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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS - CCE


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA - UEM
QUÍMICA EXPERIMENTAL - 207/03

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO VIDRO

DISCENTES: Caio Alexandre de Andrade Rodrigues RA 129456


Julia Luiza Borghi RA 131112
Leandro Manzatto de Castro RA 128130

DOCENTE: Mariete Barbosa Moreira

Maringá.
2023.
1. INTRODUÇÃO

A Família do Carbono ou grupo 4A é constituída pelos elementos: carbono


(C), silício (Si), germânio (Ge), estanho (Sn), chumbo (Pb) e ununquádio (Uuq), em
sua configuração eletrônica possuem quatro elétrons na camada de valência, e
neste grupo, o carbono é o único ametal. O silício e o germânio são metalóides, e os
demais são metais. O carbono é único na família por sua habilidade de formar
múltiplas ligações e grandes cadeias. As energias de ionização diminui do carbono
para o silício e com os demais varia irregularmente. As ligações C-C são fortes,
enquanto as ligações Si-Si, Ge-Ge e Sn-Sn têm energia progressivamente
diminuída, o carbono por apresentar as ligações mais fortes tem ponto de fusão
elevado, enquanto silício e germânio se fundem a temperaturas menores. Estanho e
chumbo têm pontos de fusão baixos devido a ligações menos fortes e menor
utilização dos elétrons externos. Compostos iônicos simples são raros devido à alta
energia de ionização. [1]
O silício, um metalóide, é o segundo elemento mais abundante na crosta
terrestre. Ele apresenta baixa capacidade de condução elétrica e um brilho
prateado, sendo encontrado em grande quantidade nas rochas na forma de silicatos
- compostos que contêm o íon silicato (SiO3^-2) - e na forma de sílica (SiO2).
Quando a sílica é resfriada após a fusão a 1710 °C, transforma-se em um material
vítreo com propriedades elásticas e termoestabilidade, além de ser um bom isolante
elétrico e apresentar pouca resistência a compostos de caráter básico ou compostos
que contenham flúor. Devido a essas características, o silício desempenha um papel
crucial na fabricação de vidros comerciais. [2]
Os óxidos alcalinos são utilizados como fluxo para diminuir a viscosidade de
sílica vítrea, eles atuam como modificadores de rede e “amolecem” a estrutura do
vidro. Os óxidos são normalmente inseridos no vidro em formato de carbonato,
formando um líquido silicoso e dependendo da proporção entre sílica e carbonato
haverá a formação de vidro após o resfriamento, este tipo de vidro é conhecido
como vidro de silicatos alcalinos, tais vidros apresentam menor resistência a água,
pois a adição do carbonato aumenta sua solubilidade em água.
Para manter a facilidade de fusão dos vidros de silicatos alcalinos, mas
reduzir sua solubilidade, são adicionados à composição fluxos estabilizantes em vez
de fluxos alcalinos. O óxido estabilizante mais comumente utilizado é o óxido de
cálcio, frequentemente combinado com óxido de magnésio. Esses vidros são
amplamente conhecidos como vidros sodo-cálcicos e representam a família mais
antiga e amplamente utilizada de vidros, eles são empregados na fabricação da
maioria das garrafas, frascos, potes, janelas, lâmpadas e tubos. [3]
Outra característica essencial do vidro é a sua inércia química, o que significa
que ele não interage com quase nenhum elemento, isso permite que ele permaneça
intacto por longos períodos de tempo, mantendo a mesma aparência de novo. Da
mesma maneira, embalagens feitas de vidro não reagem com os produtos que
contêm, garantindo a integridade e a qualidade dos mesmos. [4]
2. OBJETIVOS

O objetivo observado realizando o experimento foi determinar a resistência


do vidro à ação da água
3. PROCEDIMENTO

Primeiramente, foi pesado 1,00 g de uma amostra de vidro em pó (moído),


em seguida, foi transferido para um balão de fundo redondo e adicionou também
esferas de vidro ao recipiente. Após isso, foi adicionado 25 mL de água destilado.
Depois, passou-se vaselina na extremidade do balão, a fim de que não
ocorresse a trava do recipiente ao condensador e ambos foram conectados. Logo
após, o conjunto foi fixado a um suporte universal e esse sistema foi aquecido sob
refluxo por 40 minutos.
Após, foi transferido o conteúdo de dentro do balão para um erlenmeyer e
foram adicionadas 2 gotas de fenolftaleína mudando a coloração da rosa por estar
em meio básico. Por fim, foi realizado a titulação de HCl, com concentração de
0,001 mol/L, até a cor da solução do recipiente passasse de rosa para incolor
4. MATERIAIS UTILIZADOS

Os materiais utilizados para a realização do experimento foram:


- Vidro em pó
- Esferas de vidro
- Balão de fundo redondo
- Água destilada
- Condensador
- Suporte universal
- Aquecedor
- Ácido Clorídrico
- Fenolftaleína
- Erlenmeyer
- Vaselina
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No experimento, o processo de hidrólise de 1 g de vidro triturado, da rede de


sílica (𝑁𝑎2𝑆𝑖𝑂3) sob refluxo (Figura 1), durante os 40 minutos que foi deixado
+
aquecendo, liberou íons de sódio (𝑁𝑎 ) que estão contidos na composição do vidro
temperado usado, deixando o meio alcalino, o que podemos observar isso na
reação a seguir:

𝑁𝑎2𝑆𝑖𝑂3 + 2 𝐻2𝑂 → 𝐻2𝑆𝑖𝑂3 + 2 𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 1)

Figura 1: Sistema de aquecimento sob refluxo

Fonte: Próprio autor

Após o tempo de aquecimento, a solução de silicato de sódio com água foi


transferida para um erlenmeyer com algumas gotas de um indicador ácido-base
(Fenolftaleína), a fim de se realizar a titulação com 𝐻𝐶𝑙 de concentração igual a
0,00474 mol/L, assim a coloração do conteúdo do erlenmeyer se tornou rosado.
Figura 2: Vidro contendo o ácido clorídrico e sua concentração.

Fonte: O próprio autor.

No procedimento da titulação, o composto titulante foi o ácido clorídrico (𝐻𝐶𝑙) e


titulado o hidróxido de sódio (𝑁𝑎𝑂𝐻), os quais participaram da seguinte reação de
neutralização:

𝐻𝐶𝑙 + 𝑁𝑎𝑂𝐻 → 𝑁𝑎𝐶𝑙 + 𝐻2𝑂 (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 2)

Após repetir duas vezes o experimento da titulação,até a solução do erlenmeyer


converter sua coloração de rosa (meio básico) para incolor (meio ácido), o volume
gasto de HCl nos dois casos foi de 2, 8 𝑚𝐿 (0, 0028 𝐿). Como se sabe a
concentração molar do ácido clorídrico usado, e o volume que foi gasto para
neutralizar a solução, podemos calcular o número de mols de HCl que reagiu:

𝑛𝐻𝐶𝑙 −1 𝑛𝐻𝐶𝑙
𝐶𝐻𝐶𝑙 = 𝑉𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜
→ 0, 0474 𝑚𝑜𝑙. 𝐿 = 0,0028 𝐿

−4
𝑛𝐻𝐶𝑙 = 1, 327 · 10 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝐻𝐶𝑙

Assim, de acordo com a Reação 2, a estequiometria da reação mostra que para 1


mol de HCl que reagiu, 1 mol de NaOH é reagido também, temos então como
descobrir a quantidade de mols de hidróxido de sódio que reage nesse experimento:

𝑛𝐻𝐶𝑙 = 𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 , então:


−4
𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 = 1, 327 · 10 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻

Com o valor do número de mols do hidróxido de sódio, devemos voltar a Reação 1 e


observar a proporção estequiométrica entre ele e o silicato de sódio, pois para cada
1 mol de 𝑁𝑎2𝑆𝑖𝑂3 , se obtém 2 mols de NaOH, portanto calculamos:

𝑛𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 2 × 𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻


2 3

−4
𝑛𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 2 × 1, 327 · 10 𝑚𝑜𝑙
2 3

−5
𝑛𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 6, 636 · 10 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎2𝑆𝑖𝑂3
2 3

Como precisamos obter o valor da massa em gramas do silicato de sódio, devemos


então apenas multiplicar o valor do número de mols que foi encontrado acima pelo
valor de sua massa molar (𝑀𝑀𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 122, 9 𝑔/𝑚𝑜𝑙)
2 3

𝑚𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂
𝑛𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 𝑀𝑀
2 3

2 3

𝑚𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂
−5
6, 636 · 10 𝑚𝑜𝑙 = 2

122,9 𝑔/𝑚𝑜𝑙
3

−3
𝑚𝑁𝑎 𝑆𝑖𝑂 = 8, 155 · 10 𝑔
2 3

Essa massa em gramas do silicato de sódio encontrado, é contido em 1 grama de


vidro triturado que foi colocado para aquecer sob refluxo no começo do
experimento, portanto o cálculo da porcentagem de hidrólise que o vidro sofreu
nessa prática é determinado da seguinte forma:

1 𝑔 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 𝑡𝑟𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 − 100%

−3
8, 155 · 10 𝑔 − 𝑥%

𝑥 = 0, 81 % 𝑑𝑒 ℎ𝑖𝑑𝑟ó𝑙𝑖𝑠𝑒 𝑠𝑜𝑓𝑟𝑖𝑑𝑎.
6. CONCLUSÃO

Dessa maneira, com o cálculo da porcentagem de hidrólise que o vidro sofreu


podemos analisar qual é o tipo do vidro trabalhado em questão, de acordo com a
tabela de hidrólise em relação ao consumo de ácido clorídrico, o vidro que possui
essa porcentagem nos valores entre 0,20 até 0,85 se classifica como vidro de tipo 3.
Portanto, como o valor experimental foi de 0,81% de hidrólise, o composto em
questão é do tipo 3, o qual se caracteriza como vidro sódo-cálcico comum, sem
tratamento e resistência hidrolítica média.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] - Família do Carbono. Tabela periódica completa, 2023. Disponível em:


<https://www.tabelaperiodicacompleta.com/familia-do-carbono/>. Acesso em: 06 de
Agosto de 2023.

[2] - 2: MYERS, M. Química: Um Curso Universitário, 4ª Ed, São Paulo, 1995, páginas
388-389

[3] - Classificações dos tipos de vidros. Vidrado, 2010. Disponível em:


<https://vidrado.com/noticias/artigos/tipos-de-vidros-e-suas-classificacoes/>. Acesso em: 06
de Agosto de 2023.

[4] - USP. Introdução ao vidro e sua produção. 2017. Disponível em:


wikividros.eesc.usp.br/introducao_ao_vidro_e_sua_producao/propriedades. Acesso em 11
jul 2023.

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