segundo o eixo
transversal do cavalo, em um movimento para frente e para trás, segundo o seu eixo
longitudinal.
O autor ainda explica que esse movimento se completa com uma pequena torção da
bacia do cavaleiro , a qual é provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal.
54
O termo proprioceptivo se refere ao uso do input sensorial dos receptores dos fusos
musculares, tendões e articulações, para discriminar posição e movimento articular, inclusive
direção, amplitude e velocidad e, bem como a tensão relativa sobre os tendões. Os
proprioceptores e as informações trazidas por eles são essenciais para a consciência da
posição dos membros e seus movimentos (TRANCOZO et al., 2002).
De acordo com Lallery (1984 apud PACCHIELE, 1999), quando se está sobre o
cavalo, há rotação de 80° da cintura pélvica do praticante, o que é idêntico ao quadril do
55
cavalo; há inclinação de 40° para cada lado de obliqüidade, com deslocamento da cintura
pélvica do praticante, a qual realiza 100° de extensão, 30° de flexão, como também o quadril
se desloca 5 cm no plano tridimensional. Esses são os mesmos deslocamentos que o ser
humano executa normalmente em sua marcha sobre o solo.
Porém, ele ressalta que essa semelhança será possível se o centro de gravidade do
paciente coincidir com o centro de gravidade do cavalo que, na pessoa, está em nível da
vértebra lombar L2 e, no cavalo, está a mais ou menos 20 cm depois da cernelha3 .
Montar um cavalo representa uma conquista; a posição que se ocupa do alto da sela é
uma experiência individual, pois somente o praticante poderá expressar as sensações que seu
corpo recebe e/ou vivencia (BROWNE, 1996). A grande propulsora dessas sensações é a
liberdade que a Equoterapia propicia de forma simples e natural.
Herzog (1989, p. 2) tem como hipótese que “[...] o domínio do corpo físico, necessário
em equitação, conduz a um melhor domínio dos afetos, ligados à imagem do corpo do
sujeito”, e manter o equilíbrio significa reconhecer este como uma atitude corporal, reajustar,
coordenar os próprios movimentos e dissociar os gestos dos braços e das pernas melhorando a
compreensão de seu esquema corporal.
3
Cernelha: parte do corpo de alguns animais onde se juntam as espáduas (FERREIRA, 1999).
56
Na Equoterapia,
[...] paciente pode conduzir sua personalidade antes agressiva com um ser
que o aceite sem restrições, e esta união pode ser tal que o cavalo é sentido
como um companheiro muito próximo, mesmo como um prolongamento do
corpo, um corpo que se agita, companheiro de fantasias e de loucuras,
permitindo, talvez, ao cavaleiro, a descoberta de si mesmo (LUBERSAC;
LALLERY, 1996).
Silva (2004) considera que, quando o paciente, por sua própria decisão, desloca seu
cavalo e este o corresponde, isso faz com que ele faça com o cavalo o que, muitas vezes, não
fez em sua vida cotidiana, o que então irá resultar em uma evolução própria.
3 OBJETIVOS
Formatados: Marcadorese
numeração
58
4 A PESQUISA
60
A pesquisa foi realizada no Instituto São Vicente onde está localizada a Fazenda
Escola da Universidade Católica Dom Bosco, popularmente conhecida no município de
Campo Grande como “Lagoa da Cruz”, especificamente no PROEQUO-UCDB, localizado na
Avenida Tamandaré n. 8.000 em Campo Grande-MS.
4.1.1 Histórico
A Fazenda Escola da Universidade abrange uma área de 200 ha e conta com uma casa
destinada a receber adolescentes para estudar no seminário e neste obter uma formação
salesiana. Atualmente residem na casa 40 seminaristas, muitos deles advindos de outras
cidades.
Esse programa foi iniciado como projeto de pesquisa e depois passou a ser um
programa de extensão comunitário conveniado a várias instituições, como Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais (APAE), Associação dos Amigos do Autista (AMA), Instituto
Sul-Mato-Grossense “Florivaldo Vargas” (ISMAC), Sociedade Educacional “Juliano Varela”
(JV), Centro de Atendimento Multidisciplinar em Saúde (CAMS) e Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde (CCBS). O programa oferece estágio aos acadêmicos dos cursos de
Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Medicina Veterinária,
Zootecnia e Administração Rural, propiciando aos acadêmicos, ensino, pesquisa e extensão.
Os animais utilizados são doados e/ou comprados para realização dos atendimentos
em Equoterapia. Atualmente são destinados a es se trabalho dez animais mansos, que recebem
cuidados adequados, vacinas, vermífugos, ração, banhos e encilhamento adequados e/ou
adaptados para os atendimentos.
Trata-se este de um estudo de caso de validação clínica, com avaliações pré e pós-
intervenção, no qual a variável independente introduzida foi a Equoterapia e as variáveis
dependentes, os sintomas de ansiedade, segundo a classificação da CID-10.
4.2.1 Participantes
Participaram desse estudo duas pessoas do sexo feminino, com 27 e 40 anos de idade,
diagnosticadas com TAG, segundo a classificação da CID-10, que freqüentam o Ambulatório
da Sociedade Beneficente Santa Casa de Campo Grande-MS, e estão sob acompanhamento
médico há mais de um ano e fazendo uso de medicação para o controle dos sintomas de
ansiedade.
Para realização dos atendimentos, foram utilizados cavalos devidamente treinados para
prática equoterápica, equipamento para montaria (selas, mantas, cabeçadas, cabresto, cilhão),
e materiais terapêuticos (tambores, bolas, bastões, cones), além de materiais de escritório para
registro das sessões (FIGURA 3).
63
O local de espera para o praticante também oferece grande espaço sob um arvoredo de
mangueiras ao ar livre. A rampa de acesso à montaria é adaptada ao local facilitando aos
praticantes em espera visualizar os outros praticantes em montaria (FIGURA 5).
a) b)
c) d)
e) f)
FIGURA 3 - Equipamento para montaria e recursos terapêuticos: a) cavalo com manta; b) cavalo
com sela; c) bolas; d) manta e cilhão; e) cones, bastões e tambores; f) cabeçada e
cabresto.
Fonte: Glauce Sandim Motti, 2006.
64
a) b)
c)
a) b)
FIGURA 5 - O local de espera para o praticante e rampa de acesso à montaria: a) rampa e b) local de
espera.
Fonte: Glauce Sandim Motti, 2006.
65
4.2.3.1 Anamnese
Esse roteiro conta com seis questões, divididas conforme os critérios de:
O ro teiro de entrevista foi elaborado para aplicação antes e depois do período total de
atendimentos, no intuito de permitir a comparação entre as respostas.
66
4.2.4 Procedimentos
explicou-se a pesquisa e os critérios para seleção das pacientes segundo os critérios da CID-
10 (ANEXO C).
b) Atividades com cones e bastões: os cones eram distribuídos em linha reta, numa
distância de quatro metros cada um; a praticante devia conduzir seu cavalo com
uma das mãos e, com a outra, segurar o bastão para colocá-lo no cone.
c) Atividades com bolas de plástico, cones e tambores: com o cavalo ao passo sendo
puxado, a praticante deveria pegar as bolas que estavam sendo arremessadas em sua
direção, e deveria segurá-las e jogar novamente à terapeuta.
foram realizadas 14 sessões com “A” e 11 sessões com “B” no período de junho a novembro
de 2006. “B” realizou menos sessões porque iniciou depois de “A”. Tais sessões aconteceram
uma vez por semana, com duração de trinta minutos cada uma.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
71
5.1 ANAMNESE
As duas participantes deste estudo são do sexo feminino, Ax tem 27 anos, e Bx, 40, e
foram diagnosticadas com TAG há seis e cinco anos, respectivamente. Segundo vários
estudos, a prevalência dos transtornos de ansiedade é maior em mulheres (ANDRADE;
GORENSTEIN, 2000; KAPLAN, 2003; KINRYS; WYGANT, 2005; ASSOCIAÇÃO
AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995; KESSLER et al., 2002 apud ANDRADE; VIANA;
SILVEIRA, 2006), e os sintomas de nervosismo e ansiedade podem ser sentidos durante toda
vida, porém não é incomum o início dos sintomas após os 20 anos de idade (ASSOCIAÇÃO
AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995).
A participante Bx relata que é de poucos amigos e não gosta de ambientes com muitas
pessoas, tem mania de tirar os aparelhos da tomada e fechar a porta do banheiro e, segundo
ela, esses comportamentos interferem em sua vida pessoal, profissional e social. Quanto aos
sintomas de ansiedade, sente-se insegura, pois não sabe quando eles podem surgir.
5.2.1 Apreensão
Eu não queria ficar ali esperando por muito tempo; logo me dava um
desespero e já começava a passar a mão no pescoço e no peito.
Já a participante Bx relatou que, desde criança, tem medo da morte tanto em relação a
si quanto em relação à família, e seus sintomas de ansiedade diante dessa preocupação
persistiam até três dias.
Quando eu sinto uma dor de estômago, logo acho que vou ter uma doença.
Há muito tempo.
Para Dotti (2005), os animais podem mostrar um outro lado, o de encontrar novas
formas de viver melhor ou, pelo menos, de chegar a esse objetivo. Para o autor, através do
auxílio dos animais é possível dilapidar emoções que não fazem bem à pessoa. Segundo
Freire (1999), dentre os vários benefícios do tratamento equoterápico, está a diminuição de
fobias de modo geral.
A participante Ax relatou sentir-se tensa e com dores musculares à noite e, quando vai
se deitar, sente dor nos ombros. Já a participante Bx descreve sentir a sensação de “contração
nos dentes (pressão)” e, quando está em crise, sente-se tensa e com dor no pescoço.
75
Após os atendimentos, Ax relata que não tem mais os sintomas de dor e tensão, e Bx
apontou uma melhora, pois só tem apresentado os sintomas que relatou no período da noite.
Segundo Lallery (1988), essa melhora pode estar relacionada aos estímulos físicos
p roporcionados pela equitação, pois a adaptação ao ritmo lento do passo do cavalo é
comparável a um embalo e este permite diminuir o nível de angústia. Garrigue (1999c), ainda
aponta que a Equoterapia auxilia na superação da ansiedade, proporcionanado maior
segurança devido à disciplina adquirida em conseqüência da montaria, memorização do
conhecimento adquirido, relaxamento e descontração.
Primeira sessão
Bx tocou a orelha do cavalo e logo teve a iniciativa de montar. Foram utilizadas para
montaria manta sobre o animal e cilhão. Durante a sessão, ela manteve a postura ereta e
77
permaneceu com as duas mãos segurando firme no cilhão. Em seguida, soltou uma das mãos
e, somente no final, soltou as duas mãos e permaneceu sobre o cavalo mantendo o equilíbrio
do seu próprio corpo.
Chieppa (2002) observa que a apro ximação do animal de companhia faz com que a
pessoa renove seu contexto de vida, uma antiga ligação desejada essencialmente em nível
inconsciente.
Segunda sessão
Ax, ao ch egar, percebeu que seu cavalo estava pronto e logo teve iniciativa para
montar, somente retirou as mãos do cilhão quando solicitado pela terapeuta. Relatou que, após
a sua primeira montaria, sentiu as pernas “doloridas” e, em seguida, conversou a respeito de
alguns planos para o futuro (faculdade). Aparentemente percebeu -se que, nessa sessão, a
paciente estava mais desinibida e mais confiante durante a montaria.
No século XVIII, teorias sobre a influência positiva dos animais de estimação também
começaram a ser aplicadas a doenças mentais. Isso ocorreu na Inglaterra, em um centro
chamado York Retreat, que utilizava vários animais domésticos para encorajar seus pacientes
a escrever, ler e se vestir. Em 1792, nesse centro, William Tuke utilizou animais de fazenda
no tratamento de pessoas doentes (DOTTI, 2005).
Terceira sessão
Nesse dia, pediu -se à Bx que esperasse alguns minutos, com o que ela concordou e
aparentemente aguardou tranqüila. Durante a montaria, relatou que, dois dias anteriores a essa
sessão, passou mal no centro da cidade; descreveu que teve dor nos ombros e na cervical e,
por alguns instantes, sentiu -se fora de seu corpo.
O princípio da Terapia com animais leva em conta a habilidade que o animal tem de
suscitar emoções comunicativas no ser humano. Nesta ocorre concreta ligação empática entre
a pessoa e o animal. A relação pessoa-animal, não verbal, é isenta de mensagens
contraditórias, não apresenta confrontos e não é competitiva, oferecendo uma vivência
relaxante e conciliadora. Diferentemente das relações entre seres humanos, que impõem
confronto, mesmo quando são familiares e amigáveis, geram algum nível de estresse
(CHIEPPA, 2002).
Quarta sessão
Bx também teve iniciativa de montar, porém, logo em seguida, disse estar sentindo
79
“medo” e, logo após, apresentou sudorese nas mãos. Após dez minutos decorridos desde o
início da sessão, verbalizou sentir-se menos tensa e, ao conversar, aparentou mais
tranqüilidade. No final do atendimento, relatou que os sintomas da última cris e estiveram
presentes, mesmo estando em casa.
O animal é o agente facilitador para a terapia e pode ser considerado a ponte entre o
tratamento proposto e o paciente. E é nessa ponte que se dá o encontro entre os profissionais,
colaboradores e pessoas. O animal é o instrumento mais valioso entre o mundo isolado da
pessoa e o meio social em que ela vive: é ele que dá ressonância aos sentimentos e abre
portas. “É aquela parte de todos nós que ainda não está contaminada por conceitos,
imposições, é espontânea e, de algum modo, transforma sentimentos” (DOTTI, 2005).
Quinta sessão
Nesse dia, Bx montou em um cavalo diferente dos dias anteriores, o qual estava com
sela e lhe proporcionou uma maior segurança, facilitando os movimentos de flexão do quadril
e extensão dos braços. Aplicou -se a atividade com bastões e cones, objetivando autoconfiança
e atenção. Durante essa atividade, a praticante apresentou boa postura, agilidade, e conduziu
bem seu cavalo para a realização das propostas. Ao final da sessão, aparentou mais segurança
e confiança.
Conforme Klinger (2004), a psicopedagoga Liana Pires Santos disse que a iniciativa
de utilizar animais com fins terapêuticos começou com a concepção de que eles poderiam
auxiliar no trabalho com crianças e adolescentes. Segundo a autora, sua experiência iniciou-se
com os animais de pequeno porte, e suas observações demonstraram que os animais tornavam
os trabalhos mais atrativos. Percebeu, então, que estes poderiam auxiliar no tratamento de
problemas de linguagem, de percepção corporal e no controle da ansiedade.
80
Sexta sessão
Mannucci (2005) aponta a importância de que o animal utilizado em terapia não seja
apenas uma prótese “física” – como no caso de cães para cegos – mas se torne um “amigo”,
um companheiro de vida. A criação de um vínculo afetivo desenvolve uma dinâmica
psicológica positiva, e sabe-se que as emoções também têm base bioquímica e incidem sobre
processos cerebrais.
Sétima sessão
Ax não utilizou o cilhão nessa sessão, e o trabalho durante a montaria foi feito
somente com a manta sobre o cavalo e, des sa vez, ela mostrou-se bastante segura, manteve
boa postura e equilíbrio. Realizou o exercício de relaxamento, conversou durante toda a
sessão, apresentando -se bastante desinibida e confiante.
Segundo a participante, esses sintomas eram devido ao seu período menstrual e ao fato
de estar preocupada com algumas contas pessoais e com a venda de seu veículo.
Oitava sessão
Antes de montar, Ax mostrou-se mais inibida que nas sessões anteriores (neste dia
havia muitos alunos na pista), porém ao montar apresentou boa postura e equilíbrio. Percebeu -
se que Ax estava muito calada, diferente das sessões anteriores. Ao ser indagada por que
estava calada, ela relatou que:
[...] eu ia pedir para minha médica que diminuísse meu medicamento só que
ela não me deu lado, então não fal ei nada e, após a consulta, fui brava para
a casa e cheguei até pensar em trocar de médica.
Nona sessão
Ax apresentou iniciativa para montar, boa postura, verbalização normal, relatou estar
mais calma. Sozinha conduziu o cavalo, apresentou -se mais segura, ao final da sessão
montou, pediu para que seu filho montasse com ela, não aparentando receio de desequilibrar-
se com o menino em seu colo.
Na nona sessão, solicitou-se para Bx que montasse o cavalo sem o auxilio da rampa de
acesso; para isso ela teria que, do solo, colocar o pé no estribo da sela e se impulsionar para
montar. Ela realizou muito bem a proposta e, em seguida, saiu guiando seu cavalo, para que
pudesse ser acompanhada sem interferência no ritmo que ela própria impôs à andadura do
animal. A profissional acompanhante montou em outro cavalo e realizou o trajeto junto à
paciente fora do picadeiro. Procurou -se, nessa sessão explorar o ambiente externo onde o solo
é arenoso e apresenta oscilações, o que exige maior equilíbrio e comandos seguros na
condução do cavalo durante o trajeto a ser percorrido.
De acordo com Uzun (2005), a fase pré-esportiva da Equoterapia prevê uma maior
83
aplicação das áreas de educação e social. A pessoa possui boas condições para atuar e
conduzir o cavalo e pode realizar pequeno s exercícios específicos de hipismo. Nessa fase, o
cavaleiro exerce grande influência sobre o cavalo, que desempenha um papel de facilitador de
inserção/reinserção social.
Décima sessão
Antes de ser iniciada a sessão, Ax ficou acariciando o cavalo, enquanto esperava sua
vez. Ao montar, foi-lhe explicado que realizaria uma atividade com bolas na qual ela teria que
segurar as bolas arremessadas em sua direção, com o cavalo puxado ao passo. Essa atividade
foi realizada no intuito de que Ax adquirisse maior des contração e habilidades físicas sobre o
cavalo , com movimentos amplos dos membros superiores, melhorando o equilíbrio, atenção e
concentração. Nessa sessão, a praticante apresentou -se bastante descontraída, segura, com
bom equilíbrio, e realizou a atividade satisfatoriamente.
estimulada pelo contato do indivíduo com outros pacientes, com a equipe e com o animal,
aproximando-o, dessa maneira, cada vez mais , da sociedade na qual convive.
[...] se fosse em outros tempos, não ficaria sozinha com meu filho.
montou sozinha. A equipe percebeu que Ax está mais segura em suas decisões, já que ela
mesma afirmou:
Portanto, apesar de não visar à generalização, este estudo de caso mostra que a
Equoterapia é um recurso terapêutico válido para o tratamento da ansiedade generalizada e
ainda sugere que, utilizado de forma intensiva, poderá proporcionar aos praticantes benefícios
além do que se pôde constatar.
89
REFERÊNCIAS
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<http://www.arcabrasil.org.br/animais/interacao/turner_entrevista.htm>. Acesso em: 30 set.
2006.
APÊNDICES
98
A:2. Essas mesmas sensações você sente em relação a si mesmo (a)? Quando e há quanto
tempo?
B:3. Sente-se ten so(a) ou com dores musculares, rígido(a), ou percebe alguma contração
involuntária durante algum período do dia? Qual e por quanto tempo?
C:4. Durante sua atividade do dia-a-dia e/ou profissional, apresenta desconforto epigástrico,
sudorese, taquicardia, taquipnéia ou boca seca?
B:6. Ao anoitecer sente medo do escuro, de ficar sozinho? Tem dificuldade de adormecer:
sono interrompido, sono insatisfatório, agitação motora, pesadelos? Acorda com fadiga?
Há quanto tempo vem percebendo essas sensações?
Data: ......../......../................
............................................
Pesquisadora
99
A presente pesquisa trata-se de um estudo de caso de validação clínica, com avaliações pré e
pós-intervenção, que tem como objetivo avaliar as possibilidades da Equoterapia como
recurso terapêutico para indivíduos diagnosticados com t ranstorno de ansiedade g eneralizada
segundo a classificação da CID-10.
A pesquisa consiste em duas etapas aplicação da pré-avaliação do Roteiro para Entrevista de
Avaliação dos Sintomas de Ansiedade (REASA), atendimentos através do recurso
Equoterápico e aplicação da pós-avaliação do Roteiro e, por fim, comparação os resultados
obtidos.
O tempo de participação é de cinco meses perfazendo o tempo de 30 minutos semanal.
O participante da pesquisa terá sua identidade preservada e o direito de desistir de participar
dela, em qualquer tempo ou circunstância.
Consentimento:
Eu ............................................................................................................................................
RG: ..........................................................................................................................................
Endereço: .................................................................................................................................
Cidade: ............................................................................................ UF .........................
Telefone:..................................................................................................................................
Recado:.....................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
.........................................................
Assinatura
.............................................................. .............................................................
UCDB-MS (Comitê de Ética em Pesquisa) Glauce Sandim Motti (pesquisadora)
100
ANAMNESE4
Data: 09/06/2005
Local: residência da participante
1. Dados de identificação
Nome: Ax
Diagnóstico: Diagnóstico Transtorno de Ansiedade Generalizada
Idade: 27 anos Sexo: feminino
Religião: Católica Data de nascimento: 10/04/1978
Naturalidade:................................................................
Nacionalidade: ................................................................
Tipo sanguineo:................................................................
Estado civil:................................................................
Filiação:
Pai:................................................................Fone:................................................................
Mãe:................................................................Fone:................................................................
Escolaridade: terceiro grau incompleto Profissão: do lar
(administração)
RG: ................................................................ CPF: ................................................................
Endereço: ................................................................................................................................
Bairro:................................................................
CEP: ................................................................
Cidade:................................................................
Estado:................................................................
Fone:................................................................
Nome do cônjuge:.........................................................................................................................
Profissão:................................................................
Pessoa a ser notificada em caso de acidente: ................................................................................
Fone:................................................................
2. Antecedentes
Doenças familiares: tiróide, câncer e gastrite nervosa .
Sociabilidade: boa.
Assiste à TV, quanto tempo: sim, novelas à tarde.
Doença que teve: pneumonia e bronquite, aos dois meses de vida.
4
Anamnese elaborada pela pesquisadora, baseada na graduação do curso de Terapia Ocupacional em 1999.
101
3. História atual
Médico responsável: ................................................................................................................
Fone:.........................................................................................................................................
Queixa principal: síndrome do pânico, hoje amenizada.
Quando começou a perceber os sintomas de ansiedade e por quê (motivo)? Quando meu tio
e outros parentes vieram a falecer;
Esses sintomas interferem na sua vida profissional, pessoal e social? Sim, em tudo; não
quero fazer as tarefas cotidianas, passear e nem relacionar com outras pessoas.
Data: 09/06/2005.
Glauce
............................................
Pesquisadora
102
ANAMNESE5
Data: 25/07/2005
Local: PROEQUO-UCDB
1. Dados de identificação
Nome: Bx
Diagnóstico: Diagnóstico Transtorno de Ansiedade Generalizada
Idade: 40 anos Sexo: feminino
Religião: Católica (porém, já passei por Data de nascimento: 31/01/1965
outras).
Naturalidade:................................................................
Nacionalidade: ................................................................
Tipo sanguineo:................................................................
Estado civil:................................................................
Filiação:
Pai:................................................................Fone:................................................................
Mãe:................................................................Fone:................................................................
Escolaridade: superior completo Profissão: funcionária pública
RG: ................................................................ CPF: ................................................................
Endereço: ................................................................................................................................
Bairro:................................................................
CEP: ................................................................
Cidade:................................................................
Estado:................................................................
Fone:................................................................
Nome do cônjuge:.........................................................................................................................
Profissão:................................................................
Pessoa a ser notificada em caso de acidente: ................................................................................
Fone:................................................................
2. Antecedentes
Doenças familiares: diabete, pressão alta e câncer.
Sociabilidade: sou de poucos amigos e não gosto de ambiente cheio.
Assiste àTV, quanto tempo: muito, porque não saio de casa.
Doença que teve:......................................................................................................................
Tem vícios: [ X ] não [ ] sim
[ ] drogas [ ] álcóol [ ] tabagismo [ ] outros................
Tiques (manias): tenho de tirar os aparelhos das tomadas e de fechar a porta do banheiro.
5
Anamnese elaborada pela pesquisadora, baseada na graduação do curso de Terapia Ocupacional em 1999
103
Faz uso de medicamentos? Quais? Sim, Centralina 75 mg uma vez ao dia e Rivotril meio
comprimido dependendo da tensão pré mestrual.
Alergias: não
3. História atual
Médico responsável: ................................................................................................................
Fone:.........................................................................................................................................
Queixa principal: eu estava acima do peso, devido a medicação da médica anterior, então
procurei a Dª Cristina para fazer a mudança da medicação e também porque eu queria
fazer terapia.
Quando começou a perceber os sintomas de ansiedade e por quê (motivo)? Dentro da
Igreja Evangélica, tive uma sensação de desmaio, fui levada para o hospital, realizei
exames e não foi diagnosticado nada.
Esses sintomas interferem na sua vida profissional, pessoal e social? Sim, interfere em tudo
na minha vida.
Data: 25/07/2005.
Glauce
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Pesquisadora
104
Paciente: Ax
A. Apreensão
A:2. Essas mesmas sensações você sente em relação a si mesmo (a)? Quando e há quanto
tempo?
Ax. Pré. Sim. Desde que eu comecei a freqüentar os médicos. Há muito tempo.
Pós. Sim, de doença. Quando eu sinto uma dor de estômago logo acho que vou ter uma
doença. Há muito tempo.
B. Tensão Motora
B:3. Sente-se tenso(a) ou com dores musculares, rígido(a), ou percebe alguma contração
involuntária durante algum período do dia? Qual e por quanto tempo?
105
B:6. Ao anoitecer sente medo do escuro, de ficar sozinho? Tem dificuldade de adormecer:
sono interrompido, sono insatisfatório, agitação motora, pesadelos? Acorda com
fadiga? Há quanto tempo vem percebendo essas sensações?
Ax. Pré. Sim, tenho medo de ficar sozinha, então durmo mais cedo porque durante o dia eu
fico só e a noite o Fabio chega tarde da faculdade, então eu acabo dormindo.
Não tenho dificuldade para dormir. Fadiga só quando eu durmo muito e acordo tarde.
Pós. Não. Não. Não.
C. Hiperatividade Autonômicas
C:4. Durante sua atividade do dia-a-dia e/ou profissional apresenta desconforto epigástrico,
sudorese, taquicardia, taquipnéia ou boca seca?
Ax. Pré. Sim, sudorese e boca seca. Taquicardia já tive, seis meses atrás.
Pós. Não.
Data: ......../......../................
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Pesquisadora
106
Paciente: Bx
A. Apreensão
A:2. Essas mesmas sensações você sente em relação a si mesmo (a)? Quando e há quanto
tempo?
Bx. Pré. Não, não penso porém tenho medo da morte.
Pós. Não.
B. Tensão Motora
B:3. Sente-se tenso(a) ou com dores musculares, rígido(a), ou percebe alguma contração
involuntária durante algum período do dia? Qual e por quanto tempo?
Bx. Pré. Contração nos dentes (pressão), quando estou em crise dói o pescoço e sinto uma
tensão muscular. Desde 2001.
Pós. Não, somente à noite. Antes tinha tensão no pescoço, há quatro meses atrás. Tensão
nos dentes durante quinze dias.
B:6. Ao anoitecer sente medo do escuro, de ficar sozinho? Tem dificuldade de adormecer:
sono interrompido, sono insatisfatório, agitação motora, pesadelos? Acorda com
fadiga? Há quanto tempo vem percebendo essas sensações?
Bx. Pré. Não. às vezes senti sono interrompido. Às vezes acordo com fadiga. Desde a
presença da ansiedade em 2001.
107
C. Hiperatividade Autonômicas
C:4. Durante sua atividade do dia-a-dia e/ou profissional apresenta desconforto epigástrico,
sudorese, taquicardia, taquipnéia ou boca seca?
Bx. Pré. Hoje não, antes apresentava, taquicardia, falta de ar, dor no pescoço, sudorese.
Pós. Não.
Data: ......../......../................
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Pesquisadora
108
ANEXOS
109
FICHA DE ANAMNESE6
Data: ......../......../................
Local: ...........................................................................................................................................
1. Dados de identificação
Nome:.......................................................................................................................................
Diagnóstico:.............................................................................................................................
Idade:................................................................Sexo:................................................................
Religião:................................................................
Data de nascimento: ......../......../................
Naturalidade:................................................................
Nacionalidade: ................................................................
Tipo sanguineo:................................................................
Estado civil:................................................................
Filiação:
Pai:................................................................Fone:................................................................
Mãe:................................................................Fone:................................................................
Escolaridade:................................................................
Profissão:................................................................
RG: ................................................................ CPF: ................................................................
Endereço: ................................................................................................................................
Bairro:................................................................
CEP: ................................................................
Cidade:................................................................
Estado:................................................................
Fone:................................................................
Nome do cônjuge:.........................................................................................................................
Profissão:................................................................
Pessoa a ser notificada em caso de acidente: ................................................................................
Fone:................................................................
2. Antecedentes
Doenças familiares:..................................................................................................................
Sociabilidade:...........................................................................................................................
Assiste àTV, quanto tempo:.....................................................................................................
Doença que teve:......................................................................................................................
6
Anamnese elaborada pela pesquisadora, baseada na graduação do curso de Terapia Ocupacional em 1999.
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3. História atual
Médico responsável: ................................................................................................................
Fone:.........................................................................................................................................
Queixa principal:......................................................................................................................
Quando começou a perceber os sintomas de ansiedade e por quê (motivo)? ..........................
..................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
Esses sintomas interferem na sua vida profissional, pessoal e social? ....................................
..................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................
Data: ......../......../................
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Pesquisadora
111
Nome: ...........................................................................................................................................
Data: ......../......../................
Equipe:..........................................................................................................................................
Nome do cavalo:...........................................................................................................................
Andadura: .....................................................................................................................................
Material de terapia:.......................................................................................................................
Atividade:
Pré-montaria:............................................................................................................................
Durante-montaria:....................................................................................................................
Pós-montaria: ...........................................................................................................................
Conclusão:
Progresso em determinada área: ..............................................................................................
..................................................................................................................................................
Retrocesso em determinada área:.............................................................................................
..................................................................................................................................................
Estável: .........................................................................................................................................
Observações gerais:......................................................................................................................
...................................................
Assinatura do responsável
7
Retirada do PROEQUO-UCDB.
112
Segundo à Psiquiatra:
Atesto para os devidos fins que Bx apresenta sintomas de ansiedade generalizada e crônica.
Apresentou melhora parcial depois da Equoterapia e persiste com tendências ao isolamento
social e afetivo.
113