Você está na página 1de 3

Colégio SESI- 298

Filosofia-Professora Julia

Giulia Mauer Lopes- 3º ano A

A sociedade disciplinar de Michael


Foucault

Ribeirão Preto, 14/04/2023


A sociedade disciplinar nos obriga a nos comportarmos de maneira obediente
e alegre, como se fôssemos todos presos de uma prisão invisível. Essa prisão
tem grades feitas de regras de conduta, horários e pautas de produtividade, e
ela se alimenta de nossas ansiedades e medos de rejeição, fracasso e
humilhação. Ela não se contenta apenas em moldar nosso comportamento
externo, ela quer também modelar e domar nosso interior. Para isso, ela nos
ensina que a docilidade é a chave para a felicidade e o sucesso, porque é
assim que nos tornamos úteis para a sociedade e para as empresas que a
controlam. Dessa forma, o indivíduo dócil e útil é visto como a peça
indispensável nessa engrenagem, capaz de gerar lucro e manter a ordem
social.
A relação entre docilidade e utilidade é alimentada por mecanismos de
controle que agem de maneira discreta e constante. Eles estão presentes em
todas as esferas da sociedade, desde as instituições de ensino até as
empresas, passando pelos meios de comunicação e pelas leis e normas que
regulam nossa vida. Esses mecanismos incentivam a competição, a hierarquia,
a humilhação e a autodisciplina, e são eles que transformam nossos corpos e
mentes em instrumentos de poder. As consequências negativas dessa
dinâmica são muitas: ela nos transforma em seres submissos, que abdicam de
sua individualidade e de sua liberdade em troca de aceitação e reconhecimento
social; também nos torna vulneráveis a doenças mentais como a ansiedade, a
depressão e o burnout; além de nos deixar sempre insatisfeitos e em busca de
uma felicidade ilusória.
Além disso, essa sociedade disciplinar cria um ambiente propício para a
reprodução de desigualdades sociais e injustiças, que só servem para reforçar
o poder dos dominantes. Por isso tudo, é preciso lutar contra a sociedade
disciplinar, e é necessário resistir aos mecanismos que tentam nos transformar
em seres dóceis e úteis. Devemos valorizar nossas liberdades e
individualidades, e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, em que
todos possam se sentir livres para ser quem são, sem medo de serem
julgados, desprezados ou rejeitados. É um caminho difícil, mas não impossível,
e que pode levar a um mundo melhor para todos nós.
"O Show de Truman" é um filme, dirigido por Peter Weir que conta a história de
Truman Burbank, um homem comum que vive em uma ilha onde todos os
aspectos de sua vida são controlados por uma equipe de produção de
televisão. Truman é, na verdade, o protagonista de um reality show de
sucesso, transmitido para o mundo todo. O filme pode ser um exemplo claro da
sociedade disciplinar descrita por Michel Foucault. A partir da ideia de que o
poder não é exercido apenas pelo Estado, mas também de forma difusa em
toda a sociedade, Foucault desenvolve a noção de disciplina como um conjunto
de técnicas que permitem o controle dos corpos e das mentes.
No “Show de Truman”, a equipe de produção do reality show exerce um
controle absoluto sobre a vida de Truman, manipulando seus relacionamentos,
seu emprego e até mesmo o tempo. O objetivo é mantê-lo sempre sob controle
e garantir que ele continue sendo o principal personagem do programa.
Além disso, o filme também ilustra a ideia de panoptismo, outro conceito-
chave desenvolvido por Foucault. A prisão do panóptico foi projetada para que
os detentos pudessem ser observados em todos os momentos, sem que eles
soubessem se estavam sendo monitorados ou não. Dessa forma, eles se
tornaram autorregulados, sentindo sempre serem vigiados, o que os levou a
obedecerem às regras. No caso de Truman, ele vive sob a constante vigilância
das câmeras e da equipe de produção, o que o leva a se comportar de maneira
autorregulada. Ele sabe que está sempre sendo observado e, por isso, tenta se
comportar de maneira adequada, cumprindo as regras pré-estabelecidas pelos
produtores.
O Show de Truman é um excelente exemplo de como os princípios da
sociedade disciplinar estão presentes em nossa sociedade atual. Cada vez
mais, somos monitorados, controlados e disciplinados em nossas vidas diárias,
seja pelo Estado, pelas empresas ou pelos meios de comunicação. E é essa
reflexão que o filme nos faz: estamos sendo vigiados e controlados de forma
tão sutil que às vezes nem percebemos.

Você também pode gostar