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Desempenho de Voo
Engenharia Aeronáutica
Docente:
Prof. Doutor Miguel Ângelo Rodrigues Silvestre
5 de junho de 2022
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
1
Índice
0.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
0.2 Desempenho de aeronaves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
0.3 Aeronaves em estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
0.3.1 Aviões a hélice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
0.3.2 Aviões a jato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1 Atmosfera padrão 13
1.1 Modelo ISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1.1 Troposfera e Estratosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Parâmetros atmosféricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.1 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.2 Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2.3 Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.4 Viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2.5 Velocidade do som . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.6 Razão de parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2 Modelo Gravı́tico 18
3 Modelo propulsivo 19
3.1 Pratt & Whitney PT6A-25C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Pratt & Whitney PT6A-62 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 CFM International CFM56 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4 Voo Nivelado 25
2
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
7 Subida e descida 46
7.1 Subida e descida - aviões a hélice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
7.1.1 Razão de subida e ângulo de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
7.1.2 Razão de subida máximo e ângulo de subida máximo . . . . . . . . . . . . 47
7.1.3 Razão de descida e ângulo de descida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.2 Subida e descida - aviões a jato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
7.2.1 Razão de subida e ângulo de subida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
7.2.2 Razão de subida máxima e ângulo de subida máximo . . . . . . . . . . . . 50
7.2.3 Razão de descida máximo e ângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
8 Descolagem e aterragem 52
8.1 Descolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
8.2 Aterragem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
9 Voo em volta 58
10 Método da Energia 62
11 Considerações finais 65
11.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3
Lista de Figuras
1.1 Gráfico T vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Gráfico p vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3 Gráfico ρ vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 Gráfico µ vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.5 Gráfico a vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.6 Gráfico h vs Razão de Parâmentros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1 Gráfico g vs h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4
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5
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6
Lista de Tabelas
7
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0.1 Introdução
É com base nos conhecimentos adquiridos na unidade curricular de Desempenho de Voo que
o surge o trabalho desenvolvido.
De facto, este tem como alvo, primeiramente, a aplicação e compreenção dos conceitos ad-
quiridos previamente nas aulas da disciplina, seguindo-se o estudo do desempenho de aeronaves
de duas categorias diferentes no que toca ao sistema propulsivo e, finalmente, a comparação do
desempenho de diferentes aeronaves.
Ora, para o desenvolvimento do trabalho procedeu-se ao estudo do desempenho de duas
aeronaves a hélice - o Embraer EMB-312 e o Pilatus PC-9 e duas aeronaves a jato, mais propri-
amente, turbofan - o Airbus A320-200 e o Boeing B737-800. A escolha das aeronaves de cada
categoria foi pensada de modo a que, do ponto de vista da comparação de aeronaves, tendo
duas da mesma gama de operação, talvez houvesse mais uma referência qualitativa, uma vez
que os objetivos dos dois pares de aeronaves é semelhante.
A estrutura do trabalho segue a ordem de exercı́cios que constam no documento da unidade
curricular referente às aulas práticas. Em cada exercı́cio, quando aplicável, surge primeiramente
o estudo das aeronaves a hélice e, posteriormente, a jato.
Na verdade, os dados obtidos para cada aeronave foram fruto de uma procura intensiva
por via on-line, procurando, sempre que possı́vel, a obtenção mais coerente de dados. Como
suporte teórico foram utilizados os documentos aconselhados pelo professor, nomeadamente os
apontamentos da unidade curricular.
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Subida e Descida: Razão de subida e ângulo de subida (F (V )), Razão de subida e ângulo
de subida máximos e velocidades correspondentes, Consumos de combustı́vel, Alcance,
autonomia e voo planado e Descidas com motor.
Voo em volta: Taxa de volta, Raio volta e fator de carga (F (V, pranchamento)), Raio mı́nimo
de volta e volta mais rápida e respetivas velocidades e pranchamentos, volta com máximo
pranchamento e respetiva velocidade.
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Pilatus PC9
10
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Airbus A320-200
Lançado em março de 1984 e voado pela pri-
meira com passgeiros em 1988 pela Air France
naquela que foi a primeira versão da aeronave,
o Airbus A320-200, com sharklets na ponta da
asa só surgiu em 2006 com o fim de responder,
na mesma gama de avião e com tecnologia seme-
lhante, aos inovadores winglets da Boeing. Atu-
almente este ainda se encontra em produção, e
em novas versões, nomeadamente as NEO (New
Engine Option). Figura 3: Vista lateral A320-200 Vueling.com
Boeing B737-800
Conhecido como uma versão alongada do B737-
700, o B737-800 a atual TUIfly recebeu o pri-
meiro modelo da companhia americana Boeing
em 1998. Uma das suas mais valias é o facto
de ser uma das aeronaves com a fuselagem mais
amplamente utilizada de sempre no transporte
de passageiros. O modelo com wiglets surgiu em
2003 e atualemente já existem as versões MAX,
a quarta versão desta gama nas companhias co-
merciais (equiparável à famı́lia NEO da Airbus). Figura 4: B737-800 Luxair
11
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
12
Capı́tulo 1
Atmosfera padrão
Os modelos acima resultamm em valores semelhantes até aos 32km de altitude, pelo que
poderia ter sido utilizado qualquer um no de correr deste trabalho. O escolhido foi o modelo
ISA (1975), uma vez que foi o leccionado nas aulas da Unidade Curricular de Desempenho de
Voo.
13
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Para o seguimento deste trabalho foi essencial o desenvolvimento de uma folha de cálculo em
Excel com um modelo da atmosfera padrão até aos 32km de altitude. Os valores de referência
essênciais (ao nı́vel médio da água do mar) para a implementação deste modelo constam na ta-
bela 1.1. Já as expressões que o dominam podem ser encontradas nos Parâmetros Atmosféricos.
1.2.1 Temperatura
Implementamos:
T0 + λh
λ = −6, 5 × 10−3 K/m 0 < h < 11[km](T roposf era)
T = T11km = 216, 65 11 < h < 20[km](T ropopausa)
T20km + λ(h − 20000) λ = 1 × 10−3 K/m 20 < h < 32[km](Estratosf erabaixa)
Unidade: [K]
T vs h
330
300
270
210
120
60
h[m]
20000 25000 30000
1.2.2 Pressão
Implementamos:
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−g0
T λR
λ = −6, 5 × 10−3 K/m
p0 + 0 < h < 11[km](T roposf era)
T0
−g0
p= (h−11000)
p11km e RT11km
11 < h < 20[km](T ropopausa)
−g0
T λR λ = 1 × 10−3 K/m
p20km
20 < h < 32[km](Estratosf erabaixa)
T20km
Unidade: [Pa]
p vs h
Através do gráfico p vs h conseguimos observar 110000
90000
70000
p [Pa]
60000
40000
20000
- onde temos mais matéria, tendendo para decli- 0 5000 10000 15000
h[m]
20000 25000 30000
1.2.3 Densidade
p
Implementamos: ρ= Unidade: [kg/m3 ]
RT
rho vs h
1,3
1,1
0,9
rho [kg/m^3]
0,7
0,5
0,4
0,2
h[m]
20000 25000 30000
1.2.4 Viscosidade
3
Tref + C T 2
Implementamos: µ = µref Unidade: [kg/ms]
T +C Tref
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miu [kg/ms]
0,000015
h[m]
tratosfera Baixa. A expressão anterior sugere
a dependencia da temperatura, assim obtemos
este gráfico após o da figura 1.1. Figura 1.4: Gráfico µ vs h
a [m/s]
depende da temperatura, surge que se obtem a 315
305
295
T p ρ a µ
T0 p0 ρ0 a0 µ0
h vs Razão de Parâmetros
30000
T/T_0
27000
p/p_0
24000 rho/rho_0
miu/miu_0
21000 a/a_0
18000
h [m]
15000
12000
9000
6000
3000
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
16
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Do gráfico na figura 1.6 vemos que, tal como esperado pela “semelhança gráfica” em função
da altitude, os parâmetros temperatura, viscosidade e velocidade do som têm comportamentos
semelhantes quando relacionados com os seus valores de referência ao nı́vel do mar.
De um modo geral, todos os parêmtros estudados tendem a decrescer em função da altitude.
17
Capı́tulo 2
Modelo Gravı́tico
Da fı́sica, sabemos que uma das forças fundamentais da natureza é a força gravı́tica, a qual
lidamos diariamente quer seja para dar um pontapé numa bola de futebol ou até mesmo para
nos mantermos em pé. Assim, pela lei da gravitação universal tal como a segunda lei de Newton
surge:
2
1
g = g0
hG
1+
r0
Com g0 = 9, 80665 m/s2 , a aceleração gravı́tica ao nı́vel do mar, r0 = 6, 371 × 106 m , o raio da
Terra e hG g a altitude geométrica.
Altitude geométrica (hG ): Distância vertical verdadeira entre o objeto em estudo (um ponto)
e o nı́vel médio da água do mar.
Até agora, considerou-se sempre que o valor da aceleração gravı́tica g não varia com a
altitude, uma vez que essa consideração não é totalmente correta, surge agora o modelo gravı́tico
resultante da expressão anterior, em que temos a aceleração da gravidade g a variar com a
altitude.
g vs h_g
9,82
9,8
18
Capı́tulo 3
Modelo propulsivo
Neste ponto será implementado o modelo propulsivo para as aeronaves em estudo tanto
a hélice como a jato pois, para conhecermos os seus desempenhos, é fundamental analisar os
respetivos sistemas propulsivos.
Os seguintes motores são os responsáveis por gerar a tração que as aeronaves necessitam
para atingir as velocidades necessárias para realizar o voo dentro das mais diversas fases.
De um modo geral, a força de tração F gerada pelos motores dos aviões é função da densidade
do ar, do caudal de combustı́vel (em que consideramos a posição do acelerador numa escala de
0 a 1, δ) e da velocidade V que o mesmo leva.
F = f (motor, h, δ, V )
Para além das variáveis anteriores, o consumo especı́fico de combustı́vel c ou T SF C é um
dado fundamental do motor em estudo.
Kg 9, 8N N
P SF C = 0, 408 = 0, 408 × 3
= 1, 11 × 10−6 = c′
KW h 3600 × 10 W s sW
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Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Numa hélice de passo variável, que é o caso, a eficiência propulsiva pode ser considerada
10% inferior a uma de passo fixo, obtendo-se então um valor constante. Como esta aproximação
só é válida para uma certa gama de velocidades em voo cruzeiro, optou-se por calcular, itera-
tivamente e para cada velocidade de voo, a respetiva eficiência, evitando assim a consideração
de um valor constante.
ρ Pe,0 δ
Para um motor turbohélice, tem-se: Pe = Pe,0 δ eF = .
ρ0 V
Juntando as relações para a eficiência de uma hélice, é possı́vel então realizar o cálculo
iterativo.
FV 0, 93F V
ηp = =
Pe
s
2
V V F
F + +
2 2 2ρπR2
De modo a conhecermos o sistema propulsivo deste motor turbohélice e para duas posições
de acelerador (δ = 1 e δ = 0, 75), seguem-se os gráficos:
14000 14000
12000 12000
delta=1 delta=1
8000 8000
h[m]
h[m]
6000 6000
4000 4000
2000 2000
0 0
0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00
0,00 100000,00 200000,00 300000,00 400000,00
P_A[W] F_A[N]
Figura 3.2: Gráfico h vs PA - motor turbohélice Figura 3.3: Gráfico h vs FA - motor turbohélice
PT6A-25C PT6A-25C
De 3.2 retira-se que a potência disponı́vel decresce com o incremento da altitude. De facto,
tal verifica-se de forma mais acentauda para altitudes mais elevadas. Quanto à aceleração, vemos
que um maior delta resulta em valores superiores de potência para uma mesma velocidade, para
além disso a variação é dada de forma mais acentuada, visı́vel a apartir dos declives das retas
tangentes à curva (maiores em módulo para δ = 1 do que para δ = 0, 75).
O gráfico da figura 3.3 está intimamente ligado ao 3.2, uma vez que foram traçados para
V = Vcruz = 88, 6m/s.
20
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
10000,00
9000,00
8000,00 delta=1
7000,00
delta=0,75
6000,00
F_A[N] 5000,00
4000,00
3000,00
2000,00
1000,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160
V[m/s]
Figura 3.4: Gráfico FA vs V - motor turbohélice PT6A-25C
Devido à semelhança nos parâmetros dos motores PT6A-25C e PT6A-62, as curvas obtidas
são de facto muito semelhantes, levando a conclusões e interpretação gráfica igual, pelo que aqui
serão apenas expostos os gráficos.
21
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
14000 14000
12000 12000
delta=1 delta=1
8000 8000
h[m]
h[m]
6000 6000
4000 4000
2000 2000
0 0
0,00 100000,00 200000,00 300000,00 400000,00 500000,00 0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00
P_A[W] F_A[W]
Figura 3.6: Gráfico h vs PA - motor turbohélice Figura 3.7: Gráfico h vs FA - motor turbohélice
PT6A-62 PT6A-62
6000,00
delta=1
5000,00 delta=0,75
4000,00
F_A[N]
3000,00
2000,00
1000,00
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
V[m/s]
22
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Nota: 1 representa a força de tração gerada por um único motor, uma vez que os aviões A320-200
e B737-800 têm dois motores cada (como visto na tabela da figura 2), os cálculos a realizar
a partir de agora serão para F0 como a força gerada pelos dois motores das aeronaves.
Kg KN 1
T SF C = 0, 016 = 0, 016 × 9, 80665 × 10−3 = 0, 0001569 = c
sKN sKN s
De modo a estudar o desempenho do motor utilizado nos aviões a jato escolhidos neste
trabalho, utilizou-se a seguinte expressão correespondente a um sistema propulsivo para um
turbofan com elevada Razão de Bypass:
ExpM 0,7
Mref ρ
F = F0 δ , com M = Mref quando M < Mref
M ρ0
De seguida, partiu-se para a implementação do modelo geral numa folha de cálculo, cujo
gráfico obtido encontra-se na figura 3.10, para duas posições de acelerador (δ = 1 e δ = 0, 75).
20000
18000
16000
delta=1
14000
delta=0,75
12000
h[m]
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
F[N]
Acima vemos então a forma como varia a tração em função da altitude. É de notar que, de
um modo geral, a primeira diminui quando a segunda aumenta, para além disso a curva também
sugere que a variação é mais acentuada para valores maiores de altitude. Comparativamente
a δ = 1 e δ = 0, 75, retiramos que quanto maior o acelerador, maior a variação da tração com
a altitude. De facto, o gráfico foi projetado para 20km de altitude, no entanto, será do nosso
interesse apenas o estudo até aos valores de teto máximo para o A320-200 (11887m) e B737-800
(12496m).
Seguem-se os gráficos correspondentes da tração e da potência disponı́vel em função da
velocidade:
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Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
110000
6500000
100000
80000 delta=0,75
4500000
70000
60000 3500000
F[N]
P[W]
50000
2500000
40000
delta=1
30000
1500000 delta=0,75
20000
500000
10000
Figura 3.11: Gráfico F vs V - motor turbofan Figura 3.12: Gráfico P vs V - motor turbofan
CFM56 CFM56
Ora, na figura 3.11 , vemos que a força de tração mantém-se constante até atingir a veloci-
dade correspondente ao mach de referência do CFM56, daı́ adiante vê-se então que para maiores
velocidades temos uma queda na força propulsiva.
Do mesmo modo e na figura 3.12, conta-se que a potência cresce linearmente até à velocidade
referida anteriormente e, a partir daı́, aumenta de forma cada vez mais suave. Os dois gráficos
estão intimamente ligados devido à realção P = F × V .
24
Capı́tulo 4
Voo Nivelado
Aqui iremos estudar uma das etapas mais importantes no voo de uma aeronave, visto que é
nesta condição que ocorre grande parte da missão.
Na verdade, o voo nivelado pretende trazer à aeronave tanto um ângulo de linha de ação
como de ataque nulos, com velocidade constante. Para que tal aconteça, vetorialmente ocorre
que a sustentação iguala o peso (L = W ) e que a tração iguala o arrasto (F = D), de modo
que o avião não perca altitude e compense o arrasto através da tração.
Expressões a implementar:
L 2W
CL = = , pois no cruzeiro L = W
0, 5ρV 2 S ρV 2 S
2W 2
2
CD = CD 0 + KCL = CD 0 + K , pela expressão anterior.
ρV 2 S
CL L
Tendo CL e CD surge a eficiência aerodinâmica (ou razão de planeio): E = =
CD D
De seguida seguem-se os gráficos dos parâmetros expostos para análise do desempenho nesta
fase da missão para as aeronaves EMB312 e A320-200.
2,5 0,4
0,35
2
0,3
0,25
1,5
C_L
C_D
0,2
1
0,15
0,1
0,5
0,05
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 20 40 60 80 100 120 140
V[m/s] V[m/s]
25
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
25
C_L/C_D
C_L^(3/2)/C_D
20
C_L^(1/2)/C_D
15
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
3/2 1/2
CL CL C
Figura 4.3: Gráfico , e L vs V - EMB 312
CD CD CD
Do gráfico acima resultam alguns pontos de interesse para a análise do desempenho numa
aeronave a hélice:
CL
O maior alcance da aeronave é retirado no ponto de máximo da curva .
CD
3/2
C
O máximo da curva L diz-nos a autonomia otimizada.
CD
3,500000
0,50
3,000000
0,40
2,500000
2,000000 0,30
C_L
C_D
1,500000
0,20
1,000000
0,10
0,500000
0,000000 0,00
0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000 0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000
V[m/s] V[m/s]
26
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
30,00000000
C_L/C_D
25,00000000 C_L^(3/2)/C_D
C_L^(1/2)/C_D
20,00000000
15,00000000
10,00000000
5,00000000
0,00000000
0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000
V [m/s]
3/2 1/2
CL CL C
Figura 4.6: Gráfico , e L vs V - EMB 312
CD CD CD
No gráfico da figura 4.6 surgem os seguintes pontos de interesse no que toca ao desempenho
de uma aeronave a jato:
1/2
CL
O maior alcance da aeronave é retirado no ponto de máximo da curva .
CD
CL
O máximo da curva diz-nos a autonomia otimizada.
CD
Partindo para o estudo a tração requerida FR (a tração que a aeronave necessita para vencer
o arrasto) e a respetiva potência requerida PR .
Surgem então as expressões:
1 1 2KW 2
D = FR = ρV 2 S(CD0 + KCL2 ) e PR = FR V = ρV 3 SCD0 +
2 2 ρV S
Abaixo encontram-se os gráficos destes parâmetros quando variada a velocidade.
5000 5000
4500 4500
4000 4000
3500 3500
3000 3000
F_R [N]
F_R [N]
2500 2500
2000 2000
MTOW
1500 1500
h=0m
1000 0,75MTOW
1000 h=0,5h_c=1675m
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s] V [m/s]
Figura 4.7: Gráfico FR vs V para MTOW e três Figura 4.8: Gráfico FR vs V para h = 0m e três
altitudes - EMB312 pesos - EMB312
Na figura 4.7, o gráfico mostra que para velocidades mais baixas, altitudes elevadas requerem
uma força de tração superior às altitudes menores. Em contrapartida, nas velocidades mais
elevadas, a tração requerida é superior para altitudes inferiores. Note-se que quando variada a
altitude, o valor mı́nimo de FR mantém-se.
Já o gráfico da figura 4.8 diz-nos que maiores pesos requerem forças de tração superiores,
como era de esperar. Para além disso, o gráfico permite-nos ver que, quanto maior o peso, mais
limitada está a gama de velocidades.
27
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
450000
450000
250000
P_R [N]
250000
P_R [N]
150000 150000
0,75MTOW
100000 100000
0
0
0 20 40 60 80 100 120 140
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
V [m/s]
Figura 4.9: Gráfico PR vs V para MTOW e três Figura 4.10: Gráfico PR vs V para h = 0m e
altitudes - EMB312 três pesos - EMB312
De 4.9 vemos que altitudes superiores, nas velocidades mais baixas, requerem de facto, mais
potência, ao passo que nas velocidades mais altas já necessitam de valores inferiores da mesma.
Por outro lado, no gráfico da figura 4.10 consta-se que, para uma mesma altitude, pesos
maiores procuram potências também maiores, em toda a gama de velocidades. Como visto
anteriormente, este gráfico também comprova a influência do peso na gama de velocidades de
operação, que diminui quando o peso aumenta.
Ora, os gráficos acima comportaram-se desta forma pois:
– O aumento de h faz CD0 (e por isso FR0 ) diminuir uma vez que este diretamente
proportcional à densidade ρ. Em contrapartida, a componente induzida do arrasto (e
por isso FRi ) aumenta com a altitude dado ao facto de ser inversamente proporcional
a ρ.
– Fazendo o peso diminuir, apesar de CD0 não variar, CDi ao variar leva à alteração de
FRi , sendo maior para velocidades baixas e menor para velocidades mais altas essa
alteração.
Para PR vs V , pela mesma razão do ponto anterior, mas “criando” uma potência requerida
para sustentação nula PR0 e uma potência requerida induzida PRi , surge que:
28
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
120000 140000
120000
100000
100000
80000
F_R [N]
F_R [N]
80000
60000
60000
40000 MTOW
40000 0,75MTOW
h=0m
20000 h=0,5h_t=5944m 0,5MTOW
20000
h=h_t=11887m
0 0
0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000 0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000 350,00000
V [m/s] V [m/s]
P_R [W]
P_R [W]
20000000 20000000
15000000 15000000
10000000 10000000
5000000 5000000
0 0
0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000 0,00000 50,00000 100,00000 150,00000 200,00000 250,00000 300,00000 350,00000
V [m/s] V [m/s]
29
Capı́tulo 5
Neste ponto iremos analisar o Voo Nivelado das aeronaves de instrução a hélice EMB-312
e PC-9. A análise especı́fica destes aviões com sistema propulsivo turbohélice, permitir-nos-á
conhecer de forma mais precisa o comportamento das mesmas na fase do voo em estudo.
5.1 EMB-312
5.1.1 Velocidade mmı́nima e velocidade máxima
De modo a conhecermos o desempenho de uma aeronave como esta, primeiramente, devemos
saber quais as velocidades mı́nima e máxima a que a aeronave opera. Estas, correspondem às
raı́zes da equação:
2
2ηp Pe 4K W
V4− V + 2 =0
ρCD0 ρ CD0 S
De facto, a raı́z inferior da equação acima corresponde à velocidade mı́nima e a superior à
máxima, contudo, se se verificar que Vmin < Vs então Vmin = Vs , tal como se Vmax < VN E então
Vmax = VN E , com VN E a representar a velocidade a não exceder pela aeronave.
De seguida, segue-se o gráfico da altitude em função das velocidades mı́nima e máxima. É
de esperar que as velocidades convirjam para uma mesma altitude à qual denominaremos de
teto máximo.
8000
V_min
7000
V_max
6000
5000
h [m]
4000
3000
2000
1000
0
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
O gráfico acima sugere que o teto máximo é obtido em volta dos 8000m, uma vez que o
valor real ronda os 9000m, podemos admitir que de facto existe um erro significante. Uma vez
que o processo utilizado foi o aprendido previamente na unidade curricular de Desempenho de
Voo, podemos admitir que o erro deve-se a algum dado menos correto da aeronave.
30
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Para além disso, e idealemnte, os valores de velocidade mı́nima e máxima deveriam convergir
para um mesmo ponto mas por motivos já vistos anteriormente tal não acontece. De qualquer
das formas, vemos que o efeito da altitude nas velocidades mı́nima e máxima é tal que reduz a
gama de velocidades até à unicidade.
A obtenção das velocidades foi feita para M T OW pelo que no gráfico seguinte temos a
forma de como estas variam por alteração do peso.
35000
30000
25000
20000
W [N
15000 V_min
10000 V_max
5000
0
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
5.2 mostra que a influência do peso nas velocidades mı́nima e máxima é pequena, ainda
assim, ligeiramente mais influente nas velocidades mı́nimas. Do gráfico retiramos também que
à medida que a aeronave “perde” peso durante o voo, a gama de velocidades a operar é, ainda
que pouco, superior.
Na verdade, a curva das velociades mı́nimas deveria estar mais adiantada no eixo das ab-
cissas, isto para que a velocidade mı́nima para M T OW coincidisse com a velocidade de perda
da aeronave. De qualquer das formas, é possı́vel verificar, como esperado, a influência do peso
nas velocidades.
C 1,5
Já a maximização da razão CLD0 ocorre quando a potência é a mı́nima requerida, levando-
nos ao maior alcance. Nesta velocidade a aeronave voa o maior tempo possı́vel. A respetiva
velocidade é dada por: s 1
2W K 4
Vbe = VminP =
ρ0 σS 3CD0
Para qualquer uma das expressões acima, σ = ρρ0 .
De modo a conhecermos a variação de Vbr e Vbe em função da altitude e do peso, traçaram-se
os gráficos:
31
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
80
120
V_br
70
100 V_be
60
80 50
V [m/s]
V [m/s]
60 40
30
40
V_br 20
20 V_be
10
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
h [m]
W [N]
Figura 5.3: Gráfico Vbr e Vbe vs h em voo nive- Figura 5.4: Gráfico V e V vs W em voo ni-
br be
lado - EMB-312 velado - EMB-312
Em 5.3, vemos que a velocidade de maior alcance requer valores superiores à de maior auto-
nomia para uma mesma altitude, os valores distam mais um do outro para altitudes superiores.
Um comportamento semelhante é visto no gráfico da figura 5.4, mas com a influência do
peso.
25000
20000
15000
h_c [m]
10000
5000
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
W [N]
Tal como sugerem as equações expostas acima, verificamos então que o teto máximo diminui
com o aumento do peso. A variação é maior em pesos mais reduzidos.
32
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Programa Parâmetro
Alcance
2ηp Emax E1 ζ
h−V Xh−V = arctan
c′ 2Emax (1 − KE1 CL1 ζ)
ηp E 1
V − CL e h − CL XV −CL = Xh−CL ′ ln
c 1−ζ
Autonomia
2ηp Emax E1 ζ
h−V th−V = arctan
c′ V 2Emax (1 − KE1 CL1 ζ)
ηp E 1
V − CL tV −CL = ′ ln
cV 1−ζ
√
2ηp E 1− 1−ζ
h − CL th−CL = ′ √
cV 1−ζ
Alcance
Passando então para a implementação das expressões vistas na tabela 5.1, temos para o
alcance:
1400 1400
1200 1200
1000 1000
800 800
X [m]
X [m]
600 600
h-V
400 h-V 400
V-CL e h-CL
V-CL e h-CL
200 200
0 0
0 20 40 60 80 100 120 0 2000 4000 6000 8000
V [m/s] h [m]
Figura 5.6: Gráfico X vs V para os três progra- Figura 5.7: Gráfico X vs h para os três progra-
mas de cruzeiro - EMB-312 mas de cruzeiro - EMB-312
No gráfico da figura 5.6, vemos que o incremento da velocidade leva a um aumento do alcance
da aeronave. Para velocidades mais baixas, o programa h − V dá-nos o maior alcance, ao passo
que nas elevadas são os programas V − CL e h − CL .
33
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
De modo semelhante, como vemos no gráfico da figura 5.7, para altitudes mais baixas, o
melhor alcance é dado por h − V , sendo que para maiores altitudes são os programas V − CL e
h − CL . De um modo geral, o incremento da altitude resulta num aumento do alcance.
Autonomia
No que toca à autonomia, seguem os gráficos em função da velocidade e altitude, tal como
visto para o alcance:
6 6
5 5
4 4
t [h]
t [h]
3 3
2 2 h-V
h-V
V-CL V-CL
1 1 h-CL
h-CL
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 2000 4000 6000 8000
V [m/s] h [m]
Figura 5.8: Gráfico t vs V para os três progra- Figura 5.9: Gráfico t vs h para os três programas
mas de cruzeiro - EMB-312 de cruzeiro - EMB-312
O gráfico à direita mostra a variação de t com V para os três programas estudados. Daqui
retiramos que o programa h − V dá-nos uma maior autonomia nas velocidades baixas, sendo
que nas altas a otimização é dada por h − CL .
No gráfico da esquerda, temos que os programas a “liderar” na otimização da altitude são
os mesmos, pela mesma ordem de ideas.
De um modo geral, a atonomia diminui com o aumento da velocidade, assim como com o
aumento da altitude.
5.2 PC-9
No seguimento das aeronaves a hélice, abaixo será feita a mesma implementação para o
Pilatus PC-9 que no EMB-312 para o Voo Nivelado.
Uma vez que as fórmulas a utilizar são idênticas, assim como as conclusões a retirar de cada
um dos gráficos que se seguem, estes não serão analisados, seguindo-se então a sua exposição,
deixando uma nota comparativa com a aearonave anterior.
9000
V_min
8000
V_max
7000
6000
h [m]
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
34
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
No gráfico da figura 5.10 vemos que as curvas tendem a convergir para uma altitude de
9000m, uma vez que este valor não coincide com o veradeiro da aeronave, verifica-se então que
aqui também existe o erro visto na aeronave anterior. De qualquer das formas, mais uma vez,
continua possı́vel a confirmação do comportamento destas curvas.
Para o peso em função da velocidade, temos que:
35000
30000
25000
20000
W [N
15000 V_min
10000 V_max
5000
0
0 20 40 60 80 100 120 140
V [m/s]
Relativamente à aeronave anterior, verifica-se que o PC-9 atinge um valor de teto máximo,
de facto superior ao do EMB-312, tal como acontece na realidade.
O segundo gráfico é muito semelhante para as duas aeronaves, ainda assim surge que no
EMB-312 as curvas são ligeiramente mais curvas nos limites superiores de W , o que diminui a
sua gama de velocidades para valores proximos de M T OW face ao PC-9.
60 40
30
40
V_br 20
20 V_be
10
0
0 2000 4000 6000 8000 10000
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
h [m]
W [N]
Figura 5.12: Gráfico Vbr e Vbe vs h em voo ni- Figura 5.13: Gráfico V e V vs W em voo
br be
velado - PC-9 nivelado - PC-9
Mais uma vez, vemos que os valores muito se aproximam dos do EMB-312, ainda assim,
nota-se as velocidades de melhor alcance e autonomia são um pouco superiores para o Embraer,
quer em função da altitude como do peso.
35
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
25000
20000
15000
h_c [m]
10000
5000
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
W [N]
Relativamente ao teto máximo para cada aeronave, vemos que o PC-9 admite maiores valo-
res, tal como se verifica em termos práticos.
Alcance
Para o alcance nos três programas em estudo, temos:
1200 1200
1000 1000
800 800
X [m]
X [m]
600 600
0 0
0 20 40 60 80 100 120 0 2000 4000 6000 8000 10000
V [m/s] h [m]
Figura 5.15: Gráfico X vs V para os três pro- Figura 5.16: Gráfico X vs h para os três pro-
gramas de cruzeiro - PC-9 gramas de cruzeiro - PC-9
Em comparação com a aeronave anterior, vemos que é o avião da Embraer que atinge valores
superiores de alcance.
36
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Autonomia
Para a autonomia temos:
5 5
4,5 4,5
4 4
3,5 3,5
3 3
t [h]
t [h]
2,5 2,5
2 2
1,5 h-V 1,5 h-V
1 V-CL V-CL
1
h-CL h-CL
0,5 0,5
0 0
0 20 40 60 80 100 120 0 2000 4000 6000 8000 10000
V [m/s] h [m]
Figura 5.17: Gráfico t vs V para os três progra- Figura 5.18: Gráfico t vs h para os três progra-
mas de cruzeiro - PC-9 mas de cruzeiro - PC-9
37
Capı́tulo 6
Adiante, segue-se a análise caracterı́stica dos bimotores turbofan Airbus A320-200 e Boeing
B737-800 para o Voo Nivelado. A expecificação no estudo tem como objetivo a obtenção de
valores melhor estimados para podermos vir a conhecer o desempenho destas aeronaves que,
curiosamente, detêm o mesmo sistema propulsivo.
6.1 A320-200
6.1.1 Velocidade mı́nima e velocidade máxima
Num voo nivelado procura-se igualar a tração disponı́vel ao arrasto, assim, podemos obter
a tração disponı́vel como:
1 2KW 2
FA = ρV 2 SCD0 +
2 ρV 2 S
Uma vez que esta permanece contante no voo nivelado, temos a as velocidades procuradas nesta
secção através da seguinte expressão. Quando procurado Vmax , considerar o sinal “+” e quando
ambicionada a Vmin , utilizar o sinal “-”:
" s !# 12
(FA /W )(W/S) 4CD0 K
V = 1± 1−
ρ0 σCD0 (FA /W )2
Note-se que, no caso de se verificar Vmin < Vs , a velocidade mı́nima passará a corresponder
à velocidade de perda, pois a aeronave não deve voar numa velocidade inferior à de perda. No
caso de Vmax > VM achDivergente , na mesma lógica de ideias, mas pensando no limite superior da
velocidade, a velocidade máxima teria de passar a corresponder à velocidade de mach divergente.
Uma vez que a velocidade é inversamente porporcional à densidade e como esta aumenta
com a altitude, as velociadades mı́nima e máxima terão então tendência em subir, para além
disso, a influência do peso também contribui para a variação da velocidade, tal como já foi visto
anteriormente.
Teoricamente espera-se que o as velocidades mı́nima e máxima, em função da altitude,
convirjam para a altitude de teto máximo hc . Ora esta pode ser vista como a altitude máxima
a atingir com os motores a debitarem a máxima tração possı́vel, é a altitude para o qual
Vmin = Vmax .
38
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
14000
V_min
12000
10000 V_max
8000
h[m]
6000
4000
2000
0
0 50 100 150 200 250 300 350
V[m/s]
800000
700000 V_min
600000 V_max
500000
W [N]
400000
300000
200000
100000
0
0 50 100 150 200 250 300 350
V [m/s]
Do gráfico na figura 6.2, constata-se que o peso tem alguma influência nas velocidades. De
facto, essa influência é mais visı́vel nas velocidades mı́nimas, como sugere a respetiva curva, ao
ter uma maior variação em V face ao das velocidades máximas, para a mesma variação de peso.
Mais uma vez, o gráfico acima deveria convergir para um mesmo ponto, tal não acontece
possivelmente por imprecisão de algum dos dados utilizados. Apesar disso, tal como já men-
cionado, as concluões retiradas dos mesmos são de confiança para o estudo do desempenho da
aeronave.
39
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Por outro lado, a velocidade para a qual a aeronave consegue voar durante maior quantidade
de tempo, para um determinado peso e altitude é dado pela seguinte expressão e denomina-se
velocidade de máxima autonomia:
s 1
2W K 4
Vbe =
ρ0 σS CD0
350
350
300
300
250
250
V [m/s]
200
200
V [m/s]
150 150
O gráfico da figura 6.3 sugere que a velocidade de máximo alcance atinge valores superiores
à velocidade de máxima autonomia para uma mesma altitude. Esta diferença é mais visı́vel nas
altitudes superiores.
De forma semelhante, o gráfico da figura 6.4 mostra-nos que as velocidades de maior alcance
são superiores às de máxima autonomia num mesmo valor de peso, pelo que a diferença é
também mais acentuada para pesos maiores.
W 1
σ=
F0 δ Emax
1
Com: δ = 1 e Emax = √
2 KCD0
Assim e após a implementação da atmosfera padrão na razão das densidades consoante a
gama de altitudes, obteve-se:
40
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
30000
25000
20000
h_c [m]
15000
10000
5000
0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000
W [N]
Consta-se, como era de esperar, que o aumento do peso leva à diminuição do teto máximo.
Isto deve-se ao facto de, para uma mesma tração, um maior peso exigir uma razão de densidades
maior, o que leva à altitude diminuir (aumentando o valor da densidade), de modo a equilibrar
a alteração de peso para a expressão vista acima.
Programa Parâmetro
Alcance
2V Emax E1 ζ
h−V Xh−V = arctan
c 2Emax (1 − KE1 CL1 ζ)
VE 1
V − CL XV −CL = ln
c 1−ζ
V E 1 V1 √
h − CL Xh−CL = (1 − 1 − ζ)
c
Autonomia
2Emax E1 ζ
h−V th−V = arctan
c 2Emax (1 − KE1 CL1 ζ)
E 1
V − CL e h − CL tV −CL = th−CL = ln
c 1−ζ
41
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Alcance
Seguem-se os gráficos do alcance em função tanto da velocidade como da altitude.
2500 2000
1800 h-V
h-V
2000 1600 V-CL
V-CL
1400 h-CL
h-CL
1500 1200
X [km]
X [km]
1000
1000 800
600
500 400
200
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
V [m/s] h [m]
Figura 6.6: Gráfico X vs V para os três progra- Figura 6.7: Gráfico X vs h para os três progra-
mas de cruzeiro - A320-200 mas de cruzeiro - A320-200
O gráfico da figura 6.6 permite-nos perceber que qualquer um dos programas de cruzeiro, de
facto, vai levar a aeronave a atingir um alcance superior à medida que a velocidade aumenta.
Vemos ainda que, para velocidades até aos 125m/s, o programa que nos dá um alcance
superior é mesmo o h − V , a partir desse valor, o h − CL mostra-se como o de maior alcance,
passando o h − V a dar valores inferiores de X para a restante gama de velocidades. Retiramos
então que o alcance máximo obtido graficamente é de 2068km.
Já o gráfico da figura 6.7, mostra que a maior autonomia é dada por h − V até aos 8000m
de altitude, passando a ser o programa V − CL a trazer os máximos até aos 12100m. Note-se
que apesar do segundo programa trazer à aeronave o alcance máximo para 12000m, recordo que
esta corresponde ao teto máximo da aeronave obtido, ao passo que se torna impraticável voar
a esta altitude.
Autonomia
Seguem-se os gráficos da autonomia em função da velocidade e da altitude.
3,5
3,5
3
3
2,5
2,5
2 2
t [h]
t [h]
1,5 1,5
h-V
1 h-V
1
0,5 V-C e h-CL V-CL e h-CL
0,5
0
0 50 100 150 200 250 300 0
V [m/s] 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
h [m]
42
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
6.2 B737-800
Tal como foi feito para o A320-200, abaixo segue-se a o estudo em Voo Niveldo para o Boeing
B737-800.
Note-se que as fórmulas e conceitos utilizados são identicos aos vistos para a aeronave
anterior. Assim sendo, abaixo será feita apenas a análise gráfica para o B737-800.
14000
V_min
12000
V_max
10000
8000
h[m]
6000
4000
2000
0
0 50 100 150 200 250 300 350
V[m/s]
900000
800000 V_min
700000
V_max
600000
W [N]
500000
400000
300000
200000
100000
0
0 50 100 150 200 250 300 350
V [m/s]
A influência do peso, mais uma vez, recente-se mais sobre a velocidade mı́nima. Vê-se que
quando incrementado, o peso diminui a gama de velocidades.
Na verdade, os gráficos obtidos para o B737-800, ainda conseguem uma melhor aproximação
do ponto de convergência, pelo que podemos crer que os valores obtiods ainda são mais plausı́veis
que na aeronave anterior. De qualquer das formas, ambas permitem obter as conclusões pre-
tendidas.
43
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
350 350
300 300
250 250
V [m/s]
200 200
V [m/s]
150 150
V_be
100 100 V_be
V_br
50 50 V_br
0 0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000
h [m] W [N]
Figura 6.12: Gráfico Vbr e Vbe vs h em voo ni- Figura 6.13: Gráfico Vbr e Vbe vs W em voo
velado - B737-800 nivelado - B737-800
Como era de esperar, os gráficos comportam-se de forma idêntica aos do A320-200, ao passo
que as conclusões a retirar são as mesmas.
30000
25000
20000
h_c [m]
15000
10000
5000
0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000
W [N]
44
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Alcance
Gráficos do alcance em função da velocidade e altitude:
2500 2500
h-V
h-V
2000 2000 V-CL
V-CL
h-CL
h-CL
1500 1500
X [m]
X [m]
1000 1000
500 500
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
V [m/s] h [m]
Figura 6.15: Gráfico X vs V para os três pro- Figura 6.16: Gráfico X vs h para os três pro-
gramas de cruzeiro - B737-800 gramas de cruzeiro - B737-800
No gráfico da esquerda, vemos que até aos 110m/s, é o programa h − V que nos trás o
melhor alcance, a partir desse valor, o maximizador do alcance é mesmo o programa V − CL .
À direita, e de frma semelhante, temos h − V como o programa a apresentar um maior
alcance até aos 7000m, a partir daı́, é o programa V − CL .
Autonomia
Seguem-se os gráficos da autonomia em função da velocidade e da altitude.
4,5
3,5
2,5
t [h]
1,5
h-V
1
0
0 50 100 150 200 250 300
V [m/s]
45
Capı́tulo 7
Subida e descida
Aqui será efetuado o estudo para a subida e descida das duas aeronaves a hélice e das duas
aeronaves a jato, que estão a ser abordadas neste trabalho.
ηp Pe
F −D −D
sin γ = = V
W W
Para encontrarmos a razão de subida e o respetivo máximo, precisamos conhecer o arrasto:
1 2 KW 2 cos2 γ
DRCmax = ρVRCmax SCD0 + 1 2
2 2 ρVRCmax S
Então a razão de subida:
PA − PR PA − DV
RC = =
W W
Abaixo, para o EMB-312 temos os gráficos do ângulo de subida e razão de subida em função
da velocidade para três altitudes de operação:
16
h=0m
14 h=3000m
12 h=4500m
10
RC [m/s]
8
6
4
2
0
0,0 30,0 60,0 90,0 120,0 150,0
V [m/s]
Figura 7.1: Gráfico γ vs h para três altitudes - Figura 7.2: Gráfico RC vs V para três altitudes-
EMB312 EMB-312
46
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
De um modo geral, no gráfico da figura 7.1, podemos ver que o ângulo de subida diminui
com a altitude. Para além disso, o gráfico sugere que o ângulo de subida máximo em cada
altitude ocorre para a velocidade cujo excesso de tração é máximo, tal como indica a teoria.
A razão de subida também diminui com a altitude. Velocidades mais altas, tal como podemos
ver, fazem “cair” mais acentuadamente o valor de RC.
Do mesmo modo, para o PC9, temos:
Figura 7.3: Gráfico γ vs h para três altitudes - Figura 7.4: Gráfico RC vs V para três altitudes-
PC9 PC9
Os gráficos acima permitem ver que o PC-9 tem um comportamento semelhante ao EMB-
312, pelo a análise gráfica é idêntica.
Assim, tendo os gráficos das duas aeronaves a hélice, constatamos que, de facto γ para o
PC9 tem uma variação ligeiramente mais linear aquando exposto a velocidades elevadas do que
o EMB-312. Teoricamente, ambos os gráficos das aeronaves estudadas deveriam coincidir num
mesmo ponto, ou aproximadamente o mesmo, aquando a ordenada é 0. Posso assumir, como
os gráficos registam, que o PC9 cumpre essa condição, ao passo que o EMB-312 encontra-se
ligeiramente mais longe disso, nomeadamente para h = 0m.
Contudo, podemos ver que o comportamento, no que toca aos valores, para as duas aerona-
ves, é muito semelhante. Isso é algo que por um lado já se esperava, afinal são dois aviões com
o mesmo objetivo prático.
1 2 KW 2 cos2 γ
DRCmax = ρVRCmax SCD0 + 1 2
2 2 ρVRCmax S
RCmax e VRCmax vêm dados por:
PA − PRmin
RCmax = VRCmax = VP min
W
Ao qual corresponde o ângulo de subida
ηp Pe
VRCmax 1
(sin γ)RCmax = −
W 0, 866Emax
Para o ângulo de subida máximo temos:
p e η P
FA 1 1
(sin γ)max = − = V −
W Emax W Emax
Pelo que a sua velocidade tem de ser determinada numericamente.
47
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
O gráfico que se segue, ilustra a forma como RCmax e γmax variam com a altitude:
14,000
gamma_max[graus]
12,000 RC_max
gamma_max
10,000
8,000
6,000
RC_max[m/s] e
4,000
2,000
0,000
0 2000 4000 6000 8000 10000
h [m]
De facto, o gráfico da figura ref diz-nos que a razão de subida máxima tal como o ângulo de
subida máximo têm um comportamento decrescente, e aproximadamente linear para o RCmax ,
quando incrementada a velocidade.
18,000
gamma_max[graus]
16,000 RC_max
14,000 gamma_max
12,000
10,000
8,000
RC_max[m/s] e
6,000
4,000
2,000
0,000
0 2000 4000 6000 8000 10000
h [m]
PA − PR RD
RD = − sin γ =
W V
Adiante, temos o gráfico de RD e γmax , a variar com o peso, em função da velocidade, para
o EMB-312:
48
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
V[m/s] V[m/s]
0 0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0
gamma_RD [graus] -2 -5
-4
RD[m/s]
-10
-6
-15
-8 MTOW
MTOW
0,75MTOW
-10 0,75MTOW -20
0,5MTOW
0,5MTOW
-12 -25
Figura 7.7: Gráfico γRD vs h para três pesos - Figura 7.8: Gráfico RD vs V para três pesos-
EMB-312 EMB-312
O gráfico da direita demonstra que γmax tende a aumentar, em módulo, com a velocidade. A
influência do peso leva, para velocidades menores, ângulos de descida maiores e, para velocidades
superiores, a menores ângulos de subida. O RD, à esquerda, comporta-se de forma semelhante
ao ângulo de descida. Afinal, anteriormente vimos com os dois parâmetros estão interligados.
F −D V (F − D)
sin γ =
RC = sin γV =
W W
Nos gráficos da figura 7.9 e 7.10, podemos ver como variam estes parâmetros com a veloci-
dade, para três altitudes distintas para o A320-200:
10 25
9
h=0m h=0m
8 20
h=3000m h=3000
7
gamma [graus]
h=6000m h=6000
6
RC[m/s]
15
5
4 10
3
2 5
1
0 0
0 50 100 150 200 250 300 350 0 50 100 150 200 250 300 350
V[m/s] V[m/s]
Figura 7.9: Gráfico γ vs h para três altitudes - Figura 7.10: Gráfico RC vs V para três altitu-
A320-200 des - A320-200
Partindo da análise do gráfico da direita, temos a evidência de que com o aumento da altitude
de voo, o ângulo de subida descresce, esta diferença é mais notável em valocidades inferiores. O
fenómeno acontece devido ao peso constante da aeronave, o aumento da altitude faz diminuir
a tração pelo motivo das velocidades voadas serem superiores. Como era de esperar, o maior
ângulo de subida ocorre quando o excesso de tração é máximo.
O gráfico da esquerda, indica que a altitude leva à diminuição da razão de subida, a diferença
é mais acentuda nos valores de velocidade reduzida. A razão de subida máxima dá-se para
h = 0m, num valor proximo dos 19m/s.
Seguem-se os mesmos gráficos referentes ao B7373-800:
49
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
9 16
8 h=0m
h=0m 14
h=3000
7 h=3000m 12
h=6000
gamma [graus] 6 h=6000m 10
RC[m/s]
5
8
4
6
3
2 4
1 2
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
V[m/s] V[m/s]
Figura 7.11: Gráfico γ vs h para três altitudes Figura 7.12: Gráfico RC vs V para três altitu-
- B737-800 des - B737-800
Os gráficos acima sugerem uma mesma interpretação que a vista para a aeronave anterior.
Note-se apenas que neste caso o valor de RC máximo dá-se para um valor de 15m/s, para a
mesma altitude.
Comparando as duas aeronaves, vemos que o Airbus atinge valores superiores de RC, ao
passo que os γ são também maiores. Idealmente, as curvas vistas acima devem intersetar o eixo
das abcissas num mesmo ponto, tal que só está a acontecer de forma melhor aproximada para
o B737-800. Para além disso, a gama de velocidades a operar é ligeiramente superior para o
A320-200.
Fmax 1
(sin γ)max = −
W Emax
VRCmax (Fmax − DRCmax
RCmax = VRCmax (sin γ)RCmax = )
W
" s !# 1
2
F 3
VRCmax = 1+ 1+
3ρSCD0 E F 2
max
W
O gráfico que se segue, ilustra a forma como RCmax e γmax variam com a altitude para o
A320-200:
8 20
7 gamma_max 18
RD_max 16
6
14
gamma_max [graus]
RC_max [m/s]
5 12
4 10
3 8
6
2
4
1 2
0 0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
h [m]
50
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
O gráfico da figura 7.13 diz-nos que a razão de subida máxima e o ângulo de subida máximo
têm um comportamento decrescente, aproximadamente linear, isto quando a velocidade au-
menta.
Para o B737-800:
7 16
gamma_max 14
6
RD_max
12
gamma_max [graus] 5
RC_max [m/s]
10
4
8
3
6
2
4
1 2
0 0
0 2000 4000 6000 8000 10000
h [m]
PA − PR RD
RD = − sin γ =
W V
Aqui vemos, no A320-200, a influência que tem o peso no ângulo de descida e na razão de
descida para h = 0m, o que torna a tração e o arrasto contantes:
V[m/s] V[m/s]
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
-2 -10
-4
-20
gamma [m/s]
RD [m/s]
-6
-30
-8
-40
-10 MTOW MTOW
-50
-12 0,75MTOW 0,75MTOW
0,5MTOW -60 0,5MTOW
-14
-16 -70
Figura 7.15: Gráfico γRD vs h para três pesos - Figura 7.16: Gráfico RD vs V para três pesos -
A320-200 A320-200
51
Capı́tulo 8
Descolagem e aterragem
Neste ponto iremos estudar a descolagem e a aterragem de uma aeronave. Quando falamos
em estudar, referimo-nos à obtenão dos valores a estes associados da distância s, duração t e
massa de combustı́vel utilizado mf uel .
8.1 Descolagem
A fase de descolagem ou Lift Off, de modo a ser analisada pode ser dividida em quatro fases:
Aceleração: acel , etapa da descolagem em que a aeronave parte do repouso e aceletra até atingir
a velocidade de rotação VR , para efeitos práticos esta é considerada igual à velocidade de
descolagem VL O.
Rotação: rot , fase em que a aeronave atinge uma sustentação suficiente de modo a conseguir
superar o peso, levantando do solo. Aqui é onde verdadeiramente obtemos VL O.
Transição: trans , a aeronave descreve um arco com o fim de assumir uma trajetória de subida
de modo a ultrapassar o obstáculo.
Na fase de aceleração, a distância necessária que o avião terá de percorrer vem dada por
2
W VLO
sacel =
2g[F − D − µ(W − L)]0,707VLO
VLO 2
2
1 1 VLO
D= ρ √ S(CD0 + ϕKCL2 ) e L= ρ √ SCL
2 2 2 2
VLO
com 0, 707VLO = √
2
52
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
E ângulo
r − hOB F 1
θOB = arccos ≤ 0, 9 arcsin −
r W ELO
Finalmente, a descolagem fica concluı́da qunado ultrapassado o obstáculo. A distância e
tempo decorrido são dadaos por
rθOB
strans = r sin θOB e ttrans =
VLO
Ora, para o caso de o obstáculo não ser transposto pela fase de tarnsição, a aeronave terá
de subir com um ângulo e distância correspondente dadas pelas expressões
F 1 hobs − r(1 − cos θtrans )
θsub = 0, 9 arcsin − e ssub =
W ELO tan θtrans
Acima foi exposto o modelo a implementar para o estudo da descolagem, abaixo constam
então os gráficos obtidos para p
a aeronave a hélice EMB-312, a qual se considerou a teoria
do disco atuador, isto é, F = 3 ρ(DPA )2 , com D = diâmetro da hélice e o A320-200, avião
turbofan.
EMB-312
Segue-se o gráfico da distância de descolagem em função da altitude para três frações de
peso.
53
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
2500
MTOW
2000 0,75MTOW
0,5MTOW
1500
s_TO [m]
1000
500
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
h [m]
O gráfico diz-nos que à medida que aumenta a altitude, a distância de descolagem tende
a aumentar. A influência do peso é visı́vel no ponto em que menos peso requer uma menor
distância de descolagem.
Para além do gráfico, a implementação das expressões vistas anteriormente permitem-nos
obter os dados da descolagem da aeronave para h = 0m e M T OW :
A320-200
Para o A320-200, realizou-se a mesma implementação. As conclusões são idênticas pelo que
abaixo consta somente a exposição do gráfico e tabela de valores. Posteriormente, a comparação
dos valores obtidos para as diferentes aeronaves.
54
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
8.2 Aterragem
A fase de aterragem ou Touch Down é subdividida em:
Rotação: rot , corresponde à fase em que a aeronave muda o ângulo de arfagem com o fim de
adequar a disposição do trem à aterragem.
Desaceleração: desacel , representa a fase em que a aeronave, já em pista, diminui a sua velo-
cidade até atingir nulidade.
De forma análoga à descolagem, mas adaptando as expressões a esta fase da missão, obtemos
uma distância de aproximação dada por
Já a transição, tem distância e duração associados, dados através das expressões:
rθtrans
strans = r sin θtrans e ttrans = com Vaprox = 1, 3Vs
Vaprox
.
55
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Na fase de rotação, usualmente tida como trot = 3s, obtemos a distância percorrida corres-
pondente:
srot = VT D trot com VT D = 1, 15Vs
Com o trem no chão, segue-se a fase de desaceleração, pelo que esta é obtida da mesma
forma que a descolagem, mas com os sinais concordantes com o objetivo desta fase:
W VT2D
sdesacel =
2g[−F + D − µ(W − L)]0,707VT D
EMB-312
Segue-se o gráfico da distância de aterragem em função da altitude para três frações de peso.
1000
900
800
700
600
s_TD [m]
500
400
300 MTOW
200 0,75MTOW
100 0,5MTOW
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
h [m]
O gráfico diz-nos que à medida que aumenta a altitude, a distância de aterragem tende a
aumentar. O peso quando incrementado leva a uma maior distância de aterragem.
Dados da aterragem para h = 0m e M T OW :
56
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
A320-200
Para o A320-200 e de forma idêntica à descolagem:
1800
1600
1400
1200
s_TD [m]
1000
800
600 MTOW
400 0,75MTOW
200 0,5MTOW
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
h [m]
Mais uma vez, os valores a conforntar para as duas aeronaves, a hélice e jato, neste ponto,
sugerem grandes diferenças numéricas. Ora isto deve-se sobretudo às questões anteriormente
vistas na descolagem.
Para além disso, destaque-se a diferença em termos de consumo do A320-200 e do EMB-
312, uma vez que o segundo é a hélice, na aterragem como consegue mais facilmente desligar
o motor e realizar voo planado, consegue também consumir menos combustı́vel nesta fase da
missão, levando a aeronave somente a exigir algum combustı́vel na travagem.
57
Capı́tulo 9
Voo em volta
EMB-312
Para a obtenção dos gráficos que se seguem, para esta aeronave foi utilizada a teoria do
disco atuador, de modo a obter FA .
Graficamente, o fator de carga em função da velocidade, para tês altitudes vem dado por:
3,5
h=0m
3 h=3000m
h=6000m
2,5
2
n_max
1,5
0,5
0
0 50 100 150 200 250 300 350
V [m/s]
58
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Pelo gráfico acima, concluı́mos que uma velocidade mais elevada leva a uma redução do fator
de carga. Além disso, as altitudes mais elevadas fazem o fator de carga também diminuir, tal
como se esperava na expressão vista anteriormente.
Segue-se o gráfico do raio de volta em função da velocidade:
4000
h=0m
3500
h=3000m
3000 h=6000m
2500
r_nmax [m]
2000
1500
1000
500
0
0 30 60 90 120 150 180
V [m/s]
Mais uma vez, no gráfico da figura 9.2, comprova-se o equacionado, sendo que a velocdade a
aumentar faz também o raio de volta aumentar. As altitudes mais elevadas requerem um maior
raio.
Para a taxa de volta em função da velocidade, temos:
0,4
h=0m
0,35
h=3000m
0,3 h=6000m
omega_nmax
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 30 60 90 120 150 180
V [m/s]
Sendo diretamente proporcional ao fator de carga, vemos que a taxa de a taxa de volta,
de um modo geral, diminui com a velocidade. As maiores altitudes são aquelas que sugerem
menores valores de ω.
O máximo observado, resulta na velocidade que minimiza o raio de volta.
A320-200
Uma vez que o comportamento desta aeronave, do ponto vista da análise, muito tem de
semelhante com a aeronave anterior, segue-se apenas a exposição gráfico, deixando uma nota
comparativa dos dois aviões no final.
Fator de carga em função da velocidade:
59
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
6
h=0 m
5 h=5000 m
h=10000 m
4
n_max
3
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
V [m/s]
0,4
h=0 m
0,35
h=5000 m
0,3 h=10000 m
omega_nmax
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0 100 200 300 400
V [m/s]
60
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Visto os gráficos acima para as duas aeronaves, podemos verificar que neste caso, o avião a
hélice atinge valores inferiores de nmax para uma mesma velocidade que o turbofan.
No que toca ao raio de volta, vemos que um A320-200 requer voltas de maior raio para
uma mesma velocidade. Podemos assumir que um EMB-312 é uma aeronave mais facilemnte
manobrável que o comercial da Airbus.
61
Capı́tulo 10
Método da Energia
P E + KE V2
he = =h+
W 2g
Pelo que, a potência especı́fica em excesso é dada por
V (F − D) dhe
Ps = =
W dt
Traçou-se o gráfico da altitude de energia em função da altitude e da velocidade. Note-se
que o gráfico é comum para todas as aeronaves. Afinal, acabámos de ver que he não depende
das caracterı́sticas da aeronave, mas antes da velocidade e altitude.
14000
12000 he=2000m
he=4000m
10000 he=6000m
he=8000m
8000 he=10000m
h [m]
he=12000m
6000
4000
2000
0
0 100 200 300 400 500
V [m/s]
De um modo geral, vemos que quando maior for a velocidade e o aumento da altitude, maior
será o valor de he .
62
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Avião a hélice
Os gráficos abaixo concluem o estudo do Método da Energia. Para a sua execussão recorreu-
se à utilização da folha de cálculo disponibilizada pelo professor, uma vez que o modelo em
estudo foi dado na aula prática na semana de entrega do relatório.
Assim sendo, uma vez que a substituição dos dados das aeronaves em estudo deste trabalho
não resultou em bons resultados gráficos, deixa-se então o exemplo das aeronaves estudadas
pelo docente em aula.
Segue-se o gráfico da potência especı́fica em excesso em função da velocidade e da altitude
para o Cessna 172-R.
11000
10000 P_s=0m/s
9000
8000 2m/s
7000
4m/s
h [m]
6000
5000
4500m
4000
3500m
3000
2500m
2000
1500m
1000
h_e=500m
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
V[m/s]
Avião a jato
Pelas mesmas razões vistas para o avião a hélice, segue-se a implementação :
15000
14000 P_s=0m/s
13000
12000
11000
10000
2m/s
9000
h[m]
8000
7000
6000 4500m
5000
3500m
4000
3000 2500m
2000
1500m
1000
0 h_e=500m
0 50 100 150 200 250
V[m/s]
63
Comparação do Desempenho de Aeronaves Desempenho de Voo
Mais uma vez, o gráfico acima não corresponde ao do A320-200 ou do B7373-800, ainda
assim, o comportamento muito tem de semelhante. Do ponto de vista da análise do gráfico, as
conclusões a retirar são idênticas às da aeronave a hélice.
No que toca ao confronto das duas categorias de aeronaves neste método, verifica-se o
equacionado, isto é, espera-se um comportamento semelhante para ambas uma vez que as
expressões-base são as mesmas. Retiramos apenas que a gama de altitudes e velocidades é
muito superior para o avião a jato. Isto já se esperava, afinal a performance deste muito tem
de superior ao a hélice.
64
Capı́tulo 11
Considerações finais
11.1 Conclusão
O presente relatório de Comparação do Desempenho de Aeronaves foi sem dúvida um meio
intensivo e enriquecedor de modo a consolidar os conhecimentos adquiridos e conceitos teóricos
lecionados na unidade curricular de Desempenho de Voo.
Com a elaboração foi entendida, sobretudo, a importância do estudo e análise do desempenho
de aeronaves. Afinal, só através deste tipo de abordagem é que é possı́vel para os engenhei-
ros e outros envolventes na operação de uma aeronave, retirar o máximo partido da mesma,
garantindo sempre, claro está, a segurança de todos, assim como do meio ambiente.
Viu-se que todos os constituintes da operação são relevantes, desde a atmosfera terres-
tre (o meio), que sem a conhecermos devidamente nunca iria ser possı́vel obtermos dados
plausı́veis, passando pelo sistema propulsivo, que todos os seus variantes requerem especial
atenção, até à geometria da própria aeronave, uma vez que influencia diretamente os coeficien-
tes aerodinâmicos.
Para além do reconhecimento dos pontos anteriores, percebeu-se a importância de obter
bons valores de referência previamente uma vez que o estudo seguinte depende completamente
destes, ao passo que valores menos corretos resultam em resultados também menos corretos. No
decorrer do trabalho verificou-se este acontecimento, sobretudo nos dados dos aviões a hélice.
Ainda assim, foi possı́vel a verificação dos conceitos teóricos. No que toca à proximidade com
a realidade, de facto os aviões a jato (turbofan) foram mais concisos.
Notou-se ainda que o estudo dos aviões a hélice resultou numa maior dificuldade de estudo
preciso não só pelos motivos falados anteriormente, mas devido à eficiência da hélice, pois
trata-se de um valor que não é sempre constante e, quando possı́vel foi ajustado à velocidade
ou considerado constante.
De facto, do ponto de vista da comparação de aeronaves, é difı́cil e, em parte, injusta a
determinação da qual detém o melhor desempenho, pois aeronaves diferentes requerem operações
diferentes. Ainda que neste trabalho um dos objetivos foi o estudo de aeronaves da mesma
categoria, para hélice e para jato, cabe sempre ao utilizador a escolha da que melhor corresponde
ao seu objetivo expecı́fico de utilização, numa determinada “subdivisão” do desempenho.
Contudo, o estudo realizado trouxe importantes noções do ponto de vista de projeto e
otimização, algo indispensável antes da realização de testes e ensaios de voo numa aeronave.
Para além disso, vem também o reconhecimento da ferramenta Excel como auxiliar para o
cálculo iterativo, simplificação de cálculos e organização de dados.
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Referências
[1] SILVESTRE, Miguel A. R., Apontamentos da Disciplina de Desempenho de Voo, UBI, 2022.
[2] ANDERSON JR., Jonh D., Aircraft Performance and Design, McGraw Hill Co., 1999.
[3] ROSKAM, Dr. Jan, Part II: Premiliminary Configuration Design and Integration of the
Propulsion System, The University of Kansas, Lawrence, 1997.
[5] Air Force Magazine, The Electronic Air Force, Stanford, California, Julho 1984.
[6] https://coentires.com/forum/35c6aa-airbus-a320-stall-speed
[7] https://www.ana.co.jp/en/jp/international/departure/inflight/seatmap/
detail/a320_neo.html
[8] https://pt.wikipedia.org/wiki/Airbus_A320neo
[9] https://www.yumpu.com/en/document/read/24108984/pw1100g-jm-engine-pratt-whitney
[10] https://aviationinfo.net/boeing-b737-800-approach-speeds-standard-approach-profile/
[11] https://www.planemapper.com/aircrafts/ET-APM
[12] https://www.rocketroute.com/aircraft/boeing-737-800
[13] http://www.aviationpartnersboeing.com/about_history.php
[14] https://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_312_Tucano
[15] https://en.wikipedia.org/wiki/Pilatus_PC-9
[16] http://www.all-aero.com/index.php/contactus/64-engines-power/
13099-pratt-whitney-canada-pt6
[17] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pratt_%26_Whitney_Canada_PT6
[18] https://engineering.purdue.edu/~propulsi/propulsion/jets/tfans/cfm56.html
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