UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

BRUNA ALLANE MARTINS SERQUEIRA

ATIVIDADE II – PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO

RECIFE

2023
A princípio gostaria de ressaltar um ponto observado: o quanto o programa televisivo
conseguiu invadir a subjetividade do telespectador, gerando uma dependência do
espetáculo. Os adultos e as crianças consumiam tudo o que se passava no programa,
réplicas miniaturas das casas, alimentos anunciados, tudo que era vendível no
“mundo real” baseado no show, inclusive a formação de seus gostos e não saber o
que fazer sem ter aquilo para assistir. Já em questão da vida do Truman, a
subjetividade também foi moldada por meio do que gostariam que ele fosse, sentisse
e agisse. Até a relação dos pais/responsáveis, que é uma das mais importantes para
a criação da subjetividade, pois são com esses que a criança vai tendo seu primeiro
contato com o outro, reconhecendo-se e formando seu processo de subjetivação,
ocorreu de forma não natural. O Truman durante toda a sua vida apenas vivenciou
relações, situações e momentos totalmente manipulados. A morte do seu pai, por
exemplo, ocorreu de forma totalmente planejada, já que o pai não estava fazendo o
seu “papel correto”, deixando brechas para que ele descobrisse a verdade do controle,
assim, o diretor decidiu que a forma da morte seria de forma traumática para Truman,
já pensando em ele ter medo do oceano, desse modo, afastando-o de descobrir a
falseabilidade do seu mundo. Logo, as tentativas de autonomia apresentas por
Truman são imediatamente rechaçadas, invalidadas, desautorizadas,
desestimuladas. Toda vez ele é impedido e punido por tais tentativas fora do que é
planejado para ele. Fobias e sentimentos de culpa lhe são induzidas com este intuito.
Um outro exemplo desse controle são as imagens catastróficas da companhia de
turismo, que desestimulam qualquer desejo de sair, de ir para longe. Através dessa
breve análise, fazendo convergência com o que se foi discutido em aula, percebo que
as nossas subjetividades são influências do mundo externo, das nossas relações e
vivências, porém, apesar de existir correlação com o filme, há situações que
vivenciamos, a qual fazem parte da nossa construção, em que diferente do filme, não
podem ser controladas, como por exemplo o momento do luto por um ente querido.
Não tem como evitar uma situação como essa, mas até a forma como lidamos com o
luto é diferente para cada um, frente aquilo que fez parte da construção do subjetivo.
Logo, é isso que me faz perceber que a vida é um espetáculo, como o de Truman, até
certo ponto, já que há ideias e formas já intrínsecas que influenciam na nossa forma
de agir, pensar e sentir, mas nem tudo pode estar no controle, já que a vida apresenta
momentos inesperados.