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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Análise da satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene, Província


de Gaza na atribuição de Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra
(DUAT)

Frederico Júlio Manjate

Xai-Xai, Agosto de 2021

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Análise da satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene, Província


de Gaza na atribuição de Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra
(DUAT)

Projecto de Pesquisa entregue ao centro de recurso de


Xai-Xai/Departamento de Ciências Sociais e Humanas, como requisito
para obtenção do grau académico de Licenciatura em Administração
Pública.

A Candidata:
________________________________
Frederico Júlio Manjate

O Supervisor:
______________________________
(Longo Chuva)

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Xai-Xai, Agosto de 2021

Índice

CAPÍTULO I, INTRODUÇÃO...................................................................................................5
1.1 Introdução............................................................................................................................5
1.2 Delimitação do tema...........................................................................................................7
1.3 Problema da pesquisa........................................................................................................7
1.4 Justificativa..........................................................................................................................8
1.5 Hipóteses.............................................................................................................................9
1.6 Objectivos............................................................................................................................9
1.6.1 Geral:.................................................................................................................................9
1.6.2 Específicos:......................................................................................................................9
1.7 Orçamento.........................................................................................................................10
1.8 Cronograma de actividades.............................................................................................10
1.9 Administração pública: Contextualização......................................................................11
1.9.1 Administração Pública: Modelos Teóricos e Evolução.............................................11
1.9.1.1 Modelo Patrimonialista..............................................................................................11
1.9.1.2 Modelo Burocrático....................................................................................................12
1.9.1.3 Modelo gerencial........................................................................................................14
CAPÍTULO II, REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................17
2.1 Satisfação..........................................................................................................................17
2.2 Servidor Público................................................................................................................18
2.3 Capítulo II: Domínio púbico.............................................................................................19
2.3.1 ARTIGO 4: Zonas de protecção total..........................................................................19
ARTIGO 5: Zonas de protecção parcial criadas pelo efeito da lei....................................19
ARTIGO 6: Implantação de Infra-estruturas públicas.........................................................20
Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)............................................................21
ARTIGO 9: Aquisição do direito de uso e aproveitamento da terra por ocupação pelas
comunidades locais.................................................................................................................21
RTIGO 10: Aquisição do direito de uso e Aproveitamento da terra por ocupação de
boa-fé por pessoas singulares nacionais.............................................................................21
ARTIGO II: Aquisição elo direito de uso e aproveitamento da terra por autorização de
um pedido.................................................................................................................................22
ARTIGO 13: Direitos dos titulares.........................................................................................22
ARTIGO 14: Deveres dos titulares........................................................................................22

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ARTIGO 20: Registo...............................................................................................................23
ARTIGO 21: Prova..................................................................................................................24
ARTIGO 24: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra adquirido ao
abrigo duma autorização........................................................................................................24
ARTIGO 26: Pareceres técnicos...........................................................................................25
ARTIGO 27: Parecer da Administração do Distrito e consulta às comunidades locais.25
ARTIGO 34: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra adquirido
por ocupação de boa-fé..........................................................................................................26
ARTIGO 35: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra adquirido
por ocupação pelas comunidades locais.............................................................................26
ARTIGO 36: Conteúdo do título............................................................................................27
ARTIGO 32: Revogação da autorização provisória............................................................28
ARTIGO 34: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra adquirido
por ocupação de boa-fé..........................................................................................................28
CAPITULO III, METODOLOGIA............................................................................................29
3.1 Classificacao da pesquisa...............................................................................................29
3.2 Abordagem........................................................................................................................29
3.3 Objectivo da pesquisa......................................................................................................29
3.4 Procedimento técnico.......................................................................................................30
3.5 Método científico...............................................................................................................30
3.6 Método da recolha de dados...........................................................................................30
3.7 Técnicas da recolha de dados........................................................................................31
3.8 Instrumentos de recolha de dados.................................................................................31
3.9 População e amostra........................................................................................................31
3.9.1 População.......................................................................................................................31
3.9.2 Amostra...........................................................................................................................32
Bibliografia................................................................................................................................33

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CAPÍTULO I, INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

Segundo o artigo 110 no seu ponto 2 da Constituição da República (2004:32), o


Direito de Uso e Aproveitamento da Terra é conferido às pessoas singulares ou
colectivas tendo em conta o seu fim social ou económico.

A Lei de Terras, no inciso 12, alínea a), 14 n.º 2, 13 n.º 2 e 15, não só garante o
direito de posse (como um direito privado, forte e exclusivo), através da
ocupação, como também o direito à segurança da posse ao permitir que na
ausência de título ou de qualquer outro registo a prova testemunhal sirva como
comprovação do DUAT pelas comunidades locais (CAMBAZA, 2009).

Para o efeito, a delimitação serve para comprovar a existência do DUAT


adquirido por ocupação pela comunidade ou pelo ocupante de boa-fé, e
estabelece limites ao tal direito. A delimitação permite que terceiros que
querem ter acesso a terras numa área podem conhecer os limites exactos dos
direitos de terra das comunidades, norma que reduz também a probabilidade
de conflitos.

Este trabalho visa apresentar resultados que serão obtidos sob o tema “Análise
da satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene, Província de Gaza na
atribuição de DUAT (Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra)”, tema de
carácter avaliativo, que surge no âmbito da culminação de curso para a
obtenção do grau de licenciatura.

As disputas de terras, a legalização de espaços terrestres, a preocupação das


populações em requeres DUATs, entre outros assuntos, são ultimamente
aspectos interessantes na vida das pessoas, daí nos vários meios de
comunicação social, o governo lança debates, colóquios, workshops e muitos
programas, visando deixar as populações informadas sobre os assuntos. Com
este tema queremos, pretendemos chegar perto dos populares verificarmos e
medir o grau de satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene com

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relação à atribuição de DUATs, um aspecto que, segundo relatos recolhidos no
local, tem preocupado aos mesmos residentes do local.

Basicamente, com este projecto queremos delimitar e apresentar a nossa


inquietação em relação ao tema, traçar as possíveis respostas do problema,
justificativa, os objectivos da pesquisa, reunir alguma literatura já existente a
cerca do tema em questão e por fim, definir procedimentos metodológicos que
irão, futuramente nortear a pesquisa durante a recolha e tratamento dos
conteúdos.

Quanto à organização, o trabalho está dividido em três capítulos, sendo o


primeiro, o considerado introdutório. Diz respeito à delimitação e
problematização do tema da pesquisa, justificativa, hipóteses, objectivos. O
segundo capítulo é composto pelo referencial teórico, onde se faz a definição
de alguns conceitos tidos como chaves e as leituras feitas sobre o assunto em
apreço. E por fim temos o terceiro capítulo, que apresenta os caminhos,
metodologias e procedimentos que a pesquisa irá trilhar para a sua
efectivação.

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1.2 Delimitação do tema

A pesquisa será realizada no Distrito de Chongoene, Província de Gaza,


correspondendo ao período económico compreendido entre 2018-2020. Pesou
para a escolha deste local e neste período, o facto de ser um distrito novo, que
está em franco crescimento muito acelerado ao nível da província, e ser um
período que registou muitas requisições de DUATs em comparação com os
outros mesmo antes desta ser elevada à categoria de Distrito. Portanto,
pensamos que o período em análise é propício e rico para análise do fenómeno
da gestão de recursos humanos nas empresas, tomando o CMCXX como o
caso de estudo.

1.3 Problema da pesquisa

Segundo Valeta (2018), o Plano Quinquenal do Governo (PQG), no que diz


respeito aos objectivos e prioridades do Governo em relação ao planeamento
territorial e uso da terra, contempla: “simplificar os procedimentos
administrativos e burocráticos de forma a tornar mais acessível e efectivo o
direito que os cidadãos têm de uso e aproveitamento da terra” e “assegurar um
maior envolvimento e participação das comunidades locais, através das
respectivas organizações sociais e administrativas, nos processos de tomada
de decisão sobre pedidos de utilização da terra e os conflitos que daí advierem.

A habitação constitui um direito fundamental para o homem emanado na


Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em Moçambique este direito tem
sido sistematicamente violado por parte de alguns dirigentes ligados à secção
de atribuição e regularização de terrenos através da atribuição de Direito de
Uso e Aatribuição de Terreno (DUAT). Por ser um dispositivo legalmente
concebido e estipulado a nível Central, que oferece segurança ao possuidor de
porção de terra, o DUAT é inevitavelmente um instrumento muito requesitado
no seio da sociedade moçambicana nao so no meio urbano onde o nivel de
informacao é superior, como tambem no meio rural.
7
É que para puder fazer o uso do seu espaço (terreno), ao cidadão
moçambicano não basta ostentar a posse do terreno, é preciso aplicar-se a
fundo, juntar a documentação necessária e requerer a sua regularização o
quanto cedo através de DUAT, para uma segurança de gerações.

Este tem sido um dos maiores problemas em quase todo o país, e o distrito de
Chongoene na província de Gaza não escapa a este dilema, dai que
propusemos neste trabalho a “Análise da satisfação dos residentes do Distrito
de Chongoene na atribuição de DUAT” como Tema da nossa defesa de
licenciatura.

Contudo, a forma como este instrumento é atribuído conjugado com a


burocracia envolvida no processo, apresenta muitas arbitrariedades. Entre os
problemas relacionados à atribuição do DUAT no Distrito de Chongoene
constam: a morosidade na atribuição do DUAT; a complexidade burocrática
envolvida no processo, as falhas frequentes, a atribuição dupla de DUAT do
mesmo espaço, a recusa de atribuição de DUAT em relação a alguns espaços
por parte das entidades competentes, a falta de transparência no processo, o
favoritismo, etc…, sao alguns dos problemas que inquitam os morradores do
Distrito de Chongoene.

Diante da realidade acima descrita, levantamos a seguinte pergunta de


pesquisa: Qual e o nível de satisfação no atendimento dos residentes do
Distrito de Chonguene na atribuição de DUAT??

1.4 Justificativa

A relevância deste trabalho está relacionada com o facto de procurar trazer à


luz aspectos concretos das dificuldades dos moradores do Distrito de
Chongoene em relação à atribuição d DUATs.

Do ponto de vista didáctico, este trabalho constitui um contributo para a


melhoria das práticas arbitrarias no processo da atribuição de DUATs na
administração publica, demonstrado a partir do Distrito e Chongoene, visto que
no fim do mesmo iremos propor estratégias e/ou recomendações que poderão
ajudar na mitigação do mesmo problema.

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A nível pessoal, o estudo contribui para o aprofundamento dos conhecimentos
sobre a legislação moçambicana sobre terras, ordenamento territorial,
planeamento e infra-estruturas, Direito do Uso e Aproveitamento de Terras e
mais assuntos similares.

Contudo, a coabitação com pessoas vivente de Chongoene, a recorrente


reclamação de populares de Chongoene na atribuição de espaços de
construção, os conflitos de terras, são alguns dos aspectos que motivaram o
levantamento desta pesquisa, com vista a uma averiguação minuciosa no
terreno.

1.5 Hipóteses

 Os residentes do Distrito de Chongoene não estão satisfeitos com os


modelos de atribuição de DUATES naquela parcela do país, por que as
entidades competentes não são céleres na tramitação de processos;
não são transparentes; a prestação de serviços não é direccionada;
burocratizam muito os processos;
 Os residentes de Chongoene sentem-se satisfeitos com a atribuição de
DUATs no DCH porque há celeridade processual; os utentes identificam-
se com as modalidades de trabalho

1.6 Objectivos

1.6.1 Geral:

 Analisar a satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene, Província


de Gaza na atribuição de DUATs.

1.6.2 Específicos:

 Reunir literatura especifica sobre a lei de terras,


 Descrever a relevância do Direito do Uso e Aproveitamento de Terra;
 Interpretar dados e informação recolhida no campo de pesquisa;
 Propor estratégias e/ recomendações com vista a mitigar os problemas
de atribuição de DUATs no Distrito de Chongoene.

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1.7 Orçamento

Material QTD Preço unitário Total

Resma, 500,00
Esferográficas, lápis, borracha, bloco de 800,00
notas.
Internet; 10 Gigas 2000,00
Consulta a regulamentos, leis e decretos. 2000,00
Cópia de documentos 3mt 500,00
Transporte /combustível 80 Litros 70/L 5600,00
Refeições 1200,00
Impressão e cópias 2000,00
Total: 14600,00
Fonte: Adaptado pelo autor

1.8 Cronograma de actividades

Actividade Período
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Anteprojecto X
Projecção do tema X
Recolha de dados
no campo de X
pesquisa
Entrevistas e X
inquéritos
Interpretação e X X
análise de dados
Digitação do X X X
trabalho

10
Revisão geral do X X
trabalho
Encadernação do X X
trabalho
Submissão X

Fonte: Adaptado pelo autor

1.9 Administração pública: Contextualização

Este trabalho de pesquisa surge enquadrado no contexto de um dos trabalhos


de culminação de curso (TCC) para a obtenção do grau de licenciatura em
Administração Pública no Instituto Superior de Ciências e Educação a
Distancia. É um trabalho de carácter avaliativo.

1.9.1 Administração Pública: Modelos Teóricos e Evolução

Historicamente, a Administração Pública sofreu grandes mudanças em sua


forma de Gestão, tendo como base os seguintes “modelos”: Patrimonialista,
Burocrático e Gerencial.

A "evolução" da administração pública, [...] é um processo de aperfeiçoamento


dos serviços prestados pelo Estado à população e essa pode ser representada
por três modelos: administração pública patrimonial, administração pública
burocrática e administração pública gerencial. Nesses modelos, o objectivo é
suprir uma deficiência do modelo anterior, introduzindo novos conceitos ou
mudando conceitos ineficientes ou nocivos ao aparelhamento do Estado
(SILVA, 2015).

1.9.1.1 Modelo Patrimonialista

Neste modelo, os governantes consideram o Estado seu património, dispondo


dos bens públicos como sendo de sua propriedade. O aparelho do Estado
funciona como uma extensão do poder do soberano. A característica principal é
a não distinção entre a res pública (coisa pública, património do povo) e a res
principis (património do príncipe ou do soberano). Essa não distinção colabora

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para que haja uma grande confusão entre o património público e o privado e
essa confusão proporciona aos Soberanos um cenário propício para a
apropriação indevida dos bens públicos. A corrupção e o nepotismo são
inerentes a esse tipo de administração (BRESSER-PEREIRA, 1998).

Conforme Paludo (2012), mesmo de forma desorganizada, o patrimonialismo


foi o primeiro modelo de administração do Estado. Neste modelo administrativo
não havia distinção entre a administração de bens públicos e bens particulares:
“tudo que existia nos limites territoriais de seu “reinado” era tido como domínio
do soberano, que podia utilizar livremente os bens sem qualquer prestação de
contas à sociedade” (PALUDO, 2012).

Sobre isso, Bendix (1979: 464) faz referência como aquela na qual “o livre
arbítrio do senhor, no exercício do poder decisório, é legitimado socialmente
pela crença ancestral (tradicional) de sua capacidade para possuí-lo”. Por sua
vez, Junquilho (2010) pontua como principais características do modelo
Patrimonialista a arbitrariedade nas acções do "Soberano", a confiança e
obediência de seus servidores, a fidelidade das forças militares e a
pessoalidade enraizada nas acções administrativas.

1.9.1.2 Modelo Burocrático

Com o objectivo de proteger a coisa pública, surge o modelo Burocrático,


idealizado pelo sociólogo alemão Max Weber. Esse modelo foi implementado
com o objectivo de suprimir o modelo Patrimonialista, de modo a organizar e
racionalizar a Administração. Para Silva (2015) os ideais democráticos foram
propulsores nessa transição entre os modelos de administração, pois,
passaram a pressionar para que houvesse uma administração pública
profissionalizada, sem a pessoalidade do modelo Patrimonialista, com
tratamento igualitário entre os administrados.

A administração burocrática se orienta pelo cumprimento às normas, à


formalidade e ao profissionalismo, ou seja, a igualdade sendo manifestada por
meio de regras formais.

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Nessa perspectiva, [...] trouxe novos conceitos à Administração Pública: a
separação entre a coisa pública e a privada, regras legais e operacionais
previamente definidas, reestruturação e reorientação da administração para
atender ao crescimento das demandas sociais e aos papéis económicos da
sociedade da época, juntamente com o conceito de racionalidade e eficiência
administrativa no atendimento às demandas da sociedade. (PALUDO, 2012).

Diferentemente do conceito popular que a Burocracia simboliza, Max Weber


apud Chiavenato (2003: 262) a define como sendo uma “organização eficiente
por excelência, e para atingir esta eficiência a burocracia explica
detalhadamente como as coisas deverão ser feitas”. O modelo burocrático
parte de uma desconfiança prévia nos Gestores Públicos.

Por isso, o cumprimento às normas e o controle rígido nas acções dos


administrados o caracterizam. Existe uma atenção especial para coibir os
abusos e, nesse sentido, os controles são focados principalmente na legalidade
da admissão de pessoal, na legalidade das aquisições públicas e na legalidade
do atendimento das demandas.

Segundo Secchi (2009: 351), no modelo burocrático, o poder emana das


normas, das instituições formais e não do perfil carismático ou da tradição,
reforçando o entendimento de que “[...]a partir desse axioma fundamental
derivam-se as três características principais do modelo burocrático: a
formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo".

Assim, a administração Burocrática é caracterizada pela "dominação legal": Na


dominação legal a legitimação das relações de mandato e obediência se
estabelece pela crença em ordenamentos, regras e estatutos legais, formais e
impessoais. Ou seja, a obediência não é exercida em relação a um senhor por
uma tradição institucionalizada, mas sim por meio de regulamentos de carácter
racional. (JUNQUILHO, 2010, p. 49).

Segundo o mesmo autor, na concepção weberina as características da


burocracia seriam fundamentais e superiores às demais (tradição e carisma),
desde o ponto de vista técnico, para o pleno funcionamento das organizações
e, em particular, do Estado diante das constantes evoluções do mundo

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moderno. Por isso a importância das características da burocracia na
Administração Pública, pois permitiria o fim do abuso do poder patrimonial, dos
benefícios indiscriminados e favores pessoais, bem como a garantia da
“precisão, velocidade, eliminação de equívocos, conhecimento do registo
documental, continuidade, sentimento de discrição, uniformidade operativa,
sistema de subordinação” (BENDIX, 197).

Paludo (2012: 64) cita algumas questões que configuram as desvantagens


(disfunções) desse modelo burocrático: quais sejam: apego exagerado às
regras e regulamentos internos; formalismo exagerado e excesso de papelório;
resistência a mudanças; desconsideração à pessoa do servidor
(despersonalização); rigidez e falta de flexibilidade; desconsideração do
cidadão; decisões distantes da realidade.

Com a ineficiência do estado no atendimento das necessidades dos cidadãos,


somadas às disfunções enraizadas na burocracia, o modelo burocrático é
considerado insustentável. Faz-se então necessário a implementação de um
novo modelo de administração. Um modelo em que se priorize a qualidade do
serviço público, profissionalizando e aperfeiçoando continuamente seus
servidores, objectivando um atendimento de melhor qualidade aos cidadãos
que passam a ser vistos como clientes.

1.9.1.3 Modelo gerencial

A administração Gerencial surge com o objectivo de corrigir as disfunções da


burocracia. Possui um posicionamento que privilegia a inovação, contrariando a
Administração Burocrática, com mecanismos de gestão que valorizam o
cidadão, objectivando oferecer serviços de qualidade. Um novo modelo de
Administração baseado “em valores de eficiência, eficácia e competitividade”
(SECCHI, 2009).

Barzelay (1992: 8) diferencia os momentos e foco ao referir que a agência


burocrática concentra-se em suas próprias necessidades e perspectivas, a
agência orientada para o consumidor concentra-se nas necessidades e
perspectivas do consumidor. Esse tipo de administração parte do princípio de

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que é preciso combater o nepotismo e a corrupção, mas que, para isso, não
são necessários procedimentos rígidos.

De acordo com Prado (2011) “a emergência do gerencialismo se deveu à crise


de credibilidade que a administração pública atravessava em vários países,
abrindo espaço para uma demanda crescente por práticas da administração
empresarial”.

A abordagem gerencial, também conhecida como “nova administração pública”,


[...] parte do reconhecimento de que os Estados democráticos contemporâneos
não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contractos, mas
formulam e implementam políticas públicas estratégicas para suas respectivas
sociedades tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E para isso
é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de
vista sua função eminentemente pública. (BRESSER-PEREIRA e SPINK,
2006).

Chaves e Silva (2010, p. 3) explicam que a Administração Pública Gerencial


[...] constitui uma evolução na história da administração pública, por enfocar
aspectos de eficiência e eficácia, da necessidade de se reduzir o custo da
máquina do Estado e aumento da qualidade dos serviços públicos. A diferença
fundamental está na forma de controle, que deixa de ser no processo para se
concentrar no resultado. Assim sendo, em vez de privilegiar a eficácia
(utilização dos meios e recursos disponíveis), privilegiasse a eficiência
(resultados previstos X resultados alcançados).

O gerencialismo Puro ou Managearialism como primeiro estágio, segundo


Paludo (2012), foi inspirado na administração de empresas privadas e surgiu
na Administração Pública como resposta à crise fiscal do Estado.

A busca da eficiência no sector público era o principal objectivo desse estágio.


Os programas implementados eram focados na redução de custos,
enxugamento de pessoal e aumento da eficiência. Havia clara definição das
responsabilidades, dos objectivos organizacionais, mas sobretudo, maior
consciência acerca do valor dos recursos público, buscando reconstruir o
Estado ao introduzir técnicas de gerenciamento, a fim de [...] tornar a

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Administração Pública mais ágil no atendimento das demandas sociais, ao
mesmo tempo em que pretendia devolver ao Estado a capacidade de investir,
mediante a contenção da dívida pública e a redução do custo dos serviços
prestados. Foi trazido da iniciativa privada para o sector público o conceito de
produtividade (fazer mais com menos), e iniciaram-se as grandes privatizações
(PALUDO, 2012).

16
CAPÍTULO II, REVISÃO DE LITERATURA

Reserva-se a este capítulo a menção de várias literaturas já publicadas a cerca


da gestão de conflitos de terras e atribuição de DUAs. As mesmas serviram de
suporte teórico para a realização de todo o trabalho.

2.1 Satisfação

De acordo com Grande Enciclopédia Verbo (1997), Satisfação é o acto ou


efeito de satisfazer (se); contentamento; alegria; aprazimento; agrado;
cessação de desejo; produzida pela posse do objecto desejado; sentimento e
aprovação; sentimento de aprovação; acção pela qual se repara uma ofensa;
retractação; pagamento, indemnização: satisfação de uma dívida; conta que se
dá por uma incumbência; desempenho; justificação; explicações.”

2.2 Servidor Público

Para Di Pietro (2003: 433), servidor público é o termo utilizado, lato sensu, para
designar as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da
Administração Indirecta, com vínculo de emprego e mediante remuneração
paga pelos cofres públicos.

Segundo Meirelles (2011: 464 e 466), “servidores públicos em sentido amplo,


são todos os agentes públicos que se vinculam à Administração Pública,
directa e indirecta, do Estado, sob regime jurídico (a) estatutário regular, geral
ou peculiar, ou (b) administrativo especial, ou (c) celetista (regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), de natureza profissional e de
emprego”.

Pode-se dizer, então, que o servidor público celetista subordina-se a dois


sistemas, integrados e dependentes: 1º - ao sistema da administração pública;
2º - ao sistema funcional trabalhista. O primeiro impõe suas regras da
impessoalidade do administrador, da publicidade, da legalidade, da moralidade
administrativa, e a motivação do ato administrativo; o segundo traça

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simplesmente os contornos dos direitos e deveres mútuos na execução do
contrato e dos efeitos da extinção do mesmo.

Devido à prestação de serviços voltado ao interesse da sociedade e terem


seus salários pego pelos contribuintes, os servidores públicos precisam
satisfazer aos princípios constitucionais aplicados à administração pública,
sendo que suas actividades não têm o interesse e a satisfação da
administração pública e ao interesse da sociedade.

2.3 Capítulo II: Domínio púbico

2.3.1 ARTIGO 4: Zonas de protecção total

O regime aplicável às áreas destinadas a actividades de conservação ou


preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado será definido em
regulamento próprio.

ARTIGO 5: Zonas de protecção parcial criadas pelo efeito da lei

As seguintes zonas de protecção parcial silo criadas pelo efeito da própria lei:

a) A faixa de terreno que orla as águas fluviais e lacustres navegáveis até 50


metros medidos a partir da linha máxima de tais águas;

b) A faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água;

c) A faixa da orla marítima e no contorno de ilhas, bafas e estuários, medida da


linha das máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território;

d) A faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;

e) A faixa de dois quilómetros ao longo da fronteira terrestre

ARTIGO 6: Implantação de Infra-estruturas públicas

1. A aprovação dos projectos de construção das infra-estruturas públicas a


seguir indicadas, pelo Conselho de Ministros ou pelas entidades competentes

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segundo a legislação em vigor, implica a criação automática das zonas dé
protecção parcial que as acompanham:

a) Estradas secundárias e terciárias e a faixa de terreno de 15 metros


confinante;

b) Estradas primárias e a faixa de terreno de 30 metros confinante;

c) Auto-estradas e estradas de quatro faixas e a faixa de terreno de 50 metros


confinante;

d) Instalações e condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de


electricidade, de telecomunicações, petróleo, gás e água, e a faixa de 50
metros confinante;

e) Linhas férreas e respectivas estações e a faixa de terreno de 50 metros


confinante;

f) Aeroportos e aeródromos e a faixa de terreno de 100 metros confinante;

g) Instalações militares e outras instalações de defesa e segurança do Estado


e a faixa de terreno de 100 metros confinante;

h) Barragens e a faixa de terreno de 250 metros confinante com as albufeiras.

Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)

ARTIGO 9: Aquisição do direito de uso e aproveitamento da terra por


ocupação pelas comunidades locais

I. As comunidades locais que estejam a ocupar a terra segundo as práticas


costumeiras adquirem o direito de uso e aproveitamento da terra.

2. Exceptuam-se os casos cm que a ocupação recaia sobre áreas reservadas


legalmente para qualquer fim ou seja exercida nas zonas de protecção parcial.

3. Quando necessário ou a pedido das comunidades locais, as áreas onde


recaia o direito de uso e aproveitamento da terra adquirido por ocupação

19
segundo as práticas costumeiras, poderão ser identificadas e lançadas no
Cadastro Nacional de Terras, de acordo com os requisitos a serem definidos
num Anexo Técnico.

RTIGO 10: Aquisição do direito de uso e Aproveitamento da terra por


ocupação de boa-fé por pessoas singulares nacionais

I. As pessoas singulares nacionais que, de boa-fé, estejam a utilizar a terra há


pelo menos dez anos, adquirem o direito de uso e aproveitamento da terra.

2. Exceptuam-se os casos em que a ocupação recaia sobre áreas reservadas


legalmente para qualquer fim ou seja exercida nas zonas de protecção parcial.

3. Quando necessário ou a pedido dos interessados, as áreas onde recaia O


direito de uso e aproveitamento da terra adquirido por ocupação de boa fé,
poderão ser identificadas e lançadas no cadastro nacional de terras, de acordo
com os requisitos a serem definidos num Anexo Técnico.

ARTIGO 11: Aquisição elo direito de uso e aproveitamento da terra por


autorização de um pedido

A autorização definitiva de um pedido de aquisição do direito de uso e


aproveitamento da terra apresentado por pessoas singulares ou colectivas,
nacionais ou estrangeiras, é dada nos termos do artigo 31 do presente
regulamento.

ARTIGO 13: Direitos dos titulares

1. São direitos dos titulares do direito de uso e aproveitamento da terra, seja


adquirido por ocupação, seja por autorização de um pedido:

a) Defender-se contra qualquer intrusão de uma segunda parte, nos termos da


lei;

b) Ter acesso à sua parcela e aos recursos hídricos de uso p6blico através das
parcelas vizinhas, constituindo para o efeito as necessárias servidões.

20
2. Os requerentes ou titulares do direito de uso e aproveitamento da terra
podem apresentar certidão da autorização provisória ou do título às instituições
de cr6dlto, no contexto de pedidos de empréstimos.

ARTIGO 14: Deveres dos titulares

São deveres dos titulares do direito de uso e aproveitamento da terra, seja


adquirido por ocupação, seja por autorização de um pedido:

a) Utilizar a terra respeitando os princípios definidos na Constituição e demais


legislação em vigor, e, no caso do exercício de actividades económicas, em
conformidade com o plano de exploração e de acordo com o definido na
legislação relativa ao exercício da respectiva actividade;

b) Dar acesso através da sua parcela aos vizinhos que não tenham
comunicação com a via pública ou com os recursos hídricos de uso público,
constituindo para o efeito as necessárias servidões;

c) Respeitar as servidões constituídas e registadas nos termos do nº 2 do


artigo 17 do presente Regulamento e OS direitos de acesso ou utilização
pública com elas relacionados;

d) Permitir a execução de operações e/ou a instalação de acessórios e


equipamento conduzidas ao abrigo de licença de prospecção e pesquisa
mineira, concessão mineira ou certificado mineiro, mediante justa
indemnização:

e) Manter os marcos de fronteiras, de triangulação, de demarcação cadastral e


outros que sirvam de pontos de referência ou apoio situados na sua respectiva
área;

f) Colaborar com os Serviços de Cadastro, agrimensores ajuramentados e


agentes de fiscalização sectorial.

21
ARTIGO 20: Registo

1. Os Serviços de Cadastro procederão ao registo:

a) Das informações relativas Identificação das terras onde recaia o direito de


uso e aproveitamento da terra adquirido por ocupação pelas comunidades
locais ou por pessoas singulares nacionais;

b) Da autorização provisória;

c) Da revogação da autorização provisória;

d) Do título;

e) Das servidões a que se refere o artigo 17 do presente Regulamento;

f) Do valor das taxas devidas e de quaisquer alterações.

2. Os titulares do direito de uso e aproveitamento da terra devem solicitar aos


Serviços de Cadastro que procedam ao registo:

a) Da compra e venda e oneração de infra-estruturas, construções e


benfeitorias existentes em prédios rústicos;

b) Da compra e venda e oneração de prédios urbanos:

c) Das servidões a que se referem os artigos 13 e 14 do presente


Regulamento;

d) Dos contratos de cessão de exploração celebrados para a exploração parcial


ou total de prédios rústicos ou urbanos;

e) Dos restantes factos previstos na legislação aplicável.

ARTIGO 21: Prova

1. A prova do direito de uso e aproveitamento da terra pode ser feita mediante:

a) Certidão de extracto do Registo;

22
b) Prova testemunhal apresentada por quem tenha conhecimento da aquisição
do direito por ocupação:

c) Peritagem e outros meios permitidos por lei

2. No caso de reivindicação do direito de uso e aproveitamento da terra por


duas partes, apresentando ambas prova testemunhal, prevalecerá o direito
adquirido em primeiro lugar, excepto no caso em que a aquisição tiver sido de
boa-fé e dure há pelo menos dez anos.

ARTIGO 24: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra


adquirido ao abrigo duma autorização

1. O processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra adquirido ao


abrigo duma autorização conterá:

a) Documento de identificação do requerente, se for pessoa singular, e


Estatutos, no caso de se tratar de pessoa colectiva;

b) Esboço da localização do terreno;

c) Memória descritiva;

d) Indicação da natureza e dimensão do empreendimento que o requerente se


propõe realizar;

e) Parecer do Administrador do Distrito precedido de consulta à comunidade


local;

f) Edital e comprovativo da sua afixação na sede do respectivo distrito e no


próprio local. durante um período de trinta dias;

g) Guia comprovativa de depósito para pagamento da taxa de autorização


provisória

23
ARTIGO 26: Pareceres técnicos

1. Compete aos Serviços que superintendem as actividades económicas para


as quais foi pedido O terreno emitir um parecer técnico sobre o plano de
exploração.

2. Se a informação contendo o parecer técnico não for emitida até quarenta e


cinco dias após a solicitação dos Serviços de Cadastro, o processo será
submetido ao Governador Provincial com a indicação sobre esse facto.

3. Quando a competência para autorização do pedido não for do Governador


Provincial, os Serviços de Cadastro solicitarão informações complementares às
instituições centrais que tutelam a actividade que o requerente pretende
realizar.

4. Os requisitos para a apresentação e alteração do plano de exploração são


fixados pelos Serviços que superintendem a respectiva actividade económica.

ARTIGO 27: Parecer da Administração do Distrito e consulta às


comunidades locais

1. Os Serviços de Cadastro enviarão ao Administrador do respectivo distrito um


exemplar do pedido. para efeitos de afixação do respectivo Editai e obtenção
do seu parecer, prestando-lhe a assistência técnica necessária para a recolha
de informações sobre o terreno pretendido e os terrenos limítrofes.

2. Será feito um trabalho conjunto, envolvendo os Serviços de Cadastro, o


Administrador do Distrito ou seu representante e as comunidades locais. O
resultado desse trabalho será reduzido a escrito e assinado por um mínimo de
três e um máximo de nove representantes da comunidade local, bem como
pelos titulares ou ocupantes dos terrenos limítrofes.

3. O parecer do Administrador do Distrito incidirá sobre a existência ou não, na


área requerida. do direito de uso e aproveitamento da terra adquirido por
ocupação. Caso sobre a área requerida recaiam outros direitos, o parecer
incluirá os termos pelos quais se regerá a parceria entre os titulares do direito
de uso e aproveitamento da terra adquirido por ocupação e o requerente.

24
ARTIGO 34: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra
adquirido por ocupação de boa-fé.

1. O processo relativo ao direito de uso e aproveitamento adquirido por


pessoas singulares nacionais por ocupação de boa--f6 da terra conterá o
processo técnico relativo à demarcação e os documentos referidos nos nºs I e
2 do artigo 24, conforme o caso.

2. Dispensam-se o esboço, a memória descritiva e a autorização provisória.

ARTIGO 35: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra


adquirido por ocupação pelas comunidades locais

O processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra das


comunidades locais conterá:

a) Denominação da comunidade;

b) Processo técnico relativo à demarcação:

c) Parecer do Administrador do Distrito:

d) Despacho do Governador da Província:

e) Guia comprovativa do depósito para pagamento das despesas com o


processo.

ARTIGO 36: Conteúdo do título

I. O título conterá os seguintes elementos:

a) Identificação da entidade que autorizou o pedido de emissão do título e data


do despacho de autorização:

b) Número do título:

c) Identificação do titular:

25
d) Área e sua definição geom6trica, com as respectivas coordenadas,
localização, número de identificação da parcela no registo cadastral, bem como
os números de identificação das parcelas confrontantes:

e) Prazo a que estiver sujeito o direito de uso e aproveitamento da terra:

f) Tipo ou tipos de exploração para que foi adquirido o direito de uso e


aproveitamento da terra:

g) Descrição das benfeitorias existentes;

h) Taxas devidas;

i) Data e local da emissão;

j) Assinatura do responsável pelos Serviços que emitem o título e respectiva


chancela.

2. A transmissão de infra-estruturas, construções e benfeitorias existentes em


prédios nísticos, a transmissão de prédios urbanos, co-titularidade, renovação
do prazo, encargos ou ónus e outras operações legalmente realizadas, serão
averbadas no título

ARTIGO 32: Revogação da autorização provisória

1. No termo da autorização provisória, se se constatar o não cumprimento do


plano de exploração sem motivos justificados, no caso de aquisição do direito
de uso e aproveitamento da terra para o exercício de actividades económicas,
ou a não rea1ização do empreendimento proposto, nos restantes casos, os
Serviços de Cadastro promoverão a sua revogação.

2. A revogação da autorização provisória não dá direito a indemnização pelos


investimentos não removíveis entretanto realizados.

3. Após o despacho de revogação da autorização provisória, os Serviços de


Cadastro procederão ao cancelamento do processo.

26
ARTIGO 34: Processo relativo ao direito de uso e aproveitamento da terra
adquirido por ocupação de boa-fé

I. O processo relativo ao direito de uso e aproveitamento adquirido por pessoas


singulares nacionais por ocupação de boa--f6 da terra conterá o processo
técnico relativo à demarcação e os documentos referidos nos nºs 1 e 2 do
artigo 24, conforme o caso.

2. Dispensam-se o esboço, a memória descritiva e a autorização provisória.

27
CAPITULO III, METODOLOGIA

Na perspectiva de Carvalho (2009), “metodologia refere-se à especificação dos


passos que devem ser dados, em certa ordem, para alcançar um determinado
fim”. Nesta perspectiva, reserva-se a este capítulo a descrição minuciosa dos
passos e dos procedimentos técnico-metodológicos que guiarão esta pesquisa.

3.1 Classificacao da pesquisa

3.2 Abordagem

Esta é uma pesquisa mista. Nela iremos combinar as formas próprias da


pesquisa qualitativa e quantitativa. Pradanov e Freitas (2013), estipulam que na
pesquisa qualitativa, o ambiente natural é fonte directa para colecta de dados,
interpretação de fenómenos e atribuição de significados. Diz ainda, que a
pesquisa quantitativa requer o uso de recursos e técnicas de estatística,
procurando traduzir em números os conhecimentos gerados pelo pesquisador.

Ao optarmos por uma pesquisa mista, por um lado tomaremos o Distrito de


Chongoene como sendo o nosso ambiente natural para a colecta de dados
sobre a análise da satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene na
atribuição de DUATs, que posteriormente serão interpretados e atribuídos
vários significados consoante a realidade que iremos obter. Por outro,
procuraremos traduzir os mesmos resultados obtidos no campo de pesquisa
em números com recurso às técnicas estatísticas.

3.3 Objectivo da pesquisa

Este estudo é descritivo, pois, segundo Pradanov & Freitas (2013) “descreve as
características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento
de relações entre variáveis”

Deste modo, fazemos nele, a descrição de fenómenos ligados à satisfação dos


residentes do Distrito de Chongoene na atribuição de DUATs. Escolhemos este

28
tipo de pesquisa porque pretendemos observar, registar, ordenar e analisar
dados sem manipulá-los, ou seja, sem a nossa interferência neles.

3.4 Procedimento técnico

Como procedimento técnico este é um estudo de Caso, que segundo Pradanov


e Freitas (2013), representa a estratégia preferida quando colocamos questões
do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os
eventos e quando o foco se encontra em fenómenos contemporâneos inseridos
em algum contexto da vida real.

Portanto, os problemas de insatisfação dos residentes do Distrito de


Chongoene em relação à atribuição de DUATs, que nos propusemos a analisar
neste estudo, pensaram que constituem fenómenos contemporâneos
vivenciados na vida real por aqueles residentes, daí que escolhemos o estudo
de caso como nosso procedimento técnico.

3.5 Método científico

De acordo com a natureza da pesquisa, usaremos o Método Indutivo, que na


óptica de Marconi & Lakatos (2011), “é um processo mental por intermédio do
qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se
uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. O
método indutivo é responsável pela generalização, isto é, parte de algo
particular para uma questão mais ampla, mais geral.

Desta forma, a partir de dados, resultados, constatações particulares e


específicas que iremos obter durante a análise da satisfação dos residentes do
Distrito de Chongoene na atribuição de DUATs, iremos generalizar para todos
os restantes casos similares no Distrito assim como na província.

29
3.6 Método da recolha de dados

Para a recolha de dados usamos a revisão bibliográfica, que segundo Marconi


& Lakatos (2001) referem, abrange toda bibliografia já tornada pública em
relação ao tema estudado, desde publicações, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos e outros. A sua
finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto.

O uso da revisão bibliográfica no nosso estudo consistirá na leitura de material


bibliográfico já existente e publicado abordando a lei de terras moçambicanas,
atribuição de DUATs, Ordenamento territorial, Normas do uso da terra, e mais
assuntos similares, o que nos permitirá obter informações fiáveis que
constituiram a nossa sustentação teórica.

3.7 Técnicas da recolha de dados

Será usada, neste trabalho, como técnica de recolha de dados a observação


indirecta, que conforme Cervo & Bervian (2002) asseguram, “consistem em
observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo objecto para
dele adquirir um conhecimento claro e preciso”.

A observação indirecta consistirá no uso do questionário de perguntas abertas


e fechadas dirigido aos informantes com vista a recolher dados relacionados
com a análise de satisfação dos residentes do Distrito de Chongoene na
atribuição de DUATs, Província de Gaza.

3.8 Instrumentos de recolha de dados

Para a consecução do estudo será-nos útil o questionário. Questionaremos aos


residentes daquele Distrito sobre a sua satisfação nas modalidades usadas
pelo Governo Distrital na atribuição de DUATs aos populares. Isto será feito

30
com o objectivo de colher as percepções, visões e experiências dos mesmos,
sobre a existência de tais problemas. Este instrumento consistirá na pré-
elaboração de um guião de perguntas abertas e fechadas para os informantes
responderem.

3.9 População e amostra

3.9.1 População

De acordo com Malhorta (1996), “a população corresponde ao agregado de


todos os elementos que compartilham um conjunto de características de
interesse sob o problema da investigação”.

Para Vergara (2005), população da pesquisa são as pessoas que fornecerão


os dados que o pesquisador necessita.

Desta forma, para a nossa pesquisa temos como população 46 informantes,


dos quais 25 Mulheres e 21 Homens.

3.9.2 Amostra

Por ser difícil estudar todos os elementos da população acima indicada por
conta de escassez de recursos para financiar a pesquisa e também devido às
metas cronológicas impostas pelas exigências profissionais da pesquisa, nos
seria difícil e dispendioso estudar todos os 46 informantes residentes do Distrito
de Chongoene.

Como amostra representativa do público a ser estudado na nossa pesquisa,


temos 12 informantes, dos quais 8 Mulheres e 4 Homens. De referir que, neste
universo estão integrados 3 funciánarios do Sector Distrital das Infra-Estruras e
Planeamento do Distrito de Chongoene.

Imperou para a escolha desta amostra o facto de não querermos ser


espalhados e superficiais. Dizer ainda que, nestes quatro individuos não
seleccionamos nenhum membro da direcção sob pena de o nosso trabalho

31
sofrer alguma influência. O quadro abaixo resume a população e amostra do
nosso trabalho de pesquisa:

Categoria População Amostra Percentagem

Mulheres 25 8 32

Homens 21 4 19

Total 46 12 26

Fonte: adaptado pelo autor

32
Bibliografia
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REPÚBLICA

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Consuetudinários. Maputo.

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Portugal: Escolar Editora

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visão abrangente da moderna administração das organizações. 7ª Edição, Rio
de Janeiro: Elsevier.

CONSELHO DE MINISTROS: Decreto nº 66198: Regulamento da Lei de


Terras.

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Florianópolis.

MARCONI, M. A. & LAKATOS, M. E. (2011). Metodologia de Trabalho


Científico (6ª Edição). São Paulo, Brasil: Atlas

MEIRELLES, H. (2011). Direito Administrativo Brasileiro. 38ª Edição,


actualizada até a Emenda Constitucional.

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Federal e Auditor Fiscal do Trabalho. Rio de Janeiro: Campus - Elsevier.

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experiência da Inglaterra ao debate brasileiro.

PRODANOV, C.C. e FREITAS, E.C. (2013). Metodologia do trabalho Cientifico:


Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Académico (2ª Edição). Rio
Grande do Sul, Brasil: Editora FGV

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novos modelos organizacionais. Cuiabá.

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formas de gestão do sector público em um contexto pós-fordista. Rev. adm.
pública, v. 28, n. 3.

VELETA, V. (2018), A LEI DE TERRAS EM MOÇAMBIQUE E A


NECESSIDADE DE OPORTUNIDADES IGUAIS ENTRE HOMENS E
MULHERES NO ACESSO, USO E APROVEITAMENTO DA TERRA E DE
RECURSOS NATURAIS. Tese de doutoramento pela UNIVERSIDADE DO
VALE DO ITAJAÍ –UNIVALI

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