Você está na página 1de 59

1

SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2
UNIDADE 2 – HEMOGLOBINA .................................................................................. 4
UNIDADE 3 – ANEMIAS............................................................................................. 8
3.1 DEFINIÇÃO............................................................................................................... 8
3.2 CLASSIFICAÇÃO CONSAGRADA PELA HEMATOLOGIA .................................................... 9
UNIDADE 4 – CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DAS ANEMIAS ........................... 18
UNIDADE 5 – CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS ....................... 21
UNIDADE 6 – LEUCEMIAS ...................................................................................... 25
UNIDADE 7 – LINFOMAS ........................................................................................ 30
7.1 LINFOMAS HODGKIN ............................................................................................... 31
7.2 LINFOMAS NÃO-HODGKIN ....................................................................................... 33
UNIDADE 8 – ORIGEM CELULAR DE ALGUMAS DOENÇAS E A CÉLULA
CANCEROSA ........................................................................................................... 38
8.1 MECANISMOS DE REGULAÇÃO DAS ATIVIDADES CELULARES ....................................... 38
8.2 AGENTES QUE PODEM CAUSAR CÂNCER ................................................................... 41
8.3 CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS CANCEROSAS ........................................................ 43
UNIDADE 9 – CID-10 X CID-O ................................................................................. 46
9.1 A CID-O – CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS PARA ONCOLOGIA ............. 46
9.2 DIFERENÇAS ENTRE CID-10 E CID-O ...................................................................... 47
9.3 LEUCEMIAS E LINFOMAS NA CID-O .......................................................................... 51
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
2

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Como diz o título da apostila, estudaremos neste módulo as anemias e as


neoplasias hematológicas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define anemia como a condição na
qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado
da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa
deficiência, podendo ser classificadas de acordo com o Volume Corpuscular Médio
(VCM), lembrando que a anemia é um quadro ‘sintomático’ de uma patologia, é a
consequência da mesma, quer por defeitos enzimáticos, deficiência da vitamina B12
e/ou folato e muitas outras situações que levam ao quadro anêmico (FAILACE,
2009).
As neoplasias hematológicas, por sua vez, são doenças causadas pela
proliferação descontrolada de células hematológicas malignas ou incapacidade da
medula de produzir a quantidade de células adequada. Estas doenças podem ser
estudadas através da microscopia ótica, colorações especiais, reações imunológicas
(citometria), técnicas citogenéticas (cariotipagem), e PCR, encontrando na medula
óssea a principal afetada nestas enfermidades e seu exame é necessário para o
diagnóstico (FLEURY, 2011).
Definição para anemia, parâmetros de referência, classificação consagrada
pela Hematologia; as leucemias, os linfomas Hodgkin e não Hodgkin; a origem
celular de algumas doenças e a célula cancerosa são alguns dos temas abordados.
Dedicamos um momento especial para apresentar a CID-O ou Classificação
Internacional de Doenças para Oncologia visto ser utilizada há mais de 25 anos,
principalmente em registros de câncer para codificação topográfica e morfológica
das neoplasias e, geralmente, é baseada no relatório e diagnóstico
anatomopatológico.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
3

redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
4

UNIDADE 2 – HEMOGLOBINA

A hemoglobina é uma molécula de proteína composta de dois pares de


cadeias globínicas, polipeptídicas. Cada cadeia contém uma molécula heme que é
responsável pelo transporte de oxigênio. As cadeias globínicas são semelhantes
umas às outras, consistindo de uma série de aminoácidos. As cadeias de
aminoácidos são chamadas de cadeias polipeptídicas.
As cadeias polipeptídicas não são lineares e alguns aminoácidos contêm
cadeias laterais, cada uma com uma propriedade distinta que pode ou não interagir
com outras cadeias e produzir estruturas tridimensionais mais complexas.
As formas mais complexas dessas estruturas terciárias são mais bem
visualizadas por cristalografia em raios X ou por análise de ressonância magnética,
que são críticas para estabilidade e função das proteínas.
A cadeia beta (β) possui 146 aminoácidos e a cadeia alfa (α) 141. Além das
cadeias alfa e beta, que constituem a hemoglobina A (de adulto), os tipos de cadeias
polipeptídicas variam de acordo com o estádio de desenvolvimento intrauterino.
Todas são chamadas por letras gregas: gama (γ), delta (δ), épsilon (ε) e zeta (ζ). As
cadeias zeta e épsilon são sintetizadas no início da vida intrauterina; as cadeias alfa
e gama, na vida fetal; e as cadeias alfa, beta e delta, na vida pós-fetal (ROCHA,
2004).
Didaticamente temos que a hemoglobina é uma proteína presente nos
eritrócitos (hemácias), constituindo aproximadamente 35% de seu peso. É um
pigmento presente no sangue responsável por transportar o oxigênio, levando-o dos
pulmões aos tecidos de todo o corpo.
Além da função de transporte de oxigênio, a hemoglobina também participa
do processo de transporte de nutrientes a todas as células do corpo, processo este,
no qual o sangue leva os nutrientes e recolhe as substâncias secretadas pelas
células, conduzindo-as, posteriormente, para fora do organismo.
Para se combinarem com o oxigênio, os eritrócitos precisam contê-lo em
quantidade suficiente, e, isto, depende dos níveis de ferro presentes no organismo.
A deficiência de ferro no organismo leva a um quadro conhecido como anemia.
Outro dado interessante é que a hemoglobina é capaz de transportar
oxigênio numa quantidade superior a vinte vezes seu volume. Entretanto, quando se
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
5

une ao monóxido de carbono, ela perde sua capacidade de combinar-se com o


oxigênio, o que implicará na perda de sua função e, consequentemente, em
possíveis danos ao organismo.
O tempo médio de vida dos glóbulos vermelhos é de aproximadamente 120
dias, após este período, eles se degeneram no baço ou no sistema circulatório,
contudo, o ferro se reintegra nos novos eritrócitos (glóbulos vermelhos) que se
formam na medula óssea.
Existem vários testes ou métodos para detecção da hemoglobina. Diferem
no diluente hemolítico que se usa e no tipo de hemoglobina que se dosa. O princípio
das técnicas é o da lise dos eritrócitos com soluções hipotônicas e transformação da
hemoglobina em oxiemoglobina ou cianometa-hemoglobina, que são avaliadas em
espectrofotômetro e comparadas com padrões rigorosamente preparados.
Quanto aos cuidados com método, é importante lembrar:
• o sangue venoso colhido não deve conter coágulos e o sangue capilar deve
fluir facilmente durante a pipetagem;
• as diluições devem ser rigorosas, usando-se atualmente pipetas ou diluidores
automáticos;
• deve-se ter cuidado de controlar periodicamente as curvas, com o padrão de
hemoglobina;
• as cubas do espectrofotômetro devem conter quantidade suficiente da
solução de hemoglobina preenchendo toda a fenda por onde passa a luz do
aparelho (MOURA et al., 2008).

Quanto ao hematrócito, o método é simples, podendo variar o tipo da


centrífuga e a quantidade de sangue usado. Consiste na centrifugação do sangue,
medindo-se a percentagem obtida de glóbulos vermelhos da coluna sanguínea.
Existem dois métodos: o macro e o micro, sendo que este último vem substituindo o
primeiro com vantagem, pois é mais rápido e usa menor quantidade de sangue.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
6

Os valores normais são:


Sexo masculino: 40 – 54%
Sexo feminino: 37 – 47%
Conhecendo o número de glóbulos vermelhos ou eritrócitos, a quantidade de
hemoglobina e o valor do hematócrito, podemos calcular os chamados índices
eritrocitométricos. Esses índices são muito úteis para caracterizar o tipo de anemia,
porém devem ser complementados com o estudo morfológico dos glóbulos
vermelhos para o diagnóstico definitivo.
Os índices mais empregados são: V.G. = Valor globular
Que é o resultado da relação existente entre a porcentagem da hemoglobina
encontrada com a percentagem da hemoglobina normal e o número de eritrócitos
encontrado com o número de eritrócitos normal.
Ainda temos:
HCM – Hemoglobina Corpuscular Média
Expressa a quantidade média de hemoglobina que existe dentro de uma
hemácia. Variação: entre 27 e 34 pg. Determina se a hemácia está hipocrômica ou
hipercrômica.

VCM – Volume Corpuscular Médio


É calculado dividindo-se o hematócrito pelo número de eritrócitos. Varia de
80 a 100 fL. O VCM determina o tamanho das hemácias. <80fL = microcitose
>100fL = macrocitose.

CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média


É a relação entre o valor da hemoglobina contida num determinado volume
de sangue e o hematócrito, sendo expressa em porcentagem. O valor varia de 32 a
35%.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
7

Para saber o diâmetro médio dos glóbulos vermelho faz-se a medida em


microscópio, usando-se uma ocular com uma escala micrométrica gravada.
Procura-se medir o diâmetro de 100 hemácias (em micrômetro) colocando-
se em papel milimetrado nas ordenadas o número de hemácias e nas abscissas o
diâmetro em micrômetros. Obtém-se uma curva chamada de Price Jones. Este
método não é muito usado na prática, pois sofre várias críticas. Os valores médios
normais vão de 6,7 a 7,7 µm, com média de 7,2 µm (MOURA et al., 2008).
A espessura corpuscular média é obtida a partir do diâmetro médio e do
volume médio, supondo-se o glóbulo vermelho como um cilindro.
ECM = espessura corpuscular média = VCM / ¶ xDCM2 / 2
Podemos encontrar o pigmento heme – a hemoglobina – na urina pela sua
reação positiva com benzidina, devendo-se tomar cuidado de centrifugar antes a
urina para separar os glóbulos vermelhos que podem, se presentes, falsear os
resultados. A pesquisa qualitativa ou quantitativa deve ser feita no sobrenadante.
Para a dosagem da hemoglobina na urina, usa-se o mesmo método usado
para dosagem de hemoglobina no plasma, atentando para o fato de que é preciso
diferenciar a hemoglobina na urina da mioglobina.
Existem outras hemoglobinas como a Hb H que podem não ser
reconhecidas em eletroforese com papel, mas são demonstradas após precipitação
com agentes corantes como azul brilhante de cresil.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
8

UNIDADE 3 – ANEMIAS

3.1 Definição
A Organização Mundial de Saúde definiu anemia, cerca de 30 anos atrás,
como sendo a “diminuição da taxa de hemoglobina sanguínea abaixo de 13 g/dL
para homens adultos, 12 g/dL para mulheres adultas e 11 g/dL para gestantes e
crianças de seis meses a seis anos”.
Como pode decorrer de múltiplas causas, a anemia é uma síndrome. Sua
prevalência, liderada pela anemia ferropênica, é tão elevada que se constitui em
problema mundial de saúde pública.
Crê-se que 20% da população mundial não tenha reservas de ferro
extrahemoglobínico no organismo, apesar da excreção fisiológica do ferro ser
insignificante: nos homens equivalente a 1mg/dia; nas mulheres (pela perda
menstrual) equivalente a 3 mg/dia.
Segundo Failace et al. (2009), dentre os habitantes do atual terceiro mundo,
há aproximadamente 800 milhões – na maioria, crianças – que são espoliados de
ferro por verminoses. Esse novo contexto fez a anemia ferropênica tornar-se,
literalmente, uma peste branca, pouco notada, pouco valorizada, mas de espantosa
prevalência.
Há com grande significância social, a anemia da malária (>300 milhões de
novos casos anuais), das talassemias e hemoglobinopatias (= 100 milhões); e deve-
se considerar que a longevidade triplicada do século XX deu origem a milhões de
idosos com as anemias e perdas sanguíneas próprias desse grupo etário
emergente. Estatísticas atuais mostram que mais de 10% dos pacientes internados
em hospitais gerais são anêmicos. A anemia tornou-se a síndrome crônica de maior
prevalência em Medicina e, como tal, a principal razão de ser do eritrograma que
vimos anteriormente.
Segundo Hoffbrand e Moss (2011), as principais adaptações à anemia
ocorrem no sistema cardiovascular (com aumento do volume sistólico e taquicardia)
e na curva de dissociação da hemoglobina.
Alguns pacientes com anemia severa podem não ter sinais nem sintomas,
enquanto outros, com anemia leve, podem ter severa incapacidade. A presença ou a
ausência de sinais clínicos podem ser consideradas de acordo com quatro fatores
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
9

principais, dentre eles a velocidade de instalação da anemia, sua intensidade, a


idade (crianças toleram melhor a anemia que adultos e jovens, toleram melhor que
os idosos) e a curva de dissociação da hemoglobina.
Se o paciente tiver sintomas, em geral são: dispneia – em particular de
esforço –, fraqueza, letargia, palpitações e cefaleia. Em idosos, podem surgir
sintomas de insuficiência cardíaca, angina de peito, claudicação intermitente e
confusão mental. Distúrbios visuais devidos à hemorragia da retina podem complicar
anemias muito severas, sobretudo quando forem de rápida instalação.
Os sinais podem ser divididos em gerais e específicos. Sinais gerais incluem
palidez das mucosas, que pode ser notada se o nível de hemoglobina for menor do
que 9 a 10 g/dL.
Segundo Failace et al. (2009), a maneira usual de se esclarecer a
patogênese e a etiologia da anemia consiste em classificar os casos sob várias
óticas (daí a multiplicidade de classificações) e selecionar o conjunto que mais se
aplique aos dados.

3.2 Classificação consagrada pela Hematologia


Segundo Oliveira (2007), pensar em classificar uma anemia é procurar
estabelecer critérios que ajudem a desvendar sua causa. Para isso, parte-se de
dados clínicos e morfológico-laboratoriais, confrontando-os com sua provável
etiologia.
Está consagrada na hematologia, a classificação das anemias sob dois
critérios: com base nas causas (classificação fisiopatológica ou etiológica) ou nos
efeitos tamanho e cor – hemoglobonização (classificação morfológica ou
laboratorial) sofridos pelos eritrócitos.
Se por um lado o laboratório detecta as alterações morfológicas sofridas
pelos eritrócitos, a clínica médica, de posse deles e de outros dados clínicos,
racionaliza a necessidade ou não de outros testes, fazendo, assim, o diagnóstico
(determinando a causa).
Rocha (2004) justifica que de nada adianta saber se uma anemia é
microcítico-hipocrômica, por exemplo, quando o maior mérito é determinar qual a
real causa de os eritrócitos tornarem-se pequenos e hipocolorados, a fim de buscar

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
10

o melhor tratamento para o paciente. Fica claro que para o profissional do


laboratório, uma visão apenas dos efeitos muitas vezes deixa a desejar quando trata
do diagnóstico exato da anemia. Além disso, dependendo de sua fase e de suas
peculiaridades fisiopatológicas, uma mesma anemia pode apresentar diferentes
perfis numéricos.
Abaixo temos um esquema da classificação das anemias e correlações.
Diminuição de produção
Aumento de destruição
Causas Perda sanguínea

Anemia

Laboratoriais Anemia normocítica normocrômica


Efeitos (morfológicos) Anemias microcíticas hipocrômicas
Anemias macrocíticas
Síndrome (clínica) Palidez cutânea – mucosa
Fraqueza
Cansaço
Palpitações a esforços
Icterícia, hemoglobinúria
Rápida e repentina (agudas)
Velocidade de instação
De longa duração (crônicas)

A classificação pela biometria do eritrócito tem base em trabalhos de Maxwel


Wintrobe (+/-1935). O volume corpuscular médio (VCM), que criou na época era
uma aproximação grosseira do valor real; agora, com a exatidão da medida
eletrônica, valorizou-se a classificação. As anemias, quanto ao VCM (no adulto),
podem ser:
microcíticas – VCM < 80 fL;
normocíticas – VCM entre 80 e 100 fL;
macrocíticas – VCM> 100 fL.
De acordo com o VCM, consultam-se as listas de causas de macro e
microcitose, escolhendo a(s) mais condizente(s) com o caso. Nos casos pediátricos,
interpreta-se de acordo com o VCM próprio da idade.
O uso generalizado do histograma do volume eritroide estimulou J. D.
Bessman (1979) a incluir o RDW na classificação; a biometria do eritrócito, definida
por VCM + RDW, permite uma classificação em seis categorias. A tabela abaixo
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
11

aloca as principais anemias vistas na clínica, e a prevalência relativa dos casos em


mais de uma categoria é semiquantificada de 1+ a 3+.
Classificação da anemia segundo VCM e RDW
RDW normal RDW aumentado
Talassemia menor A Ferropênica +++
VCM < 80
Doenças crônicas + Talassemia maior
fL
Ovalocitose +
Da insuficiência renal A ferropênica recente
Das doenças crônicas ++ Drepanocitose ++
Do hipotireoidismo ++ Sideroblásticas +++
VCM > 80
Esferocitose Das mielodisplasias +
e < 100 fL
Ovalocitose ++
Aplástica ++
Por fármacos oxidativos
Das hepatopatias Falta de vitamina B12
Aplásticas +++ Falta de ácido fólico
Por fármacos que interferem na Por fármacos que interferem na síntese do
VCM > 100 síntese de DNA + DNA ++
fL Do hipotireoidismo + Sideroblásticas +
Mielodisplasias ++
Hemolítica autoimune
Depranocitose +
Fonte: Failace et al. (2009, p. 113).

Laboratorialmente, as anemias são classificadas pelos valores quantitativos


dos índices eritrocitários: contagem de eritrócitos ou glóbulos vermelhos (GV),
hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina
corpuscular média (HCM) e concentração da hemoglobina corpuscular média
(CHCM). Esses valores indicam três grupos de anemias: normocítica/normocrômica;
microcítica/hipocrômica; macrocítica/normocrômica. Na realidade, os índices que
indicam esses valores são o VCM e HCM, conforme os exemplos que se seguem:
Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5
GV: GV: 5,0 x GV: 3,9 x GV: 3,9 x GV: 3,5 x
3 6 3 6 3 6 3 6 3
5.000.000/mm 10 /mm (normal) 10 /mm 10 /mm 10 /mm
(ou 5,0 x Ht: 38% (diminuído) (diminuído) (diminuído)
6 3
10 /mm ) (diminuído) Ht: 28% Ht: 39% Ht: 27%
Ht: 45% Hb: 12 g/dl (diminuído) (diminuído) (diminuído)
Hb: 15 g/dl (diminuído) Hb: 7,3 g/dl Hb: 10,6 g/dl Hb: 9,5 g/dl
VCM: 90 fL VCM: 76 fL (diminuído) (diminuído) (diminuído)
HCM: 30 pg (diminuído) VCM: 71 fL VCM: 100 fL VCM: 77 fL
CHCM: 33 g/dl HCM: 24 pg (diminuído) (aumentado) (normal
(diminuído) HCM: 18 pg HCM: 27 pg HCM: 29 pg
CHCM: 31,5 g/dl (diminuído) (normal) (normal)
(normal) CHCM: 26 g/dl CHCM: 27 g/dl CHCM: 36 g/dl
(diminuído) (normal) (normal)

Caso 1 – Homem sem anemia


Caso 2 – Homem com anemia microcítica/hipocrômica
Caso 3 – Homem com anemia microcítica/hipocrômica
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
12

Caso 4 – Homem com anemia macrocítica/normocrômica


Caso 5 – Homem com anemia normocítica/normocrômica

Diante dos cinco exemplos apresentados, é possível concluir que a


classificação laboratorial das anemias se faz por meio dos índices VCM e HCM,
conforme mostra a tabela. Entretanto, é importante destacar que embora essa
classificação tenha como base os valores quantitativos, é fundamental que se
descreva pela análise do esfregaço a morfologia dos eritrócitos. Se pegarmos por
exemplo o caso 5 que apresentou anemia normocítica/normocrômica e fizermos
uma análise da morfologia eritrocitária poderemos encontrar eritrócitos com
anisocitose dimórfica, caracterizada pela concomitância de eritrócitos microcíticos e
macrocíticos, e por anisocromia.
Existe também a classificação pela patogênese: as anemias dizem-se hiper-
regenerativas quando têm uma causa periférica, e o hemograma mostra sinais de
resposta eritropoética medular apropriada no sentido compensador. Dizem-se hipor-
regenerativas quando são decorrentes de insuficiência da proliferação eritroide ou
da síntese hemoglobínica; nessas não há sinais de regeneração compensadora.
A chave da distinção entre hiper e hipor-regenerativas é a presença ou
ausência de policromatocitose/reticulocitose. A detecção de policromatocitose exige
cuidadosa observação microscópica, nem sempre feita. A inexatidão da tediosa
contagem de reticulócitos ao microscópio não lhe dava credibilidade para centrar o
diagnóstico diferencial das anemias; a facilidade e a precisão da contagem
eletrônica de reticulócitos, feita na sequência do hemograma nos contadores de
grande porte, tornaram-na fundamental nessa função. Atualmente, no pressuposto
de dispor-se da tecnologia, recomenda-se de modo irrestrito que, no diagnóstico
diferencial de anemia, solicite-se hemograma e reticulócitos.
A classificação de anemia pela patogênese é apropriada a um raciocínio
clínico, principalmente se forem assimilados e lembrados os mecanismos de
anemização sob cada ramo da dicotomia hiper/hipor-regenerativas.
São hiper-regenerativas as anemias decorrentes de:
• hemorragia recente;
• encurtamento da sobrevida eritroide (hemólise).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
13

A anemia pós-hemorrágica é cronologicamente limitada; a reticulocitose é


máxima no sétimo ou oitavo dia e vai diminuindo até a normalização das cifras.
Outra classificação será pela morfologia dos eritrócitos: o critério morfológico
das anemias é de natureza qualitativa, demonstrando as alterações que ocorrem na
forma dos eritrócitos, porém, não indica a etiologia da patologia. Essa classificação é
realizada por métodos de coloração, Leishman ou Giemsa, nos quais são
observados a forma, o tamanho e as características tintoriais destas células
correspondentes à concentração de hemoglobina, descritos na tabela a seguir.

Classificação morfológica das anemias

Fonte: Lorenzi (2003).

a) Anemia microcítica
Entre as anemias microcíticas, a mais frequente em todo mundo é a
proveniente da deficiência de ferro. Para confirmação laboratorial deve ser realizada
a dosagem de ferro sérico, capacidade ferropéxica, ferritina sérica e transferrina. A
talassemia pode produzir uma hemograma similar, veremos mais adiante.
Outras anemias levam a microcitose como a anemia das doenças crônicas
(em alguns casos); anemia sideroblástica (deficiência ou mutação na enzima ácido
δ-aminolevulínico-sintase levando a uma produção insuficiente do grupamento heme
nos eritroblastos).
O termo microcitose é utilizado quando há deficiência na síntese de
hemoglobina, onde o estroma elástico retrai-se por falta de conteúdo. A hipocromia
também visível, não é apenas uma decorrência da micrositose; quando há
insuficiente síntese de hemoglobina, diminui não só a quantidade total sintetizada
por eritrócito, mas também a concentração máxima que atinge.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
14

A seguir está o algoritmo com protocolo sugerido para o diagnóstico de


anemias microcíticas:

Fonte: Lewis; Bain e Bates (2006).

b) Anemia macrocítica
O VCM elevado, com presença de macrócitos ovalados e neutrófilos
hipersegmentados sugerem deficiência de folato ou vitamina B12, que são uma
causa de anemia macrocítica. O aumento do VCM pode estar associado também ao
excesso alcoólico e à doença hepática, ou a drogas, como a hidroxiureia.
No exame microscópico os eritrócitos jovens mostram-se maiores que os
demais e policromáticos; com coloração supravital adequada, são identificados
como reticulócitos.
Os macrócitos, pela maior espessura, podem aparentar hipercromia ao
microscópio; têm aumento de HCM, mas não da CHCM, de modo que há
hipercromia real, apenas aumento da densidade óptica ao microscópio, pela maior
espessura do trajeto denso a ser atravessado pelo foco luminoso; então deve ser
evitado denominar as anemias macrocíticas de hipercrômicas, como erroneamente é
feito pela grande maioria dos contadores eletrônicos, que anotam flag hypercromia

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
15

quando a HCM é superior a 33 pg. O termo hipercrômia pode ser corretamente


aplicado a populações de eritrócitos com CHCM elevado, como na esferocitose.
Abaixo segue-se o algoritmo sugerido no protocolo para diagnóstico das
anemias macrocíticas:

Fonte: Lewis; Bain e Bates (2006).

c) Anemia normocítica
Frequentemente é causada por uma doença crônica, não hematológica.
Para o diagnóstico deve ser feito triagem para doença renal, infecções subclínicas,
doenças autoimunes e neoplasias. Quando a contagem de reticulócitos for baixa na
presença de alguma anemia de alguma duração, o prognóstico aponta no sentido de
insuficiência primária da eritropoese ou perda de sangue crônica (se fosse súbita,
reticulócitos estariam aumentados) ou hemólise sem produção compensatória de
eritrócitos.
É recomendado o exame da medula óssea quando os valores de
reticulócitos estão normais ou baixos com anemia normocítica e normocrômica,
dessa forma é útil na demonstração de causas hematológicas para essa anemia,
como na anemia aplásica ou na síndrome mielodisplásica incipiente.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
16

Abaixo, o algoritmo sugerido com protocolo para diagnóstico da anemia


normocítica e normocrômica:

Fonte: Lewis; Bain e Bates (2006).

A partir desses algoritmos pode ser realizado com maior segurança o


diagnóstico das anemias, como contribuir para o diagnóstico das demais doenças
hematológicas quando os resultados obtidos não indicarem as consequências mais
comuns para tal quadro, mas aí já outro protocolo deve ser seguido para
confirmação.
Vale lembrar que anemia é um quadro ‘sintomático’ de uma patologia, é a
consequência da mesma, quer por defeitos enzimáticos, deficiência da vitamina B12
e/ou folato e muitas outras situações que levam ao quadro anêmico.
Para reforçar, segue abaixo uma tabela com o resumo prévio com valores
dos índices hematimétricos com os tipos de anemias subsequentes:

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
17

Microcítica e hipocrômica Normocítica e normocrômica Macrocítica


VGM <80fL VGM 80 – 95 fL VGM >95fL
HGM <27pg HGM >26pg
Deficiência de ferro Anemias hemolíticas Megaloblástica
Beta talassemia ADC (alguns casos) Não megaloblástica
ADC (alguns casos) Hemorragia aguda
Envenenamento por chumbo Nefropatia
Anemia sideroblástica Insuficiência medular,
quimioterapia e infiltração

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
18

UNIDADE 4 – CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DAS


ANEMIAS

Aqui encontramos, segundo a classificação de Barreto (1992 modificada por


Oliveira, 2004), as anemias por falta de produção; por excesso de destruição e as
pseudo-anemias.

1) ANEMIAS POR FALTA DE PRODUÇÃO


1.1Com sistema hematopoiético íntegro (medula óssea normal):
a) deficiência de ferro.
b) deficiência de folato.
c) deficiência de vitamina B12.
d) deficiência de eritropoietina: insuficiência renal crônica; hipotireoidismo.
e) deficiência de piridoxina (vitamina B6).
f) deficiência na síntese do heme: porfirias congênitas ou adquiridas.
1.2 Com sistema hematopoiético comprometido (medula óssea alterada ou
falha na regulação da eritropoiese):
a) aplasia medular (anemia aplástica).
b) síndromes mielodisplásicas; sideroblásticas.
c) leucemias.
d) linfomas leucemizados.
e) metástases.
f) mielofibrose.
g) estados inflamatórios e/ou infecciosos.
h) drogas que inibam a hematopoiese (eritropoiese).
i) parasitas: por exemplo, leishmaniose (calazar).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
19

2) ANEMIAS POR EXCESSO DE DESTRUIÇÃO (HEMOLÍTICAS) OU POR


PERDAS SANGUÍNEAS
2.1 Anemias hemolíticas por defeito hereditário:
a) eritroenzimopatias (metabólicas):
a.1) deficiência de G6PD;
a.2) deficiência de piruvato quinase (PK);
a.3) outras eritroenzimopatias: glicolíticas; não-glicoliticas.
b) hemoglobinopatias (defeito na síntese de globinas):
b.1) com globina de estrutura anormal: anemia falciforme (SS),
hemoglobinopatias CC, SC,SD, SE, etc.;
b.2) com globina de estrutura normal: talassemias.
c) por defeitos protéicos da membrana eritrocitária:
c.1) esferocitose;
c.2) eliptocitose.
2.2 Anemias hemolíticas por defeito adquirido
a) Imunes:
a.1) anemia hemolítica autoimune (AHAI): induzida por drogas, aglutininas a
frio, autoanticorpos, etc.;
a.2) anemia hemolítica aloimune: doença hemolítica do recém-nascido;
transfusões.
b) Não-imunes (dano direto ao eritrócito, sem envolvimento primário de
resposta imune):
b.1) por traumatismo mecânico: anemias microangiopáticas, próteses
cardíacas, hemoglobinúria da marcha, etc.;
b.2) por danos térmicos: queimados; danos químicos; venenos;
b.3) tóxicas, agentes infecciosos: protozoários (malária, babésia); bactérias
(clostrídio).
c) Hemoglobinúria paroxística noturna. Anemias por perdas sanguíneas:
a) perdas crônicas.
b)perdas agudas.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
20

3) PSEUDO-ANEMIAS: RESULTANTES APENAS DO AUMENTO DO VOLUME


DE PLASMA
3.1 Edema (retenção líquidos): último trimestre de gravidez; tratamento com
drogas esteróides; desbalanço hidrosmótico.
3.2 Hiperesplenismo (aumenta a quantidade de eritrócitos retidos no
compartimento extravascuIar).
3.3 Outros (uso de soro intravenoso, atletas em treinamento, etc.).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
21

UNIDADE 5 – CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS


ANEMIAS

Também de acordo com Oliveira (2004), a classificação morfoetiológica das


anemias inclui: anemias normocítico-normocrômicas; anemias microcítico-
hipocrômicas e anemias macrocíticas, elencadas abaixo:

1) ANEMIAS NORMOCÍTICO-NORMOCRÔMICAS: VCM de 80 a 100fL, CHCM de


32 a 36g/gL
a) Por hemólise (hemolíticas): em alguns casos podem ser levemente
macrocíticas.
Congênitas:
• por defeito de proteínas de membrana – esferocitose e eliptocitose;
• por defeito da hemoglobina – hemoglobinopatias:
- Hemoglobinas variantes (SS, SC, CC, SD etc.);
- Observação: as talassemias são hemoglobinopatias com perfil
microcítico-hipocrômico.
• por defeito metabólico – eritroenzimopatias:
- Deficiência de G6PD, PK, HK, GR, etc.
Adquiridas:
• infecciosas – sepsinemia por Clostridium perfringens, malária, bartonelose;
• química – hipersensibilidade a determinados produtos químicos;
• física – queimaduras, próteses cardíacas;
• vasculites (microangiopatias);
• venenos de serpentes – favismo (geralmente nas deficiências de G6PD):
- imunológicas – autoanticorpos, transfusão incompatível, mediada por
drogas;
- hemoglobinúria paroxística noturna.
b) Por insuficiência medular.
Secundárias:
- tóxicas – drogas que inibam a hematopoese; irradiações; quimioterápicos;
produtos industriais; solventes; benzeno, cloranfenicol, etc. (aplasias adquiridas);
- parasitas – leishmaniose - calazar, etc.;
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
22

- malignas – metástases.
Primárias, sem causa definida (idiopáticas):
- aplasias adquiridas; aplasias congênitas (anemia de Fanconi);
- aplasia pura de série vermelha; hipoplasias medulares;
- leucemias; linfomas; fibrose, etc.
c) Por hemorragias agudas – em alguns raros casos podem ser
macrocíticas.
d) Por falta de eritropoietina – insuficiência renal crônica.
e) Inflamações e/ou infecções crônicas (anemia de doenças crônicas).

2) ANEMIAS MICROCÍTICO-HIPOCRÔMICA: VCM <80fL, CHCM <32g/dL


São consequentes a defeitos de hemoglobinização nos eritrócitos.
a) Hipossiderêmicas: ferro sérico baixo
a.1) Carência de ferro (ferroprivas) por:
• perda de ferro nos sangramentos crônicos;
• necessidades aumentadas de ferro com oferta pobre:
- crianças e adolescentes em fases de grande crescimento;
- mulheres com excesso de menstruação; gestação.
• perda de ferro por hemossiderinúria:
- hemólises intravasculares graves; diálise crônica.
• defeito de absorção de ferro:
- gastrite crônica, gastrectomia parcial, ressecção duodenal.
.2) Desvio do ferro para os macrófagos medulares (não-ferroprivas):
• anemias de doenças crônicas de longa duração.
b) Hipersiderêmicas: ferro sérico normal/elevado
Defeito na fabricação da hemoglobina (hemoglobinização) por causas:
b.1) Congênitas:
• talassemias (alfa e beta);
• anemias sideroblásticas.
b.2)Adquiridas:
- intoxicação por chumbo;
- medicamentos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
23

3) ANEMIAS MACROCÍTICAS: >100fL, CHCM de 32 a 36 g/dL


a) Megaloblásticas: com megaloblastos na medula óssea.
São consequentes do baixo número de mitoses nos eritroblastos, devido à
síntese diminuída de DNA.
a.1) Carência de vitamina B12:
- anemia perniciosa (doença imune - falta de fator intrínseco);
- gastrectomia parcial ou total (falta de fator intrínseco);
- gastrite atrófica (falta de fator intrínseco);
- ausência isolada de fator intrínseco;
- vegetarianismo (não-ingestão de vitamina B12);
- na criança (menor absorção de vitamina B12);
- síndrome de Imersland (defeito de absorção de vitamina B12 no íleo);
- ressecção intestinal do íleo (impedimento da absorção de vitamina B12);
- síndrome de alça cega (impedimento da absorção de vitamina B12);
- dieta de peixe cru (depleção dos estoques de vitamina B12 pela tênia do
peixe Diphilobotrium lotum);
- anestesia com óxido nitroso;
- deficiência de transcobalamina II (defeito no transporte de vitamina B12).
a.2) Carência de folato (ácido fólico):
- má absorção intestinal; diarreia crônica (baixa absorção);
- carência nutricional (dieta pobre em vegetais folhosos não-cozidos);
- prematuros (pouca reserva e metabolização no fígado);
- secundária ao excesso de consumo:
- gestação; anemias hemolíticas crônicas;
- dermatites exfoliativas; leucemias e outros cânceres;
- diálise (retenção de folato);
- cirrose (pouco estoque e metabolização no fígado);
- álcool (competição);
- Plasmodium falciparum (espoliação de reservas);
- diminuição da 5-metiltetraidrofolato transferase;
- antifolatos (metrotrexato, pirimetamina, etc.).
b) Não-rnegaloblásticas: sem megaloblastos na medula óssea.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
24

São consequentes ou da diminuição do número de mitoses por defeitos das


células-tronco na medula (aplasias), por maturação defeituosa (síndromes
mielodisplásicas), ou do excessivo número de macrócitos policromáticos
(reticulócitos) no sangue periférico.
b.1) Anemias aplásticas (aplasia de medula): podem ser normocíticas.
b.2) Síndromes mielodisplásicas: podem ser normocíticas.
b.3) Hepatopatias: podem ser normocíticas.
b.4) Anemias hemolíticas: com intensa regeneração eritróide (elevada
reticulocitose - macrócitos policromáticos). Podem ser normocíticas.
b.5) Anemias pós-hemorragias agudas com elevada reticulocitose: são
geralmente normocíticas.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
25

UNIDADE 6 – LEUCEMIAS

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em


comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, essas células tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células
cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa
simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e
se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do
corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é
formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais
como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos
conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras
características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade
de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou
distantes (metástases) (REIS, 2007).
As leucemias são doenças originadas a
partir de alterações nos glóbulos brancos ou
leucócitos, células de defesa do organismo, ou
seja, resultam de uma proliferação clonal de
células imaturas com pouca ou nenhuma
maturação na medula óssea (blastos).
De acordo com a velocidade de
multiplicação das células doentes, as leucemias podem ser agudas, com instalação
rápida da doença, ou crônicas, de desenvolvimento mais lento. Podem ainda ser
classificadas em mieloides ou linfóides, de acordo com o subtipo de glóbulos
brancos que ficaram doentes.
Alguns poucos fatores externos como exposição à radiação ionizante ou
produtos químicos tem sido implicados como possíveis causas para a leucemia.
Porém, a maioria das alterações cromossômicas que acontecem, levando a
produção inadequada do sangue, ocorrem sem causa aparente (RIBAS, 2012).
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
26

A presença de mais de 25% de blastos na Medula Óssea (MO) é


considerado como critério diagnóstico de LA, assim como anormalidades
citogenéticas caracterizam alguns dos subtipos.
A classificação é feita pela morfologia, citoquímica, citogenética e
imunofenotipagem (FLEURY, 2011).
São critérios diagnósticos para leucemia mieloide aguda (LMA), segundo o
sistema FAB (Franco americano-britânico):
TIPO NOMENCLATURA CRITÉRIO DIAGNÓSTICO
FAB
MO Leucemia mieloide Blastos > 30% do TCN na MO; < 3% dos blastos são + para
POX ou 5BB; blastos (-) para marcadores monoclonais
aguda
linfóidesTe B; blastos (+) para pelo menos um marcador
minimamente monoclonal mieloide (CD13, CD33, MPO, CD11b ou CD15).Os
blastos são tipo I, sem grãos azurófiios ou bastões Auer.
diferenciada
M1 Leucemia mieloide Blastos (tipos I ou I e II) > 30% do TCN na MO; % blastos > 90%
das CNE+; > 3% dos blastos + para POX ou SBB somatório de
aguda sem
promielócitos até segmentados e monócitos deve ser < 10% das
maturação CNE+. Presença de bastões de Auer variável. Sem a
citoquímica, podem confundir com as LLA, L2 e M7.

M2 Leucemia mieloide Blastos (tipos I e II) > 30 % do TCN na MO; % blastos< 90% das
CNE+; > 3% dos blastos + para POX ou SBB; somatório de
aguda com
promielócitos até segmentados > 10% CNE+; componente
maturação monocítico < 20% das CNE+. Bastões de Auer são frequentes.
Displasia granulocítica não é incomum.
M2v Leucemia mieloide Blastos (geralmente tipo II) > 30% do TCN na MO; % blastos <
90% das CNE+; > 3% dos blastos + para POX ou SBB;
aguda com
precursores eosinofílicos, de morfologia aparentemente normal,
maturação variante não t (16;16) ou inv (16), negativos para PAS e CAE, em geral
aumentados; blastos grandes com numerosos grãos azurofílicos
ou até mesmo pseudo-Chédiak-Higashi; granulócitos com
variado grau de displasia; somatório de promielócitos até
segmentados > 10% das CNE+; componente monocítico < 20%
das CNE+. Bastões de Auer são frequentes. As células CD
(blastos) também são positivas (co-expressão) para CD19
(linhagem B) ou CD56 (linhagem NK).

M3 Leucemia Promielócitos hipergranulares anormais são maioria na MO;


blastos não terão necessariamente de ser > 30% das TCN m
promielocítica
CNE+; POX ou SBB intensamente positivos nos promielócitos
aguda anormais e de aspecto “sujo” (em borrão).
hipergranular
M3 Leucemia Promielócitos hipogranulares anormais são maioria na MO;
blastos não terão necessariamente de ser > 30% das TCN ou
promielocítica
CNE+; POX ou SBB intensamente positivos nos promieiócitos
aguda hipogranulares anormais. Promielócitos são positivos fracos ou
negativos para ANAE.
hipergranular

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
27

M4 Leucemia Blastos > 30% do TCN na MO; somatório de mieloblastos até


segmentados neutrófilos de 30 a 79% das CNE+; somatório de
mielomonocítica
monoblastos, promonócitos e monócitos de 20 a 80% das CNE+
3
aguda e sangue periférico com > 5.000 células monocíticas/ mm
(monoblastos a monócitos). Caso sangue com <
3
5.000 células monocíticas/mm , > 20% das células terão
obrigatoriamente de ser ANAE-positivas. Mesmo que a MO
tenha padrão M2, mas sangue > 5.000 células monocíticas/
3
mm comprovadas por ANAE, a LMA também será M4 ou com
lisozima sérica e urinária 3x o valor normal.

M4v Leucemia Blastos > 30% do TCN na MO; componente eosinofílico anormal
> 5% das CNE; os eosinófilos anormais possuem grãos
mielomonocítica
basofílicos grosseiros nas células menos maduras que são
aguda, variante positivas para PAS e CAE; algumas células eosinofílicas podem
apresentar-se com núcleo sem capacidade de segmentação.
eosinofílica (M4Eo)
Possuem cariótipo com t(16;16) ou inv(l6).

M5a Leucemia Blastos > 30°/o do TCN na MO; somatório de monoblastos,


promonócitos e monócitos > 80 das CNE na MO; componente
monocítica aguda
monocítico confirmado por ANAE; > 80% das células
sem maturação monocíticas são monoblastos.

M5b Leucemia Idem ao anterior; < 80% das células monocíticas são
monoblastos.
monocítica aguda
com maturação
M6 Leucemia eritroide Blastos (tipos I ou II) > 30% das CNE da MO; eritroblastos >
50%doTCN na MO.
aguda

M7 Leucemia Blastos > 30% do TCN na MO (pelo aspirado ou biopsia);


blastos demonstrados como megacarioblastos por marcadores
megacariocítica
monoclonais (CD41 e CD61) por citometria de fluxo ou
aguda imunocitoquímica, ou pela morfologia ultraestrutural ou
citoquímica ultraestrutural.
TCN: total de células nucleadas
MO: medula óssea
CNE: células não eritróides
CNE+: células não-eritróides, excluindo-se também linfócitos, plasmócitos, mastócitos e macrófagos
POX: peroxidase
SBB: Sudan black B
CAE: cloroacetato esterase
PAS: ácido periódico de Shiff
ANAE: alfa-naftilacetato-esterase - esterase inespecífica
blastos tipo I: mieloblastos sem grãos e sem Auer
blastos tipo II: mieloblastos com grãos azurófilos ou com Auer.
Fonte: Oliveira (2007, p. 363-3)

CLASSIFICAÇÃO FAB PARA LEUCEMIAS LINFÓIDES AGUDAS - LLA


Leucemia linfoblástica aguda subtipo L1
Linfoblastos predominantemente pequenos e de tamanho aproximado (com minoria
de células maiores), com alta relação N/C, cromatina pouco frouxa, com padrão de
condensação homogênea e sem nucléolo visível (ou pouco evidente), de contorno
geralmente regular (mais associado à linhagem B), ou mais irregular (mais
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
28

associado à linhagem T), raramente fendido ou com indentações. Citoplasma


escasso, moderadamente basófilo (raro basofilia intensa), raramente vacuolizado e
sem granulações azurófilas. Podem ser de linhagem B (a maior parte) ou T.
Correspondem à maioria dos casos de LLA em crianças.

Leucemia linfoblástica aguda subtipo L2


População de linfoblastos de tamanho heterogêneo, sendo predominantemente
maiores que nas L1. A relação N/C é bastante variável entre a população dos
blastos de L2. O contorno nuclear é mais irregular, podendo haver indentações,
dobras ou clivagens. Cromatina nuclear é frouxa, em geral com nucléolos visíveis
(um ou mais nucléolos). Citoplasma variável basófilo, sem granulações, e raramente
com vacúolos. Podem ser de Iinhagem B ou T. Correspondem a cerca de 25% dos
casos de LLA.
Há um raro subtipo morfológico de LLA que apresenta granulações azurófilas
grosseira (LLA variante granular), mas que não se coram pela peroxidase.

Leucemia linfoblástica aguda subtipo L3

Linfoblastos predominantemente médios a grandes, com menor variação de


tamanho que nas L2, com moderada relação N/C (menor que nas L1). Núcleo
arredondado ou mais oval, com um traçado liso, com cromatina fina e
uniformemente distribuída (homogênea), com um ou mais nucléolos proeminentes.
Citoplasma profundamente basofílico e frequentemente com múltiplos vacúolos
(células tipo Burkitt).
As LLA L3 são de linhagem B e, na maioria dos casos, possuem imunofenótipo em
estágio B-IV de diferenciação (classificação imunológica EGIL).

O laudo de um hemograma de um leucêmico deverá incluir apenas o


percentual de blastos (sem discriminá-los necessariamente como mieloblastos,
monoblastos, linfoblastos etc.), mas com a descrição minuciosa de suas
características morfológicas e o termo “[...] de aparência provavelmente [...]
monocítica (monoblastos), ou mieloide (mieloblastos)”, por exemplo. É oportuno
saber que, apesar de raras, as leucemias bifenotípicas agudas (mieloides e
linfóides), que de modo geral requerem tratamento mais agressivo que as leucemias
estritamente mieloides agudas (e que não tenham nenhuma expressão linfóide),
podem, mesmo que de maneira pouco comum, apresentar blastos com bastão de
Auer, ou blastos com alguns grânulos azurófilos, citoquímica positiva para
peroxidase ou Sudan black, e ser antecipadamente interpretadas como mieloides
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
29

puras. Vê-se, então, que o diagnóstico correto vai muito além do hemograma,
necessitando obrigatoriamente do mielograma e da citoquímica, e, em muitos casos,
da imunofenotipagemo.
Outro exemplo que pode comprometer a interpretação são os raros casos
das LLA-B variantes granulares (com grânulos azurófilos grosseiros e que não se
coram pela peroxidase na citoquímica) e das leucemias de linfócitos grandes e
granulares com células de aparência blástica e com grânulos. Todos esses casos
são inquestionavelmente diferenciados apenas pela imunofenotipagem.
O hemograma nas leucemias agudas é bastante variado. Nos casos de novo
ao diagnóstico, a anemia é um achado constante na maioria dos casos, mas de
intensidade bastante heterogênea. O nível de hemoglobina pode variar em média de
3,0g/dL a 16,0g/dL. Em relação ao prognóstico, isoladamente, quanto maior for o
nível de hemoglobina encontrado ao diagnóstico, maior o poder proliferativo (poder
de expansão) do clone neoplásico e pior o prognóstico para o paciente. A anemia é,
em geral, do tipo normocítico-normocrômica com variado grau de anisocitose e
poiquilocitose. A contagem de reticulócitos é caracteristicamente normal ou
diminuída.
Os eritroblastos podem ou não estar presentes. A plaquetopenia é um
achado constante e está presente em mais de 90% dos casos, mas contagens
abaixo de 50.000 plaq/mm3 só ocorrem em cerca de 50% dos casos e contagens
abaixo de 20.000 plaq/ mm3 em menos de 20% dos casos.
A contagem de leucócitos ao diagnóstico varia dependendo do subtipo de
leucemia e da idade do paciente. Em termos gerais, pode estar elevada (em cerca
de 50 a 60% dos casos), normal (em cerca de 20 a 30% dos casos) ou diminuída
(em cerca de 20 a 30% dos casos). Hiperleucocitoses (contagens acima de 100.000
leucócitos/ mm3) correspondem a menos de 20,0% dos casos de leucemias agudas
ao diagnóstico.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
30

UNIDADE 7 – LINFOMAS

Linfomas são tumores do sistema linfático, secundários a alterações dos


linfócitos. Os linfócitos são um subtipo dos glóbulos brancos ou leucócitos, células
de defesa do organismo.
Segundo Failace et al. (2009), as doenças de Hodgkin e não-Hodgkin são
uma expressão hematológica para alguns linfomas não leucêmicos. Os linfomas são
divididos em dois grandes grupos: Linfomas de Hodgkin, também denominado
Doença de Hodgkin e Linfomas Não-Hodgkin.
O linfoma ou doença de Hodgkin é uma forma de câncer que se origina nos
linfonodos (gânglios) do sistema linfático, que produzem as células responsáveis
pela imunidade e vasos que as conduzem pelo corpo. Pode ocorrer em qualquer
faixa etária, mas a maior incidência do linfoma é em adultos jovens, entre 25 e 30
anos. A doença surge quando um linfócito (tipo de glóbulo branco) se transforma em
célula maligna, capaz de crescer descontroladamente e disseminar-se. A célula
maligna começa a produzir nos linfonodos cópias idênticas (também chamadas de
clones). Com o passar do tempo, há risco de essas células malignas se
disseminarem para tecidos vizinhos e, se não houver tratamento, atingir outras
partes do corpo. Nos últimos 50 anos, o número de casos permaneceu estável,
enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60%, desde o início dos anos 70,
devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin
pode ser curada com tratamento adequado (BIGNI, 2013).
Suspeita-se de linfoma quando há um aumento progressivo e persistente de
um ou mais linfonodos ou gânglios linfáticos, habitualmente indolor. Pode
apresentar-se também com febre, sudorese, emagrecimento, sendo comum o
aumento do baço.
Os linfonodos estão presentes em vários locais do organismo, como satélites
dos vasos linfáticos, que possuem como célula básica o linfócito. Gânglios
aumentados que podem ser percebidos ao exame físico são os da região do
pescoço, axila e região inguinal (RIBAS, 2012).
Como os linfócitos são células de defesa que estão presentes em todo o
organismo, existem também linfomas que não se iniciam nos linfonodos e sim nos
linfócitos de outros locais, linfomas raros, como linfomas da tireoide, do sistema
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
31

nervoso central, da mama, gastrointestinais, cutâneos. Muitas doenças benignas


podem também causar aumento de linfonodos, febre, sudorese e até
emagrecimento.
A correta diferenciação dever ser feita pelo(a) hematologista, que irá definir
quais os exames complementares necessários de acordo com cada caso e se existe
a necessidade da realização da biópsia (retirada de um gânglio comprometido para
estudo anatomopatológico e imunohistoquímico).
Os linfoblastos são 2 a 3 vezes maiores que os linfócitos com citoplasma
escasso de coloração azul-pálida, cromatina densa, uniforme e nucléolo pouco
aparente e tem como aspectos laboratoriais:
Anemia normocrômica Ht < 30% 65%
normocítica Ht > 30% 35%
Plaquetas < 50 62%
9
(x 10 /L) 50-150 30%
>150 8%
Leucometria <10 40%
9
(x 10 /L) 10-49 34%
50-99 15%
>100 11%
Granulócitos <1 73%
9
(x 10 /L) 1-2 9%
>2 18%

7.1 Linfomas Hodgkin


Os órgãos e tecidos que compõem o sistema linfático incluem linfonodos,
timo, baço, amígdalas, medula óssea e tecidos linfáticos no intestino. A linfa, um
líquido claro que banha estes tecidos, contém proteínas e células linfóides. Já os
linfonodos (gânglios) são encontrados em todas as partes do corpo, principalmente
no pescoço, virilha, axilas, pelve, abdome e tórax; produzem e armazenam
leucócitos denominados linfócitos. Existem três tipos de linfócitos: os linfócitos B (ou
células B), os linfócitos T (ou células T), e as células “natural killer” (células NK).
Cada um desses três tipos de células realiza uma função específica no combate a
infecções, e também têm importância no combate ao câncer.
As células B produzem anticorpos que se ligam na superfície de certos tipos
de bactérias e atraem células específicas do sistema imune e proteínas do
sangue, digerindo as bactérias e células estranhas ao normal.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
32

As células T ajudam a proteger o organismo contra vírus, fungos e algumas


bactérias. Também desempenham importante papel nas funções das células
B.
As células NK têm como alvo as células tumorais e protegem contra uma
larga variedade de agentes infecciosos.

Pode-se distinguir a Doença de Hodgkin de outros tipos de linfoma em parte


através do exame de amostras sob microscopia. O tecido obtido por biópsia de
pacientes com Doença de Hodgkin apresenta células denominadas células de Reed-
Sternberg, uma homenagem aos médicos que descreveram primeiramente estas
alterações. A Doença de Hodgkin surge quando um linfócito (mais frequentemente
um linfócito B) se transforma de uma célula normal em uma célula maligna, capaz de
crescer descontroladamente e disseminar-se. A célula maligna começa a produzir,
nos linfonodos, cópias idênticas (também chamadas de clones). Com o passar do
tempo, estas células malignas podem se disseminar para tecidos adjacentes, e, se
não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. Na Doença de Hodgkin, os
tumores disseminam-se de um grupo de linfonodos para outros grupos de linfonodos
através dos vasos linfáticos. O local mais comum de envolvimento é o tórax, região
também denominada mediastino.
Pessoas com sistema imune comprometido, como consequência de doenças
genéticas hereditárias, infecção pelo HIV, uso de drogas imunossupressoras, têm
risco um pouco maior de desenvolver Doença de Hodgkin. Membros de famílias nas
quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença também têm risco
aumentado de desenvolvê-la, mas não se deve pensar que é certo de acontecer.
A Doença de Hodgkin pode surgir em qualquer parte do corpo, e os
sintomas da doença dependem da sua localização. Caso desenvolva-se em
linfonodos que estão próximos à pele, no pescoço, axilas e virilhas, os sintomas
provavelmente incluirão a apresentação de linfonodos aumentados e indolores
nestes locais. Se a doença ocorre na região do tórax, os sintomas podem ser de
tosse, “falta de ar” (dispneia) e dor torácica. E quando se apresenta na pelve e no
abdome, os sintomas podem ser de plenitude e distensão abdominal. Outros

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
33

sintomas da Doença de Hodgkin incluem febre, fadiga, sudorese noturna, perda de


peso, e prurido (“coceira na pele”).
Utilizam-se vários tipos de exames para diagnosticar Doença de Hodgkin.
Estes procedimentos permitem determinar seu tipo específico, e esclarecer outras
informações úteis para decidir sobre a forma mais adequada de tratamento. A
biópsia é considerada obrigatória para o diagnóstico de Doença de Hodgkin. Durante
o procedimento, remove-se uma pequena amostra de tecido para análise, em geral
um gânglio linfático aumentado. Há vários tipos de biópsia:
biópsia excisional ou incisional – o médico, através de uma incisão na pele,
remove um gânglio inteiro (excisional), ou uma pequena parte (incisional);
biópsia de medula óssea – retira-se um pequeno fragmento da medula óssea
através de agulha. Esse procedimento não fornece diagnóstico da Doença de
Hodgkin, mas é fundamental para determinar a extensão da disseminação da
doença.

Também são necessários exames de imagem para determinar a localização


das tumorações no corpo. Radiografias são empregadas para detectar tumores no
tórax; usando-se Tomografia Computadorizada, são obtidas imagens detalhadas do
corpo sob diversos ângulos. Já a Ressonância Magnética utiliza ondas magnéticas e
de rádio para produzir imagens de partes moles e órgãos; e na Cintigrafia com Gálio,
uma substância radioativa, ao ser injetada no corpo do paciente é atraída para locais
acometidos pela doença.
Além disso, são utilizados outros tipos de exames que ajudam a determinar
características específicas das células tumorais nos tecidos biopsiados. Estes testes
incluem: estudos de citogenética para determinar alterações cromossômicas nas
células; Imunohistoquímica, na qual anticorpos são usados para distinguir entre
vários tipos de células cancerosas (BIGNI, 2013).

7.2 Linfomas Não-Hodgkin


Os Linfomas Não-Hodgkin incluem mais de 20 tipos diferentes. O número de
casos praticamente duplicou nos últimos 25 anos, particularmente entre pessoas
acima de 60 anos por razões ainda não esclarecidas.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
34

Os poucos conhecidos fatores de risco para o desenvolvimento de Linfomas


Não-Hodgkin são:
sistema imune comprometido – pessoas com deficiência de imunidade, em
consequência de doenças genéticas hereditárias;
uso de drogas imunossupressoras e infecção pelo HIV têm maior risco de
desenvolver linfomas;
pacientes portadores dos vírus Epstein-Barr, HTLV1, e da bactéria
Helicobacter pylori (que causa úlceras gástricas), têm risco aumentado para
alguns tipos de linfoma;
exposição Química – os Linfomas Não-Hodgkin estão também ligados à
exposição a certos agentes químicos, incluindo pesticidas, solventes e
fertilizantes. Herbicidas e inseticidas têm sido relacionados ao surgimento de
linfomas em estudos com agricultores e outros grupos de pessoas que se
expõem a altos níveis desses agentes químicos. A contaminação da água por
nitrato, substância encontrada em fertilizantes, é um exemplo de exposição
que parece aumentar os riscos para doença;
exposição a altas doses de radiação.

Aumento dos linfonodos do pescoço, axilas e/ou virilha; sudorese noturna


excessiva; febre; prurido (coceira na pele); perda de peso sem explicação são
alguns dos sintomas.
São necessários vários tipos de exames para o diagnóstico adequado dos
Linfomas Não-Hodgkin. Esses exames permitem determinar o tipo exato de linfoma
e esclarecer outras características, cujas informações são úteis para decisão da
forma mais eficaz de tratamento a ser empregado.
Durante a biópsia, é retirada pequena porção de tecido (em geral linfonodos)
para análise em laboratório de anatomia patológica. Há vários tipos de biópsia,
incluindo os seguintes:
biópsia excisional ou incisional – através de uma incisão na pele, retira-se o
linfonodo por inteiro (excisional) ou uma pequena parte do tecido acometido
(incisional). É considerado o padrão de qualidade para o diagnóstico dos
linfomas;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
35

punção aspirativa por agulha fina – retira-se pequena porção de tecido por
aspiração através de agulha;
biópsia e aspiração de medula óssea – retira-se pequena amostra da medula
óssea (biópsia) ou do sangue da medula óssea (aspiração) através de uma
agulha. Este exame é necessário para definir se a doença estende-se
também à medula óssea, informação importante que pode ter implicações no
tratamento a ser empregado;
punção lombar – retira-se pequena porção do líquido cérebro espinhal
(líquor), que banha o cérebro e a medula espinhal (não confundir com medula
óssea). Esse procedimento determina se o sistema nervoso central foi
atingido.

Alguns exames de imagem são usados para determinar a localização dos


sítios acometidos pela doença:
radiografias de tórax – podem detectar tumores no tórax e pulmões;
tomografia computadorizada – visualiza internamente os segmentos do corpo
por vários ângulos, permitindo imagens detalhadas;
Ressonância Nuclear Magnética (RNM) – também produz imagens
detalhadas dos segmentos corporais;
cintigrafia com Gálio – uma substância radioativa que, ao ser injetada no
corpo, concentra-se principalmente em locais comprometidos pelo tumor.
Uma câmera especial permite ver onde o material radioativo se acumulou e
determinar o quanto se disseminou a doença.
Junto com biópsias e exames de imagem, são utilizados alguns testes que
ajudam a determinar características específicas das células nos tecidos biopsiados,
incluindo anormalidades citogenéticas, tais como rearranjos nos cromossomos,
comuns nos linfomas. Esses testes permitem também realizar estudos de receptores
para antígenos específicos nas células linfomatosas, que servem tanto para definir a
origem celular, como também para estimar o prognóstico do paciente.
Estes testes incluem: Imunohistoquímica – anticorpos são utilizados para
distinguir entre tipos de células cancerosas; Estudos de Citogenética – determinam
alterações no cromossomos das células; Citometria de Fluxo – as células

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
36

preparadas na amostra são passadas através de um feixe de laser para análise;


Estudos de Genética Molecular (Biologia Molecular) – testes altamente sensíveis
com DNA e RNA para determinar alterações genéticas específicas nas células
cancerosas. Novos testes e procedimentos diagnósticos estão surgindo a partir de
trabalhos com a análise do genoma e expressão gênica.
Classificar o tipo de linfoma pode ser uma tarefa bastante complicada,
mesmo para hematologistas e patologistas. Os Linfomas Não-Hodgkin são, de fato,
um grupo complexo de quase 40 formas distintas desta doença. Após o diagnóstico,
a doença é classificada de acordo com o tipo de linfoma e o estágio em que se
encontra (sua extensão). Estas informações são muito importantes para selecionar
adequadamente a forma de tratamento do paciente, e estimar seu prognóstico. Os
Linfomas Não-Hodgkin são agrupados de acordo com o tipo de célula linfóide, se
linfócitos B ou T. Também são considerados tamanho, forma e padrão de
apresentação na microscopia. Para tornar a classificação mais fácil, os linfomas
podem ser divididos em dois grandes grupos: indolentes e agressivos.
Os linfomas indolentes têm um crescimento relativamente lento. Os
pacientes podem apresentar-se com poucos sintomas por vários anos, mesmo após
o diagnóstico. Entretanto, a cura nestes casos é menos provável do que nos
pacientes com formas agressivas de linfoma. Esses últimos podem levar
rapidamente ao óbito se não tratados, mas, em geral, são mais curáveis. Os
linfomas indolentes correspondem aproximadamente a 40% dos diagnósticos, e os
agressivos, aos 60% restantes.
Uma vez diagnosticada a doença, segue o procedimento denominado
estadiamento. Consiste em determinar a extensão da doença no corpo do paciente.
São estabelecidos 4 estágios, indo de I a IV. No estágio I, observa-se envolvimento
de apenas um grupo de linfonodos. Já no estágio IV, temos o envolvimento
disseminado dos linfonodos. Além disso, cada estágio é subdividido em A e B
(exemplo: estágios 1A ou 2B). O “A” significa assintomático, e para pacientes que se
queixam de febre, sudorese ou perda de peso inexplicada, aplica-se o termo “B”.
A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, radioterapia, ou ambos.
A imunoterapia está sendo cada vez mais incorporada ao tratamento, incluindo

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
37

anticorpos monoclonais e citoquinas, isoladamente ou associados à quimioterapia


(BIGNI, 2013).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
38

UNIDADE 8 – ORIGEM CELULAR DE ALGUMAS DOENÇAS


E A CÉLULA CANCEROSA

8.1 Mecanismos de regulação das atividades celulares


O termo tumor, a princípio, foi usado para designar qualquer inchação,
independentemente da causa. Porém, atualmente, chama-se tumor a uma
proliferação celular desordenada que deveria ser chamada de neoplasia. O tumor
que permanece localizado é chamado de benigno, reservando-se a designação de
tumor maligno (câncer) para os tumores invasivos, dos quais células se desgarram,
são levadas pelo sangue ou pela linfa e vão estabelecer tumores a distância: as
metástases.
O câncer, basicamente, é uma doença do DNA. Ele se forma a partir de uma
única célula que sofreu mutação, proliferou, e suas descendentes foram acumulando
mais mutações, até que aparecem células que não mais obedecem aos mecanismos
de controle do ciclo celular e se multiplicam continuamente. Além de se
multiplicarem intensamente, as células cancerosas perdem a capacidade de
aderência a outras células e às macromoléculas da matriz extracelular. Como o
acúmulo de mutações é, geralmente, um processo lento, o aparecimento de células
cancerosas é mais comum em pessoas idosas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Todos os agentes (moléculas, radiação, certos vírus) que alteram o genoma
(DNA) celular são potencialmente cancerígenos (geradores de câncer).
Com frequência, a biologia das células cancerosas é estudada em células
transformadas nos cultivos, nas quais adquirem características de malignidade.
Enquanto as células normais só se dividem cerca de 50 a 60 vezes nos cultivos, as
células transformadas proliferam indefinidamente.
Nos cortes histológicos, as células cancerosas geralmente são mais
volumosas, com núcleos também maiores e muito irregulares, ocorrendo muitas
mitoses, algumas anormais. Algumas dessas células podem ser aneuplóides, isto é,
apresentam número de cromossomos que não é um múltiplo do número de
cromossomos na célula diplóide. Como acontece com todas as células que se
multiplicam com frequência, geralmente o citoplasma das células cancerosas é rico
em ribossomos e, portanto, basófilo.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
39

O microscópio eletrônico mostrou que as células cancerosas geralmente


apresentam o cito esqueleto desorganizado, com uma concentração perinuclear dos
microtúbulos e filamentos intermediários, e concentração dos filamentos de actina na
periferia do citoplasma, próximo à membrana plasmática.
Os principais segmentos de DNA que participam do aparecimento de
tumores são os genes supressores de tumores e os oncogenes. Os primeiros
codificam proteínas que mantêm as células em G-zero e, portanto, fora do ciclo
celular. Um exemplo é o gene RB, que, quando alterado, pode causar o
retinoblastoma, um tumor da retina. Os oncogenes são derivados de genes normais
denominados proto-oncogenes. A alteração do proto-oncogene faz aparecer o
oncogene, que leva a célula a perder o controle sobre seu ciclo mitótico, dividindo-se
continuamente.
Dentre os oncogenes, um dos mais estudados é o oncogenerase, com suas
variantes H-ras, K-ras e N-ras (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
As células que constituem o corpo dos organismos multicelulares formam
uma comunidade de tecidos altamente organizados e regulados por controles
internos e externos ao tecido, como hormônios e fatores de crescimento.
Na sua formação, os órgãos só crescem até atingirem certo tamanho, pois
suas células obedecem aos sinais recebidos para entrar na fase G-zero do ciclo
celular e interromper a proliferação. Um controle rígido sobre a proliferação celular
também é exercido nos órgãos que se regeneram após uma lesão. As células se
multiplicam apenas o suficiente para reconstituir o órgão com aproximadamente o
mesmo tamanho que apresentava antes da lesão.
Enquanto as células dos organismos unicelulares competem umas com as
outras, predominando as mais eficientes, nos organismos multicelulares não existe
competição, mas colaboração entre as células, o que é essencial para a
sobrevivência de um organismo multicelular complexo. As células cancerosas, no
entanto, não se submetem a esse esquema de cooperação. São células com o DNA
danificado e que, por isso, escapam dos mecanismos de controle do ciclo celular.
O câncer surge de uma única célula que sofreu mutação, multiplicou-se por
mitoses e suas descendentes foram acumulando outras mutações que se foram
somando, até darem origem a uma célula cancerosa em consequência da ação

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
40

conjunta dessas mutações. O acúmulo de mutações por uma célula e suas


descendentes é um processo lento, e isso, provavelmente, explica a maior
incidência de câncer nas pessoas idosas.
A célula cancerosa prolifera muito, perde a capacidade de aderência,
secreta enzimas que atacam a matriz extracelular, invade os tecidos vizinhos,
penetra nos vasos sanguíneos e linfáticos e se espalha pelo organismo,
estabelecendo-se e proliferando em locais distantes de sua origem, onde produz
tumores secundários: as metástases. As células malignas secretam moléculas que
estimulam o crescimento dos vasos sanguíneos capilares, promovendo uma
angiogênese (neoformação vascular) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Veja abaixo ilustração de diferenças entre tumor maligno (abaixo) e benigno
(acima).

Fonte: Junqueira e Carneiro (2005, p. 290).

No tumor benigno, as células permanecem localizadas, prejudicando apenas


o órgão onde se originou o tumor e os tecidos vizinhos, que podem ser comprimidos.
Assim, os tumores benignos, geralmente, são curados facilmente pela cirurgia. Já o
tratamento cirúrgico dos tumores malignos só é eficaz se realizado antes das
metástases.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
41

Nem todas as células que se separam do tumor e caem no sangue ou na


linfa conseguirão completar com sucesso sua viagem para formar metástases. A
maioria delas é destruída por diversos processos, como ruptura na travessia da
parede dos vasos, ataque pelas moléculas da defesa imunitária e fagocitose por
macrófagos. Ao atingirem os tecidos e depois de proliferarem para formar um
pequeno tumor, as metástases estimulam a formação de novos capilares
sanguíneos, para garantir o suprimento de nutrientes, fatores de crescimento e
oxigênio, e ter uma via de eliminação dos refugos do metabolismo, que são levados
pelo sangue para os órgãos de excreção. Não se formam metástases nos tecidos
que não oferecem condições para o estabelecimento de uma circulação sanguínea,
como a cartilagem, por exemplo. Porém, há órgãos muito ricamente vascularizados,
com abundantes capilares sanguíneos, como o baço e o tecido muscular estriado,
que só muito raramente são sede de metástases.
Muitos tumores originam metástases preferencialmente em certos tecidos, o
que indica nem sempre se tratar de um processo ao acaso. Por exemplo, há cinco
carcinomas – os tumores de rim, tireoide, pulmão, mama e próstata – que, quase
sempre, fazem metástases no tecido ósseo.

8.2 Agentes que podem causar câncer


A transformação da célula normal em cancerosa se dá por alteração de seu
DNA, com a participação de vírus, substâncias químicas do ambiente ou da
alimentação e agentes físicos como certos tipos de radiação.
A primeira indicação sobre a existência de substâncias cancerígenas
(causadoras de câncer) foi observada em 1775, quando se atribuiu à fuligem a alta
incidência de câncer da pele nos limpadores de chaminés. Atualmente são
conhecidas mais de 200 moléculas cancerígenas, a maioria constituída de
hidrocarbonetos policíclicos.
A única propriedade comum a todos os cancerígenos é a capacidade de
causar dano ao genoma celular. Mas a indução inicial, que danifica o DNA da célula,
é complementada por outros agentes, geralmente estimuladores da multiplicação
celular, o que aumenta a probabilidade de novos danos ao DNA durante as
numerosas replicações.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
42

Quase todos os tipos celulares do organismo podem gerar tumores. Como


existem muitos tipos diferentes de células normais, existem também muitos tipos de
células cancerosas, produzindo tumores que diferem acentuadamente quanto ao
grau de malignidade e à resposta ao tratamento. Todavia, certas células originam
tumores com mais frequência do que outras, como, por exemplo, as células que
normalmente se dividem muito. Quanto mais vezes o DNA se replica, maior a
possibilidade de mutações, por falhas no processo de síntese da nova molécula de
DNA e na reparação do DNA defeituoso (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).
Muitos tumores são originados dos tecidos epiteliais, cujas células
geralmente se renovam com frequência. No adulto, cerca de 90% dos tumores
derivam de epitélios. Além de sua renovação constante, as células epiteliais que
revestem o corpo e as cavidades internas, como boca, vias respiratórias, esôfago e
estômago, estão mais sujeitas à ação dos agentes cancerígenos presentes nos
alimentos e no ambiente.
No caso do revestimento epitelial da superfície do corpo (epiderme), um fator
cancerígeno adicional é a radiação ultravioleta da luz solar, que tem atividade
mutagênica e, portanto, cancerígena. As células epiteliais da epiderme contêm
quantidade variável do pigmento melanina, colocada como um capuz sobre o lado
do núcleo celular que está voltado para o exterior, do qual vem a radiação
ultravioleta. Esse capuz protetor do DNA influi na incidência de câncer da epiderme,
que é muito maior nas pessoas de pele clara, cujas células epidérmicas contêm
pouca melanina, do que nas pessoas com pele escura, rica em melanina.
Tumores malignos originados de células epiteliais de revestimento são
geralmente chamados de carcinomas.
Os tumores originados das células epiteliais secretoras recebem o nome de
adenomas, quando são benignos, chamando-se adenocarcinomas, quando
malignos.
Os tumores originados de tecido conjuntivo são raros nos adultos, sendo
mais comuns nas crianças e adolescentes. Quase sempre, o nome dos tumores de
tecido conjuntivo se forma pela terminação -oma adicionada ao nome da célula
originária, quando são benignos, como o fibroma (originado de fibroblasto), o
osteoma (originado de osteoblasto) e o condroma (originado de células da

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
43

cartilagem). Os tumores malignos dos tecidos conjuntivos são chamados sarcomas.


São exemplos, o osteossarcoma (originado de osteoblasto) e o condrossarcoma
(originado de células da cartilagem). Tanto vírus com genoma de DNA como vírus
com genoma de RNA podem causar tumores benignos e malignos.
Os vírus com genoma de DNA causadores de tumores possuem genes que
codificam proteínas com a função de remover o bloqueio para que as células entrem
no ciclo mitótico, e proteínas que paralisam o check-point principal do ciclo, onde a
proliferação celular inapropriada seria bloqueada.
Embora o estudo experimental dos vírus causadores de tumores tenha sido
muito importante para a elucidação do papel dos genes na formação dos tumores e
dos mecanismos moleculares envolvidos, o número de tumores humanos causados
por vírus é muito pequeno. Dentre os mais estudados temos os vírus da hepatite
tipos B e C, vírus do papiloma e vírus de Epstein-Barr (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2005).

8.3 Características das células cancerosas


Existem muitas diferenças morfológicas, moleculares e funcionais entre uma
célula cancerosa e uma célula normal. Todavia, do mesmo modo que há grandes
diferenças entre os diversos tipos de células normais, também existem muitas
diferenças entre as células cancerosas. Outra dificuldade é separar as
características fenotípicas da célula cancerosa que são responsáveis por sua
agressividade, das que são secundárias, resultantes de características primárias.
Uma das características que chama a atenção é o polimorfismo das células
tumorais. Num mesmo tumor, as células diferem muito em forma e tamanho. Em
geral, são mais volumosas do que as normais que lhe deram origem, e muitas são
aneuplóides, isto é, contêm uma quantidade anormal de cromossomos, que não é
um múltiplo do número diplóide. Devido à poliploidia (poliploide é a célula com
quantidade de DNA que é um múltiplo do valor diplóide) e à aneuploidia, um mesmo
tumor apresenta núcleos de diversos tamanhos, com alteração da relação
núcleo/citoplasma. De modo geral, há variações do volume e número de nucléolos,
aparecimento de maior número de cromossomos e aberrações da forma nuclear.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
44

Esses núcleos com frequência se coram fortemente, aparecendo escuros nos cortes
histológicos.
No entanto, distinguem-se também alguns núcleos com aspectos vesiculoso,
com cromatina frouxa e hipocromáticos. Células binucleadas ou polinucleadas
também são frequentes e as mitoses são abundantes (com alta frequência de
mitoses anômalas).
Além das frequentes alterações no número de cromossomos, a maioria das
células cancerosas apresentam modificações na forma e tamanho de certos
cromossomos e alterações nas bandas cromossômicas. Porém, embora o câncer
seja decorrente de alterações no DNA, nem sempre as alterações cromossômicas
são visíveis no microscópio. Por exemplo, as mutações punctiformes que ativam os
oncogenes ras ou inativam o gene RB são modificações tão pequenas que não
podem ser detectadas no cariótipo, sendo evidenciadas pelas técnicas de biologia
molecular.
Como se multiplicam muito, as células cancerosas geralmente têm o
citoplasma basófilo, devido à riqueza em ribossomos que acontece com todas as
células em proliferação. O retículo endoplasmático e o complexo de Golgi são
usualmente pouco desenvolvidos, e as mitocôndrias e lisossomos, numerosos.
Enfim, são muitos os fatores que dificultam compreender inteiramente a
biologia celular do câncer, diagnosticar um tumor o mais cedo possível e erradicá-lo
a tempo de salvar a vida do doente. Considerando o significado humano das
pesquisas sobre o câncer, algumas dessas dificuldades serão enfatizadas.
Os tumores malignos diferem imensamente uns dos outros, de maneira que,
sob a designação de câncer, estão incluídas doenças muito diferentes. Uma grande
diferença entre os tumores e que influi muito na malignidade diz respeito à tendência
para constituir metástases. Por exemplo, o carcinoma basocelular é um tumor
maligno da epiderme que raramente forma metástases, enquanto o melanoma da
pele, outro tumor maligno, origina metástases com grande rapidez. Assim, embora
localizados na pele e, por isso, podendo ser detectados muito precocemente, esses
dois tumores diferem muito na malignidade, sendo o melanoma um dos tumores
humanos mais agressivos. A remoção cirúrgica do carcinoma basocelular
geralmente leva à cura completa, porém, frequentemente, quando o melanoma é

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
45

extirpado pela cirurgia, já formou metástases em outros tecidos, dificultando a cura.


Muitas vezes, um melanoma com menos de 1 mm já originou metástases. Assim, o
carcinoma basocelular é uma doença de pequena gravidade, enquanto o melanoma
é uma doença muito grave.
Também quanto aos sintomas, as variações são muito grandes. Alguns
tumores pouco diferenciados podem produzir moléculas, como hormônios, por
exemplo, que causam diversos sintomas em outros órgãos ou em todo o organismo.
Outras vezes, os sintomas decorrem da localização do câncer. Um tumor, mesmo
benigno, do sistema nervoso central, pode causar sintomas neurológicos graves, e
pode ser de difícil acesso para o cirurgião, tornando difícil o tratamento cirúrgico.
A espécie humana vive num ambiente muito complexo, onde estão
presentes numerosas substâncias cancerígenas, tanto naturais como artificiais, vírus
e diversos tipos de radiação. Muitas moléculas ingeridas tornam-se cancerígenas
depois de modificadas pelos processos metabólicos de destruição de substâncias
tóxicas, que falham nesses casos, produzindo moléculas cancerígenas a partir de
precursores que não têm essa propriedade. O sulfato de dimetila, ou DMS (DiMethil
Sulfate) é um gás tóxico e cancerígeno que danifica o DNA diretamente, mas o
cloreto de vinil, usado na fabricação de plásticos, só é mutagênico e cancerígeno
depois de modificado no próprio organismo.
As influências das moléculas presentes no ar inspirado, na água, nos
alimentos, e as radiações provenientes do ambiente se exercem sobre pessoas com
distintas constituições genéticas e que respondem de maneiras diferentes. Assim, a
resposta às influências externas depende muito dos fatores genéticos herdados,
como a falta de genes supressores de tumores, ou a presença de genes defeituosos
que estarão presentes em todas as células somáticas, criando condições
facilitadoras para o aparecimento de tumores (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
46

UNIDADE 9 – CID-10 X CID-O

9.1 A CID-O – Classificação Internacional de Doenças para Oncologia


A Classificação Internacional de Doenças para Oncologia (CID-O) tem sido
usada por quase 25 anos, principalmente em registros de câncer para codificação
topográfica e morfológica das neoplasias, e, geralmente é baseada no relatório e
diagnóstico anatomopatológico. De acordo com o Colégio Americano de
Patologistas (CAP), as seções de morfologia da CID-O foram incorporadas na
Nomenclatura Sistematizada de Medicina (SNOMED).
A Classificação Internacional de Doenças para Oncologia, 2ª edição, foi
publicada em 1990. A seção de topografia da CID-O 3ª edição é igual a da 2ª, que
por sua vez, faz parte da seção de neoplasias da CID-10. A seção de morfologia da
CID-O (3ª edição), foi revisada e modificada principalmente no capítulo de linfomas e
leucemias, onde foram introduzidos novos termos e códigos. A nomenclatura
acrescida nesta 3ª edição inclui a classificação REAL (Revisão Europeia-Americana
de Linfomas); também foi incluída a classificação para leucemias, sistema FAB
(Franco Americana-Britânica). Em 1998, o grupo de trabalho responsável pela 3ª
edição da CID-O resolveu não só mudar as classificações de leucemias e linfomas,
como rever toda a área de morfologia. A nova seção de morfologia da CID-O 3ª
edição foi testada em 1999.
Os objetivos do comitê de revisão da CID-O (3ª edição) foram: mudar o
menor número possível de termos; adicionar novos termos nos espaços vazios; não
reusar códigos já existentes, isto nem sempre foi possível. Para manter entidades
similares nos mesmos grupos foram necessários mudar os códigos de alguns
termos. A sequência ou grupos de termos não foi possível devido a limitações dos
números de códigos disponíveis.
Nas edições anteriores da CID-O, bem como na presente, foi feito um
grande esforço para sempre usar a nomenclatura da Organização Mundial de Saúde
(OMS) na série Classificação Histológica Internacional de Tumores (livros azuis-
OMS).
Dentre os novos termos morfológicos, bem como outras modificações feitas
na CID-O 2ª edição, estão:

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
47

1. A anemia refratária e outras síndromes mielodisplásicas são atualmente


consideradas como malignas, havendo uma mudança do código /1 para o código /3.
2. O diagnóstico de cistadenoma ovariano de malignidade limítrofe, que na
2ª edição era considerado como maligno /3, volta nesta edição ao código /1.

9.2 Diferenças entre CID-10 e CID-O


Existem diferenças básicas entre as estruturas da CID-O e da CID-10. O
Capítulo II (Neoplasias) da CID-10 é basicamente um código topográfico que
considera o comportamento biológico das neoplasias (maligna, benigna, in situ, ou
de comportamento incerto), por meio da utilização de escala de códigos para
identificar cada um desses tipos de comportamento. A CID-O tem um conjunto de
quatro dígitos para codificar a topografia, baseada na seção de neoplasias malignas
da CID-10, e o código de comportamento, incorporado ao campo da morfologia, que
identifica se a neoplasia é benigna, maligna, etc. (tabela 4).
O índice alfabético da CID-10 (volume 3) inclui, sob a denominação
“Neoplasia”, uma tabela de cinco colunas com os seguintes títulos: Maligno,
Secundário ou Metastático, In situ, Benigno, Comportamento Incerto e
Desconhecido. Para cada localização do corpo a CID-10 apresenta uma lista em
ordem alfabética. Por exemplo, as referências para Pulmão são (tabela 2):

No exemplo acima, as cinco categorias (com uma letra e dois números), são
necessárias para descrever todas as neoplasias do pulmão. Na CID-O, só há um
código topográfico para o pulmão (C34.9). O código de comportamento é parte do
código morfológico (M) e muda de acordo com a natureza do tumor, por exemplo: na
tabela 3, segundo a CID-O, uma neoplasia maligna de pulmão, o carcinoma, é
codificado C34.9, M-8010/3; uma neoplasia benigna, como adenoma, é codificada
C34.9, M-8140/0. Deve ser notado que o código topográfico (C34.9) permanece o
mesmo para ambos. Na CID-10, o código para a neoplasia benigna é D14.3.
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
48

Outra diferença fundamental entre a CID-10 e a CID-O é que na CID-10 há


poucos tipos histológicos. Não há como se distinguir, pelos códigos, um
adenocarcinoma de um carcinoma de células escamosas de pulmão.
Ambos são codificados como C34.9 na CID-10. Na CID-O, o
adenocarcinoma de pulmão deve ser codificado como C34.9, M-8140/3 enquanto
que o carcinoma de células escamosas de pulmão como C34.9, M-8070/3.
Até a publicação da CID-10, havia apenas três tipos histológicos de tumor
maligno com categorias próprias: Linfomas, Leucemias, Melanoma de pele. Na CID-
O, entretanto, várias outras categorias, baseadas no tipo histológico, foram
acrescentadas principalmente: mesotelioma (C45) e sarcoma de Kaposi (C46). Além
disso, o código para câncer de fígado (C22) foi dividido em subcategorias. A
dificuldade para se codificar os tipos morfológicos de tumores de qualquer
localização é a razão pela qual patologistas e oncologistas sentiram a necessidade
de dispor não apenas de um código topográfico, como também de um código
morfológico, para descrever satisfatoriamente a neoplasia.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
49

Como observado anteriormente, as categorias C00-97 da CID-10, incluem


algumas que são baseadas na morfologia tumoral ou representam neoplasias
secundárias ou metastáticas e descritas na CID-O, pelo código de comportamento.
As categorias da CID-10, omitidas da seção de topografia da CID-O são
apresentadas na tabela 5.

As seções C81-C96 da CID-10 são usadas para neoplasias malignas do


tecido linfóide, hematopoiético e tecidos relacionados. Na CID-O 3ª edição, existem
códigos morfológicos específicos e de comportamento /3. O código morfológico,
combinado com o código topográfico correspondente, nas categorias C00-C80
representam o diagnóstico completo, por exemplo: Na CID-10 Linfoma linfocítico de
estômago é codificado C83.0. Na CID-O, o Linfoma Não-Hodgkin difuso de
pequenas células seria codificado C16.9 Estômago, e a morfologia codificada M-
9680/3 (Linfoma de Grandes Células B).
A categoria C97 da CID-10 (tumores primários múltiplos) não está incluída
na CID-O, uma vez que, cada localização primária é codificada separadamente.
A definição e a orientação para codificação de tumores (primários múltiplos)
estão descritas nas páginas 51 a 54 do Manual.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
50

Códigos Especiais da CID-O para:


Topografia de Linfonodos (C77) e Sistemas Hematopoiético e
Reticuloendotelial (C42)
Na CID-10, a categoria C77 engloba neoplasias malignas não-especificadas
e secundárias dos linfonodos.
Na CID-O, o código C77 é usado tanto para neoplasias primárias como para
neoplasias metastáticas dos linfonodos. Assim, a maioria dos linfomas malignos na
CID-10 (C81-C85), recebe na CID-O o código topográfico C77.

O código topográfico C42 é uma categoria não utilizada na CID-10 e na CID-


O é destinado para designar várias topografias dentro do sistema reticuloendotelial e
hematopoiético. Esta categoria é usada principalmente para codificar a localização
topográfica da maioria das leucemias que na CID-10 estão codificadas entre os
códigos C90-C95. As subcategorias C42 na CID-O são representadas na tabela 6.
Por exemplo, a Leucemia Linfocítica Crônica é codificada C91.1 na CID-10,
enquanto que na CID-O ela é codificada C42.1 (topografia de medula óssea), M-
9823/3 (código morfológico da leucemia linfática crônica, tipo células B/linfoma
linfocítico de pequenas células).
Na CID-10, a categoria para neoplasia maligna de baço (C26.1) não aparece
na categoria dos órgãos digestivos da CID-O, 3ª edição. Desde a 1ª CID-O, o baço é
incluído nos sistemas hematopoiético e reticuloendotelial e designado pelo código
C42.2 e não como parte do sistema digestivo.
Mola Hidatiforme e Neurofibromatose (Doença de Von Recklinghausen, Exceto
Osso)
As últimas diferenças entre a CID-O e o Capítulo II da CID-10 referem-se à
“Mola Hidatiforme, SOE”, (C58.9 M-9100/0) na CID-O, a qual não é classificada no
Capítulo II (Neoplasias) da CID-10, mas sim no Capítulo XV, “Gravidez, Parto e
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
51

Puerpério” (categoria 001.9 Mola Hidatiforme). Da mesma forma, a neurofibromatose


incluindo doença de Von Recklinghausen (exceto osso), que é codificado M-9540/1
(CID-O) aparece na CID-10 no Capítulo XVII codificado como Q-85.0 “Malformações
congênitas, deformações e anormalidades cromossômicas”.

HIV e AIDS
As neoplasias malignas associadas com a doença de imunodeficiência
ligadas ao vírus HIV, devem ser codificadas segundo as regras deste manual e as
condições ligadas a AIDS codificadas em campos separados.
A CID-O não tem códigos numéricos para expressão funcional das
neoplasias, como, por exemplo, a produção de catecolamina devido a um
feocromocitoma maligno cujo código é apenas topográfico (C74.1 e M- 8700/3). Para
codificar as funções das neoplasias recomendamos o uso dos códigos que se
encontram na CID- 10, Capítulo IV “doenças metabólicas endócrinas e nutricionais”.
A produção de catecolamina no exemplo acima seria codificado como E-27.5.
Os linfomas e as leucemias são exceções à regra de listagem. Existem
tantas permutações e combinações possíveis de termos, que apresentá-las todas
tornaria o índice muito longo. Assim, dispõe-se somente de uma lista para
“Leucemia”, e outra para “Linfoma maligno”.

9.3 Leucemias e linfomas na CID-O


Na CID-O (3ª edição), foram revistas as classificações para todas as
neoplasias. Houve uma atenção especial e uma extensa revisão no capítulo dos
linfomas e leucemias. Nos últimos cinquenta anos houveram inúmeras propostas
para classificação de leucemias e linfomas.
Algumas destas classificações tiveram um impacto maior na clínica e outras
já foram abandonadas. Durante esse período, tornou-se evidente a necessidade e a
importância fundamental da nomenclatura e classificação dos linfomas e das
leucemias. As classificações dos linfomas podem ser agrupadas em duas grandes
categorias:

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
52

a) A classificação de Rappaport, publicada em 1955, que foi um marco no


estudo dos linfomas, e, que durante uma década trouxe conhecimentos significativos
sobre as funções dos linfócitos normais.
Esta classificação subdividia os linfomas em base puramente morfológica e
baseada no tamanho, forma da célula e padrão de crescimento do tumor no
linfonodo ou em outros tecidos.
b) A classificação de Kiel, Lukes e Collins, baseada na ideia de que as
células, nos linfomas malignos, sofreram uma parada na maturação e que os
tumores deveriam ser classificados comparando-os com os vários estágios da
diferenciação normal dos linfócitos. Nos EUA, o grupo de trabalho do Instituto
Nacional de Câncer (NCI), na formulação da classificação dos linfomas (“Working
Formulation”- WF), houve uma tentativa para prover um instrumento convertendo os
dados diagnósticos em formato comum permitindo a sua comparabilidade. Na
prática, o grupo de formulação (WF) tornou-se uma classificação baseada em
características morfológicas como a proposta de Rappaport.
Na maioria das classificações de linfomas foi usado um sistema de
graduação para simplificar os numerosos tipos de tumores em poucas categorias.
Tal sistema de graduação era principalmente para uso clínico, porém não eram
comparáveis entre as diferentes classificações. Na classificação de Kiel, a
graduação “alta e baixa” se refere ao tamanho das células, diferentes dos graus
usados na WF, relacionados com os dados clínicos de prognóstico, onde os linfomas
de alto grau, com um comportamento agressivo eram curáveis pela quimioterapia,
enquanto que os de baixo grau eram de evolução lenta, porém, muitas vezes
incuráveis.
Para a classificação das leucemias mieloides, linfóides e mielodisplasias, o
sistema “FAB” – Franco Americana Britânica (França, América, Inglaterra) –
propunha uma classificação baseada apenas nas colorações habituais.
No início de 1990 eram evidentes os inúmeros problemas existentes no
sistema de classificação de leucemias e linfomas. O uso de imunofenotipagem e
técnicas de biologia molecular mostraram que as categorias individuais eram
heterogêneas e que o uso de graus em linfomas, como base para ensaios clínicos
ou estudos epidemiológicos, era potencialmente duvidoso e levando à conclusões

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
53

erradas. Conforme as definições se tornavam mais claras, verificou-se que a


diferença entre leucemias linfóides e linfomas era bastante artificial, pois referia-se a
padrões de invasão em cada paciente, mais do que baseado no tipo celular ou
diferenças clínicas.
A separação entre doença de Hodgkin (LH) e linfoma Não-Hodgkin (LNH) foi
fundamental na classificação dos linfomas. Várias pesquisas mostraram que as
células tumorais em LH são derivadas das células B do centro germinativo e,
portanto, deveria ser considerada como um linfoma de células tipo B e não um grupo
separado de linfomas. Os estudos citogenéticos revelaram a importância das
translocações cromossômicas com alterações nos genes específicos, na
patogênese e comportamento clínico de vários tipos de leucemias e linfomas. O
conhecimento completo para entender a patogênese desses tumores é ainda um
processo muito longo.
Esses novos conhecimentos foram as bases da classificação “REAL” –
Revised European-American Lymphoma – publicada em 1994. Apesar dos termos
usados serem semelhantes ao da classificação de Kiel, os conceitos são diferentes.
Na classificação “REAL”, as definições dos grupos clínicos patológicos são
baseadas na morfologia, imunofenótipo, alterações genéticas e aspectos clínicos.
Apesar do grande número possível dessas variáveis, na realidade, mais de 90% das
entidades linfóides malignas e outras doenças relacionadas puderam ser
classificadas. A classificação da OMS em linfomas, leucemias e doenças
mieloproliferativas têm a mesma abordagem. A subclassificação da leucemia
mieloide aguda reconhece a importância das alterações genéticas, bem como
distinção entre LMA “de novo” e a mielodisplasia associada à LMA.
A classificação da OMS não deve ser considerada como definitiva, mas é
uma excelente base para novos conhecimentos. Muitas das grandes categorias
como o linfoma difuso de grandes células B, são heterogêneas em termos de
evolução clínica e resposta ao tratamento. No futuro, elas serão subdivididas de
acordo com os critérios celulares e moleculares, mas atualmente não há consenso
de como deve ser feito. As alterações nas futuras edições da CID-O serão tão
grandes como entre esta e a 2ª edição.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
54

USO DA CID-O NA CLASSIFICAÇÃO LEUCEMIAS E LINFOMAS


a) Uso de Sinônimos
Na 2ª edição da CID-O era permitido uso de termo de qualquer classificação
até termos arcaicos, dificultando o estudo comparativo de bancos de dados. A 3ª
edição da CID-O incorpora os termos da OMS como preferidos, preservando termos
de sistemas anteriores para permitir uma codificação universal e análise de dados
históricos e retrospectivos. Em alguns casos um sinônimo pode não ser exatamente
o termo preferido pela OMS, mas na opinião dos especialistas, a maioria dos casos
fica na categoria correspondente.
b) Compatibilidade com CID-10
Para assegurar uma compatibilidade com a CID-10, a 3ª edição da CID-O,
possui códigos para leucemia linfocítica crônica, tipo células B e linfoma linfocítico
de pequenas células tipo B. Essas duas patologias hoje são consideradas como a
mesma entidade e para apresentação dos dados essas categorias podem ser
combinadas.
O mesmo princípio se aplica para o linfoma linfoblástico e leucemia
linfoblástica aguda que atualmente são consideradas como a mesma doença,
apesar de terem códigos separados.
c) Dados de Imunofenotipagem
O uso de marcadores celulares transformou a hematopatologia, e foi uma
grande contribuição para elevar o nível de qualidade diagnóstica. Na classificação
da OMS, a linhagem do tumor é quase sempre implícita no termo diagnóstico usado,
por exemplo, o linfoma folicular é por definição de células de tipo B. As únicas
exceções nas quais não se aplicam são a leucemia linfoblástica e o linfoma
linfoblástico, devendo-se especificar se são da linhagem T ou B. Isto não ocorria na
2ª edição da CID-O, na qual grande número de termos eram ambíguos no referente
a linhagem celular. Na 3ª edição da CID-O, a linhagem celular está implícita no
código morfológico de quatro dígitos, não sendo necessário um dígito adicional. Para
fins de registro, pode-se reter esse dígito adicional para identificar os casos com
diagnósticos baseados em imunofenotipagem.
d) Dados de Citogenética

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
55

Dados de citogenética e de biologia molecular são fundamentais e cada vez


de maior importância no diagnóstico de neoplasias hematológicas. Nesta edição
foram introduzidas várias subcategorias de leucemia mieloide aguda (LMA)
baseadas nas alterações citogenéticas. Quando essas anomalias são incluídas no
laudo diagnóstico, elas têm prioridade sobre a classificação morfológica FAB.

Tabela 13: Classificação de leucemias e linfomas da OMS e códigos da CID-O


Nota: Somente as grandes categorias são listadas.
{ } indica uma descrição alternativa da neoplasia

NEOPLASIAS MIELOIDES

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
56

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
57

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
58

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

FAILACE, R. Hemograma – Manual de Interpretação. 5 ed. Porto Alegre : Artmed,


2009.

LEWIS, S.M; BAIN, B. J.; BATES, I. Trad. Renato Failace. Hematologia prática. 9 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2006.

OLIVEIRA, Raimundo Antônio Gomes. Hemograma: como fazer e interpretar. São


Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2007.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALMEIDA, Lais Pinto de et al. O laboratório clínico na investigação dos distúrbios da


hemoglobina. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2011, vol.47, n.3, pp. 271-278.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v47n3/v47n3a10.pdf

ANDRADE, Célia Guadalupe T. J; JORDÃO, Berenice Quinzani. O núcleo da célula.


In: JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Biologia celular e molecular. 8 ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

ANGULO, Ivan de Lucena. Interpretação do hemograma clínico e laboratorial.


(2003). Disponível em: www.sogab.com.br/hemograma2.pdf

BAIN, B.J. Células Sanguíneas: Um guia prático. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BIGNI, Ricardo. Linfomas Hodgkin e não Hodgkin (2013). Disponível em:


http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=457

CID-O. Organização Mundial de Saúde CID - 0 – Classificação Internacional de


Doenças para Oncologia / Organização Mundial de Saúde; editores Constance
Percy, Valerie Van Holten, Calum Munir; tradução Fundação Oncocentro de São
Paulo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação Oncocentro de
São Paulo, 2005. Disponível em:
https://extranet.who.int/iris/restricted/bitstream/10665/42344/5/9241545348_por.pdf

FLEURY, Marcos K. Diagnóstico laboratorial em Hematologia. Rio de Janeiro:


Laboratório de hemoglobinas – Faculdade Farmácia – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2010.

GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. Trad. de Barbara Alencar Martins.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

HAMERSCHLAK, Nelson. Leucemia: fatores prognósticos e genética. J. Pediatr. (Rio


J.) [online]. 2008, vol.84, n.4, suppl., pp. S52-S57. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n4s0/v84n4s0a08.pdf

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
59

HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos de hematologia. 6 ed. Porto


Alegre: Artmed, 2011.

JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Biologia celular e molecular. 8 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

LORENZI, Terezinha F. Manual de Hematologia: propedêutica e clínica. 3 ed. Rio de


Janeiro: Editora Medsi, 2003.

MOURA, Roberto de Almeida et al. Técnicas de laboratório. 3 ed. São Paulo:


Atheneu, 2008.

OLIVEIRA, Raimundo Antonio Gomes et al. Anemias e leucemias. São Paulo: Roca,
2004

ROCHA, Heloisa Hellena Gallo da. Anemia Falciforme. Rio de Janeiro: Livraria e
Editora Rubio Ltda, 2004.

REIS, André. Tudo sobre o câncer (2007). Disponível em:


http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322

RIBAS, Marlene Miranda. Temas em Hematologia (2012). Disponível em:


www.marleneribas.com.br/apresentacao

SAMBADE, Clara. Linfomas e leucemias. Porto: Faculdade de Medicina da


Universidade do Porto, 2007.

SONATI, Maria de Fátima e COSTA, Fernando Ferreira. Genética das doenças


hematológicas: as hemoglobinopatias hereditárias. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2008,
vol.84, n.4, suppl., pp. S40-S51. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n4s0/v84n4s0a07.pdf

VIGORITO, Afonso C. e SOUZA, Cármino A. de. Transplante de células-tronco


hematopoéticas e a regeneração da hematopoese. Rev. Bras. Hematol. Hemoter.
[online]. 2009, vol.31, n.4, pp. 280-284. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v31n4/aop5709.pdf

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.

Você também pode gostar